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Dados atualizados sobre o empreendedorismo por mulheres no estado de goiás, resultado de uma parceria entre a universidade federal de goiás e o sebrae goiás. O estudo traz informações sobre o perfil sociodemográfico e econômico de mulheres empreendedoras, a evolução do empreendedorismo por mulheres no estado, e a participação de mulheres em diferentes setores de atividade empresarial.
Tipologia: Notas de aula
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Não perca as partes importantes!
Sebrae Goiás Polyanna Marques Cardoso Vera Lúcia Elias de Oliveira Cynnara Maria Bretas Vasconcelos (Consultora Credenciada Sebrae) Lis Gonçalves Carneiro (Consultora Credenciada Sebrae) Universidade Federal de Goiás – UFG Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Ciências Econômicas - FACE Laboratório de Pesquisa em Empreendedorismo e Inovação - LAPEI Cândido Borges Daiane Martins Teixeira Daniel do Prado Pagotto Fernanda Paula Arantes Jessica Borges de Carvalho Patrícia Cabral de Almeida Junta Comercial do Estado de Goiás – JUCEG Silvio S. Miranda Filho Escola Superior Associada de Goiânia - ESUP Caroline Vargas Barbosa Marina Zava Projeto Gráfico e Diagramação Ideorama Comunicação
CONSELHO DELIBERATIVO ESTADUAL Ubiratan da Silva Lopes (FACIEG) Presidente Osvaldo Moreira Guimarães (FAEG) Vice-Presidente
Pedro Alves de Oliveira (FIEG) Marcelo Baiocchi Carneiro (FECOMÉRCIO) Rivael Aguiar Pereira (GOIÁS FOMENTO) Marcelo de Oliveira Moura (AGPE) Felipe Tawerney Favero Zanella (BANCO DO BRASIL) Evandro Narciso de Lima (CAIXA) Adriano Rocha de Lima (SED) Valdir Ribeiro da Silva (FCDL/GO) Elizabeth Soares de Holanda (SEBRAE/NA) Bruno Magalhães D’Abadia (SEGPLAN) Edward Madureira Brasil (UFG)
CONSELHO FISCAL Divina Marcelo da Silva (FAEG) João Carlos Gouveia (FIEG) Tarcísio Alves de Souza (CAIXA)
DIRETORIA EXECUTIVA Derly Cunha Fialho Diretor Superintendente Wanderson Portugal Lemos Diretor Técnico Igor Montenegro Celestino Otto Diretor de Administração e Finanças
Gerência Executiva de Governança Corporativa Fernando de Paula Gomes Ferreira | Gerente
Gerência Executiva de Atendimento Camilla Carvalho Costa | Gerente
Unidade de Projetos Priscila Vilarinho de Menezes | Coordenadora Vera Lúcia Elias de Oliveira | Gestora do Projeto Sebrae Delas
PREFÁCIO
Estamos no século XXI! Deste tempo e lugar em que nos encontramos, avistamos uma trajetória de grandes conquistas e avanços quando o assunto é a condição da mulher na sociedade. Para termos uma visão concreta desses avanços, basta uma breve consulta nas constituições brasileiras desde 1824. Fica aí uma tarefa para cada um de nós: conhecer as conquistas femininas, especialmente as constitucionais!
Mas vamos falar de empreendedorismo por mulheres. Por vários motivos, empreender está longe de ser uma profissão fácil para qualquer indivíduo, especialmente no Brasil, onde são altos os índices de empreendedo- rismo por necessidade, em detrimento do empreendedorismo por oportunidade. Tudo bem, ainda assim, as mulheres continuam empreendendo, aprimorando a capacidade de gestão empresarial e se destacando nos negócios, a despeito de todas as dificuldades decorrentes da condição feminina: dupla jor- nada que precisam cumprir, da desconfiança dos agentes financiadores quando o assunto é crédito, dentre tantas outras.
