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Um estudo sobre a perceção de ganhos e perdas na terminação de relações românticas. O artigo discute as variáveis que influenciam essa perceção, incluindo a motivação para manter a relação, a satisfação com a relação, o estilo de vinculação e as recompensas sociais às quais as pessoas são sensíveis. O estudo utiliza o questionário de motivação em relações românticas (cmq) para avaliar as diferentes tipos de motivação e suas relações com as perdas na terminação de uma relação.
Tipologia: Notas de estudo
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Inês Teixeira da Graça
(Secção de Psicologia Clínica e da Saúde / Núcleo de Psicoterapia Cognitiva - Comportamental e Integrativa)
Inês Teixeira da Graça Dissertação orientada pelo Professor Doutor João Manuel Monteiro da Silva Moreira
(Secção de Psicologia Clínica e da Saúde / Núcleo de Psicoterapia Cognitiva - Comportamental e Integrativa)
Resumo O término de uma relação romântica é um acontecimento comum nos jovens-adultos. Este acontecimento é visto normalmente como um momento doloroso, contudo é legítimo pensar que em muitos casos a rutura pode ser a opção que mais benefícios traz para o bem- estar e o desenvolvimento futuro dos indivíduos. Com o objetivo de melhor compreender este caráter dual da rutura, foi construído o Questionário de Perceção de Ganhos e Perdas do Término de uma Relação, aplicado a uma amostra de 209 participantes. Através de uma análise em componentes principais foi possível distinguir três tipos de perdas – Intimidade, Segurança e Companheirismo - e três tipos de ganhos – Eliminação de Negatividade, Investimento Pessoal e Ganhos Sociais. Os resultados sugerem que variáveis como o estatuto relacional, sexo, estilo de vinculação, tipo de motivação para manter a relação e as recompensas sociais às quais as pessoas são sensíveis influenciam a perceção de ganhos e perdas do término de uma relação. O estilo de vinculação preocupado, a motivação autónoma e as recompensas sexuais destacam-se como os melhores preditores. Estes resultados são relevantes para a prática clínica, podendo promover o aumento da consciência no processo de tomada de decisão, principalmente em momentos de mal-estar numa relação romântica. Palavras-chave: perceção de ganhos e perdas; término de uma relação; relações românticas.
Abstract The end of a romantic relationship is a common occurrence among young adults. This event is usually seen as a painful moment, yet it is legitimate to think that in many cases the break-up may be the option that brings the most benefits to the well-being and the future development of individuals. In order to better understand this dual character of break-ups, the Gains and Losses of Ending a Relationship Perception Questionnaire was developed and, administered to a sample of 209 participants. By means of principal components analyses, three types of losses - Intimacy, Security and Companionship - and three types of gains - Negativity Elimination, Personal Investment and Social Gains could be distinguished_._ The results suggest that variables such as relational status, gender, attachment style, motivation to stay in a relationship and social rewards to which people are sensitive, influence the perception of gains and losses from the break-up. A anxious attachment style, autonomous motivation and sexual rewards stand out as the best predictors. The study results are relevant to clinical practice, and may help promote increased awareness in the decision-making process, especially in difficult phases of romantic relationships. Keywords : perception of gains and losses; end of a relationship; romantic relationships.
