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PAISAGISMO I – HISTÓRICO, DEFINIÇÕES E CARACTERIZAÇÕES, Manuais, Projetos, Pesquisas de Arquitetura

Em todas as épocas da história e em todos os povos, sempre se faz menção ao jardim. A evolução dos jardins acompanha os fatos históricos: quando ocorria decadência dos impérios, nas épocas de guerra e nos anos que marcaram a Idade Média, os jardins também tiveram seu período de decadência. Ao contrário, nos períodos de ascensão, com o enriquecimento e a necessidade de luxo, vê-se o progresso dos jardins como aconteceu no período do Renascimento.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO
“LATO SENSU” (ESPECIALIZAÇÃO) A DISTÂNCIA
PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO
PAISAGISMO I – HISTÓRICO,
DEFINIÇÕES E CARACTERIZAÇÕES
Patrícia Duarte de Oliveira Paiva
UFLA - Universidade Federal de Lavras
FAEPE - Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão
Lavras - MG
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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO

“LATO SENSU” (ESPECIALIZAÇÃO) A DISTÂNCIA

PLANTAS ORNAMENTAIS E PAIS AGISMO

PAISAGISMO I – HISTÓRICO, DEFINIÇÕES E CARACTERIZAÇÕES

Patrícia Duarte de Oliveira Paiva

UFLA - Universidade Federal de Lavras

FAEPE - Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão

Lavras - MG

Parceria UFLA - Universidade Federal de Lavras FAEPE - Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão Reitor Antônio Nazareno Guim arães Mendes Vice-Reitor Ricardo Pereira Reis Diretor da Editora Marco Antônio Rezende Alvarenga Pró-Reitor de P ós-Graduação Luiz Edson Mota de Oliveira Pró-Reitor “Adjunto” de Pós-Graduação “Lato Sensu” Antônio Ricardo Evangelista Coordenadora do Curso Patrícia Duarte de Oliveira Paiva Presidente do Conselho Deliberativo da FAEP E Edson Am pélio Pozza Editoração Centro de Editoração/FAEPE Impressão Gráfica Universitária/UFLA

Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca Central da UFLA

Paiva, Patrícia Duarte de Oliveira Paisagismo I – histórico, definições e caracterizações / Patrícia Duarte de Oliveira Paiva. - Lavras: UFLA/FAEPE, 2004. 127p.: il. - Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” (Especialização) a Distância: Plantas Ornam entais e Paisagismo.

Bibliografia

  1. planta ornamental. 2. Paisagismo. 3. Jardinagem. 4. Classificação. 5. Caracterização. 6. Antigüidade. I. Alves, S.F.N. II. Universidade Federal de Lavras. III. Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão. IV. Título. CDD – 635.

Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, por qualquer

meio ou forma, sem a prévia autorização.

  • A. CRONOLOGIA ...........................................................................................................................
  • B. EVOLUÇÃO DOS JARDINS ....................................................................................................
    1. OS JARDINS DA ANTIGÜID ADE ..............................................................................................
  • 1.1. JARDINS D A MESOPOTÂMIA................................................................................................
  • 1.2. JARDINS EGÍPCIOS..............................................................................................................
  • 1.3. JARDINS D A PÉRSIA............................................................................................................
  • 1.4. JARDINS GREGOS
  • 1.5. JARDINS ROMANOS
    • MÉDIO 2. INFLUÊNCIA DOS JARDINS DA ANTIGÜIDADE NOS JARDINS DO ORIENTE
  • 2.1. BIZÂNCIO
  • 2.2. PERSIA.....................................................................................................................................
  • 2.3. MONGÓLIA..............................................................................................................................
  • 2.4. SÍRIA.........................................................................................................................................
  • 2.5. AR ÁBIA.....................................................................................................................................
    • OCIDENTAL 3. INFLUÊNCIA DOS JARDINS DA ANTIGÜIDADE NOS JARDINS D A EUROPA
    1. JARDIM MEDIEVAL (SÉC. XIII a XV)
    1. RENASCIMENTO (SÉCULO XV-XIX)
  • 5.1. JARDIM HU MANISTA............................................................................................................
  • 5.2. ESTILO CL ÁSSICO................................................................................................................
  • 5.2.1. Jardim italiano......................................................................................................................
  • 5.2.2. Jardim francês......................................................................................................................
  • 5.3. ESTILO B ARROCO................................................................................................................
  • 5.4. ESTILO P ITORESCO
  • 5.4.1. Jardim Inglês (1700)...........................................................................................................
  • 5.4.2. Jardim de Cottage ...............................................................................................................
  • 5.4.3. Jardim Eclético Inglês (Séculos XIX e XX)......................................................................
  • B. OUTROS ES TILOS DE JARDINS
    1. ESTILO ORIENTAL: CHINÊS E JAPONÊS
  • 1.1. CHINA.......................................................................................................................................
  • 1.2. JAP ÃO....................................................................................................................................
    1. JARDIM HOL ANDÊS...............................................................................................................
    1. JARDIM ÁR ABE .......................................................................................................................
  • 3.1. ÍNDIA.......................................................................................................................................
  • 3.2. ESPANH A ..............................................................................................................................
  • 3.3. MARROCOS ..........................................................................................................................
    1. JARDIM CASTELH ANO .........................................................................................................
  • C. HISTÓRIA DO PAIS AGIS MO NO BRAS IL .........................................................................