Por sua vez, o Sebrae Goiás e seus parceiros se destacam na vanguarda dos projetos es- truturantes, especialmente para as mulheres empreendedoras, tanto é que, irmanado com o Sebrae Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, iniciou em 2017 um projeto que pouco tempo depois seria nacionalizado pelo Sistema Se- brae, batizado com o sugestivo nome Delas e
Elaine Maria de Moura Souza Membro do Colegiado de Líderes do Grupo Mulheres do Brasil – Núcleo Goiânia Coordenadora de Articulação Institucional e Políticas Púbicas do Sebrae Goiás
beneficiaria centenas de mulheres Brasil afo- ra. Particularmente, sonho com o dia em que soará muito estranho falar de projetos exclusi- vos ou específicos para recortes de gênero ou raça. Mas, por ora, tais projetos são impres- cindíveis, relevantes e muito bem-vindos.
A força da mulher empreendedora é instigan- te, e, neste estudo, encontramos elementos que nos ajudam a compreender esta força, porque quando se trata do quesito desejos e anseios das empreendedoras, questões como aumentar ou complementar a renda, autorrea- lização, desenvolvimento de habilidades em- presariais ou alcançar independência econô- mica são importantes para mais de 90% delas. Ou seja, a cada 100 empreendedoras, mais de 90 buscam realizar esses desejos, com a for- ça, o talento e a persistência que lhes são tão peculiares.
Com alegria, assino o prefácio deste estudo denominado Perfil da Empreendedora Goia- na: o empreendedorismo por mulheres e seus desafios, que, de forma impecável, organiza e disponibiliza conteúdo sobre o empreende- dorismo por mulheres em Goiás. Certamen- te este estudo traz uma grande contribuição para que outras organizações formulem polí- ticas de atenção ou projetos especiais para as mulheres empreendedoras. Boa leitura!
AGRADECIMENTO
O Sebrae Goiás é muito mais do que uma ins- tituição que apoia o empreendedorismo em todas as suas formas. Ele é feito de pessoas. Um emaranhado rico e diverso de especialis- tas em negócios, analistas, consultores, par- ceiros, empreendedores e potenciais empre- endedores, enfim, de pessoas que vivenciam diariamente desafios e buscam encontrar o melhor caminho para alcançar melhores re- sultados para as micro e pequenas empresas do Estado.
Infelizmente, nós perdemos uma peça rele- vante dessa estrutura. Ana Maria Carvalho Santos nos deixou, no dia 12 de outubro de 2020, em decorrência da Covid-19. Nascida em Jataí, professora de matemática por for- mação, ativista dos direitos das mulheres ne- gras por vocação, Ana Maria deixou sua última contribuição para o afroempreendedorismo ao dar um depoimento sobre o assunto para este estudo.
Ela conciliava seu trabalho na Escola Munici- pal Frei Nazareno Confaloni, em Goiânia, com seu ativismo em prol da comunidade negra. Ana Maria atuava em frentes diversas. Era dirigente do Instituto Inaô e, a partir dele, tor- nou-se membro da Câmara Técnica de Enfren- tamento ao Racismo e Diversidade do Conse- lho Estadual da Mulher. Participante de várias redes e coletivos, como a Rede Goiana das Mulheres Negras e o Coletivo Novembro Ne- gro. Atualmente era consultora da Associação Nacional dos Coletivos de Empresários e Em-
12 de Outubro de 2020
preendedores Afro-Brasileiros – ANCEABRA e militante do movimento negro.
Com o Sebrae Goiás, a sua história começou há pouco tempo, em 2019, no início do Pro- jeto Sebrae Delas. Acredite que ela não en- xergava que o Sebrae era lugar para ela. É um caso comum entre mulheres que, mesmo que extremamente valorosas e competentes, não conseguem enxergar todo seu potencial. Acanhada a princípio, ela foi apresentada ao projeto e entendeu prontamente, que sim, ela tinha um lugar no Projeto Sebrae Delas e que o empreendedorismo poderia ajudar na pau- ta das mulheres por meio do empoderamento econômico.
