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Princípios de Milagres: Perdão e Amor de Deus, Esquemas de Comunicação

Este documento discute o princípio dos milagres que fala sobre o perdão de deus e a afirmação clara no livro de exercícios de que 'deus não perdoa, porque ele nunca condenou'. O texto explica que o espírito santo nos guia para passarmos da forma de olhar do ego para a do espírito santo, permitindo que nos percebamos e entendamos a realidade do amor de deus. O documento também discute a importância de entender que a forma do ego e a forma do espírito santo são as duas percepções básicas no mundo.

Tipologia: Esquemas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Miguel86
Miguel86 🇧🇷

4.8

(40)

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Os cinqüenta princípios dos milagres de
Um Curso em Milagres
por Kenneth Wapnick, Ph.D.
Foundation for A Couse in Miracles
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Os cinqüenta princípios dos milagres de

Um Curso em Milagres

por Kenneth Wapnick, Ph.D.

Foundation for A Couse in Miracles

Prefácio Esse texto é uma transcrição conjunta de dois workshops de um dia de duração, sobre os Cinqüenta Princípios dos Milagres, que foram os primeiros workshops que dei em nosso Teaching and Healing Center^1. Esses workshops – em 6 e 13 de janeiro de 1985 -, consistiam basicamente do mesmo assunto. A base para esse panfleto foi o workshop de 13 de janeiro, complementado pelo material do primeiro workshop que não foi repetido no segundo. Algum material adicional foi acrescentado para esclarecer certos pontos, assim como foram feitas pequenas revisões para melhorarem a legibilidade. Como explicado durante o workshop, o formato básico envolveu minha análise dos Cinqüenta Princípios dos Milagres linha a linha. Esse procedimento foi intercalado com perguntas do grupo, que permitiram uma discussão mais profunda dos princípios e idéias relacionadas. Sou muito grato à minha esposa Gloria que preparou a edição inicial do manuscrito, revendo e corrigindo a transcrição do segundo workshop, comparando-a com as fitas do primeiro. Isso facilitou muito a edição final desse panfleto. Introdução – Parte I (^1) Em 1988, a Fundação foi transferida de Crompond, N.Y., para Roscoe, N.Y., e o nome do Centro para Conference and Retreat Center , e, em 2001, a Fundação mudou-se para Temecula, CA.

encaixar bem com o que vem depois. E, certamente, o estilo da escrita não está no mesmo nível. Existem razões para isso, as quais eu gostaria de compartilhar. A maioria de vocês, estou certo, está familiarizada com a história de como o Um Curso em Milagres veio a ser escrito. Helen Schucman, uma psicóloga, ouviu a voz de Jesus falando com ela, e ditando esses três volumes. Quando o processo começou pela primeira vez, em outubro de 1965, durante as primeiras quatro semanas mais ou menos, Helen se encontrava em uma situação altamente indutora de ansiedade. Embora isso não tenha interferido com o conteúdo básico do que ela ouviu, certamente interferiu, penso eu, com a clareza do que ela ouvia. Helen teve alguns insights de que, muito tempo antes, tinha desenvolvido essa habilidade de escriba, a tinha usado mal, e então a deixara adormecida durante algum tempo. Se você tiver uma torneira que não é usada há algum tempo, e subitamente abri-la para deixar a água passar, terá muita ferrugem. A água passará através dela, mas, no início, haverá muita sujeira. Acho que é isso o que encontramos aqui: o material em si é consistente com o ensino básico do Curso, mas o modo de expressão não é. Com freqüência, Helen transcrevia algo e, no dia seguinte, Jesus dizia a ela, com efeito, “Isso é o que você transcreveu ontem; isso é o que deveria ter sido”, e corrigia boa parte das inconsistências estilísticas, assim como o desalinho da linguagem. Então, acho que é ainda mais importante entender como esses primeiros capítulos foram escritos. Começando com o Capítulo 6, você quase pode sentir o texto engatando uma marcha mais alta em termos de sua linguagem e clareza de expressão. O ponto importante é que, logo no início, não era realmente um ditado direto. Era como se Jesus estivesse tendo uma conversa contínua com Helen, onde ele dizia coisas e Helen fazia perguntas a ele, ou ele se antecipava às perguntas em sua mente. Boa parte das conversas iniciais tinha a ver com ajudar Helen e Bill a integrarem esse material ao seu próprio cenário profissional, assim como às suas vidas pessoais. Como todos nós sabemos, nós falamos de uma forma quando estamos tendo uma conversa informal, e nos expressamos de forma muito diferente quando estamos escrevendo. Sei por experiência própria que quando falo com as pessoas de maneira informal ou em meu escritório, falo de uma maneira, e não presto muita atenção ao que estou dizendo – se as palavras são consistentes com outras coisas que já falei. Quando estou escrevendo um livro ou artigo, é muito diferente. Então, sou muito mais cuidadoso. Penso que essa é exatamente a situação que aconteceu naquelas primeiras semanas, como pode ser visto, especialmente nos quatro primeiros capítulos. Isso explica, eu acho, por que existem certas inconsistências na maneira com que o texto se expressa nos capítulos iniciais, e por que muito da escrita parece deselegante e certamente não no mesmo nível literário do resto do material. Certamente também, muito do material pessoal que Helen tinha transcrito não era destinado ao público em geral, e teve que ser retirado. Aquilo era realmente destinado somente a ela e a Bill. Então, mais uma vez, isso explicaria por que existe certo desalinho na escrita. Deixem-me mencionar as inconsistências que vocês vão encontrar, que é basicamente sobre o que vamos falar hoje: o que é um milagre, o assunto do Um Curso em Milagres. Um dos princípios sobre o qual vamos falar depois cita o milagre como cura. No Capítulo 2, Jesus diz, “Falar de um ‘milagre de cura’ é combinar duas ordens de realidade de forma imprópria” (T-19; T-2.IV.1:3). No entanto, perto do final do texto, existem poucas referências que falam sobre um “milagre de cura” (i.e., T-27.II.5:2). Essa aparente inconsistência é explicada mantendo-se em mente as circunstâncias da escrita. Em alguns dos princípios iniciais dos milagres, “milagre” é usado quase na forma em que o usamos popularmente: fala sobre um ato externo, onde existe alguma mudança externa no mundo ou no comportamento de alguém. Como fica muito claro em alguns dos outros princípios, e certamente é o tema central do Curso, um milagre é uma correção na percepção, da forma como está na passagem que Gloria leu; é uma correção em como percebemos e como pensamos. Mas, certamente, existem princípios que parecem implicar em uma mudança de comportamento. No Capítulo 2, quando Jesus fala especificamente sobre o que é a cura e inicia uma série de seções sobre isso (T-