INTRODUÇÃO

Em todas as épocas da história e em todos os povos, sempre se faz menção ao jardim. A evolução dos jardins acom panha os fatos históricos: quando ocorria decadência dos im périos, nas épocas de guerra e nos anos que marcaram a Idade Média, os jardins tam bém tiveram seu período de decadência. Ao contrário, nos períodos de ascensão, com o enriquecimento e a necessidade de luxo, vê-se o progresso dos jardins com o aconteceu no período do Renascim ento. Em Rom a, desde a época dos imperadores, os jardins significavam um grande luxo da aristocracia e isto se tornou um a tradição, sendo estes, até hoje, considerados locais nobres. Em função da ordenação e do estilo, do traçado e da seleção de plantas e elementos que com põem um jardim , é revelada a psicologia de quem o concebeu. O jardim reflete tam bém o coletivo, a sensibilidade dominante em uma geração, um a época, “o m odism o que impera numa sociedade e as tendências políticas de um Estado”. A história da arte dos jardins é construída pelas figuras sucessivas da dupla Homem /Natureza; e é neste ponto crucial que esta história encontra um a noção muito próxim a: a paisagem , com suas intervenções e reproduções.

Paisagismo I – Histórico, Definições e Caracterizações 7

indícios e documentos encontrados não provêm desta região, e sim , da Mesopotâm ia (atual Iraque). Os jardins m ais antigos foram plantados no m eio dos desertos, como se os hom ens pudessem dar qualquer preço a esta arte, pois essa começou justo em países onde as condições naturais não favoreciam em nada a seu êxito. O estudo da arte da Mesopotâmia mostra que o gosto pelas form as vegetais aparece bem cedo, e este cresceu com o passar dos séculos. Mas, durante muito tempo, falar sobre “arte de jardins” ainda era uma audácia, pois as culturas ainda eram m uito rudimentares.