Ana Maria compreendeu que é necessário ele- var a autoestima das mulheres para que elas alcancem seus objetivos, e essa passou a ser sua luta. Ela alinhavou contatos, fez articula- ções e foi decisiva para que uma turma ex- clusiva para Mulheres Negras fosse realizada e para que 15 vidas se transformassem. Ela se enxergou também como empreendedora e estruturava um negócio social, o Espaço Em- preender Mulher Negra, um local que, em suas palavras “valoriza a mulher negra, oferta auto- cuidado e trabalha na qualificação da mulher negra”. Então a pandemia aconteceu.
Porque ela acreditou, persistiu e se desafiou, ela deixa um legado. Ela será lembrada por to- dos nós pela sororidade, pela sua força e de- terminação, pela sua energia que contagiava
8 | PERFIL DA EMPREENDEDORA GOIANA - O EMPREENDEDORISMO POR MULHERES E SEUS DESAFIOS
INTRODUÇÃO
Quando se trata de empreendedorismo, as diferenças entre homens e mulheres são sig- nificativas, e o Sebrae Goiás, atendendo à de- manda das mulheres em empreender, vem es- timular, inspirar e desenvolver cada vez mais os seus negócios. Fomentar práticas em- presariais para tornar os negócios liderados por mulheres mais competitivos, bem como promover a sensibilização e a articulação de atores estratégicos relacionados ao tema de empreendedorismo feminino são estratégias que o Sebrae adotou para a disseminação da cultura empreendedora e a promoção da com- petitividade empresarial de pequenos negó- cios geridos por mulheres.
Para contribuir para o debate, o estudo Perfil da empreendedora goiana: o empreendedo- rismo por mulheres e seus desafios, uma par- ceria entre a Universidade Federal de Goiás e o Sebrae, com colaboração da Escola Superior Associada de Goiânia e da Junta Comercial do Estado de Goiás (JUCEG), traz uma análise a partir de um recorte estadual que traça o perfil das mulheres empreendedoras e a evolução do empreendedorismo por mulheres no Esta- do de Goiás, além de trazer informações com- plementares com o objetivo de refletir sobre o
papel do empreendedorismo na vida das mu- lheres e seus principais desafios. O conteúdo aqui disposto pretende contribuir para a cons- trução de conhecimento, projetos, políticas e programas dos atores interessados no empre- endedorismo por mulheres.
Além de explicitar o caminho percorrido pelo empreendedorismo por mulheres no Estado e visualizar o perfil destas, é possível antever possíveis desdobramentos que ameaçam as conquistas desse grupo. É importante consi- derar as informações e refletir sobre os rumos a serem tomados.
A proposta metodológica deste estudo con- templa indicadores advindos de fontes ofi- ciais ligadas ao governo (IBGE, JUCEG, Re- ceita Federal) e suas decorrentes análises, de acordo com metodologia delineada espe- cialmente para esse fim (notas metodológi- cas nos Apêndices) e fontes secundárias de autores e estudiosos do tema empreendedo- rismo por mulheres, assim como assuntos correlatos que se fizeram necessários para a construção de um conteúdo sobre a temática. Algumas empreendedoras e profissionais que trabalham com a temática deixaram sua con-
O papel de provedor dentro de uma família há muito tempo deixou de ser exclusivamente masculino. Cada vez mais ele cabe parcial- mente ou, em muitos casos, exclusivamen- te, às mulheres. O número de mulheres que são responsáveis financeiramente por seus domicílios vem se expandindo ano a ano e, em 2019, alcançou 34,8 milhões, o equivalen- te a 48,2% das unidades domésticas do país (em 2012, esse percentual era de 37%) (Sidra IBGE, PNADc). Segundo o Ipea, em 1995, esse número equivalia a 23%.
Muitas são as questões sociais e econômicas que levaram a essa transformação estrutural nas famílias, mas o fato é que a mulher tem
buscado novos caminhos para encontrar uma forma de ganhar o seu sustento e arcar ou contribuir com a manutenção financeira de suas famílias e ter satisfação pessoal e pro- fissional. Um deles é o empreendedorismo.
Pesquisa do IBGE mostra o crescimento da participação das mulheres à frente dos domicílios em Goiás, que, embora crescente, ainda não alcançou a média nacional.
Fonte: IBGE, PNADc.
