Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Paulo Coelho - Brida, Notas de estudo de Literatura Portuguesa

Brida - Brida

Tipologia: Notas de estudo

Antes de 2010

Compartilhado em 05/09/2009

charles-botelho-8
charles-botelho-8 🇧🇷

4.7

(3)

3 documentos

1 / 178

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
1
Paulo Coelho
Brida
Foto: cortesia de Istoé Gente
Edição especial do site www.paulocoelho.com.br , venda proibida
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe
pff
pf12
pf13
pf14
pf15
pf16
pf17
pf18
pf19
pf1a
pf1b
pf1c
pf1d
pf1e
pf1f
pf20
pf21
pf22
pf23
pf24
pf25
pf26
pf27
pf28
pf29
pf2a
pf2b
pf2c
pf2d
pf2e
pf2f
pf30
pf31
pf32
pf33
pf34
pf35
pf36
pf37
pf38
pf39
pf3a
pf3b
pf3c
pf3d
pf3e
pf3f
pf40
pf41
pf42
pf43
pf44
pf45
pf46
pf47
pf48
pf49
pf4a
pf4b
pf4c
pf4d
pf4e
pf4f
pf50
pf51
pf52
pf53
pf54
pf55
pf56
pf57
pf58
pf59
pf5a
pf5b
pf5c
pf5d
pf5e
pf5f
pf60
pf61
pf62
pf63
pf64

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Paulo Coelho - Brida e outras Notas de estudo em PDF para Literatura Portuguesa, somente na Docsity!

Paulo Coelho

Brida

Foto: cortesia de Istoé Gente

Edição especial do site www.paulocoelho.com.br , venda proibida

“Um rapaz chamado Santiago ( O alquimista ) passa a fazer parte de uma seleta galeria de personagens ilustres, como Cândido e Pinóquio, por causa de sua capacidade de nos conduzir a tão excepcional aventura.” PAUL ZINDEL, prêmio Pulitzer , EUA

“A encantadora história de Santiago ( O alquimista ), o pastor que sonha conhecer o mundo, é tocante por si mesma – e, entretanto, consegue ganhar mais ressonância através das muitas lições que Santiago aprende durante sua caminhada. Um livro para pessoas de todas as idades.” Publisher’s Weekly , EUA

O alquimista é de uma beleza imbatível, uma verdadeira maravilha da inspiração, mostrando-nos uma amálgama de busca espiritual e conflitos existenciais, com profundidade e força.” MALCOLM BOYD, Modern Maturity Magazine , EUA

“Esta peregrinação ( O diário de um mago ) se transforma numa história excitante.” LIBRARY JOURNAL, EUA

“Raramente deparei com uma história que tenha a simplicidade e a força concentradas de O alquimista. Ela leva o leitor através do tempo... uma bela história com uma mensagem pessoal para cada leitor.” JOSEPH GIRZONE , EUA (autor de Joshua )

“Paulo Coelho nos dá a motivação para seguirmos nossos próprios sonhos, fazendo com que possamos ver o mundo através de nossos próprios olhos.” LYNN ANDREWS , EUA (autora da série Medicine Woman )

“(Paulo) Coelho é uma das grandes revelações da literatura brasileira da atualidade, especialmente depois da publicação de O alquimista .” MARGA FONT , revista Integral , Espanha

“Longe da idéia do guru misterioso e enigmático, este mago de hoje...

“Uma inesquecível história sobre a mais interessante de todas as jornadas: o caminho para cumprir seu próprio destino. Eu recomendo O alquimista para qualquer pessoa que esteja comprometida totalmente com seus sonhos.” ANTHONY ROBBINS , autor de Awaken the Giant Within

O alquimista é uma síntese da sabedoria universal, que podemos aplicar ao trabalho de nossas vidas.” SPENCER JOHNSON , autor de O Gerente Minuto , EUA

“( O alquimista ) é uma síntese de uma história comum em toda a literatura universal: o homem busca fora de si mesmo o que sempre teve ao seu lado. Uma história atrativa e cheia de simbolismos, que convertem este livro na revelação literária brasileira.” JOSE MOLINA , revista Mucho Más , Espanha

“Nesta época conturbada em que vivemos, quando o Ter faz tudo para dominar o Ser, com melhor companhia (Paulo Coelho) não o poderíamos deixar.” VICTOR MENDANHA , jornal Correio da Manhã , Portugal