2.IV), ele faz uma distinção entre milagre, que é a mudança em pensamento, e depois o efeito, que seria a cura. Depois, no livro, quando aquelas explicações e distinções iniciais não são mais necessárias, o Curso é muito mais poético e, portanto, poderia ser chamado, de certa forma, de mais livre em sua expressão e então, usa a frase “um milagre de cura”. Existe outro princípio dos milagres (21) que fala sobre o perdão de Deus, enquanto no livro de exercícios, existe uma clara afirmação, que de fato é repetida, que diz que “Deus não perdoa, porque Ele nunca condenou” (LE-pI.46.1:1; LE-pI.60.1:2). O perdão é uma correção para um pensamento hostil ou zangado. E, uma vez que Deus obviamente não tem esses pensamentos, não há necessidade de correção ou perdão no Céu. No uso popular da palavra, no entanto, nós realmente falamos do perdão de Deus. De fato, uma das passagens mais adoráveis no texto, que é a versão do Curso para o Pai Nosso, começa com as palavras, “Perdoa-nos nossas ilusões, Pai” (T-16.VII.12:1). Então, se você estiver procurando inconsistências no Curso, vai encontrá-las. Se você quiser criar caso com Jesus, e usar as diversas inconsistências como uma forma de desaprovar ou criar caso com o seu Curso, então, não passará da página um ou dois. De fato, nos primeiros meses, Helen estava tentando muito fazer isso, e ele disse a ela que gostaria que ela não fizesse isso, porque seria perder muito tempo. De modo geral, uma das coisas mais notáveis sobre o Um Curso em Milagres é sua consistência, do início ao fim, no que ele ensina e no que diz. Ele nunca se desvia disso; mas suas expressões nem sempre são tão consistentes. Antes de realmente iniciarmos o exame dos cinqüenta princípios linha a linha, eu gostaria de colocar algo na lousa, como uma forma de nos orientar em nossa discussão sobre os milagres. Nenhum de nós estava muito feliz com o título que Jesus deu ao Curso, mas ele parecia muito claro em que queria chamá-lo de Um Curso em Milagres. Então, é o milagre que é a preocupação principal, e é isso o que realmente nos está sendo ensinado. O milagre, mais uma vez, não tem nada a ver com qualquer coisa externa; a razão principal sendo a de que não existe nada externo. MENTE – CAUSA MUNDO – EFEITO ___________________________________________________________________________ mundo - corpo mente errada: ego problemas separação – culpa - mágica soluções mente mente certa: Espírito Santo milagre – perdão - cura oportunidades de perdão Hoje, não vamos entrar na metafísica do Curso; vamos presumir que nós aceitamos aqueles princípios. Mas, certamente, a fundação metafísica básica do Curso é a de que não existe mundo fora de nós. Ele é apenas uma projeção do que está dentro de nós, o que significa que a questão central sempre pode ser encontrada no pequeno ponto lá do lado esquerdo do gráfico, que representa a mente. A mente projeta o que está dentro dela no mundo; e o mundo, é claro, inclui não apenas o mundo mais amplo, o universo, mas também o mundo de nossos corpos pessoais. Isso significa que o problema nunca está do lado de fora de

livro de exercícios são muito claras em nos treinar para pensar dessa forma, e elas deixam muito claro que não existe distinção entre o que percebemos do lado de fora e o que percebemos do lado de dentro – que são nossos pensamentos que fazem o mundo. Então, nós realmente estamos falando sobre a mesma coisa. A importância de reconhecer a prioridade de perdoarmos alguém lá fora é que a maioria dessa culpa em nossas mentes é inconsciente – não estamos cientes dela. Isso significa que se não virmos um problema, não poderemos fazer coisa alguma a respeito dele. Mas, geralmente, podemos ficar cientes dos sentimentos negativos que temos em relação às outras pessoas, de tal forma que se eu me perceber ficando aborrecido com você, fora de mim, e estiver olhando para você de forma apropriada, estarei deixando o Espírito Santo me guiar na forma com que estou percebendo e entendendo o que está acontecendo. Então, Ele vai me dizer que qualquer coisa que eu estiver mantendo contra você é realmente o que estou mantendo contra mim mesmo, exceto que eu não sabia que estava mantendo isso contra mim mesmo. Isso é assim porque, mais uma vez, a maior parte da culpa é inconsciente. Pelo fato de você vir à minha vida e ser um problema tão grande para mim, você está me capacitando, por virtude de ser um espelho, a olhar para você e ver refletido de volta para mim exatamente o que está dentro de mim mesmo. Mudando minha mente sobre aquilo de que eu o acusei, o que realmente estou fazendo é mudar minha mente sobre algo de que acusei a mim mesmo. No entanto, a forma pode ser diferente. Então, sobre o que realmente estamos falando é um termo muito importante, que não aparece nessa primeira seção de forma alguma, e esse termo é “projeção”: nós projetamos no mundo o que está em nossas mentes. P: Você diria que para estarmos abertos a isso e o compreendermos, realmente teríamos que pedir ajuda ao Espírito Santo o tempo todo? R: Sim, Um Curso em Milagres deixa muito claro que é impossível perdoar verdadeiramente alguém sem a ajuda do Espírito Santo, porque nossos egos estão muito fortemente entrincheirados em nossas mentes. Isso está realmente dizendo que nosso investimento em sustentar a ilusão da separação e a culpa está muito entranhado em nossas mentes, de tal forma, que é quase impossível, senão completamente impossível, realmente mudarmos nossas mentes sem ajuda externa. Essa ajuda externa, o Espírito Santo, é realmente interna. Como o Curso freqüentemente cita dos evangelhos: Por nós mesmos, nada podemos fazer (i.e., MP- 29.4:2). P: Ao conversar com minha amiga aqui, descobri que estava projetando algo nela, então, descobri que era uma projeção interna dentro de mim mesma, e entendi que isso não estava dentro de mim em relação a ela, mas dentro de mim em relação a Deus; um assunto inteiramente diferente, mas a mesma projeção. R: O ponto de partida, sempre, é nosso relacionamento com Deus. O ponto de partida no sistema do ego de qualquer pessoa é a crença em que nós nos separamos de Deus, O atacamos, e que Ele está zangado conosco e está nos punindo. Essa constelação de pensamentos é central ao ego de todos, e, para escaparmos da ira de Deus, suportamos todo o tipo de coisas peculiares, sendo a mais peculiar delas a crença em que por atacar alguém – em outras palavras, projetando o problema de nós mesmos sobre outra pessoa -, poderíamos nos livrar dele. Isso acontece de tal forma, que os problemas interpessoais que experienciamos, quando realmente os examinamos, todos têm a ver com acreditar de alguma forma que a outra pessoa é separada de nós. Disso então, segue-se a crença em que essa outra pessoa nos vitimou, ou invertemos tudo, e nos sentimos culpados porque acreditamos que nós a vitimamos. Todos nós podemos nos identificar com essas experiências. Todos nós temos muitas oportunidades diferentes em nossas vidas para reconhecermos como isso funciona. Mas, todas elas voltam ao problema básico que é o de que nós acreditamos que somos separados de

