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Este documento discute as causas, sintomas e tratamentos da otite externa, uma afecção inflamatória e/ou infecciosa do canal ou conduto auditivo externo. Aprenda sobre os principais fatores predisponentes, como calor, ambiente úmido e uso de aparelhos de amplificação de som individual, e os microorganismos comuns encontrados em culturas de otite externa.
Tipologia: Slides
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Definição, freqüência e fatores predisponentes A Otite externa (OE) é uma afecção inflamatória e/ou infecciosa do canal ou conduto auditivo externo (CAE) e da região auricular. É extremamente freqüente, acometendo 3-10% dos pacientes com queixas otológicas, sendo que 80% dos casos ocorrem no verão. Os principais fatores predisponentes são: calor, ambiente úmido, obstruções anatômicas do CAE (estenose, exostose, cerúmen), uso de aparelhos de amplificação sonora individual (AASI) ou próteses auditivas, trauma auto-induzido (por exemplo, uso de bastonetes revestidos de algodão, utilizado para “limpeza” da orelha) e natação. Patogênese Os principais fatores implicados na patogênese da OE são:
1. remoção da proteção hidrofóbica de cerúmen do CAE (água ou trauma); 2. exposição do epitélio subjacente do CAE à água e outros contaminantes; 3. edema e escoriação da camada epitelial do CAE; 4. infecções fúngicas (oportunistas); 5. infecções bacterianas; 6. reação alérgica a um agente tópico (por exemplo, neomicina), ou dermatite de contato (por exemplo, xampu), ou como extensão de psoríase ou outra dermatite sistêmica (por exemplo, seborréia). Conduto Auditivo Externo São importantes alguns dados anatômicos. O CAE é formado por 1/3 lateral de origem cartilaginosa e os 2/3 mediais são ósseos. Como há uma diferença de angulação entre a parte fibrocartilaginosa e a óssea, a cartilagem do pavilhão auricular, durante a otoscopia, deverá ser tracionada para cima e para trás, para obtenção de um alinhamento correto que permita uma boa observação. O CAE é geralmente uma estrutura com autoproteção e autolimpeza. O cerúmen “caminha” gradualmente em direção ao exterior; portanto, o uso de instrumentos e limpeza excessiva do CAE pode promover um distúrbio da barreira protetora, levando à infecção. O cerúmen é uma combinação de secreções produzidas pelas glândulas sebáceas e apócrinas, junto com descamação do epitélio, formando uma “capa” acída, com capacidade de prevenir infecções do CAE. O pH normal do CAE é levemente ácido (4-5). Os dois microorganismos mais comumente encontrados em culturas de CAE em
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indivíduos normais são o Staphylococcus epidermidis e e Corynebacterium spp. Classificação A OE pode ser dividida em 6 subgrupos:
1. difusa (aguda) bacteriana; 2. aguda localizada (circunscrita); 3. crônica; 4. eczematosa; 5. fúngica (otomicose); 6. necrosante (maligna) , que aqui não será abordada. Sintomas Os principais sintomas característicos das diversas formas de otite externa podem incluir a otalgia, a coceira, a sensação de plenitude auricular (“ouvido cheio”), a diminuição da audição e a otorréia. Sintomas clínicos As diferentes manifestações da OE podem apresentar edema e hiperemia do CAE com saída de líquido não purulento, edema do CAE com secreção purulenta, acúmulo de micélios brancos (candidíase) ou com pontos pretos ( Aspergillus niger ), erupção maculopapular (consistente de reação alérgica), espessamento e eritema do canal (alergia ou dermatite de contato), bem como tecido de granulação no canal, causado por infecção crônica. A seguir abordaremos os cinco primeiros subgrupos da classificação da OE: a) difusa (aguda) bacteriana; b) aguda localizada (circunscrita); c) crônica; d) eczematosa; e) fúngica ou otomicose. a) Otite externa difusa aguda A otite externa difusa aguda (OEDA), também conhecida como a otite dos nadadores ou das “piscinas” é um processo inflamatório e infeccioso do CAE, onde a Pseudomonas aeruginosa e o Staphylococcus aureus são os principais patógenos microbianos. Uma alteração do pH do CAE para mais alcalino, permitiria o crescimento de bactérias patogênicas. A alcalinização do CAE envolve os fatores descritos na patogênese como umidade, retenção de água ao nadar, remoção excessiva de cerúmen, excesso de zelo na limpeza do CAE, trauma local, etc. Os sinais e sintomas variam desde leve e moderados até graves, sempre precedidos pelo prurido (coceira), edema, dor no CAE, com sensação de plenitude (“ouvido cheio”), até evoluírem para o exacerbamento da dor (onde inclusive movimentos de mastigação são desconfortáveis), com edema do CAE tão significativo que a introdução do espéculo do otoscópio fica prejudicada, e presença de otorréia verde-amarelada. O eritema e o edema podem incluir o tragus e a concha do pavilhão auricular. O primeiro passo no tratamento é a limpeza cuidadosa e atraumática do CAE, feita pelo especialista, de preferência com a ajuda de um microscópio. A manipulação local da otite externa aguda não complicada (importante frisar, feita pelo especialista, com prática, habilidade e instrumentais adequados), pode ser feita com debridamento e aplicações tópicas de agentes ácidos e secativos como ácido acético a 0,25%, ácido acético e soluções alcoólicas, mertiolate e violeta de genciana. Se a dor e o edema forem intensos, a criança não permitirá facilmente a limpeza, sendo algumas vezes interessante