1.1. JARDINS DA M ESOPOTÂMIA

Desde o começo do Terceiro Milênio antes de Cristo, Gilgamesh, rei de Uruk, se orgulhava de seus pom ares e dos jardins de seu palácio. Há 2000 anos antes de Cristo, todos os reis da Mesopotâm ia possuíam seus jardins reais, onde sem pre aconteciam banquetes e cerimônias. Os pátios interiores dos palácios eram som breados por árvores e ornamentados com flores. Os jardins da Mesopotâm ia, sem considerar as hortas e os pomares, estritamente utilitários, conservaram por m uito tempo um caráter religioso. Os deuses da fecundidade possuíam perto de seus santuários um pouco de terra e um a plantação sagrada que m anifestava seu poder. Nos jardins dos templos se plantavam frutas e legumes para se oferecer aos deuses, além de servirem com o alim ento para os serviçais. Os jardins eram plantados sobre os terraços dos prédios de vários pavimentos onde se celebravam os rituais e suas folhagens eram tão familiares, que os artistas sugeriam sua presença na decoração de palcos ou de altares. Os habitantes da Mesopotâm ia conseguiram , após grandes esforços, aclim atar a palmeira. Com eçaram tam bém a trabalhar suas terras, até então estéreis. Neste clim a hostil e em locais que hoje se comparam aos oásis saharianos ou egipcianos, as palmeiras protegiam as plantas que cresciam à sua sombra, e contribuíam para a dim inuição da perda de água do solo, fator que favorecia a condensação noturna permitindo assim a criação de jardins. Com o trabalho de manutenção e irrigação m anualmente realizados, estes asilos de fecundidade e frescor tornavam -se ainda m ais maravilhosos. Assim , os príncipes babilônicos puderam conhecer o prazer de aclimatar espécies. Cada planta era disposta dentro de um a espécie de vaso preparado com antecedência para recebê-la, isoladamente, e onde se mantinha o grau de um idade necessário através de uma irrigação constante. Pouco a pouco, à medida que o mundo babilônico crescia, os jardins ganhavam uma m aior im portância, com a form ação de verdadeiros “parques de aclimatação” e de “jardins botânicos”.

No final do século VIII a.C. (721-705), o grande conquistador Sargon II, descreveu em seus anais seu desejo de plantar, na capital Dur Sharroukin, um im enso parque,

(^8) EDITORA - UFL A/FAEPE – Plantas Ornamentais e Paisagismo

réplica dos m ontes de Am ansus, onde ele dispôs lado a lado todas as essências aromáticas do norte da Síria. Sargon II reuniu assim as essências nativas deste país: coníferas, cedros e ciprestes e ainda plátanos, salgueiros, a m urta ou mirto, e todos os tipos de louro. Com isto, ele queria sem dúvida trazer as maravilhas de uma terra estrangeira, de onde a capital de seu reino não haveria mais nada a desejar. Talvez a vontade deste rei fosse tam bém um obscuro desejo de possuir plenamente a sorte deste país abençoado, e este jardim era o símbolo e a imagem desta conquista. Representar o parque de Sargon com algum a precisão é muito difícil hoje em dia. Pode-se imaginá-lo como um a grande “reserva”, ou um destes paraísos onde os persas impuseram com o m odelo a todo o oriente mediterrâneo. Existem estudos que probabilizam a hipótese de que estes povos não se contentavam em apenas aclimatar as essências desejadas, m as ainda criavam em liberdade nos campos, anim ais selvagens destinados às caçadas reais, como leões e outros anim ais. O Rei Sennachérib, sucessor de Sargon, transferiu sua capital para Nínive, onde criou parques e jardins, chegando até a reconstituir com sucesso o m eio ambiente natural pantanoso do sul da Babilônia. No terreno do palácio, que foi construído no alto de um a colina, construiu-se um quiosque de colunas sobrepostas, cujo terraço era arborizado. Pode-se observar nestes parques assírios, as velhas form as arquiteturais, e o gosto pelos jardins suspensos, os quais foram conservados, sobrevivendo assim um arcaísm o que maravilhou os viajantes helenos (da Grécia antiga), mais pela sua estranheza e pela sua técnica árdua, do que propriamente por sua beleza. Os jardins mais famosos da Antiguidade foram os Jardins Suspensos da Babilônia, sendo considerados uma das Sete Maravilhas do mundo antigo. Segundo os historiadores, estes jardins foram construídos pelo Rei Nabucodonosor II (605-562 A.C.) e dedicados a sua esposa, rainha Semiramis. A Rainha, que era de origem persa, tinha saudades das m ontanhas e colinas cobertas dos bosques de seu país (região noroeste do atual Irã) e esta construção tinha a intenção de amenizar este sentim ento. Nabucodonosor construiu estes jardins ao longo das m uralhas da cidade, próximo à porta de Istar^1.

(^1) Dentro da tradição semita, Istar é deusa do céu e da fecundidade.

(^10) EDITORA - UFL A/FAEPE – Plantas Ornamentais e Paisagismo

jardim na construção do jardim barroco de Borrom ées em Isola Bella (Itália). Com a decadência do im pério, a Babilônia provocou o afastam ento da Mesopotâm ia da cultura ocidental, o que fez com que os jardins suspensos da Babilônia se tornassem uma lenda.

