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Trabalho sobre patologia em revestimento de fachada
Tipologia: Trabalhos
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Um problema patológico pode ser entendido como uma situação em que o edifício ou uma sua parte, num determinado instante da sua vida útil, não apresenta o desempenho previsto.
O problema é identificado de modo geral a partir das manifestações ou sintomas patológicos que se traduzem por modificações estruturais e ou funcionais no edifício ou na parte afetada, representando os sinais de aviso dos defeitos surgidos.
As manifestações, uma vez conhecidas e corretamente interpretadas, podem conduzir ao entendimento do problema, possibilitando a sua resolução a partir de uma intervenção, cujo nível estará vinculado, principalmente, à relação entre o desempenho estabelecido para o produto e o desempenho constatado.
Objetivando-se uma ação sistêmica frente aos problemas patológicos passíveis de ocorrerem com os revestimentos verticais, propõe-se, no presente trabalho, uma metodologia de abordagem dos mesmos, a partir da qual, os profissionais da área poderão organizar um conjunto de passos e etapas a serem seguidos a fim de identificarem as possíveis causas que levaram à sua ocorrência, buscando assim, evitar problemas em futuros empreendimentos.
Além da proposição desta metodologia, serão apresentadas, também, as manifestações mais comuns nos revestimentos verticais e as principais causas que possam tê-las originado, buscando-se, com isso, fornecer os subsídios necessários para que os técnicos envolvidos com o assunto possam avaliar o projeto de revestimento, as especificações para sua execução, bem como, efetuar o acompanhamento em obra, de modo a evitar futuros problemas com esses revestimentos.
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Para uma melhor compreensão dos problemas patológicos ocorridos com os revestimentos e uniformidade de atuação frente às possíveis soluções, propõe-se empregar uma metodologia de ação, baseada no trabalho de LICHTENSTEIN [1985], que pode ser desenvolvida ou adaptada para cada situação específica, sendo as etapas propostas, discutidas a seguir e ilustradas na figura 2.1.
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Esta etapa fundamenta-se na obtenção das informações necessárias para que se possa compreender o problema ocorrido. Sua estruturação ocorre a partir da elaboração de um quadro geral das manifestações presentes, onde devem ser devidamente relatadas as evidências que provocaram a queda no desempenho do revestimento.
As informações podem ser obtidas por meio de quatro fontes básicas: vistoria do local; levantamento do histórico do problema e do edifício (anamnese do caso), exames complementares e pesquisa (bibliográfica, tecnológica e científica), discutidas a seguir.
A vistoria do local pode se dar a partir da insatisfação do usuário com o desempenho do revestimento, acionando um profissional com o intuito de solucionar o problema ou pode decorrer de um programa rotineiro de manutenção, onde através de uma inspeção constata- se a existência de um problema patológico.
A vistoria, em um ou outro caso, deve seguir alguns passos específicos para que se possa chegar a uma conclusão objetiva. Neste sentido, propõe-se a seguir, um procedimento básico para a realização da vistoria do local. É evidente que se trata apenas de um direcionamento das atividades, sendo recomendada uma postura de contínua adaptação ao longo das experiências que forem sendo adquiridas.
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A constatação de um problema patológico deve ser feita a partir da comparação, em geral qualitativa, entre o desempenho exigido para o revestimento e o efetivamente encontrado. Na maioria dos casos é possível uma verificação imediata da existência ou não do problema.
Em determinadas situações, os sintomas a serem reconhecidos podem não provocar uma deterioração aparente dos materiais, como é o caso das fissuras em revestimentos de fachada, por exemplo, que, apesar de não apresentar uma questão de perigo iminente para o revestimento, ou seja, de ruína, devem ser corretamente constatadas e verificadas suas causas.
Nos casos em que sejam constatados problemas significativos quanto à integridade do revestimento, devem ser tomadas as providências cabíveis para evitar riscos desnecessários. Tais providências podem ser, por exemplo, o isolamento do local ou da área do edifício, a fim de que a vistoria possa ser realizada sem colocar em risco a segurança humana.