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“Quando uma mulher é dona do seu dinhei- ro, ela tem mais chances de ser protagonis- ta da sua vida, de se desenvolver em todo o seu potencial. Os ganhos são para ela, para a família e para toda a sociedade”.
Renata Malheiros Coordenadora Nacional do Empreendedorismo Feminino do Sebrae
Cabe dizer aqui que o Brasil segue tendências
mundiais no que diz respeito a sua postura
em relação aos caminhos buscados pelas
mulheres nessa perspectiva. O país, como
muitos outros, vem experimentando o que al-
guns especialistas chamam de feminização
do mercado de trabalho. A verdade é que, sem
a grande pressão com relação ao casamento
e o consequente adiamento da maternidade
(ou a total desistência de alcançar ambos ob-
jetivos), as mulheres passaram a se permitir
focar tanto em objetivos pessoais quanto em
suas carreiras profissionais.
Entretanto, sabe-se que em muitos casos não há liberdade de escolha. Exis- tem muitas mulheres que ainda não conseguiram estabelecer o papel de protagonista de suas exis- tências. Algumas buscam o empreendedorismo, já que não conseguem se encaixar no mercado de trabalho de outra forma, pois não têm com quem deixar os filhos, ou porque deixaram a escola mais cedo, obrigadas a cuidar da casa e dos irmãos, entre outros motivos.
Pesquisa GEM Pesquisa anual realizada mundialmente que avalia o nível nacional da atividade empreendedora. No Brasil ela é realizada pela equipe do IBQP com o apoio do Sebrae.
atividade empreendedora, envolvidos na criação de um novo empreendimento, consolidando um novo negócio ou realizando esforços para manter um empreendimento já estabelecido.
Fonte: PESQUISA GEM/ Empreendedorismo no Brasil, 2019
de abrir um negócio nos próximos três anos.
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Independentemente do gênero, ser empreen- dedor é uma tarefa difícil, com riscos e de- safios diários. A necessidade constante de transformação da sociedade impulsiona ino- vações em seus estilos de vida, nos métodos de produção e nas formas de consumo, tra- zendo uma pressão contínua para o aprimora- mento e a renovação dos produtos e serviços. Tanto os homens quanto as mulheres supe- ram continuamente desafios em busca do aprimoramento e do consequente sucesso de seus negócios, entretanto, o cenário não é igual para esses dois grupos.
Existe um status quo que ainda vigora nos dias de hoje, que apresenta desafios enfrentados principalmente por elas, como a jornada contínua de trabalho, devido aos afazeres domésticos, aos cuidados e à educação dos filhos, à preocupação com outras pessoas da família, enfim, às diversas responsabilidades que as mulheres assumem tanto no que diz respeito a sua casa quanto ao seu trabalho, que trazem uma carga física e emocional alta. Elas também sofrem preconceito, em menor ou maior grau, dependendo do tipo de negó- cio que pretendem empreender. Apesar dos progressos conquistados na luta das mulhe- res para alcançar a paridade entre os gêneros, estamos falando aqui de mudanças culturais, que ocorrem de forma lenta. A pressão social para mudanças estruturais tem levado ao pro- gresso, mas ainda há muito a conquistar.
“Estamos falando de uma mudança cultural, que precisa de mais tempo que uma mudança econômica para efetivamente acontecer. Para chegar a uma economia capaz de incluir ver- dadeiramente as mulheres, será preciso alte- rar a forma como nos organizamos também como sociedade”. Maíra Liguori Diretora da ONG Think Olga, extraído do artigo O Futuro que não chega, Tab Uol/2019.
Segundo a Pesquisa GEM (2019), o nível de escolaridade média das mulheres na popu- lação é de um ano superior à média dos ho- mens, mas apesar de as mulheres terem mais escolaridade que os homens, as condições no mercado de trabalho ainda não estão a seu favor. Segundo o Fórum Econômico Mundial (2019), a desigualdade de gênero no trabalho somente acabará daqui a 257 anos, se conti- nuarmos nesse ritmo. Abaixo, seguem dados compilados pelo Dieese, referentes ao quarto trimestre de 2019 da PNADc, que deixam bas- tante claro o panorama da mulher no mercado de trabalho
Status quo Estado atual das coisas. Desafiar o status quo seria questionar o mundo como ele é.