FIGURA 2 - Isola Bella (Enge e Schröder, 1992).

1.2. JARDINS EGÍP CIOS

Os jardins egípcios são datados de 2000 a.C. O Egito deixou sobre os jardins as m ais antigas testem unhas picturais, criando um a tradição que foi transferida ao m undo ocidental. Estes jardins não eram construídos unicam ente para o lazer, assim como os jardins da Mesopotâm ia, mas produziam também vinho, frutas, legumes e papiros, produtos estes, destinados ao consum o da população. O critério de plantio seguiu a tradição das atividades agrícolas desenvolvidas na planície do rio Nilo. O traçado dos jardins era caracterizado por linhas retas e form as geom étricas perfeitamente sim étricas. Tudo orientado segundo os quatro pontos cardeais, expressando a im portância da astrologia.

Paisagismo I – Histórico, Definições e Caracterizações 11

FIGURA 3 - Esquema representativo de um jardim egípcio (Plantas e Flores, 1972).

O apogeu do jardim egípcio data da VIII Dinastia, sete séculos antes do parque de Sargon, e oito séculos antes dos Jardins de Sem iramis. Mas, como estes, eles devem m uito aos exemplos dos paraísos persas. Nesta época, os egípcios entravam em contato com a Ásia através das expedições de Thoutm osis IV e de Anemóphis III, trazendo assim sua influência. O Egito, país agrícola por influência da presença do rio Nilo, já conhecia durante m uito tem po a deleitação dos jardins e da água. Desde o antigo império já existiam pom ares plantados com videiras, figueiras, sombreados por sicôm oros^2 ; divididos em tabuleiros por canais de irrigação. Havia também as palm eiras e plantas aquáticas como o Lotus e o papiros. Todas plantas úteis e sagradas. Nesta época, surgiram as casas de campo, conseqüência direta da transform ação do jardim com o um lugar de repouso agradável e autosuficiente.

(^2) Sicômoros: Em grego sykómoros, e latim sycomoru. Falso plátano.

Paisagismo I – Histórico, Definições e Caracterizações 13

FIGURA 5 - Fabrique (Zuylen, 1994).

Estes jardins se caracterizavam por serem planos, fechados por m uros e subordinados a uma propriedade com seus pavilhões dispersos em vários locais para aproximar o visitante da natureza. Muitas destas form as reapareceram no sul da Itália onde exerceram por muitos séculos sua influência. Pode-se citar como exem plo de jardins egípcios o de Rekhmirê e Mery-Aton.

a. Jardim de Rekhmirê O jardim de Rekhmirê tinha na entrada uma porta monumental e era dividido em três retângulos concêntricos situados em volta de um grande canal, grande o suficiente para um passeio de barco. No perím etro exterior havia uma alameda de sicômoros, seguida de uma faixa de flores aquáticas e palmeiras anãs. Entre estes canteiros e o canal, havia uma vasta alameda descoberta, servindo de caminho para as embarcações. E enfim, no coração do jardim, o canal, sobre o qual um barco passeava com o mestre do palácio, transportado a remo por outros hom ens.

b. Jardim de Mery-Aton Nas escavações do palácio de verão conhecido pelo nom e de Mery-Aton, pode-se constatar um jardim análogo ao de Rekhm irê. Encontravam-se neste jardim dois recintos retangulares. Eles eram justapostos, sendo que a superfície de um era o dobro da outra. O jardim maior apresentava na sua parte central um vasto lago de tamanho 130 x 60m , apresentando um trapiche para o embarque que avançava em direção ao centro do lago. A oeste, atrás de um muro, eram dispostos os compartim entos dos serviçais. Três pavilhões se dispersavam entre as árvores, um ao norte, outro ao sul, e outro a leste. Dentre eles, dois tinham seus próprios tanques, e talve z um dentre estes três, era de caráter religioso. O jardim menor se situava ao sul do m aior, apresentando um a disposição análoga, porém em menores dimensões. Por entre estes muros encontrava-se o típico jardim

(^14) EDITORA - UFL A/FAEPE – Plantas Ornamentais e Paisagismo

egípcio. Além da palm eira, havia nestes jardins indícios de espécies vegetais tais como o álamo^4 e a espirradeira^5.