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Uma vez determinada a existência e a gravidade do problema, é necessário observar se o mesmo é localizado ou generalizado. Caso seja localizado, será possível identificá-lo e resolvê-lo, limitando-se apenas a uma determinada parte da edificação. Por outro lado, se for generalizado, dever ser adotada uma postura de investigação no sentido de que seja vistoriado todo o edifício, sem que se incorra em possíveis esquecimentos ou repetição de atividades. Assim, propõe-se que seja estabelecido um roteiro de investigação, como por exemplo, o apresentado a seguir.
Nesta fase, o profissional envolvido deve utilizar como instrumentos de trabalho a sua experiência profissional, os sentidos humanos e as ferramentas disponíveis como por exemplo nível de mangueira; fio de prumo; nível de mão; régua; metro; esquadro; termômetro de contato; lupa; sacos plásticos; espátulas; prancheta; papéis para desenho e anotações; máquina fotográfica, etc., que devem ser reunidos em uma maleta, por exemplo, de forma a ficarem organizados e a facilitar a sua movimentação.
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Deve ser realizado de modo a estruturar as observações feitas, permitindo formular o diagnóstico do problema. Assim, os resultados obtidos devem ser documentados a partir de uma ordem cronológica de acontecimentos utilizando para tal FURTXLV e ou indicações sem projetos (quando existirem) ou mesmo em simples desenhos somados às observações escritas e às fotografias realizadas.
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Essa fase somente será desenvolvida quando for constatada a escassez de subsídios para diagnosticar o problema na fase de vistoria do local.
A anamnese, palavra de origem grega que significa recordar, deve ser entendida como uma ação capaz de levantar o histórico do edifício, envolvendo todas as atividades realizadas durante o seu processo de produção que, de alguma maneira, possam ter contribuído para o surgimento do problema.
A obtenção das informações sobre as atividades desenvolvidas são provenientes basicamente de duas fontes: investigação com pessoas envolvidas com o empreendimento e análise de documentos fornecidos.
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Dependendo da fase em que se encontra o empreendimento, pode-se entrevistar um universo variável de profissionais envolvidos, entre os quais destacam-se: operários da obra; fabricantes e fornecedores de materiais; construtores; projetistas; promotor do empreendimento; vizinhos; usuários; entre outros.
A entrevista pode variar em função de caso a caso; porém, algumas perguntas que geralmente se repetem são apresentadas a seguir:
Considerável parte dos problemas patológicos que ocorrem nos revestimentos verticais apresenta sintomas bem característicos, possibilitando a formulação do diagnóstico com a realização das etapas anteriores. Entretanto, quando isto não for possível, poderão ser realizados exames complementares que devem ser direcionados e ou solicitados, a partir de uma avaliação real de suas necessidades e dos resultados obtidos até então. Estes exames podem ser de duas naturezas: ensaios em laboratório ou no local.
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Ensaiar e analisar o material significa determinar os valores de propriedades que sejam relevantes a seu uso. No caso dos revestimentos verticais para aplicação em vedações verticais, podem ser determinadas as características de porosidade, coeficiente de dilatação, resistência de aderência, resistência a ataques químicos, etc., em função de determinada aplicação ou ainda do problema detectado (descolamento, esfarelamento, etc.). Também podem ser ensaiadas as argamassas empregadas, principalmente no que se refere ao seu tempo de vida útil, trabalhabilidade, capacidade de absorver deformações, resistência à compressão, entre outras.
Os ensaios laboratoriais, na maioria das vezes, servem para avaliar determinadas amostras, coletadas com o objetivo de quantificar e qualificar o comportamento físico-químico dos materiais, procurando reproduzir as condições de exposição a que estão submetidos quando do seu emprego no edifício.
Cabe ressaltar que, nesta fase, o mais importante será o conhecimento que o profissional possui para prescrever os ensaios adequados para cada caso, sendo imprescindível a experiência adquirida frente a problemas já solucionados, pois os ensaios de forma geral, atingem um elevado custo e muitas vezes são demorados.