Assim, tendo em conta a variedade de aspetos de que pode revestir o término de uma relação, torna-se importante perceber como os indivíduos o percecionam e se adaptam ao acontecimento. Tashiro & Frazier (2003) defendem que quando as pessoas passam por grandes mudanças na vida podem experienciar momentos de dificuldade e dor. No domínio que nos ocupa, o término de uma relação romântica pode potenciar uma grande agitação emocional, onde a pessoa entra num período de reajustamento. Neste período, há pessoas mais resilientes e outras em que o processo de recuperação pode ser mais árduo, tornando-se muitas vezes num risco de depressão (Sbarra & Ferrer, 2006). Neste último caso, a perceção de ganhos com a rutura de um relacionamento pode ser difícil, sendo considerada por muitos indivíduos como um dos eventos de vida mais dolorosos e angustiantes, principalmente se o acordo e desejo de terminar a relação não forem mútuos (Collins & Gillath, 2012; Tashiro & Frazier, 2003). Este processo do término de uma relação torna-se difícil pelas implicações em termos de perdas de recursos a diferentes níveis, como por exemplo, emocional, da autoestima, da intimidade e da rede social (Hobfoll, 1989). Ainda assim, esta experiência pode tornar-se enriquecedora, por exemplo no sentido em que os jovens-adultos podem compreender as suas estratégias de funcionamento e de resolução de problemas interpessoais (Yildirim & Demir, 2015). Pode assim entender-se, dentro do término de uma relação, mudanças positivas, que podem levar a um crescimento pessoal e ter um impacto benéfico em relações futuras. Para além destas questões, e pela carência de estudos relativos às implicações positivas do término de uma relação, ressaltou a necessidade de considerar não só as perdas que o término de uma relação pode trazer, mas também os ganhos. Uma vez que, existem pessoas que se prendem a relações que lhes trazem sofrimento, não conseguindo otimizar os ganhos que o término da relação traria, pode-se pensar que este acontecimento pode levar a mudanças positivas. Assim o foco deste estudo é a perceção de ganhos e perdas do término
de uma relação romântica, construindo-se um instrumento para o efeito, e procurando com a sua utilização perceber as variáveis que influenciam e predizem esta perceção, como a motivação para manter a relação, a satisfação com a relação, o estilo de vinculação e as recompensas sociais às quais a pessoa é sensível. Ao longo do processo de desenvolvimento de uma relação, como no seu término, estão implícitas decisões, e paralelamente as motivações dos indivíduos. A motivação para manter a relação é um dos fatores que pode influenciar a valorização dos ganhos e das perdas de uma eventual rutura. Estas motivações podem ser enquadradas pela teoria da auto- determinação ( self-determination theory ; Deci & Ryan, 2000; Ryan & Deci, 2000), que vem salientar as diferenças naquilo que motiva as pessoas. Esta teoria faz uma distinção entre a motivação autónoma – que envolve vontade de agir e ter a experiência de escolha - e a motivação controlada – que envolve agir consoante uma pressão externa, uma sensação de “ter que” se envolver nas ações (Gagné & Deci, 2005). Estas motivações não são mutuamente exclusivas, estão antes simultaneamente presentes em diferentes graus na determinação dos comportamentos. A motivação autónoma é mais auto-determinada e engloba a motivação intrínseca, que se caracteriza no domínio relacional pelo prazer diário e interesse da relação e pela vontade inerente de estar com um parceiro (Ryan & Deci, 2000; Blais, Sabourin, Boucher, & Vallerand, 1990), e as regulações externas mais autónomas (identificada e integrada), onde as pessoas podem manter-se nas relações como forma de conseguir objetivos importantes a nível pessoal ou porque a relação possibilita um contexto satisfatório para a construção de uma família, algo que a pessoa deseja muito (Blais et al., 1990). Por sua vez, a motivação controlada contém as regulações externas mais controladas (externa e introjectada), onde o indivíduo pode manter a relação pela segurança financeira e luxos que dela advêm, ou porque sente uma obrigação pessoal para manter a relação e se sentiria culpado ao separar-se (Blais et al., 1990). Ainda assim, todas estas motivações continuam a