OBRAS DO AUTOR

1974 – O teatro na educação 1974 – O manifesto de Krig-há (c/ Raul Seixas) 1981 – Os arquivos do inferno 1986 – O manual prático do vampirismo (recolhido) 1987 – O diário de um mago 1988 – O alquimista 1990 – Brida 1991 – O dom supremo (adaptação de Henry Drummond) 1992 – As Valkírias 1994 – Na margem do rio Piedra eu sentei e chorei 1996 – O monte cinco 1997 – O manual do guerreiro da luz 1997 – Cartas de amor do profeta (adaptação de Kahlil Gibran) 1998 – Veronika decide morrer 2000 – O demônio e a Srta. Prym 2001 – Histórias de pais, filhos e netos (coletânea de contos)

Paulo Coelho na Web http:www.paulocoelho.com.br

Copyright © 1990 by Paulo Coelho

PROIBIDA A VENDA DESSE EXEMPLAR FORA DO TERRITÓRIO BRASILEIRO.

Direitos desta edição reservados à EDITORA ROCCO LTDA. Rua Rodrigo Silva, 26 – 4° andar 20011-040 – Rio de Janeiro, RJ Tel.: 2507-2000 – Fax: 2507- e-mail: rocco@rocco.com.br www.rocco.com.br Printed in Brazil /Impresso no Brasil

CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte. Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.

Coelho, Paulo, 1947- C619b Brida / Paulo Coelho. – Rio de Janeiro: Rocco, 1990.

  1. Romance brasileiro. I. Título. CDD – 869. 92- CDU – 869.0(81)-

Para: N. D. L., que realizou os milagres; Christina, que faz parte de um deles; e Brida.

ADVERTÊNCIA

No livro O diário de um mago , troquei duas das Práticas de RAM por exercícios de percepção que havia aprendido na época em que lidei com teatro. Embora os resultados fossem rigorosamente os mesmos, isto me valeu uma severa reprimenda de meu Mestre. “Não importa se existem meios mais rápidos ou mais fáceis; a Tradição jamais pode ser trocada”, disse ele. Por causa disso, os poucos rituais descritos em BRIDA são os mesmos praticados durante séculos pela Tradição da Lua – uma Tradição específica, que requer experiência e prática na sua execução. Utilizar tais rituais sem orientação é perigoso, desaconselhável, desnecessário, e pode prejudicar seriamente a Busca Espiritual. PAULO COELHO

PRÓLOGO

Sentávamos toda noite num café em Lourdes. Eu, um peregrino do sagrado Caminho de Roma, que precisava andar muitos dias em busca do meu Dom. Ela, Brida O’Fern, controlava determinada parte deste caminho. Numa destas noites resolvi perguntar-lhe se ela experimentara uma emoção muito forte ao conhecer determinada abadia, parte da trilha em forma de estrela que os Iniciados percorrem nos Pirineus.

  • Nunca estive lá – respondeu. Fiquei surpreso. Afinal de contas, ela já possuía um Dom.
  • Todos os caminhos levam a Roma – disse Brida, usando um velho provérbio para me dizer que os Dons podiam ser despertados em qualquer lugar. – Fiz meu Caminho de Roma na Irlanda. Em nossos encontros seguintes ela me contou a história de sua busca. Quando acabou, perguntei se podia, algum dia, escrever o que tinha ouvido. Ela concordou num primeiro momento. Mas, cada vez que nos encontrávamos, ia colocando um obstáculo. Pediu que trocasse os nomes das pessoas envolvidas, queria saber que tipo de gente ia ler, e como as pessoas iam reagir.
  • Não posso saber – respondi. – Mas creio que não é por causa disto que você está criando tanto problema.
  • Tem razão – disse ela. – É porque acho que é uma experiência muito particular. Não sei se as pessoas podem tirar alguma coisa de proveitosa dela.

Este é um risco que agora corremos juntos, Brida. Um texto anônimo da Tradição diz que cada pessoa, em sua existência, pode ter duas atitudes: Construir ou Plantar. Os construtores podem demorar anos em suas tarefas, mas um dia terminam aquilo que estavam fazendo. Então param, e ficam limitados por suas próprias paredes. A vida perde o sentido quando a construção acaba. Mas existem os que plantam. Estes às vezes sofrem com tempestades, as estações, e raramente descansam. Mas, ao contrário de um edifício, o jardim jamais pára de crescer. E, ao mesmo tempo que exige a atenção do jardineiro, também permite que, para ele, a vida seja uma grande aventura. Os jardineiros se reconhecerão entre si – porque sabem que na história de cada planta está o crescimento de toda a Terra.