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Estes ensaios caracterizam-se por serem realizados na própria obra a partir de equipamentos específicos, podendo ser de natureza destrutiva ou não destrutiva em função das características a serem avaliadas. Em geral, seu campo de amostragem constitui-se de corpos de provas pertencentes a partes danificadas e outras que não apresentem os problemas. Os resultados obtidos de ambas devem ser devidamente avaliados e comparados entre si.
Os ensaios mais prováveis de serem realizados nesta etapa são os de verificação da resistência de aderência e da permeabilidade, simulando a incidência de água de molhagem ou de chuva, sobre as superfícies revestidas.
Com os resultados dos ensaios devidamente avaliados e tendo-se chegado à conclusão de que não se consegue diagnosticar o problema, tem-se uma última fase que seria a pesquisa bibliográfica, tecnológica e científica.
Nesta fase deve-se computar dados a partir do levantamento de informações em textos científicos e ou experimentos em nível de pesquisa tecnológica, buscando encontrar referências análogas à situação em que se encontra.
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Uma vez equacionada a primeira etapa, os estudos devem ser conduzidos para a formulação do diagnóstico do problema, o qual pode ser entendido como o equacionamento do quadro geral da patologia existente.
Cabe lembrar, porém, que as patologias constituem um processo dinâmico e assim sendo, as manifestações, numa determinada época, podem apresentar um aspecto completamente distinto que numa outra, estando em constante evolução. Assim, o diagnóstico pressupõe um processo dinâmico que, na realidade, não se inicia somente após a análise dos resultados obtidos no levantamento de subsídios, mas tem início com ele, sendo que todas as informações devem ser interpretadas no sentido de compor progressivamente o quadro de entendimento do problema patológico.
De maneira simplificada pode-se dizer que o processo de diagnóstico de um problema patológico pode ser descrito como uma geração de hipóteses efetivas que visam a um esclarecimento das origens, causas e mecanismos de ocorrências que estejam promovendo uma queda no desempenho do revestimento.
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Esta etapa está relacionada a uma avaliação da necessidade ou não de se intervir no problema patológico, referindo-se, portanto, às alternativas de intervenção e à definição da terapia a ser indicada.
Para que se possa chegar a uma decisão, a partir do diagnóstico são levantadas as hipóteses de evolução futura do problema, ou seja, realiza-se um prognóstico, que deve ser baseado em dados fornecidos pelo tipo de problema; estágio de desenvolvimento; características gerais do edifício e condições de exposição a que está submetido.
Diante da formulação do prognóstico, onde ficarão evidentes as possibilidades de solução do problema patológico, levantam-se as alternativas de intervenção que por sua vez, são feitas levando-se em conta três parâmetros básicos: grau de incerteza sobre os efeitos, relação custo benefício e disponibilidade de tecnologia para execução dos serviços.
O grau de incerteza sobre os efeitos relaciona-se diretamente com a incerteza do diagnóstico formulado, pois este está fundamentado em informações e conhecimentos passíveis de erros.
A relação custo/benefício, por sua vez, estabelece um confronto dos benefícios que possam ser auferidos na obtenção do desempenho requerido, em relação ao custo de sua recuperação no decorrer do restante da vida útil do edifício.
Finalmente, a verificação da disponibilidade de tecnologia para execução dos serviços objetiva realizar um levantamento sobre as condições tecnológicas para a execução dos serviços de intervenção definidos. As condições tecnológicas envolvem a técnica de execução, propriamente dita, os materiais, os equipamentos e a mão-de-obra, necessários à execução dos serviços.
Caso seja empregada uma tecnologia incompatível com o problema ou ainda, caso ocorram falhas na realização dos serviços de manutenção, o mesmo pode ser agravado podendo até mesmo tornar-se irreversível.
adequado desenvolvimento dos serviços em obra, buscando minimizar ou mesmo eliminar as improvisações e as decisões no momento da execução, diminuindo sensivelmente a probabilidade de ocorrência de problemas futuros.
