Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Pablo Neruda: Poeta e Colecionador de Conchas, Notas de aula de Tradução

Uma dissertação sobre pablo neruda, poeta chileno conhecido por sua participação política e coleções de objetos. O texto explora a interconexão entre a ciência e a poesia, enfatizando a coleção de conchas descritas na forma poética por neruda. O poeta é apresentado desde a infância, com destaque para sua iniciação à poesia e sua paixão por colecionar objetos. Além disso, o documento discute as coleções de neruda, incluindo a coleção de caracóis que o poeta identificou como a sua mais querida.

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Tiago22
Tiago22 🇧🇷

4.8

(53)

221 documentos

1 / 99

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
1
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
PUC-SP
Ilza Mendes da Cruz
Pablo Neruda: o “poeta malacólogo”
um diálogo entre a Arte Literária e a Ciência à luz da História da Ciência
Dissertação de Mestrado: História da Ciência
PUC-SP
2010
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe
pff
pf12
pf13
pf14
pf15
pf16
pf17
pf18
pf19
pf1a
pf1b
pf1c
pf1d
pf1e
pf1f
pf20
pf21
pf22
pf23
pf24
pf25
pf26
pf27
pf28
pf29
pf2a
pf2b
pf2c
pf2d
pf2e
pf2f
pf30
pf31
pf32
pf33
pf34
pf35
pf36
pf37
pf38
pf39
pf3a
pf3b
pf3c
pf3d
pf3e
pf3f
pf40
pf41
pf42
pf43
pf44
pf45
pf46
pf47
pf48
pf49
pf4a
pf4b
pf4c
pf4d
pf4e
pf4f
pf50
pf51
pf52
pf53
pf54
pf55
pf56
pf57
pf58
pf59
pf5a
pf5b
pf5c
pf5d
pf5e
pf5f
pf60
pf61
pf62
pf63

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Pablo Neruda: Poeta e Colecionador de Conchas e outras Notas de aula em PDF para Tradução, somente na Docsity!

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP

Ilza Mendes da Cruz

Pablo Neruda: o “poeta malacólogo” um diálogo entre a Arte Literária e a Ciência à luz da História da Ciência

Dissertação de Mestrado: História da Ciência

PUC-SP

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP

Ilza Mendes da Cruz

Pablo Neruda: o “poeta malacólogo” um diálogo entre a Arte Literária e a Ciência à luz da História da Ciência

Dissertação de Mestrado: História da Ciência

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em História da Ciência, sob a orientação do Professor Doutor Fumikazu Saito

PUC-SP

Dedico este trabalho ao meu marido e aos meus filhos, pois eles sempre confiaram em mim.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus todas as oportunidades que tive até a conclusão dessa pesquisa. Ao meu orientador Professor Doutor Fumikazu Saito, pela orientação, dedicação e paciência na elaboração e conclusão deste trabalho. À Professora Márcia Helena Mendes Ferraz, pela compreensão e pelo apoio. A toda a minha família que me apoiou incondicionalmente em todos os momentos, principalmente ao meu marido e aos meus filhos. Aos professores da Escola Estadual Brigadeiro Gavião Peixoto que, de uma forma ou de outra, apoiaram a minha pesquisa e sempre se dispuseram a me ajudar, em especial ao Professor Luis Augusto, à Professora Geralda e seu noivo Cristian e à Professora Edilza. E, finalmente, à Secretaria de Estado da Educação pela Bolsa concedida.

ABSTRACT

Pablo Neruda, in addition to writing poetry and used to participate of the political life of Chile, used to collect the most different objects collected in many different ways and in different places where he travelled. Many of the objects of his collection were given by friends, others were found in the beach, others were bought. Neruda, by his poetry, managed to materialize the image of what was seeing by observing his objects, in special some shells that were part of his collection of snail (as he said). In this dissertation, we present some aspects related to the confluence between poetry and science. To do so, we compare the poetic description of the shells, with description in scientific form. The poetic language differs in relation to the use of words but is no less true.

Keywords: History of Science, Pablo Neruda, poetry, collection, snail

SUMÁRIO

  • Introdução
  • Capítulo I - Pablo Neruda: o poeta e colecionador
    • O poeta
    • O colecionador
    • Pablo Neruda: o “poeta malacólogo”
  • Capítulo II - A confluência entre a ciência e a poesia
  • Conclusão
  • Bibliografia

registrar um pouco sobre sua vida; no segundo, destacamos a confluência entre a ciência e a poesia, com a apresentação do texto principal, Molusca Gongorina, na qual algumas conchas (ou caracóis, de acordo com o identificado pelo poeta) são descritas na forma poética por Neruda. A partir do poema, buscamos identificar as conchas. É importante lembrar que depreende-se do texto em questão o esforço do poeta em materializar as imagens que ele estava captando naquele momento, o que é uma das intencionalidades do texto, voluntária ou não, quando usamos recursos ligados à literariedade. A partir desta análise, buscamos elementos capazes de apresentar a possibilidade de um diálogo entre a História da Ciência e a Literatura, apresentando questões relacionadas ao real e ao ficcional.