FIGURA 6 - Esquema do Jardim de Mery-Aton (Grimal, 1974).

A influência dos jardins egípcios no m undo ocidental foi mais direta que a dos povos sírio-babilônicos. Esta influência talvez possa ser explicada pela relativa estabilidade desta civilização, que possuiu uma fortuna m ais durável que a dos povos precedentes.

(^4) Álamo, ou choupo-branco (Populus alba) : árvore ornamental da família das salicáceas de flores pequenas e casca rugosa. Fornece madeira alva, leve e macia. Álamo preto ou choupo-preto( Populus nigra ): apresenta casca lisa acizentada, e madeira útil para 5 marcenaria. Espirradeira rosa ou ainda eloendro, aloendro, loendro, oleandro e adelfa (Nérium oleander) : arbusto ornamental da família das Apocináceas considerado tóxico, de flores róseas.

(^16) EDITORA - UFL A/FAEPE – Plantas Ornamentais e Paisagismo

FIGURA 7 - Miniatura representativa do jardim persa (Zuylen, 1994).

As fontes de informação destes jardins eram as descrições efetuadas pelos viajantes gregos, as quais se assemelhavam às obras de arte persa da época “Sassanida”, dinastia do império Persa, no período 226-651 d.C. Durante a época Sassanida, o jardim persa era dividido em quatro cantos, por dois eixos retangulares. Estes eram dem arcados, ora por alam edas, ora por linhas d’água. Em algumas destas intersecções, eram construídos pavilhões, ou um palácio, ou ainda um a fonte, com m otivos bem complexos. Um a das hipóteses é de que esta representação significava o universo, muito freqüente na Ásia, ou então a divisão do cosm os em quatro partes por quatro rios divergentes. Estes rios representavam os quatro rios do Paraíso: Leite, Mel, Água e Vinho. O número quatro tem uma sim bologia especial nos jardins persas. A di visão dos jardins em quatro partes simboliza também os quatro elementos sagrados: fogo, ar, água e terra. Para os persas da antiguidade, um a cruz dividia o m undo em quatro partes e no seu centro encontra-se uma fonte, que sim boliza a origem e o poder.

Paisagismo I – Histórico, Definições e Caracterizações 17

FIGURA 8 - Representação de um pequeno jardim privado persa (Zuylen, 1994).

Independente do sentido profundo destes jardins, eles exerceram grande influência sobre a história ulterior dos jardins. Agiram diretam ente sobre a estética dos jardins m uçulm anos, que por sua vez transportaram certos tem as até o extrem o ocidente.

1.4. JARDINS GREGOS

Devido ao solo rochoso e montanhoso, e ao clim a quente e seco, a Grécia nunca foi uma região ideal para um a jardinagem organizada. Suas form as se aproximavam das naturais, fugindo das linhas sim étricas Têm -se registros da presença de jardins na Grécia desde o séc IV a.C. Na realidade os jardins gregos eram , sobretudo até a época clássica, um jardim sagrado, cultivado próxim o a algum santuário e consagrado a um a das divindades da fecundidade. Os gregos criaram o conceito de Bosque Sagrado, um lugar natural, abençoado e dedicado aos deuses, com vegetação virgem e sem intervenção hum ana. Era um jardim lírico- religioso, no qual expressava-se a antitese de um a concepção agrícola da exploração da natureza. Os gregos não procuravam a beleza nos jardins.