Por serem inúmeros os problemas patológicos passíveis de ocorrerem nos revestimentos verticais de argamassa e cerâmicos, convém adotar uma classificação, para facilitar o estudo dos mesmos.
Uma das formas de realizar a classificação é apresentada por SABBATINI [1986], onde as patologias em revestimentos de argamassa são classificadas de acordo com suas origens:
Uma outra forma, também proposta por SABBATINI [1997], e que será adotada neste trabalho, classifica as patologias de revestimentos de argamassa de acordo com suas formas de manifestação:
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A perda de aderência pode ser entendida como um processo em que ocorrem falhas ou ruptura na interface das camadas que constituem o revestimento ou na interface com a base ou substrato, devido às tensões surgidas ultrapassarem a capacidade de aderência das ligações.
Segundo BAUER [1997], os descolamentos podem apresentar extensão variável, sendo que a perda de aderência pode ocorrer de diversas maneiras: por empolamento, em placas, ou com pulverulência.
No caso de descolamentos por empolamento, esse autor explica que o fenômeno ocorre devido às expansões na argamassa em função da hidratação posterior de óxidos; enquanto o descolamento em placas ocorre quando há deficiência de aderência entre camadas do revestimento ou das mesmas com a base. No caso do descolamento por pulverulência, observam-se desagregação e conseqüente esfarelamento da argamassa ao ser pressionada pelas mãos e a película de tinta destaca-se juntamente com a argamassa que se desagrega com facilidade.
CINCOTTO [1986] descreve outros problemas que se desenvolvem na base ao longo do tempo e que também podem afetar o revestimento. É o caso da corrosão da armadura de concreto, a fissuração e expansão do concreto, o acúmulo do produto de corrosão na interface que podem provocar o descolamento do revestimento.
As causas mais comuns para o descolamento por empolamento seriam: a cal parcialmente hidratada que, ao se extinguir depois de aplicada, aumenta de volume e pode produzir a
expansão, ou cal contendo óxido de magnésio, pois a hidratação desse óxido é muito lenta e caso não tenham sido tomados os devidos cuidados, poderá ocorrer meses após a execução do revestimento, produzindo expansão e empolando o mesmo [BAUER, 1997].
No caso de argamassas mistas (de cimento e cal), o fenômeno da expansão aumenta consideravelmente, sendo devido a causas mecânicas, pois as argamassas contendo cimento Portland são muito mais rígidas e nesse caso a expansão causa desagregação da argamassa; enquanto que em argamassas menos rígidas parte da expansão é passível de acomodação [BAUER, 1996].
No caso de descolamento em placas, as causas mais prováveis, segundo BAUER [1997], seriam:
BAUER [1996] afirma que as espessuras excessivas da argamassa, superiores a 2 cm, podem gerar, por retração natural, tensões elevadas de tração entre a base e o chapisco, podendo provocar o seu descolamento. Outro fator gerador de tensões corresponde às grandes variações de temperatura, que podem gerar tensões de cisalhamento na interface argamassa-base, capazes de provocar o descolamento do revestimento.
De acordo com esse mesmo autor, nos descolamentos com pulverulência, os sinais mais observados são a desagregação e conseqüente esfarelamento da argamassa ao ser pressionada manualmente. A argamassa torna-se friável, ocorrendo descolamento com puverulência.
BAUER [1997] identifica como causa das argamassas friáveis o “proporcionamento inadequado de aglomerante agregado e o excesso de materiais pulverulentos e ou torrões de argila na areia empregada no preparo da argamassa”.
Outras causas para o descolamento com pulverulência seriam, segundo esse mesmo autor:
Uma observação não sistemática parece indicar que, em geral, o descolamento acontece depois de passado o primeiro ano da ocupação do edifício, podendo se manifestar através de casos isolados ou em grandes painéis. Parece ocorrer, com maior freqüência, nos primeiros e últimos pavimentos, provavelmente em função do maior nível de solicitação a que estes estão sujeitos.