Deus, o que por seu lado significa que acreditamos que O atacamos, e isso quer dizer que acreditamos que O vitimamos, que Ele é nossa vítima. Então, invertemos tudo isso, porque a projeção sempre se segue à culpa, e acreditamos que Deus está nos vitimando. Dessa forma, dentro do sistema do ego, a morte, por exemplo, se torna a testemunha mais gritante da realidade da ira de Deus. Deus criou um corpo, que em um nível, é o que o ego acredita, e depois, Ele pune o corpo, destruindo-o – Ele faz o corpo sofrer, etc. Esse, mais uma vez, é o ponto de partida no inconsciente de todos, e depois, tudo o que fazemos é projetar isso de novo e de novo em todos os outros. Como o Curso ensina, você não pode voltar direto ao Céu porque a quantidade de medo e terror contidos aqui é espantosa. O que podemos fazer é começarmos a comer pelas beiradas com todas as pessoas com quem estamos atualmente em um relacionamento. E nós podemos estar em um relacionamento com pessoas quer estejamos fisicamente com elas, ou simplesmente pensemos sobre elas. Então, alguém que morreu há vinte ou trinta anos, ainda pode estar muito presente em nossas mentes, porque ainda estamos carregando mágoas ou ilusões passadas sobre essa pessoa. Mais alguma coisa? Certo, vamos começar, então, falando sobre os cinqüenta princípios.

quantas formas diferentes essa crença assume. Algumas coisas chamamos de negativas, como a dor, sofrimento, morte, etc. Outras chamamos de positivas, o que geralmente significa que nós conseguimos o que queríamos, ou que as pessoas estão livres do sofrimento externo. Mas a questão nunca é a forma, que está do lado direito do gráfico; a questão é sempre o pensamento subjacente, do lado esquerdo (veja diagrama na página 5

  • http://www.miraclestudies.net/50P_Diag1.html). No Capítulo 23, existe uma seção chamada “As leis do caos” (T-23.II) que descreve as cinco leis que compreendem o sistema de pensamento do ego, que realmente são a contraparte para os cinqüenta princípios dos milagres. [Dito com um sorriso] Você pode dizer de que lado Jesus está porque ele dá cinqüenta princípios dos milagres, e apenas cinco leis do caos. A primeira lei do caos é a contraparte exata do primeiro princípio dos milagres. Ela afirma que a verdade é relativa e que existe uma hierarquia de ilusões. Algumas ilusões são piores do que outras, ou algumas são melhores do que outras. Isso, mais uma vez, é exatamente do que estamos falando. Uma vez que você acredite que certos problemas são maiores do que outros, tem que acreditar que existem níveis diferentes de solução para níveis diferentes de problemas. Certamente, alguém que esteja no campo da medicina sabe que se existir esse sintoma, você faz “A”, e se existir outro, você faz “B”, e se existir um terceiro sintoma, você faz “A” e “B”, ou alguma outra coisa. São todas coisas muito específicas que fazemos para curar ou resolver os diversos problemas que acreditamos ter. A propósito, o Curso deixa muito claro que isso não significa que você não deveria fazer essas diversas coisas, mas vou elaborar isso depois, quando aparecer junto com os princípios dos milagres (veja discussão sobre o princípio 5). A única coisa que realmente cura é desfazer a crença em que somos separados de Deus, que é de onde vem o nosso problema de culpa. Como vamos ver depois, outra forma de dizer o que é a cura, seria “união”. Se nós reconhecermos que o único problema que existe é a crença em que somos separados, isso tem que significar que a única solução para todos os problemas aparentes é a união. Outra coisa que vai ficar aparente conforme trabalharmos com esse material é que Um Curso em Milagres ensina que a maneira como definimos um problema vai automaticamente estabelecer como o resolvemos. É por isso que é muito importante, ao trabalhar com o Curso, manter sempre em mente que ele reconhece apenas um problema, que é a crença em que somos separados. Se você disser que o problema é qualquer outra coisa, então, automaticamente vai dizer que a solução será alguma outra coisa. A Lição 79 do livro de exercícios afirma que existe apenas um problema, portanto, também existe apenas uma solução. O único problema é a culpa, separação ou agarrar-se a mágoas, e a única solução é um milagre, perdão ou união. Esse primeiro princípio, então, realmente estabelece que: “não há ordem de dificuldades em milagres”. Não importando qual acreditemos ser o problema, todos os nossos problemas podem ser resolvidos exatamente da mesma forma, meramente mudando nossas mentes em relação a eles. P: Algumas vezes, negamos as coisas, e pensamos que já mudamos nossas mentes... R: Como está escrito bem no final do texto, “As provações são apenas lições que falhaste em aprender, apresentadas mais uma vez, de forma que onde antes fizeste uma escolha faltosa agora possas fazer outra melhor...” (T-31.VIII.3:1). Obviamente, na maior parte do tempo, não desfizemos totalmente nossa culpa, e podem existir relacionamentos que acreditemos ter curado e resolvido, e algo acontece um ano depois, e, puxa, lá estão todos aqueles mesmos sentimentos simplesmente surgindo de novo. Todos já tiveram esse tipo de experiência. Isso não significa necessariamente que falhamos quando tentamos inicialmente trabalhar tudo isso. Provavelmente significa que passamos tão rapidamente quanto pudemos por aquele ponto, e então, em algum ponto posterior, estávamos prontos para darmos outro passo e curarmos uma camada mais profunda de culpa. Então, uma oportunidade se apresentou e nós