Paisagismo I – Histórico, Definições e Caracterizações 19

Muitas das descrições de jardins assim como os famosos jardins de Alcinos, descritos por Homero eram irreais. Os jardins naturais eram abundantes na mitologia grega. Eles representavam o locus amoenus ideal, um lugar m ágico, distinto do resto da natureza, onde reinavam uma atmosfera e um espírito particular, o genius loci. Genius loci: os gregos se tornavam m estres na utilização do potencial da paisagem. A localização de tem plos, teatros e ágoras, além de dar um a proteção natural a estas construções, oferecia perspectivas espetaculares. As árvores eram dotadas de um a personalidade m ística, divinizadas e faziam parte naturalm ente dos projetos. O primeiro traçado de jardim regular foi descoberto próximo ao tem plo de Hephaistos, no ágora de Atenas. Este jardim que se situava na frente do alinham ento de colunas do templo era constituído de dois agrupamentos principais de arbustos, tendo a sua frente, canteiros de flores; É possível que tinham também vinhas cultivadas sobre o m uro que o cercava. O traçado das plantações desta construção datada do séc. V d.C., era certamente típico dos santuários do período clássico. A sombra era fornecida pelos ciprestes, louros e plátanos. Os verdadeiros jardins do helenism o foram aqueles criados pelos tiranos sicilianos e pelos reis que sucederam Alexandre. Mas pouco a pouco as “Villas” helênicas foram apresentando os pórticos^6 completados com passeios arborizados. O plátano tornou-se uma planta m uito estim ada. Os ginásios, inicialm ente devassados, foram então completados com bosques e passeios. Árvores tam bém foram plantadas próximo aos m ercados e aos locais de reuniões com o a Academia de Platão e o Liceu de Aristóteles. Na época da conquista rom ana, os gregos apresentavam a arte de jardins em sua fase inicial, m as foram estes conquistadores que a term inaram , unindo todas estas tendências e criando uma nova estética. Com as conquistas de Alexandre, a aristocracia grega começou a copiar os jardins da Pérsia e do oriente. Os parques públicos ornam entados com fonte e grutas se tornaram então um elemento das Vilas das colônias gregas. As plantas m ais utilizadas nos jardins privados, ornamentados de esculturas instaladas em nichos e fontes, eram as rosas, íris, lírios, cravos, bulbosas floridas e as ervas. Encontravam -se tam bém pequenas frutas. O luxo apareceu pela primeira vez no jardim de Epicure, mas pouco se conhece de sua descrição.

1.5. JARDINS ROMANOS

O nascim ento da arte dos jardins na civilização rom ana teve diversas causas, sendo que uma das m ais profundas está, associada a certas tradições e características deste povo, com o por exemplo, o fato de que os rom anos, mesm o após tantas conquistas, jam ais se esqueceram de suas propriedades familiares. Após vencerem suas batalhas, era para estes lugares que os generais retornavam. A vida política os obrigava a permanecerem nas cidades e então eles começaram a adquirir suas casas de cam po nos

(^6) Do latim porticus. Átrio amplo com teto suspenso por colunas ou pilares, portal.

(^20) EDITORA - UFL A/FAEPE – Plantas Ornamentais e Paisagismo

arredores de Roma. As m ais tradicionais fam ílias da aristocracia possuíam grandes propriedades rústicas próxim o a Roma. Estas terras foram se dividindo e aos poucos foram se transformando em Villas onde surgiram os Jardins dos Prazeres.

FIGURA 10 - Jardim dos Prazeres (Zuylen, 1994)

O jardim romano é um a m istura das artes gregas (eles trouxeram diversos m onum entos e estátuas quando saquearam a Grécia) com a criatividade dos rom anos. Os jardins eram metódicos e ordenados, integrando-se às residências, característica esta visualizada nas Villas romanas onde havia a interpenetração casa-jardim : as paredes eram pintadas com paisagens e os m uros revestidos com trepadeiras. Os refinam entos da época helenística exerceram uma forte influência sobre a arte dos jardins em Rom a e seus arredores, a qual se propagou por todo o im pério. Estes jardins se inspiravam no oriente – do Egito à Pérsia, sem no entanto im itá-los, criando uma estética sintética e sofisticada. Os romanos retom aram o tema da bacia central da arte dos jardins egípcios e quando possuíam espaço suficiente, adotavam um canal para fazer um Euripo^7_._ Os gregos influenciaram na criação destes jardins através da estética de sua poesia, pintura, e escultura.

A grande novidade consistia nas composições de paisagens , onde dispor simetricam ente as árvores já não era m ais suficiente. As plantas, a água e o solo se

(^7) Euripo (Euripe): por origem, estreito que separava a Ática da Eubéia. Os Euripos dos jardins são canais percorridos por correntes d’água que, com a ajuda de uma engenhosa combinação de válvulas, variam seu sentido, movimentando ora para um lado, ora para outro, simulando o movimento das correntes marítimas.