As causas do descolamento dos componentes podem ser diversas sendo uma das mais importantes a instabilidade do suporte, isto é, do conjunto formado pela base (alvenaria e ou estrutura) e pelo substrato (emboço), devido à acomodação do conjunto da construção, à fluência da estrutura de concreto armado e às variações higroscópicas e de temperatura.
O ritmo de construção atual tem levado a que a aplicação dos componentes cerâmicos ocorra num estágio da obra em que o suporte foi recentemente executado, apresentando-se ainda muito úmido e, em conseqüência disto, as modificações dimensionais devido à acomodação ou à retração do conjunto não foram desenvolvidas completamente.
Além disso, pode-se citar ainda como possíveis causas: o grau de solicitação do revestimento; as características das juntas de assentamento e de movimentação; a ausência de detalhes construtivos (contravergas, juntas de canto de parede etc.) e de especificação dos serviços de execução; a imperícia ou negligência da mão-de-obra; a utilização do adesivo com prazo de validade vencido; a fixação dos componentes cerâmicos após o vencimento do tempo de abertura da argamassa colante e a presença de pulverulência ou de materiais deletérios nas superfícies de contato (base-regularização-componente cerâmico), fatores que nem sempre são observados quando da execução do revestimento.
A combinação dos fatores anteriormente citados, com a variação de umidade a que o suporte está sujeito pode produzir a concentração de esforços locais de elevada intensidade de modo que se tenha a perda da aderência dos componentes, quando as tensões ultrapassarem o limite da resistência. É sabido que mesmo os suportes mais antigos ficam sujeitos a variações dimensionais causadas pela reumidificação, principalmente nos locais em que os revestimentos estão sujeitos à vapor d'água. Assim, mesmo para o caso de antigas construções é possível encontrar tais problemas.
Ao se identificar o problema, deve-se buscar conhecer as causas que levaram à sua existência, traçando uma estratégia de ação para que se realize o levantamento e a verificação de todas.
Pode-se buscar conhecer, inicialmente, o tipo de ruptura ocorrida, verificando-se o estado do verso dos componentes (tardoz) e o estado do substrato, identificando se a ruptura se deu entre a camada de fixação com o componente, desta com o substrato, ou mesmo do próprio substrato.
Além destas informações deve-se buscar conhecer as condições em que os componentes foram executados, isto é, tentar levantar as características dos materiais e da mão-de-obra empregados, o período de execução do revestimento e ainda, as condições de exposição a que os componentes estiveram sujeitos ao longo da sua vida útil, as características do substrato (resistência mecânica, umidade, etc.), dentre outros.
A partir das informações obtidas busca-se realizar um diagnóstico do problema, sendo que qualquer que seja ele, dever ser registrado através de documentos devidamente elaborados, obtendo-se, como resultado, parte do domínio tecnológico sobre o assunto, além de
promover uma possível retroalimentação das informações obtidas com relação ao projeto e execução de obras, a fim de prevenir ou detectar os principais agentes responsáveis pelos descolamentos, para aplicação em futuros empreendimentos.
Vale observar que o problema do descolamento do componente cerâmico é mais acentuado nos casos em que os mesmos são assentados por argamassa convencional, que apresenta um elevado índice de umidade em sua constituição, além de apresentar elevada espessura, uma vez que é a própria argamassa de regularização. Nos casos de emprego da argamassa colante, quando o material é de garantida qualidade e tendo-se respeitado o seu tempo de abertura durante a execução, este problema é bastante reduzido, pois se trabalha com um substrato mais seco e uma argamassa de reduzida espessura.
Entre vários trabalhos realizados no período de 1983 a 1986 investigou-se na França os problemas patológicos com o objetivo de determinar as manifestações que ocorriam com maior freqüência em fachadas [LOGEAIS, 1989]. Analisou-se 5.832 casos, onde 2. casos relacionavam-se às fissuras “não-passantes”, ou seja, que não atravessam toda a espessura da parede e 3.346 casos corresponderam às fissuras “passantes”.