nos vimos ficando zangados e transtornados, sentindo-nos feridos e vitimados, e é isso o que nos diz que não liberamos completamente essa crença, porque o que acontece agora é que ela está sendo projetada nessa outra pessoa. O ego nos diz que deveríamos acreditar que somos fracassados; o que o Espírito Santo nos diria é que nós agora estamos prontos para dar outro passo. Esse é realmente todo o impulso do Curso: ajudar-nos a olhar para tudo o que acontece em nossas vidas como uma oportunidade de cura e perdão a algo que estava profundamente enterrado dentro de nós, que nós não sabíamos estar ali. E não existem exceções a esse princípio. De fato, o maior poder do Curso vem do fato de ele ser tão consistente e simples em tudo o que diz. Ele realmente nos ensina apenas uma forma de olharmos para tudo no mundo. Essa é a maneira do Um Curso em Milagres : que tudo o que acontece é uma oportunidade para curarmos nossas mentes, e não importa se ficamos transtornados com algum evento terrível que estivemos lendo nos jornais, ou se ficamos transtornados com algo trivial que aconteça em nossos lares ou famílias, comunidades, ou situações no trabalho. P: Embora possa não haver ordem de dificuldade em milagres, de qualquer forma, estamos muito convencidos de que elas existem. Em vista desse fato, é provável que precisemos experienciar o perdão com uma grande questão antes de podermos lidar com as outras? R: Nós vamos trabalhar com qualquer coisa que conseguirmos. Algumas pessoas sentem justamente o oposto, que as grandes questões são demais para lidar. Então, elas praticam com as pequenas: a pessoa que corta sua frente na auto-estrada, ou alguém que faz algo que o aborrece um pouco, ou algo que seus filhos possam não estar fazendo ao redor da casa e que deveriam estar. Algumas pessoas acham isso mais fácil de lidar do que as grandes questões, e outras sentem exatamente o oposto. P: Temos que fazer todas essas coisas? R: Não temos que fazê-lo. Simplesmente nos sentiríamos melhor se fizéssemos; isso é tudo. P: O primeiro princípio dos milagres também significa que seria tão fácil curar um câncer quanto um resfriado? R: Sim, mas você pode confundir a idéia, achando que o problema é o câncer ou o resfriado do corpo. Esse não é o problema. O problema é o pensamento que levou a eles. O Curso diz que o único significado de qualquer coisa é para que ela serve. Você não se focaliza no sintoma do câncer, mais do que se focalizaria na remissão do câncer, porque esse não é o problema. O câncer pode servir a um propósito, não apenas para aquela pessoa em particular, mas para todos em sua vida pessoal – família, amigos, pessoal médico, etc. P: Então “não há ordem de dificuldades em milagres” não quer dizer realmente a cura de coisa alguma, mas significa na verdade uma mudança na percepção. R: Certo, significa uma mudança na mente. Vamos discutir isso de novo e de novo conforme prosseguirmos. P: De acordo com isso, se os seus pensamentos causaram a condição cancerosa, e sua mente, de fato, se tornar curada, não se tornará irrelevante se você vai ou não ter o câncer físico curado? R: Certo. As pessoas freqüentemente usam a cura física como uma maneira de provarem sua própria saúde espiritual ou mental, ou a falta dela: “Se eu estiver mesmo fazendo isso certo, então, esse tumor vai desaparecer”. E, mais uma vez, o que isso faz é tornar o problema real.