IRLANDA

Agosto 1983 – Março 1984

VERÃO E OUTONO

andaram em círculos, passando três ou quatro vezes pelo mesmo lugar. “Quem sabe está me testando.” Estava resolvida a ir até o fim com aquela experiência e procurava demonstrar que tudo que estava ocorrendo – inclusive as caminhadas em círculo – eram coisas perfeitamente normais. Viera de muito longe, e havia esperado muito por aquele encontro. Dublin ficava a quase 150 quilômetros de distância, e os ônibus até aquela aldeia eram desconfortáveis e saíam em horários absurdos. Ela teve que acordar cedo, viajar três horas, perguntar por ele na cidadezinha, explicar o que desejava com um homem tão estranho. Finalmente lhe indicaram a área do bosque onde ele costumava ficar durante o dia – mas não sem antes alguém preveni-la de que ele já tentara seduzir uma das moças da aldeia. “Ele é um homem interessante”, pensou consigo mesma. O caminho agora era uma subida, e ela começou a torcer para que o sol demorasse ainda um pouco mais no céu. Tinha medo de escorregar nas folhas úmidas que estavam no chão.

  • Por que você quer mesmo aprender magia? Brida ficou contente porque o silêncio havia sido quebrado. Repetiu a mesma resposta que dera antes. Mas ele não se satisfez.
  • Talvez você queira aprender magia porque ela é misteriosa e oculta. Porque tem respostas que poucos seres humanos conseguem encontrar em sua vida inteira. Mas, sobretudo, porque ela evoca um passado romântico. Brida não disse nada. Não sabia o que dizer. Ficou desejando que ele voltasse ao seu silêncio habitual, porque estava com medo de dar uma resposta que o Mago não gostasse.

Chegaram finalmente ao alto de um monte, depois de atravessarem o bosque inteiro. O terreno ali ficava rochoso, e despido de qualquer vegetação; mas era menos escorregadio, e Brida acompanhou o Mago sem qualquer dificuldade. Ele sentou-se na parte mais alta, e pediu que Brida fizesse o mesmo.

  • Outras pessoas já estiveram aqui antes – disse o Mago. – Vieram me pedir que eu lhes ensinasse magia. Mas eu já ensinei tudo que precisava ensinar, já devolvi à humanidade o que ela me deu.

Hoje quero ficar sozinho, subir as montanhas, cuidar das plantas, e comungar com Deus.

  • Não é verdade – respondeu a moça.
  • O que não é verdade? – Ele estava surpreso.
  • Talvez queira comungar com Deus. Mas não é verdade que queira ficar sozinho. Brida arrependeu-se. Disse tudo aquilo num impulso, e agora era tarde demais para consertar seu erro. Talvez existissem pessoas que gostassem de ficar sozinhas. Talvez as mulheres precisassem mais dos homens do que os homens das mulheres. O Mago, entretanto, não parecia irritado quando tornou a falar.
  • Vou lhe fazer uma pergunta – disse. – Você tem que ser absolutamente verdadeira em sua resposta. Se me falar a verdade, eu lhe ensino o que me pede. Se mentir, nunca mais deve voltar a esta floresta. Brida respirou aliviada. Era apenas uma pergunta. Não precisava mentir, isto era tudo. Sempre achou que os Mestres, para aceitarem seus discípulos, exigiam coisas mais difíceis. Ele sentou-se bem na sua frente. Seus olhos estavam brilhantes.
  • Suponhamos que eu comece a lhe ensinar o que aprendi – falou, com os olhos fixos nos olhos dela. – Comece a lhe mostrar os universos paralelos que nos rodeiam, os anjos, a sabedoria da natureza, os mistérios da Tradição do Sol e da Tradição da Lua. E certo dia, você desce à cidade para comprar alguns alimentos, encontra no meio da rua o homem de sua vida. “Não saberia reconhecê-lo”, pensou ela. Mas resolveu ficar calada; a pergunta parecia mais difícil do que tinha imaginado.
  • Ele percebe a mesma coisa, e consegue aproximar-se de você. Os dois se apaixonam. Você continua seus estudos comigo, eu lhe mostro a sabedoria do Cosmos durante o dia, ele lhe mostra a sabedoria do Amor durante a noite. Mas chega um determinado momento em que as duas coisas não podem mais caminhar juntas. Você precisa escolher. O Mago parou de falar por alguns instantes. Antes mesmo de perguntar, teve medo da resposta da moça. Sua vinda, naquela tarde, significava o final de uma etapa na vida de ambos. Ele sabia disto, porque conhecia as tradições e os desígnios dos Mestres. Precisava tanto dela quanto ela dele. Mas ela devia falar a verdade naquele momento; era a única condição.

uma vez decepcionado com os sentimentos dos seres humanos comuns. Ela também estava decepcionada consigo mesma, mas não podia mentir.