A partir do trabalho de IOSHIMOTO [1988], a respeito de incidência de manifestações patológicas em edificações, tem-se que as causas prováveis de fissuras e trincas são: recalque (acomodação do solo, da fundação ou do aterro); retração (fissuração da argamassa de revestimento ou de piso cimentado); movimentação (da estrutura de concreto, do madeiramento do telhado ou da laje mista); amarração (falta de amarração nos cantos de paredes ou no encontro da laje com as paredes); diversos (concentração de esforças, impacto de portas, etc.).”
De acordo com BAUER [1996], a incidência de fissuras em revestimentos sem que haja movimentação e ou fissuração do substrato ocorre devido a fatores relativos à execução do revestimento argamassado, solicitações higrotérmicas e também por retração hidráulica da argamassa.
Observa-se, então, que vários fatores intrínsecos à argamassa podem ser responsáveis pela fissuração do revestimento, dentre os quais citam-se: consumo de cimento, teor de finos e quantidade de água da amassamento [BAUER, 1996].
No caso de argamassa composta por alto teor de finos, há um maior consumo de água de amassamento, o que ocasiona maior retração por secagem e, se o revestimento não for executado corretamente, podem aparecer fissuras na forma de “mapas” por todo o revestimento.
Outro fator que influencia no surgimento de fissuras é a umidade relativa do ar. Segundo BAUER [1996], em regiões onde a umidade relativa do ar é baixa, a temperatura é alta e há a presença de ventos, deve-se dar preferência à utilização de SULPHU apropriado, aplicado à base, do que realizar molhagem abundantemente.
As fissuras por retração hidráulica, de modo geral, não são visíveis, a não ser que sejam molhadas e que a água, penetrando por capilaridade, assinale sua trajetória. No caso de umedecimentos sucessivos, pode-se gerar mudanças na tonalidade, permitindo a visualização das fissuras, inclusive com o paramento seco. Tal fenômeno ocorre porque a
Variações de temperatura também podem provocar o aparecimento de fissuras nos revestimentos, devidas às movimentações diferenciais que ocorrem entre esses e as bases [THOMAZ, 1989].
O emprego de técnica de execução incorreta também pode provocar o aparecimento de fissuras no revestimento. Essa situação é comum quando o desempeno é realizado antes do tempo adequado, ou seja, quando a maior parte da água presente na argamassa tenha sido consumida, seja pelo processo de hidratação do cimento, seja pela absorção da base ou ainda por evaporação para o meio ambiente.
Não só o despreparo da mão-de-obra pode ocasionar esse problema, como também, um consumo excessivo de água na argamassa, em decorrência da presença elevada de finos.
Quando o teor de finos é elevado, o tempo para o desempeno pode ser maior, pois há um maior consumo de água. Nesse caso, muitas vezes a mão-de-obra, em função das condições de trabalho, não têm como esperar o tempo correto para proceder o acabamento superficial. Por conseqüência, o revestimento endurecido apresentará um elevado volume de vazios, levando à ocorrência de fissuras na forma de mapas, decorrentes da retração da argamassa na secagem.
O ato do desempeno com força suficiente e no tempo correto é importante, pois nessa fase é possível comprimir a pasta e aproximar os grãos, reduzindo o potencial de fissuração da argamassa.
Segundo BAUER [1996], as microfissuras geradas por retração hidráulica podem ser cobertas pela película de tinta, ou seja, através de pintura. Essa alternativa também é proposta por THOMAZ [1989] que recomenda, para esses casos, utilizar pintura elástica encorpada com três ou quatro demãos de tinta à base de resina acrílica com reforço com telas de náilon nos locais mais danificados.
CINCOTTO [1983], por sua vez, recomenda a substituição do reboco e ou emboço, no caso de grande incidência de fissuras de retração; enquanto para as paredes internas THOMAZ [1989] sugere a utilização de papel de parede sobre o revestimento fissurado em substituição à argamassa de revestimento.