Vamos adiante, de outra forma, nunca passaremos da primeira linha. A segunda linha, é claro, é apenas outra forma de dizer o que estivemos falando até agora. Dizer que não existem milagres mais “difíceis” ou “maiores” é a mesma coisa que dizer que não existem problemas maiores ou mais difíceis. Bill Thetford costumava dizer que o primeiro princípio dos milagres poderia ser reescrito como: Não há ordem de dificuldades na resolução de problemas. Todos os problemas são o mesmo, e, portanto, todas as soluções são a mesma. “Todas as expressões de amor são máximas”. A maioria de vocês provavelmente já me ouviu falar sobre os dois níveis em que o Curso foi escrito. O primeiro é o nível metafísico, que realmente não é com o que estamos dispendendo muito tempo hoje. O segundo é o nível mais prático, que contrasta as duas formas de olhar para o mundo. Mas o primeiro nível realmente é a parte do Curso que não faz quaisquer transigências. Algo é ou totalmente verdadeiro ou totalmente falso, e não existe meio-termo. Você não pode estar um pouco grávida; ou você está, ou não está. No segundo nível, vamos e voltamos o tempo todo entre o ego e o Espírito Santo. Mas essa declaração, “todas as expressões de amor são máximas” , realmente é uma declaração do Nível Um: você não pode ter um pouco de amor. Ou você tem amor ou não tem, porque uma das características do amor é que ele é total, completo, e não existem exceções a isso, nenhuma exceção. Todas as expressões de amor são máximas, que é outra forma de dizer que só existe um problema no mundo. Esse problema é o ódio ou medo, e, portanto, existe apenas uma solução para esse problema, que é o amor. O amor não vem de nós; ele não vem desse mundo. O amor vem de Deus, através do Espírito Santo, Que então nos inspira a sermos o que chamaríamos de amorosos. Um Curso em Milagres também ensina que ninguém nesse mundo pode ser amoroso, porque diz que o amor sem ambivalência é impossível aqui (T-4.III.4:6). O próprio fato de estarmos aqui indica que temos um ego, o que significa que acreditamos na separação. Isso quer dizer que não acreditamos na natureza totalmente inclusiva do amor. Tecnicamente, o perdão é o equivalente nesse mundo ao amor do Céu, e o amor vem até nós de Deus, através do Espírito Santo em nossas mentes, Que então nos inspira a fazermos todas as coisas amorosas que iríamos fazer. Mas, aqui, com o uso da palavra “amor”, podemos ver como o Curso certamente não é estrito em seu uso. Com freqüência, ele fala do amor em termos do que fazemos aqui. P: Do que é que ele está falando aqui, então? Se “todas as expressões de amor são máximas” , isso iria se aplicar apenas ao Amor de Deus. R: Sim, mas ao Amor de Deus através do Espírito Santo aqui. Em outras palavras, o contexto da declaração é o milagre. O milagre vem do amor. O próximo princípio fala sobre isso. Princípio 2 Milagres em si não importam. A única coisa que importa é a sua Fonte, Que está muito além de qualquer avaliação. O fato de “Fonte” estar em letra maiúscula, é claro, nos diz que se trata de Deus, e Deus está presente em nossa mente - em nossa mente dividida -, através do Espírito Santo. O que é importante aqui também é entender que milagres não importam, porque milagres são parte do mesmo mundo ilusório do ego. Se o milagre é uma correção, então, é uma correção para um pensamento ilusório, o que também torna o milagre uma ilusão. Ele só é necessário em um mundo de ilusão. Como já dissemos, você não precisa de um milagre no Céu. Você não precisa de perdão no Céu. Você precisa de perdão ou milagre apenas em um lugar onde se acredita no pecado, sofrimento, sacrifício, separação, etc. A única coisa que realmente importa é Deus, ou a criação de Deus, que é espírito - o Cristo em nós. Nesse mundo, no entanto, os milagres realmente importam, porque essa é a

correção que nos capacita a lembrar eventualmente de quem realmente somos. O Curso também fala do perdão como uma ilusão. Em um ponto, ele diz que o perdão é a ilusão final (LE-pI.198.3). O que o torna diferente de todas as outras ilusões no mundo é que o perdão é o fim da ilusão. Todas as outras ilusões aqui realmente produzem ilusões, de tal forma que fortalecem a ilusão de que somos separados ou de que o ataque é real e justificado. O perdão é uma ilusão que nos ensina que não existem ilusões. P: Se você diz que não podemos obter amor completo nessa vida, por que então nos relacionarmos com Jesus? R: Bem, deixe-me qualificar isso. Acho que existem muito poucas exceções, como Jesus, que é o maior símbolo do Amor de Deus. Além disso, existem algumas pessoas que transcenderam totalmente seus egos, e que permanecem por perto mais um pouco para ajudarem outras pessoas a fazerem isso. Elas são o que no oriente é chamado de avatares ou bodhisattvas: pessoas que transcenderam completamente seus egos e, no entanto, continuam se agarrando a uma pequena parte dele apenas para poderem continuar aqui, no corpo. Elas não estão mais aqui para aprenderem lições. Mas, como o Curso conclui em um ponto, essa é uma ocorrência tão rara que não vale a pena falar sobre ela (MP-26.2,3). P: Quais são nossas criações? R: “Criações” é uma daquelas palavras técnicas que o Curso usa, mas nunca realmente explica. Elas se referem ao processo de criação que nós compartilhamos com Deus. Um dos atributos básicos do espírito é que ele está sempre expandindo a si mesmo. Esse não é um processo que aconteça no tempo ou espaço, que é o motivo pelo qual é tão difícil para nós conseguirmos concebê-lo. A extensão de Deus de Si Mesmo – como espírito, Ele está sempre Se estendendo – é o que é chamado de criação. Nós somos o resultado disso; não o nós que identificamos como nós mesmos, sentados aqui, nessa sala, mas o “nós” que é o Cristo - que é todos nós. Cada um de nós é uma parte desse Cristo, que é uma extensão de Deus e, uma vez que Cristo é parte de Deus, Ele também compartilha dos atributos básicos de Deus. Um desses atributos é a extensão, então, Cristo também estende a Si Mesmo. O que Cristo estende é o que o Curso chama de “criações”. Criações são realmente as nossas extensões em nosso verdadeiro estado. Mais uma vez, o que torna isso tão difícil é que esse processo não tem contraparte ou referência a coisa alguma nesse mundo. Quando o Curso usa a palavra “criar”, como vai fazer em um desses princípios dos milagres, ele não se refere a ter um pensamento criativo, a criar um trabalho de arte ou qualquer coisa como isso – não que o Curso seja contra qualquer coisa desse tipo; ele simplesmente usa a palavra de forma diferente. “Criar” é a palavra que o Um Curso em Milagres usa apenas para denotar o que o espírito faz. Se você quiser pensar ao longo das linhas da idéia tradicional da Trindade, a Segunda Pessoa da Trindade iria consistir não apenas de Cristo, do qual cada um de nós é uma parte, mas também das extensões de Cristo, que são nossas criações. P: O Curso parece prometer que nossas criações estão esperando por nós. Isso é assim? R: Como um comitê de boas-vindas. Você está correndo para casa, e lá estão elas nas laterais, recepcionando você em casa. Isso é uma metáfora, é claro, a idéia sendo a de que nossa própria completude está continuamente nos chamando para nos lembrarmos de quem somos. Na última parte do segundo princípio – de que a Fonte está muito além da avaliação –, “avaliação” é uma palavra que pertence a esse mundo. Estamos sempre avaliando, e o fato de que estamos avaliando algo é, obviamente, um processo de julgamento; é um processo de percepção. Se você estiver falando sobre avaliação, estará falando sobre um avaliador que avalia algo ou alguém mais. Então, você está falando sobre separação: sujeito e objeto.