CAPÍTULO I:

PABLO NERUDA, O POETA E COLECIONADOR

era considerado o homem de letras mais importante de seu país. Ele era, segundo Auzias, o “príncipe dos poetas tchecos, símbolo da luta nacional no século XIX”^4 O estudioso também observa que Jan Neruda simpatizava-se com “o movimento da ‘Renascensa Nacional’ Checa e era engajado politicamente, o que seria notório em suas criações líricas naturalistas em que descreve as duras condições de vida dos camponeses e trabalhadores.^5 Desse modo, sem saber exatamente quem era Neruda, o jovem Neftalí passaria a se denominar Pablo Neruda. A sua poesia, vida e seu pensamento mais profundo revelam um encontro com sua infância, com a natureza e uma autêntica “iniciação científica”, uma experiência que contribuiria para uma definição futura de sua poesia e de sua visão do mundo. A relação entre o poeta e a natureza é tão intensa que ele, através de metáforas, atribui características físicas a seres inanimados:

Um tronco podre, que tesouro!... Fungos negros e azuis deram- lhe orelhas, plantas parasitas vermelhas cobriram-no de rubis, outras plantas preguiçosas emprestaram-lhe seus filamentos e brota, veloz, uma cobra de suas entranhas podres como uma emanação, como se do tronco morto lhe escapasse a alma...^6

(^4) Ibid. (^5) Ibid. (^6) NERUDA, Pablo. C onfesso que vivi , p. 5

Neruda escreveu textos sobre as mais variadas partes do mundo (Rangoon, Colombo, Batávia, Cingapura - na Ásia, Barcelona e Madri - na Espanha, Paris na França ...) em virtude das várias viagens que ele fez^7 como representante diplomático do Chile, recriando, assim, a vida do escritor em suas viagens pela América Latina, pelo mundo comunista e pelo oriente, desde a juventude, com “seus amores, suas paixões, suas reflexões sobre o homem e a sociedade.”^8 Podemos dizer que, ainda menino, Neruda não escrevia verso, mas o seu amor à Natureza já parecia definir sua condição de poeta. Com efeito, como bem observa Jorge Edwards^9

Em Confesso que vivi , nos encontramos por detrás da casa de sua infância, com um jardim de amapolas que se parecem com borboletas imóveis na umidade e na escuridão, que o poeta menino imagina que estão prestes a levantar vôo. Há páginas sobre os besouros, plantas, líquens, cisnes, animais marinhos.... As memórias revelam que o poeta menino, ainda não escondido sob seu célebre pseudônimo, já era um colecionador, e nos sugerem que seu colecionismo era parte

(^7) Ibid_._ , p. 352- (^8) NERUDA, Pablo. C onfiesso que he vivido , p. 7 – tradução nossa (^9) Idem, Antologia Poética , p. 18

Na infância, o menino, ainda Neftalí, sofrera a perseguição de seu pai Don José Del Carmen que,

após perceber a propensão do filho para a literatura, e em particular, para a poesia - essa notória atividade feminina - , decide educá-lo espartanamente para que em troca se faça homem. Nada melhor então do que fazê-lo madrugar e embarcar com ele e com seus peões no trem lastreiro a seu cargo, um trem necessário para a manutenção na Fronteira, região de grandes vendavais e chuvas que levariam os trilhos se os espaços entre os dormentes não fossem continuamente reforçados com cascalho ou pedregulhos. Em busca daquele material o trem de Don José Del Carmen se internava pela ferrovia até o coração da selva austral.^12

Assim ao escrever suas memórias, o poeta não deixou de registrar essa fase de sua vida:

Meus pais chegaram de Parral, onde nasci. ... Sem que me lembre, sem saber que a olhei com meus olhos, morreu minha