PNADc Pesquisa realizada continuamente destinada a investigar os temas definidos como de maior importância para medir o nível e acompanhar a evolução socioeconômica da população do País.
14 | PERFIL DA EMPREENDEDORA GOIANA - O EMPREENDEDORISMO POR MULHERES E SEUS DESAFIOS
Elas gastaram 95% mais tempo em afazeres domésticos que os homens. Em média, foram 541 horas a mais por ano.
Das mulheres com filhos na creche, 67% tinham trabalho remunerado. Já entre as mulheres cujos filhos não tiveram acesso à creche, somente 41% estavam trabalhando.
Fonte: Dieese, 2020.
O rendimento médio mensal das mulheres foi 22% menor que o dos homens. Mesmo quando tem o mesmo cargo, o seu rendimento ainda é, em média, 29% menor (cargos de diretores e gerentes). Ainda que com a mesma escolaridade (ensino superior), em média, elas ganham 38% menos.
A aposentadoria das mulheres foi 17% menor do que a dos homens, impactadas pela menor contribuição.
A taxa de desocupação das mulheres é de 13,1%, enquanto a dos homens é de 9,2%.
A INSERÇÃO DAS MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO NO BRASIL Dados da PNADc/IBGE, 4º trimestre 2019
Pandemia causada pelo novo coronavírus Em 2020, o Brasil experimentou a maior paralisação de negócios já vista. Com o avanço da pandemia provocada pelo novo coronavírus, as entidades governamentais utilizaram-se de medidas de isolamento e quarentena que impactaram fortemente o mercado, já que grande parte de empresas teve que fechar temporariamente suas portas, ou se adaptar para continuar atendendo.
16 | PERFIL DA EMPREENDEDORA GOIANA - O EMPREENDEDORISMO POR MULHERES E SEUS DESAFIOS
se candidatar somente se possuírem 100% dos atributos exigidos, os homens já se ar- riscam com 60%. É uma questão de autocrí- tica severa com relação às suas habilidades (VITÓRIO, 2019).
Apesar de a curva de participação das mu- lheres nesse meio empreendedor ter au- mentado consideravelmente, os negócios comandados por elas ainda são mais vulne- ráveis, já que elas trabalham com produtos de menor valor agregado, acesso mais di- ficultado ao crédito e à tecnologia. Muitas vezes, elas se veem colocando o sustento dentro de casa, mas não como potenciais empresárias ou como empreendedoras de fato. Elas não se reconhecem nesse lugar. Elas estão ali empreendendo por necessi- dade, não veem tantas oportunidades, não agregam nesse mercado tradicional. Elas utilizam muitas vezes as habilidades que elas construíram durante a vida e não agre- gam tecnologia. Elas veem o seu negócio só para sustentar aquela família e não con- seguem ter visão de futuro, vislumbrar que aquela empresa pode ser estruturada, con- solidada (CONEXÃO, 2019).
Ao se conhecer os obstáculos e o impacto dos benefícios do empreendedorismo por mulheres, fica mais fácil traçar novos ca- minhos. Mesmo que a igualdade de gênero ainda seja um objetivo a ser alcançado, o fato é que o empreendedorismo por mulheres cresce a cada dia. Se devidamente aproveitada, essa conquista das mulheres pode trazer resul- tados para todos.
1.2 EMPODERAMENTO DA MULHER POR MEIO DO EMPREENDEDORISMO
O termo empoderamento tem sido ampla- mente utilizado no combate à desigualda- de. Mas o que isso quer dizer no contexto do empreendedorismo por mulheres?
O empoderamento está ligado a uma cons- ciência coletiva sobre as possibilidades que um indivíduo tem de moldar e alterar a sua própria realidade, da maneira que deseja. É muito mais do que conselhos e incentivos, é a mudança de um status quo, de uma re- alidade estrutural, que passa a permitir que as mulheres busquem o caminho que de- sejarem, sem restrições pelo seu gênero. O empreendedorismo é um dos principais vetores do empoderamento feminino, já que pode proporcionar independência financei- ra, uma rede de apoio e a satisfação pesso- al que fortalecem e dão opções de escolha, nem sempre comuns às mulheres.