Brennan, Clark & Shaver (1998) identificaram duas dimensões principais no estilo de vinculação na idade adulta – preocupação e evitação. A dimensão evitação é caracterizada pelo desconforto com a proximidade e com a dependência dos parceiros, estando relacionada com a desconfiança relativamente aos outros, onde a pessoa se esforça para manter a sua independência e a distância emocional dos parceiros, enquanto a dimensão de preocupação reflete a preocupação da pessoa em como o parceiro não estará disponível quando necessário, paralelamente a um desejo por proximidade e proteção (Mikulincer & Shaver, 2007b). Das pessoas que apresentam níveis baixos destas duas dimensões, diz-se quem têm um estilo de vinculação seguro, sentindo-se confortáveis em estabelecer relacionamentos próximos (Canavarro, Dias, & Lima, 2006). Neste sentido, o amor romântico pode ser visto como um processo de vinculação, onde os indivíduos criam laços emocionais com o parceiro mais ou menos da mesma forma que uma criança se vincula ao seu cuidador (Stackert & Bursik, 2003). Devido aos estilos de vinculação que existem nos adultos, as pessoas relacionam-se de forma diferente, influenciando as dinâmicas do relacionamento romântico e impactando também a forma como a pessoa perceciona os ganhos e as perdas do término da sua relação. Esta perceção pode também ser influenciada pela diferente sensibilidade às recompensas sociais, visto que a perceção de recompensas sociais pode ajudar a determinar a dinâmica dos relacionamentos românticos (Gere et al., 2013). Ao longo do desenvolvimento dos indivíduos, estão presentes diversos estímulos, que podemos ver como recompensas sociais, ou seja, estímulos sociais ou interações dos quais os indivíduos retiram prazer (Buss, 1983; Foulkes, Viding, McCrory, & Neumann, 2014). Foulkes et al. (2014) identificaram seis grandes tipos de recompensas sociais: admiração (gosto por ser elogiado, sentir-se apreciado), potência social negativa (gosto por maltratar os outros, usar os outros para ganhos pessoais), passividade (dar aos outros o controlo de tomarem as decisões), interações pró-
sociais (gosto por ter relações amáveis e recíprocas), relações sexuais (gosto por experiências sexuais frequentes), e sociabilidade (gosto por interações de grupo). Assim, o presente estudo teve como principal objetivo aprofundar o nosso conhecimento, e abrir caminho para estudos futuros, sobre a perceção de ganhos e perdas do término de uma relação. Para tal, foi necessária a construção de um instrumento de avaliação dessas perceções de ganhos e perdas. Na construção do instrumento recorreu-se à Teoria Expectativa × Valor, que defende que o peso (positivo ou negativo) que os indivíduos atribuem a um determinado resultado decorrente de uma escolha sua pode ser obtido multiplicando o valor que o indivíduo atribui a esse resultado pela probabilidade deste ocorrer de facto em consequência da escolha tomada (Wigfield & Eccles, 2000). Foram inseridas instruções no questionário desenvolvido, na tentativa de tornar as respostas mais válidas. Através dos resultados deste instrumento, pretendeu-se caracterizar estas perceções e verificar a sua relação com diversas variáveis que as podem influenciar, como o tipo de motivação para manter a relação, o estilo de vinculação, a satisfação com a relação e a sensibilidade a recompensas sociais. Nesta sequência, foi colocada a hipótese genérica de que estes conjuntos de variáveis estão relacionados com a perceção de ganhos e perdas do término de uma relação. Após a identificação das principais dimensões dos ganhos e perdas percebidos, é possível analisar estas relações de forma mais específica.
Método Caracterização da Amostra Dos 209 participantes neste estudo, 182 eram do sexo feminino (87,1%) e 27 do sexo masculino (12,9%). A idade variava entre os 18 e os 30 anos ( M = 24,18; DP = 2,76). Estavam envolvidos numa relação 169 indivíduos, sendo que 56,5% estavam numa relação de namoro, 17,7% em união de facto, 3,8% noivos e 2,9% casados. O tempo médio de duração
Através de uma análise em componentes principais, seguida de uma rotação ortogonal do tipo Varimax , foi possível identificar três dimensões em cada parte do questionário. Este número foi determinado com base no “Teste do Cotovelo” (Moreira, 2004) Relativamente às perdas, destacaram-se a dimensão Intimidade (e.g., “Deixei/Deixarei de ter a pessoa que me compreendia/compreende na maior parte das minhas ações”) , Segurança (e.g., “Perdi/Perderei auto-confiança”) e Companheirismo (e.g., “Deixei/Deixarei de ter uma companhia garantida nos momentos de lazer e distração”). Quanto aos Ganhos, destacou-se a dimensão Eliminação Negatividade (e.g., “Deixei/Deixarei de ter alguém que me despreze”) , o Investimento Pessoal (e.g., “Dedico-me/Poderei dedicar-me mais a mim mesma e aos meus interesses”) e os Ganhos Sociais (e.g., “Estou/Estarei mais disponível para conhecer novas pessoas”). Foi feito um processo de seleção de itens, em que se considerou aqueles que apresentavam uma saturação superior a .50 e contribuíam para o aumento do valor do coeficiente alfa de Cronbach, apresentado no Quadro 1, assim como o número de itens em cada escala. Experiências com Relações Próximas (ERP - versão 36 itens) O ERP (Brennan, Clark e Shaver, 1998; versão portuguesa de Moreira et al., 2006) é uma medida que avalia as duas dimensões básicas do estilo de vinculação nos adultos: Evitação (e.g., ”Prefiro não mostrar ao meu parceiro como me sinto lá no fundo”) e Preocupação (e.g., “Preocupa-me o ser abandonada”). Este questionário é composto por 36 itens, 18 para cada dimensão. Cada item é avaliado através de uma escala de Likert de 7 pontos, com apenas os pontos extremos (1 - “Discordo fortemente”, 7 - “Concordo fortemente”) e o ponto central definidos (4- “Neutro/Misto”). Os sujeitos são instruídos a responderem consoante os seus sentimentos acerca da relação com o seu parceiro ou ex- parceiro. Segundo Moreira et al. (2006), o questionário apresenta boa precisão e validade na