(^12) LOYOLA, Hernán. “A dimensão científica na obra de Neruda. Primeira parte.” » In Pluma y Pincel – Portal Cultural - Artigos – Literatura, abril / 2010; Internet; disponível emhttp://www.plumaypincel.cl/index.php?option=com_content&view=article&id=241:la-dimension- cientifica-en-la-obra-de-neruda-segunda-parte-hernan-loyola&catid=27:literatura&Itemid=27,acessado em 10/08/

mãe, D. Rosa Basoalto. Nasci em 12 de julho de 1904 e, um mês depois, esgotada pela tuberculose, minha mãe já não vivia. Meu pai se chamava simplesmente José Del Carmen. ... Era maquinista de um trem lastreiro. ...às vezes me levava com ele. ... A natureza ali me dava uma espécie de embriaguez. ... minhas explorações enchiam de curiosidade os trabalhadores. Logo começaram a se interessar pelas minhas descobertas. Assim que meu pai se descuidava, largavam-se pela selva virgem e com mais destreza, mais inteligência e mais força que eu, encontravam para mim tesouros incríveis.^13

No que diz respeito à parte “... minhas explorações enchiam de curiosidades os trabalhadores...”, Neruda assim se referiu a um dos funcionários da estrada de ferro que o ajudava nas descobertas:

Havia um que se chamava Monge. Monge ... uma vez descobriu para mim a coisa mais deslumbrante: o coleóptero do cohiue e da luma. ... Era um relâmpago vestido de arco-íris. O vermelho e o violeta e o verde e o amarelo deslumbravam em sua carapaça. Como um relâmpago me fugiu das mãos e voltou à selva.^14

(^13) NERUDA, Pablo. C onfesso que vivi , p. 8, 9 (^14) Ibid. Segundo nota, da tradutora da obra, Olga Savary, na página 9, o termoBotânica e significa: “variedade de esteva pequena, própria dos Andes Patagônicos” e o termo cohiue faz parte da luma dura, pesada, resistente; madeira desta árvore”, também da “Botânica, é uma árvore chilena ... que cresce até 20 m de altura, de madeira

república do Chile, cuja obra será composta de textos e mapas.’”^16 escreveu sobre o lugar afirmando que algumas árvores

formam a essência dos bosques: o número das espécies aumenta mais e mais à medida que avança até o norte, ... onde os bosques chegam a seu maior esplendor e os vegetais a seu maior desenvolvimento, favorecidos por uma temperatura suave e por contínuas chuvas; as árvores, apertadas ali, umas com as outras, se elevam verticalmente e estendem suas ramas a uma grande altura, até onde podem receber a luz necessária para seu desenvolvimento.^17

Dando continuidade à descrição citada, o geólogo informa que:

Debaixo deste vasto teto de folhas, onde nunca penetram os raios do sol, reina uma temperatura igual e uma umidade constante; ali é também onde crescem as plantas mais delicadas, plantas que não poderiam resistir à ação direta do

(^16) MEMÓRIA CHILENA: PORTAL DA CULTURA DO CHILE. “Pedro José Amado Pissis: Geografíahttp://www.memoriachilena.cl/temas/index.asp?id_ut=geografiafisicadelarepublicadechile física de la República de Chile” - tradução nossa, Internet , disponível em acessado em 22/09/ (^17) LOYOLA, Hernán. Neruda La biografia literária. p. 41 - tradução nossa

sol. Neste solo, inteiramente formado de despojos vegetais, se estendem os musgos, ...^18

Aos seis anos, Pablo Neruda iniciou seus estudos no Liceu. A esse respeito, o próprio poeta observa que:

O ano de 1910 chegou à cidade de Temuco. Neste ano memorável entrei no liceu, um vasto casarão com salas desarrumadas e subterrâneos sombrios. ... Fugíamos das aulas para mergulhar os pés na água fria que corria sobre as pedras brancas.... No entanto, o lugar de maior fascínio era o subterrâneo. Havia ali um silêncio e uma escuridão muito grandes. À luz das velas brincávamos de guerra. Os vencedores amarravam os prisioneiros nas velhas colunas.^19

Até 1920, Neruda viveu em Temuco que segundo Ximena Antonia Díaz Merino^20 era uma pequena cidade em fins do século XIX localizada na região denominada La Frontera: faixa de terra localizada entre os rios Bío-bío e Toltén. Constituíam a paisagem de Temuco grandes florestas, vulcões, rios e mares. Eram frequentes as inundações, os tremores e os incêndios que devastavam a cidade, mas que, num piscar de olhos era reconstruída com

(^18) Ibid., (^19) NERUDA, Pablo. Confesso que vivi , p. 11 (^20) Ximena Antonia Díaz Merino, “Pablo Neruda e o olhar poético sobre as cidades chilenas:Temuco,Janeiro, 2008), p. 121 - 124. Santiago e Valparaíso” (Dissertação, Universidade Federal do Rio de