Para evitar a incidência de macrofissuras no revestimento devido ao acúmulo de tensões, BAUER [1996] recomenda a utilização de argamassas de revestimentos com alto teor de cal. Dessa forma, as ligações internas serão menos resistentes e as tensões podem ser dissipadas na forma de microfissuras.
Esse mesmo procedimento é recomendado por THOMAZ [1989]. Para esse autor, as fissuras intrínsecas à argamassa de revestimento, sem fissuração da base, manifestam-se por retração da argamassa e em conseqüência de solicitações higrotérmicas. A incidência dessas fissuras será tanto maior, quanto maiores forem a resistência à tração e o módulo de deformação da argamassa. Assim, para que se evite o aparecimento de fissuras esse autor recomenda que as argamassas de revestimento contenham consideráveis teores de cal.
CINCOTTO [1983] destaca que as argamassas de revestimento devem apresentar módulos de deformação inferiores àqueles apresentados pela base, permitindo a absorção de pequenas movimentações ocorridas na base onde o revestimento foi aplicado. Essa pesquisadora também alerta para a qualidade dos materiais como fator preponderante para
a obtenção de uma boa argamassa de revestimento. Recomenda, ainda, que a argamassa deve ser aplicada sobre base rústica.
THOMAZ [1989] afirma que a espessura da camada do revestimento de argamassa não deve ser muito fina, resultando na “impermeabilização” da superfície do revestimento pela grande concentração de finos, mas nem muito espessa o que dificultaria a penetração do anidrido carbônico através da argamassa, devendo estar compreendida entre 1 e 2 cm.
No caso de revestimento com várias camadas, BAUER [1996] recomenda a utilização de diferentes traços para que o módulo de deformação da argamassa de cada camada diminua gradativamente de dentro para fora.
Para as regiões altas dos edifícios, BAUER [1996] sugere para as junções entre a estrutura e a alvenaria, a utilização de uma tela em toda a extensão, inserida no revestimento dos últimos andares, visando minimizar a fissuração.
Quanto aos revestimentos cerâmicos, segundo SABBATINI; BARROS [1990], os fenômenos de fissuração e trincas caracterizam-se por apresentarem uma perda de integridade da superfície do componente cerâmico, podendo levar ao seu descolamento.
A trinca, pode ser entendida como a ruptura no corpo da peça, sob a ação de esforços, provocando a separação de suas partes e é manifestada através de linhas estreitas que configuram o grau de sua abertura, sendo que, em geral, apresenta-se com dimensões superiores a 1 mm. O gretamento e a fissuração, por sua vez, são aberturas liniformes que aparecem na superfície do componente, provenientes da ruptura parcial de sua massa, ou seja, a ruptura que não divide o seu corpo por completo. São caracterizadas por apresentarem, aberturas inferiores a 1 milímetro.
As manifestações destes problemas podem surgir de maneira generalizada nos painéis revestidos, ou até mesmo, em um único componente cerâmico, em quaisquer direções, isto é, horizontal, vertical e ou diagonal, sendo as possíveis causas atribuídas a:
Além da questão estética, SHIRAKAWA et al. [1995] destacam também que a ocorrência de problemas respiratórios nos moradores de residências com bolor deve ser considerada, sendo assim, assunto de grande importância no que se refere à qualidade dos ambientes internos.
De acordo com esses pesquisadores, a presença de umidade do ambiente pode favorecer a umidade do material, mas somente a água absorvida por esse pode ser utilizada para o desenvolvimento dos fungos. Observa-se então que a água absorvida é fator condicionante para o aparecimento e extensão do bolor no revestimento, sendo a temperatura, outro fator condicionante.
SATO [1997], do mesmo modo, afirma que a absorção e incorporação de água é um fator inerente ao processo de construção durante a execução da obra. Se não eliminada convenientemente, pode provocar o aparecimento de fungos nas superfícies de fachada.