população portuguesa, o que parece confirmar-se no nosso estudo, com os alfas apresentados no Quadro 1. Couple Motivation Questionnaire (CMQ) O CMQ (Blais et al., 1990), avalia seis diferentes tipos de motivação postulados pela teoria da auto-determinação nas relações românticas. É composto por 21 itens, avaliados numa escala de Likert de 7 pontos (1 - “nada”, 7 – “exatamente”), onde os diferentes itens representam motivos pelos quais o indivíduo mantém o envolvimento na relação. Para a população que não estava envolvida numa relação, foi necessário criar uma versão com algumas alterações nos itens. Por exemplo, o item 2, “porque tenho uma necessidade absoluta de estar com o meu parceiro para me sentir importante” foi alterado para “porque tinha uma necessidade absoluta de estar com o meu parceiro para me sentir importante”. Na versão portuguesa (Mader, 2011; Monteiro, 2011) surgiram três fatores, permitindo a criação de três escalas - motivação autónoma, motivação controlada e amotivação. No presente estudo, obtiveram-se coeficientes alfa adequados, apresentados no Quadro 1. Relationship Assessment Scale (RAS) A RAS (Hendrick, 1988; Hendrick, Dicke, & Hendrick, 1998; versão portuguesa de Santos, Feijão, & Mesquita, 2000) avalia a satisfação relacional geral. É constituída por sete itens, onde a escala de avaliação varia de item para item (e.g., o item “1. Até que ponto é que o/a seu/sua parceiro/a corresponde às suas necessidades?” é avaliado de 1 - “muito mal” a 5 - “muito bem”). Tal como no caso anterior, foi necessário criar uma nova versão referente à última relação amorosa, de forma a que os indivíduos não envolvidos numa relação pudessem responder. Obteve-se um valor de alfa elevado, que se apresenta no Quadro 1. Social Reward Questionnaire (SRQ) O SRQ (Foulkes, Viding, McCrory, & Neumann, 2014) é um instrumento que mede as diferenças individuais na sensibilidade às recompensas sociais. O questionário é composto
Os coeficientes de regressão padronizados (betas; ver Quadro 3) mostram-nos que tanto o estatuto relacional como o estilo de vinculação preocupado e a motivação autónoma predizem significativamente as Perdas de Intimidade , sendo esta última o melhor preditor. Isto significa que os indivíduos com uma motivação autónoma para manterem a relação percecionam maiores Perdas de Intimidade , assim como pessoas com um estilo de vinculação preocupado. Também indivíduos que se encontram atualmente numa relação valorizam mais este tipo de perdas do que os indivíduos que não se encontram numa relação.
Quadro 1 (Continuação) Média Dp Min-Máx^ Nº de Itens Cronbach^ Alfa de RS Passividade 7.53 3.39 3-16 3. RS Relações Sexuais 14.41 4.01 3-21 3. RS Sociabilidade 14.72 3.73 4-21 3. Motivação Autónoma 50.08 12.96 13-70 10. Motivação Controlada 4.14 2.87 2-14 3. Amotivação 7.07 4.88 4-26 4. Estilo de Vinculação Preocupado 40.23^ 16.46^ 25-126^18. Estilo de Vinculação Evitante 69.38^ 18.94^ 18-107^18. Perdas de Intimidade 19.93 4.59 5-25 5. Perdas de Segurança 14.91 4.83 5-25 5. Perdas de Companheirismo 20.73 5.53 7-35 7. Ganhos de Eliminação da Negatividade 40.55^ 9.54^ 9-57^9. Ganhos de Investimento Pessoal 16.23^ 6.82^ 7-42^7. Ganhos Sociais 4.65 1.85 2-10 2. RS= Recompensas Sociais; Dp = desvio-padrão; Min-Máx = mínimo-máximo
O estatuto relacional, o estilo de vinculação preocupado, a motivação autónoma, as recompensas sociais de admiração e de relações sexuais são preditores significativos das Perdas de Segurança. Existe uma relação positiva com as pessoas que estão atualmente numa relação, o que nos sugere que estes sujeitos valorizam mais as perdas de segurança do que os sujeitos que não estão numa relação. Existe também uma relação positiva com o estilo de vinculação preocupado, a motivação autónoma e as recompensas sociais de admiração, o que nos sugere que indivíduos mais sensíveis a estas dimensões percecionam maiores perdas de segurança. Contudo, existe uma relação negativa entre este tipo de perdas com as recompensas sociais de relações sexuais, o que nos sugere que quanto mais sensíveis a este tipo de recompensas, menos as pessoas valorizam as perdas de segurança emocional. Tanto o estilo de vinculação preocupado como a motivação controlada são preditores significativos e estão relacionadas positivamente com as Perdas de Companheirismo , o que significa que indivíduos com estas características irão ser mais sensíveis relativamente a estas perdas.