Você não deve dissecá-lo e analisá-lo linha a linha nesse sentido. A idéia é usar as palavras como uma forma de chegar ao que é a experiência, que é uma experiência de Deus. Lembre-se, é muito fácil ficar preso às palavras. O manual diz “palavras são apenas símbolos de símbolos. Portanto, duas vezes afastadas da realidade” MP-21.1:9-10). Um Curso em Milagres fala de Deus em termos simbólicos, chamando-O de “Pai”, e com freqüência fala de Deus como tendo atributos como cuidadoso, amoroso, estando solitário, etc. Uma seção chamada “Além de todos os símbolos” (T-27.1:11) reafirma a idéia de que a verdade e Deus estão além de todos os símbolos e conceitos que usamos aqui. No entanto, dentro desse mundo, o Espírito Santo tem necessidade dos símbolos para nos levar, em última instância, além de todos eles. A mente certa e a mente errada são o uso que o Espírito Santo e o ego fazem dos símbolos, de tal forma que, nesse contexto, a palavra “milagre” é usada em um sentido mais geral. Em outro trecho, o princípio 24 afirma: “Tu és um milagre”. P: Mas o padrão de sempre fazer a pergunta, “Para que serve?”, é uma das chaves? R: Sim, essa é a chave. Como já citei, o Curso diz que a única coisa que nós jamais deveríamos perguntar sobre qualquer coisa nesse mundo é: “Para que serve?”, “A qual propósito isso serve?” (T-17.VI.2:1-2). E existem apenas dois propósitos, assim como nós dissemos que existem apenas dois conteúdos. Um é o propósito do ego, que é reforçar a separação; o outro é o propósito do Espírito Santo, que é curar a separação. É por isso que o Curso repetidamente nos impele, assim como o evangelho fez, a não julgarmos. É o ego que julga, e, quando julgamos, sempre julgamos baseados na forma. Um dos ingredientes principais no sistema do ego é o julgamento, porque, uma vez que você julgue uma forma como sendo boa ou não, doente ou saudável, santa ou não santa, estará tornando-a real. Você está dizendo que existem níveis nesse mundo, níveis de santidade; existem algumas formas que são mais santas ou melhores do que outras. Se formos identificar com precisão um dos maiores equívocos que as religiões organizadas têm cometido, veremos que ele está na preocupação com a forma, dizendo que a forma importa. Uma vez que você diga que a forma importa, então, estará dizendo que o corpo é real. Estará dizendo que existe uma hierarquia de ilusões: certos comportamentos, certos corpos, certas formas são mais santas do que outras. O que nos liberta dessa tentação, mais uma vez, é fazermos a pergunta, “Para que serve?”. É o propósito que é santo, não a forma. E o que torna o propósito santo é que ele vem do Espírito Santo, o que significa que o propósito é curar e unir. O que torna algo não-santo não é a coisa em si mesma, não é a forma, nem que aparência tem, nem qual é seu comportamento, mas o propósito ao qual ele serve: isto é, para reforçar o ataque e a separação. O que o milagre faz é corrigir essa percepção equivocada; isso vai ficar mais claro conforme trabalharmos com vários desses outros princípios. Princípio 4 Todos os milagres significam vida, e Deus é o Doador da vida. A Sua Voz vai dirigir-te de forma muito específica. Tudo o que precisas saber te será dito. Essa é outra forma de dizer que os milagres vêm do amor. Eles refletem o amor do Céu, e obviamente, também refletem a vida do Céu, que não tem nada a ver com o que chamamos de vida, que é a vida do corpo, ou a vida da personalidade, todos os quais são realmente uma parte do corpo. A verdadeira vida vem de Deus, e essa é a vida do espírito que é imortal e eterno. É o milagre que nos leva de volta a Deus. “Sua Voz” , que é uma das definições do Curso para o Espírito Santo, “vai dirigir-te de forma muito específica. Tudo o que precisas saber te será dito”. Uma das perguntar comuns que as pessoas fazem é: “Se o Curso diz que tudo o que precisamos saber nos será dito de forma muito específica, como eu não ouço as respostas específicas?”. Estou certo de que