  • Olhe para mim – disse o Mago. Brida estava com vergonha. Mas olhou assim mesmo.
  • Você falou a verdade. Eu vou lhe ensinar. A noite caiu por completo, e as estrelas brilhavam num céu sem lua. Em duas horas Brida contou sua vida inteira para aquele desconhecido. Tentou buscar fatos que explicassem seu interesse por magia – como visões na infância, premonições, chamados interiores – mas não conseguiu encontrar nada. Sentia vontade de conhecer, e isto era tudo. E por causa disso já freqüentara cursos de astrologia, tarot , numerologia.
  • Isto são apenas linguagens – disse o Mago. – E não são as únicas. A magia fala todas as linguagens do coração do homem.
  • O que é magia, então? – perguntou ela. Mesmo no escuro, Brida percebeu que o Mago virou o rosto. Estava olhando o céu, absorto, quem sabe em busca de uma resposta.
  • Magia é uma ponte – disse enfim. – Uma ponte que permite a você andar do mundo visível para o invisível. E aprender as lições de ambos os mundos.
  • E como posso aprender a cruzar essa ponte?
  • Descobrindo sua maneira de cruzá-la. Cada pessoa tem sua maneira.
  • Foi o que vim buscar aqui.
  • Existem duas formas – respondeu o Mago. – A Tradição do Sol, que ensina os segredos através do espaço, das coisas que nos cercam. E a Tradição da Lua, que ensina os segredos através do Tempo, das coisas que estão presas na memória do tempo. Brida havia entendido. A Tradição do Sol era aquela noite, as árvores, o frio no seu corpo, as estrelas no céu. E a Tradição da Lua era aquele homem a sua frente, com a sabedoria dos antepassados brilhando nos olhos.
  • Aprendi a Tradição da Lua – disse o Mago, como se estivesse adivinhando seus pensamentos. – Mas jamais fui um Mestre nela. Sou um Mestre na Tradição do Sol.
  • Mostre-me a Tradição do Sol – falou Brida, desconfiada, porque havia pressentido uma certa ternura na voz do Mago.
  • Vou lhe ensinar o que aprendi. Mas são muitos os caminhos da Tradição do Sol.

“É preciso ter confiança na capacidade que cada pessoa tem de ensinar a si mesma.” Brida não estava enganada. Havia mesmo ternura na voz do Mago. Aquilo a assustava, ao invés de deixá-la mais à vontade.

  • Sou capaz de entender a Tradição do Sol – disse. O Mago parou de olhar as estrelas e se concentrou na menina. Sabia que ela ainda não era capaz de aprender a Tradição do Sol. Mesmo assim, devia ensiná-la. Certos discípulos escolhem os seus Mestres.
  • Quero lembrar uma coisa, antes da primeira lição – disse. – Quando alguém encontrar seu caminho, não pode ter medo. Precisa ter coragem suficiente para dar passos errados. As decepções, as derrotas, o desânimo são ferramentas que Deus utiliza para mostrar a estrada.
  • Ferramentas estranhas – falou Brida. – Muitas vezes fazem com que as pessoas desistam. O Mago conhecia o motivo. Já havia experimentado no corpo e na alma estranhas ferramentas de Deus.
  • Ensine-me a Tradição do Sol – insistiu ela.

O Mago pediu que Brida encostasse numa saliência da rocha e relaxasse.

  • Não precisa fechar os olhos. Veja o mundo ao seu redor, e perceba tudo que puder perceber. Em cada momento, diante de cada pessoa, a Tradição do Sol mostra a sabedoria eterna. Brida fez o que o Mago estava mandando. Mas achou que ele estava indo muito rápido.
  • Esta é a primeira e mais importante lição – disse ele. – Foi criada por um místico espanhol, que entendeu o significado da fé. Seu nome era Juan de La Cruz. Olhou para a menina, entregue e confiante. Do fundo do seu coração, torceu para que ela entendesse o que estava para lhe ensinar. Afinal de contas ela era a sua Outra Parte, mesmo que ainda não soubesse, mesmo que ainda fosse muito jovem, e estivesse fascinada pelas coisas e pelas pessoas do mundo.