Quadro 2 Regressões entre as variáveis dependentes (Ganhos e Perdas do Término de uma Relação) e as variáveis independentes: Resultados globais em termos de variância explicada R² F P Perdas de Intimidade .42 9.47. Perdas de Segurança .36 7.37. Perdas de Companheirismo .36^ 7.20^. Ganhos de Eliminação de Negatividade .91^ 133.36^. Ganhos de Investimento Pessoal .76^ 40.94^. Ganhos Sociais .21 3.51.
O sexo, a amotivação, a motivação controlada, a motivação autónoma, as recompensas sociais de admiração, de potência social negativa e de relações sexuais são preditores significativos dos Ganhos de Eliminação de Negatividade , e estão relacionados positivamente, excetuando as recompensas sociais de admiração. Estes dados sugerem-nos que as mulheres valorizam mais este tipo de ganhos comparativamente aos homens, e que tanto indivíduos com amotivação, motivação controlada, motivação autónoma (a que melhor prediz), e sujeitos sensíveis às recompensa sociais de potência social negativa e de relações sexuais percecionam maiores ganhos de eliminação de negatividade. Pessoas mais sensíveis a recompensas sociais de admiração valorizam menos este tipo de ganhos com o término da relação. É importante referir que a motivação autónoma está fortemente relacionada com este tipo de ganhos, podendo este resultado ter sido responsável pelos valores anómalos encontrados nas regressões. São preditores significativos dos Ganhos de Investimento Pessoal a amotivação, a motivação controlada, a motivação autónoma, o estilo de vinculação preocupado, as recompensas sociais de passividade e de relações sexuais. A generalidade tem uma relação positiva, o que nos indica que pessoas com níveis mais elevados nestas variáveis percecionam maiores ganhos deste tipo. A única exceção é a das recompensas sociais de relações sexuais, o que significa que os indivíduos mais sensíveis a este tipo de recompensas valorizam menos os ganhos de investimento pessoal. Relativamente aos Ganhos Sociais , apenas surgiu um preditor significativo, as recompensas sociais de relações sexuais, o que nos sugere que as pessoas mais sensíveis a estas recompensas sociais irão percecionar mais ganhos sociais com o término da relação. Em suma, num quadro geral, ao observarmos a perceção de perdas com o término de uma relação podemos verificar que o estilo de vinculação preocupado está sempre relacionado positivamente com as diferentes perdas, ou seja, indivíduos com este estilo de
vinculação terão tendência a percecionar maiores perdas. O estar atualmente numa relação e a motivação autónoma relacionam-se positivamente com as perdas de intimidade e de segurança, o que nos sugere que também são um forte preditor para as perdas do término de uma relação. Relativamente aos ganhos em geral, a variável que surge mais frequentemente é a das recompensas sociais relacionadas com as relações sexuais, seguida dos três tipos de motivação (autónoma, controlada e amotivação) que se apresentam tanto nos ganhos de eliminação de negatividade como nos ganhos de investimento pessoal. As variáveis idade, satisfação, estilo de vinculação evitante, recompensas sociais de interações pró-sociais e de sociabilidade não aparentam estar relacionadas significativamente com a perceção de ganhos ou perdas do término de uma relação.
Discussão Foi possível, na análise de resultados, concretizar o objetivo central deste estudo, identificando, através da construção do instrumento de perceção de ganhos e perdas do término de uma relação, os tipos de ganhos e perdas mais relevantes. Identificou-se um conjunto de outras variáveis que influenciam esta perceção, como o estatuto relacional, o sexo, a motivação para manter a relação, o estilo de vinculação e a sensibilidade às recompensas sociais. Primeiramente é importante caracterizar as dimensões do questionário que foi elaborado. As Perdas de Intimidade estão relacionadas com a privação da companhia de um parceiro com quem se mantinha uma ligação de afeto e/ou partilha de sentimentos e confidências. As Perdas de Segurança referem-se a uma sensação de instabilidade e insegurança emocional com a ausência do parceiro e da relação, e a uma diminuição da auto- confiança. As Perdas de Companheirismo são perdas relativas à companhia para eventos e atividades, deixar de ter alguém com quem fazer planos, ou pelo facto de deixar de ser