CINCOTTO et al. [1986] apontam alguns fatores causadores de umidade, que favorecem o acúmulo de bolor na superfície dos revestimentos: a umidade de condensação; a ventilação insuficiente num ambiente e a permeabilidade da alvenaria à umidade exterior.
SHIRAKAWA et al. [1995] também descrevem algumas causas extrínsecas ao material, que podem aumentar o teor de água disponível para o crescimento dos fungos, conforme as condições do substrato:
Deve-se considerar também as características do substrato, pois esse exerce grande influência para o desenvolvimento de fungos, conforme afirmam ALLUCI et al. [1988]: “a composição química do substrato sobre o qual o esporo se deposita é fundamental para o êxito da germinação e infecção da superfície”.
Como exemplo dessa situação, cita-se um caso descrito por ALLUCI et al. [1988], onde foi observado o desenvolvimento de bolor sobre películas de tinta. Através de observações, os autores constataram que o crescimento do fungo sobre a película aumenta a retenção de poeira, que fica fortemente aderida entre as hifas, e as partículas podem representar uma fonte adicional de nutrientes. Os autores constataram também que o desenvolvimento de fungos é muito mais intenso quando existem trincas na película de pintura, o que pode ser explicado pelo fato de ocorrer um maior acúmulo de poeira na região trincada.
BAUER [1991] apresenta um outro caso, em que houve ocorrência de bolor no interior de alguns apartamentos. Nesse empreendimento, o revestimento externo do edifício foi executado parcialmente por argamassa constituída por grãos de quartzo pigmentados e aglutinados por meio de resinas. Os locais onde ocorreram bolor no interior das alvenarias coincidiam com a fachada sul e com as paredes revestidas externamente com o
revestimento acrílico. Através da realização de testes de estanqueidade, diagnosticou-se a passagem de água através do revestimento, gerada pela deficiência na aplicação da resina empregada como aglomerante da massa.
Na fase de uso, SATO [1997] descreve que a umidade nas fachadas é proveniente principalmente das chuvas incidentes. O acúmulo ou escoamento de água na superfície pode ocorrer em função dos seguintes fatores:
Apesar dos fungos serem os principais agentes no processo de deterioração dos revestimentos em edificações, as bactérias e algas também têm sido freqüentemente encontradas em ambientes interiores e exteriores.
Para a recuperação das regiões afetadas, inicialmente, é importante identificar o agente deteriorador do revestimento. Ainda que as ações das bactérias e das algas sejam bastante distintas às ações dos fungos, a deterioração provocada é semelhante na aparência. Dessa forma, a identificação correta do agente deteriorador pode, muitas vezes, representar a diferença entre o sucesso ou o fracasso das medidas curativas [ALLUCI et al., 1988].
No caso de remover as áreas afetadas por fungos, ALLUCI et al. [1988] recomendam uma limpeza com escova de piaçaba, aplicando-se uma solução de fosfato trissódico, detergente, hipoclorito de sódio e água nas partes afetadas. Em seguida, a superfície deve ser enxaguada com água limpa e seca com pano limpo.
Para ALLUCI et al. [1988], uma das formas para prevenir e combater o bolor nas edificações consiste em adicionar fungicidas à argamassa. A utilização de fungicida, em concentração adequada, inibe o desenvolvimento dos fungos e, mesmo em concentrações menores, provoca um desenvolvimento mais lento e desuniforme dos fungos.
Porém, SATO et al. [1997] ressaltam que, apesar da adição de fungicida no revestimento ser a forma tradicionalmente utilizada no controle e prevenção do problema, o fato de serem solúveis em água permite a sua migração para a superfície do revestimento. Dessa forma, esse fato contribui para a limitação da vida útil do fungicida, pois podem ser lixiviados pela água da chuva.
Medidas preventivas podem ser tomadas na fase de projeto da edificação, para evitar, por exemplo, problemas relativos à falta de ventilação e à condensação do vapor de água, sendo essa última situação freqüente em ambientes como o banheiro e a cozinha. No