A falta de autoconfiança é uma compa- nheira constante das mulheres. Desde pe- quenas elas escutam o que podem e não podem fazer. Grande parte das mulheres não é educada para arriscar, comandar, li- derar. Elas não se veem com o mesmo su- cesso que os homens, têm uma autoestima empreendedora menor. Existe um estudo da HP (empresa multinacional de tecnolo- gia), realizado em 2014, que aponta a dife- rença de postura entre os gêneros em um processo seletivo. Enquanto elas tendem a
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desde cedo e diminui conforme elas cres- cem. O declínio da autoconfiança durante a passagem da infância para a adolescência foi indicado em um estudo da Microsoft. Ele mostra que, aos 11 anos e meio, as meninas começam a se interessar por carreiras de ci- ência e tecnologia, mas aos 15 elas acham que não se encaixam nessas profissões. Elas citam como principal razão a falta de modelos do sexo feminino com que possam se identificar em carreiras ligadas a tecno- logia, ciências, engenharia e matemática.
Publicado em 2017 pela revista científica Science, um estudo de três psicólogos mos- trou que, a partir dos seis anos, as garotas começam a considerar que liderança e inte- ligência são características dos meninos, e não delas também.
Extraído de Estudo de Tendências e Opor- tunidades de Negócio do estado de Goiás, 2019, Tendência O poder da mulher no mercado.
Clique aqui para acessar o conteúdo completo.
ANOTA AÍ
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Conscientes da dificuldade de se alcançar as
conquistas desejadas, e de que estas levam
tempo, vários grupos voltados aos direitos
das mulheres reconhecem que é necessário
um trabalho intenso de conscientização, e
que esse começa em casa, na criação das
crianças, com igualdade entre os sexos
desde pequenos, desde a divisão de tarefas
(nada de meninas lavando a louça exclusi-
vamente) à aceitação de que comportamen-
tos como fragilidade e sensibilidade não
são coisas só de menina (chorar e expres-
sar sentimentos, por exemplo).
A própria ONU reconhece o quão difícil é
essa empreitada e assume o papel de disse-
minar a necessidade de políticas públicas
enfatizando a educação das meninas. Se-
gundo a entidade, a educação formal para
meninas a partir dos 10 anos e a construção
de projetos de vida que adiem a gravidez na
adolescência são questões decisivas para o
desenvolvimento socioeconômico mundial.
A autoconfiança das meninas é afetada
aquelas que só têm uma ideia de negócio e ain- da não partiram para a ação, ou para aquelas que têm uma dúvida específica. Clique aqui e aproveite! São gratuitos!
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A partir dos dados de 2019 da Pesquisa Na- cional por Amostra de Domicílio Contínua (PNADc), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é apresen- tado o perfil sociodemográfico e econômico das mulheres empreendedoras no Estado de Goiás, com base nos três perfis ocupacionais descritos no quadro 1 (as notas metodológi- cas deste capítulo se encontram no Apêndice 1).
Entender como esse grupo se apresenta em nosso território é de vital importância para que seja possível traçar iniciativas mais as- sertivas que possam cada vez mais contribuir para a missão dos negócios DELAS.
A Universidade Federal de Goiás, em mais uma importante parceria com o Sebrae Goiás, realiza um estudo apresentando o Perfil da empreendedora goiana. Neste capítulo dis- ponibilizamos os resultados encontrados na íntegra.
1 Autores: Patrícia Cabral de ALMEIDA (LAPEI – UFG), Fernanda Paula ARANTES (LAPEI – UFG e Programa de Pós- -Graduação em Administração / PPGADM – UFG), Daiane Martins TEIXEIRA (LAPEI – UFG e PPGADM – UFG), Jéssica Borges de CARVALHO (LAPEI – UFG), Cândido BORGES (LAPEI – UFG e PPGADM – UFG), e Daniel do Prado PAGOTTO (LAPEI – UFG).
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