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d) Otite externa eczematosa A otite externa eczematosa (OEE) é um termo amplo que compreende diferentes condições dermatológicas que predispõe o CAE à otite externa. A lista inclui a dermatite atópica, seborréica, de contato, lúpus, psoríase, neurodermatite e eczema infantil. Entre os sinais e sintomas mais exuberantes estão o prurido intenso, a descamação, a formação de fissuras na pele do CAE, crostas, eritema e feridas. A anamnese deverá incluir a história dermatológica. É muito freqüente em pacientes que usam AASI (prótese auditiva). O tratamento da OEE deverá estar dirigido para a doença dermatológica de base, evitar o contato com substâncias particularmente antigênicas ao paciente, corticosteróides tópicos, anti-histamínico por via oral, restabelecer o pH do CAE e agentes locais secativos (quando houver fissuras úmidas na pele do conduto). e) Otomicose A otomicose também conhecida como otite externa fúngica, é responsável por 10% dos casos de otite externa, nos Estados Unidos, sendo que em países com clima mais quente esta percentagem pode ser maior. A infecção fúngica tem aqui três situações básicas para proliferar: umidade, calor e escuridão. A otomicose pode ocorrer isolada, como única infecção (primária), ou superposta (secundária) à doença bacteriana da orelha externa. É muito comum em pacientes que usaram por semanas ou meses antibióticos tópicos no CAE. Nos dois casos a sintomatologia é diferente. Na primária, a coceira é intensa e na secundária, além do prurido, há dor. Os fungos mais comumente encontrados na otite externa fúngica são da família dos Aspergillus — A. niger (preto), A. fl avus (amarelo) e A. fumigatus (cinza) — seguidos das espécies de Cândida ( Candida albicans – branca). O diagnóstico é feito pela história, exame físico e cultura. O tratamento deverá incluir curativos meticulosos com acidificação do CAE e gotas tópicas antifúngicas. Uma boa solução (e também econômica) é “pintar” o CAE com mertiolate ou violeta de genciana para promover acidificação e secamento do canal. A violeta de genciana não só tem propriedade secativas e de acidificação, mas tem propriedades antifúngicas e antibacterianas específicas. A aspergilose persistente, associada com edema persistente do canal, pode necessitar de administração de itraconazol oral. Complicações das otites externas Variam desde as com menor desconforto até as mais graves (otite externa necrosante). Podemos encontrar celulite, condrite, pericondrite, lateralização da orelha, perfuração da membrana timpânica. Se houver celulite, não devemos deixar de usar antibióticos contra a infecção causada pelo estafilococo e, caso a Pseudomonas for detectada na cultura da orelha, deverá ser utilizado um antibiótico parenteral específico contra este microorganismo. Prevenção A educação do paciente é o dado mais importante na prevenção da otite externa. É importante educar o paciente para a prevenção dos fatores de risco para a otite externa. Para pacientes que vivem em local de clima quente e úmido, com banhos freqüentes, com tendência à retenção de água no conduto, após a exposição à água, instilar algumas gotas de uma mistura que contenha álcool isopropílico a 95% com glicerina anídrica 5% (preparada em farmácias de manipulação) e, em seguida,
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secar a orelha com secador de cabelo manual, na temperatura morna (tracionando o pavilhão auricular para trás). Recentemente, no mercado americano, foi lançado um secador específico para secar o conduto auditivo externo ( ear dryer * ). Muitas vezes em atividades aquáticas, pacientes com tendência à otite externa devem ser orientados ao uso de “plugs” de silicone (não dentro do conduto, mas amoldado ao tragus), protegidos por uma faixa que de borracha/poliuretano com velcro na extremidade que se prende à nuca, que segura o tampão para o mesmo não cair durante as manobras da natação. Mesmo com o uso do “plug” e da faixa, o paciente deverá ter o excesso de água removido. O paciente deverá ser prevenido contra o excesso de zelo na limpeza do CAE, seja com hastes protegidas por algodão, ponta do dedo/unha, grampos, tampa de caneta, etc. O paciente deverá ser orientado para não introduzir nada dentro do CAE pois o excesso de limpeza remove a cera que dá a barreira protetora com o pH adequado.
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