todos têm essa pergunta e esse problema. Um dos bloqueios a ouvir as coisas específicas que o Espírito Santo iria nos dizer é que nós exigimos ouvi-las. Com freqüência, as perguntas que fazemos ao Espírito Santo não são realmente perguntas; são afirmações. Estamos, na verdade, estabelecendo um problema e depois exigindo que Ele o responda para nós, o que, é claro, é apenas outra expressão da arrogância do ego, acreditando que sabe quais são os problemas, e então, acreditando que sabe quais são as respostas. Mas, com freqüência, quando pedimos ajuda a Deus ou rezamos pedindo ajuda, estamos estabelecendo o problema como o vemos, e depois, pedindo a Ele para resolvê-lo para nós e, é claro, quando Ele não o resolve, nós acreditamos que temos um caso incontestável contra Ele: “Você diz que vai me responder muito especificamente, e aqui estou eu. Sou tão honesto, ansioso e devoto e fiel, e não ouço nada”. O que estamos realmente fazendo, sem estarmos cientes disso, é fechando a porta. Não é que o Espírito Santo não esteja falando conosco; nós é que não podemos ouvi-Lo. P: Isso é assim porque, em nossas mentes, queremos que a oração seja respondida do nosso jeito? R: Com certeza. Em um ponto, o texto fala do ego tendo um ataque de nervos e gritando, “Eu quero isso assim!” (T-18.II.4:1). Nós fazemos isso como crianças, mas também fazemos isso como adultos. “É assim que quero isso”. Eu me lembro de que, de vez em quando, Helen costumava fazer exigências a Jesus e dizer, “Isso é inegociável!”. Isso nunca funcionou muito bem para ela. Não tente fazê-lo. Também, lembre-se de que, quando o Curso diz que o Espírito Santo vai nos dizer tudo o que precisamos saber, diz também que Ele sabe o que precisamos saber melhor do que nós. P: Isso não é verdadeiro apenas no sentido de que nós consciente ou inconscientemente estamos esperando certo tipo de resposta, mas também que nós definimos o problema? R: Sim, é isso o que eu quis dizer. Nós estabelecemos o problema, nós mesmos, e então, exigimos uma resposta para um problema que estabelecemos. O problema é que estamos dizendo, “É isso que é o meu problema”, em vez de apenas dizemos basicamente, “Eu não estou em paz, por favor, ajude-me a ficar em paz”. A verdadeira causa de não estarmos em paz é que existe alguém contra quem estamos guardando algo. Existe alguma falta básica de perdão em nós mesmos, então, a solução sempre virá na forma de algum aspecto de perdão, de união com outra pessoa. Quer isso seja em um nível comportamental ou de pensamento, não importa. Lembre-se novamente, a chave é reconhecermos que cada problema que acreditamos ter no mundo é uma expressão de falta de perdão. Uma das minhas linhas favoritas do Curso, porque parece não fazer absolutamente sentido nenhum, é a que diz, “Certo é que nem toda aflição parece ser apenas falta de perdão” (LE-pI.193.4:1). Traduzido, significa que é certo que toda aflição ou problema não parece ser o que realmente é. Nós acreditamos que a aflição vem de todo tipo de problemas que acreditamos ter, mas o que está realmente acontecendo é que o ego colocou uma cortina de fumaça para que não entendamos que toda aflição que experienciamos vem de uma falta de perdão, ou uma crença em que somos separados. Isso significa que a solução para toda aflição e cada problema em nosso mundo – quer seja pessoal ou o mundo como um todo – seria a união e a cura através do perdão. P: Você poderia falar um pouco sobre o Espírito Santo e a confiança? Você simplesmente se senta e fica quieto? R: Sim, e então, fique alerta e monitore seus pensamentos que não estão quietos. Uma das partes cruciais desse processo é que tudo o que temos que fazer é nos tirar do caminho. Não temos que fazer nada. A Introdução ao texto diz, “O Curso não almeja ensinar o significado do amor, pois isso está além do que pode ser ensinado. Ele almeja, no entanto, remover os

realmente não pode combiná-lo com qualquer outra coisa, porque não vai se encaixar. Quanto mais explorarmos o que ele está dizendo, mais vamos reconhecer o quanto é radical. O que esse princípio está dizendo é que não deveríamos confiar em nossas próprias percepções e, portanto, que não deveríamos escolher como deveríamos reagir ao que percebemos. Isso também é o que significa “conscientemente selecionados podem ser guiados de forma equivocada”. Aqui, ele está usando a palavra “milagre” no sentido popular, dos milagres sendo coisas que nós fazemos. Ele está dizendo, mais uma vez, que não deveríamos ser nós a escolhermos o que vamos fazer. Poderíamos estar na presença de alguém que está sofrendo, e poderíamos quase instantaneamente correr para fazer algo para curar ou tirar o sofrimento daquela pessoa, e essa, em última instância, talvez não seja a coisa mais amorosa a se fazer. Isso pode estar vindo da piedade; pode estar vindo da nossa culpa; pode estar vindo do nosso próprio sofrimento; pode não estar vindo do amor. E então, o que Jesus está dizendo aqui é: “Não selecione conscientemente qual seria o ato amoroso. Deixe-me fazer isso para você”. Esse é um ponto muito claro e muito importante. Uma tentação na qual muitas pessoas que trabalham com o Curso, assim como pessoas em outros caminhos espirituais, podem cair é serem um tipo de benfeitor espiritual. Por exemplo: você vai levar paz ao mundo; você vai levar as pessoas à verdade; você vai ajudar a tirar o sofrimento das pessoas, etc. Tudo o que você está realmente fazendo é tornar o sofrimento real, porque está percebendo o sofrimento como externo. Você também não está entendendo que se o estiver vendo do lado de fora, tem que ser apenas porque o está vendo dentro de si mesmo. Se você estiver percebendo alguém mais em dor, e estiver se identificando com essa dor, só poderia ser porque a está vendo em si mesmo. Por exemplo, poderia ser uma formação reativa: eu me sinto muito mal e, portanto, me defendo psicologicamente contra minha culpa, tentando ajudar a todos os outros, expiando pelo meu pecado antes de ter tornado meu pecado real. Isso não significa que você nega o que vê. Se alguém quebrou o braço e está gritando de dor, não quer dizer que você nega que aquela pessoa esteja sentindo dor e vire as costas para ela. O que significa é que você muda sua forma de olhar para a dor. Você entende que a dor real não é do corpo; a dor real é da crença na separação na mente. Se você realmente quiser ser um instrumento de cura, então, irá se unir àquela pessoa, o que significa, talvez, que você corra para levar a pessoa ao hospital. Mas, o que você está realmente fazendo através da forma do seu comportamento é unir-se àquela pessoa, e entender que você está sendo tão curado quanto ela. A questão aqui é que essa não é uma decisão que tomamos por conta própria. Com muita freqüência, quando tentamos ajudar, estamos realmente tentando fazer algo mais, que muitas vezes é uma extensão da nossa própria culpa. Piedade não é uma resposta amorosa. Simpatia não é uma resposta amorosa. Tudo isso vê você como diferente da outra pessoa. No Capítulo 16, o Curso faz uma distinção entre falsa empatia e verdadeira empatia (T-16.1). A falsa empatia é identificar-se ou sentir empatia pelo corpo da pessoa – quer estejamos falando de corpo físico ou psicológico – o que significa que você está enfraquecendo a pessoa por tornar o corpo real. A verdadeira empatia é identificar-se com a força de Cristo nela, entendendo que o pedido de ajuda dessa pessoa é o seu pedido de ajuda e, portanto, ambos são unidos além do corpo. Lembre-se, o problema-chave a ser observado é qualquer coisa que reforce a separação. É por isso que a visão de cura do Curso é tão diferente do que os outros caminhos chamam de cura. A cura não é algo que alguém faça. A verdadeira cura, como o Um Curso em Milagres a vê, não vem de fazermos certas orações, ou de fazermos imposição de mãos, ou de darmos energia a alguma pessoa, ou qualquer coisa desse tipo. Se você o fizesse, estaria tornando algo do corpo real, e dizendo que você tem uma dádiva que alguém mais não tem. Isso não é cura. Isso não significa que essas abordagens não possam ser úteis, nem que você não deveria usá-las. Simplesmente significa que você não deveria chamá-las de cura, porque então, estaria reforçando a separação. Muito sutilmente, você estaria tornando o corpo real. A única energia real que existe nesse mundo é o Espírito Santo. Tudo o mais é falsa energia, e é realmente do ego, do corpo. A “energia curativa do mundo” é o perdão, que vem do Espírito Santo dentro de nossas mentes. Qualquer outra forma de energia pode ter

relevância, existência e realidade dentro do mundo do corpo, mas esse mundo do corpo é inerentemente ilusório. Não é sobre isso que o Curso está falando em termos de cura. Ele está falando apenas sobre unir-se ao Espírito Santo em sua mente por compartilhar Sua percepção, dessa forma, unindo-se a outras pessoas. Mais uma vez, não somos nós que podemos escolher o que deveríamos ou não fazer. É Ele quem deve escolher a expressão do milagre para nós. Então, Ele estende esse milagre através de nós. Depois, o texto amplia esse ponto, e diz que nossa única preocupação é levarmos nossos egos ao Espírito Santo; a extensão de perdão não é nossa responsabilidade (T-22.VI.9:2-5). É aí que fracassamos. Tentamos estender o milagre nós mesmos, o que simplesmente parece ser a coisa mais amorosa ou santa a se fazer. O que estamos sutilmente fazendo é deixar que a arrogância do ego tome para si mesma o papel de Deus. Nossa responsabilidade é simplesmente pedirmos ajuda para vermos algo da maneira que Jesus vê, em vez da maneira com que o ego o vê. Essa é nossa única responsabilidade. É isso o que é o milagre. Então, ele estende esse milagre através de nós e nos diz especificamente o que deveríamos ou não fazer. É por isso que freqüentemente existe muito julgamento e intolerância entre as religiões e caminhos espirituais. A culpa nunca foi verdadeiramente perdoada, mas simplesmente reprimida, e depois projetada para fora, na forma de farisaísmo religioso. Eu me lembro de um exemplo desses há muitos anos, logo após o Um Curso em Milagres ser publicado. Nós encontramos um homem que tinha preparado um longo gráfico com as correções do Curso à Bíblia, que ele estava para apresentar a vários ministros que conhecia, mostrando a eles o que Jesus realmente tinha ensinado. Basicamente, o que ele estava fazendo era bater na cabeça das igrejas tradicionais com o Curso, da mesma maneira que ele acreditava que tivessem batido em sua cabeça com a Bíblia. Felizmente, fomos capazes de detê-lo a tempo. A coisa toda é que deveríamos ser sensíveis ao que está acontecendo fora de nossas próprias mentes, estarmos cientes de qualquer coisa em nosso pensamento que iria nos separar dos outros, reconhecendo que isso tem que ser do ego. Nós deveríamos sempre ser cautelosos ao julgarmos de acordo com a forma, o que, é claro, é a única forma de julgamento do ego. No entanto, apesar disso, é verdade que, dentro do mundo ilusório, algumas pessoas sejam mais avançadas do que outras – Jesus sendo o exemplo extremo -, entretanto, temos sempre que ser cuidadosos para não julgarmos. P: Estou achando isso muito difícil. Como enfermeira, devo responder à dor e sofrimento, e oro para que, em situações de emergências, eu faça a coisa certa. R: Isso é basicamente sobre o que estou falando. Isso não significa, a propósito, que, se você for enfermeira e alguém entrar correndo, sangrando até a morte, você vá dizer, “Ah, espere um momento; tenho que ir meditar e perguntar o que deveria fazer”. Isso realmente não é algo amoroso. Você basicamente presume que quer fazer a coisa certa; você quer que Jesus aja através de você, e então, simplesmente age. Se eu estiver atendendo pessoas em meu escritório, não paro a cada quinze minutos e digo, “Espere, tenho que conferir com o Chefe antes de poder lhe dizer o que fazer ou o que eu penso”. Eu simplesmente confio que minhas reações ou o que vou dizer virão de Jesus em vez do meu ego. O que tento fazer, então, é sempre monitorar meus próprios sentimentos e pensamentos, para que, se sentir algo que sei que está vindo do meu ego e não dele, nesse ponto, eu peça ajuda a ele para ser tirado do caminho. Eu não me focalizo no que vou dizer, porque, se o fizesse, estaria sempre tropeçando em minhas palavras e não poderia dizer nada. Meu foco não está no que digo, mas em tirar a mim mesmo do caminho. P: É isso o que acontece com a imposição de mãos ou com rezar para alguém que tenha uma doença. R: Isso não significa que você não deveria fazê-lo...