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Fernando Pessoa: A Vida e a Importância da Língua Inglesa na Sua Obra, Esquemas de Literatura Inglesa

A importância da língua inglesa na vida e na obra do poeta português fernando pessoa. Ele descreve como pessoa se tornou familiarizado com o idioma durante sua infância e adolescência na áfrica do sul, e como ele foi influenciado por autores ingleses durante sua formação acadêmica. O texto também discute como pessoa escreveu sonetos e um poema dramático em inglês, e como ele parodiou autores ingleses em suas obras. Além disso, o documento fornece informações sobre os livros que mais influenciaram pessoa e suas opiniões sobre autores ingleses.

O que você vai aprender

  • Por que Fernando Pessoa escreveu sonetos e um poema dramático em inglês?
  • Quais autores ingleses mais influenciaram Fernando Pessoa?
  • Qual foi a importância da África do Sul na formação de Fernando Pessoa?
  • Quais livros mais influenciaram Fernando Pessoa?
  • Como Fernando Pessoa se expressou sobre Spenser e Milton?

Tipologia: Esquemas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Origem e Influências da Língua e Literatura
Inglesa na Obra de Fernando Pessoa
Tamara Critchi de Freitas1
Resumo
A obra de Fernando Pessoa em inglês inclui 35 sonetos, poe-
mas, poemas dramáticos (Epithalamium e Antinous), Ode a Walt Whit-
man, esboços de dramas em inglês (Prometheus Rebound e The Duke
of Parm), inúmeros trabalhos de tradução para o português, como o
poema The Raven de Edgar Alan Poe e outros. Foram também escritos
em inglês inúmeros textos em prosa sobre literatura, crítica e história
literária, filosofia, metafísica, sociologia, ocultismo, astrologia, teologia,
estética, teoria política e história. Este trabalho visa a analisar a origem
do conhecimento do idioma inglês que Pessoa utilizava como língua
materna, além de tentar demonstrar algumas das influências de autores
ingleses em sua obra em inglês.
Palavras-chave
Fernando Pessoa; Língua inglesa; Literatura inglesa; Influências
literárias.
Abstract
Fernando Pessoa´s works in English include 35 sonnets, poems,
dramatic poems (Epithalamium e Antinous), Ode to Walt Whitman, ske-
tches of English plays (Prometheus Rebound and The Duke of Parm), se-
veral translations such as, the poem The Raven from Edgar Alan Poe and
others. Many texts in prose were written, as well, about literature, literary
criticism and history, philosophy, metaphysics, sociology, occultism, astro-
1 A autora é Bacharel e Licenciada em Inglês, Russo e Português pela USP, Pós-
-graduada em Literatura Portuguesa pela USP (incompleto) e em Língua Por-
tuguesa e Literaturas pela FAAT, Professora de Língua Inglesa, Literatura Ingle-
sa e Americana na FAAT.
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Baixe Fernando Pessoa: A Vida e a Importância da Língua Inglesa na Sua Obra e outras Esquemas em PDF para Literatura Inglesa, somente na Docsity!

Origem e Influências da Língua e Literatura

Inglesa na Obra de Fernando Pessoa

Tamara Critchi de Freitas^1 Resumo A obra de Fernando Pessoa em inglês inclui 35 sonetos, poe- mas, poemas dramáticos (Epithalamium e Antinous), Ode a Walt Whit- man, esboços de dramas em inglês (Prometheus Rebound e The Duke of Parm), inúmeros trabalhos de tradução para o português, como o poema The Raven de Edgar Alan Poe e outros. Foram também escritos em inglês inúmeros textos em prosa sobre literatura, crítica e história literária, filosofia, metafísica, sociologia, ocultismo, astrologia, teologia, estética, teoria política e história. Este trabalho visa a analisar a origem do conhecimento do idioma inglês que Pessoa utilizava como língua materna, além de tentar demonstrar algumas das influências de autores ingleses em sua obra em inglês. Palavras-chave Fernando Pessoa; Língua inglesa; Literatura inglesa; Influências literárias. Abstract Fernando Pessoa´s works in English include 35 sonnets, poems, dramatic poems (Epithalamium e Antinous), Ode to Walt Whitman, ske- tches of English plays (Prometheus Rebound and The Duke of Parm), se- veral translations such as, the poem The Raven from Edgar Alan Poe and others. Many texts in prose were written, as well, about literature, literary criticism and history, philosophy, metaphysics, sociology, occultism, astro- (^1) A autora é Bacharel e Licenciada em Inglês, Russo e Português pela USP, Pós- -graduada em Literatura Portuguesa pela USP (incompleto) e em Língua Por- tuguesa e Literaturas pela FAAT, Professora de Língua Inglesa, Literatura Ingle- sa e Americana na FAAT.

Revista técnico - científica das faculdades atibaia logy, theology, aesthetics, political theory and history. This papers aims to analyze the origin of the English language which Pessoa used as his mother tongue and tries to demonstrate some of the influences of English authors in his works in English. Key Words Fernando Pessoa; English language; English literature; Literary influences.

Introdução

Existem alguns casos na literatura mundial em que autores de origens diversas tornam-se grandes escritores em língua ingle- sa. Podemos mencionar dois: o primeiro, Joseph Teodor Konrad Korzenowski (Joseph Conrad) (1857-1924), ucraniano de pais poloneses, tornado cidadão britânico em 1864, sendo inglês sua terceira língua. O segundo, Vladimir Vladimirovich (Vladimir Nabokov) (1899-1977), russo, viveu e lecionou em universidades americanas por muitos anos e é autor de um dos livros mais famo- sos da literatura americana no século XX, Lolita. Fernando Pessoa optou por tornar-se um escritor da lín- gua portuguesa por considerá-la sua língua pátria. Segundo ele mesmo declarou, “minha pátria é a língua portuguesa” (trecho do Livro do Desassossego do heterônimo Bernardo Soares). Os mo- tivos que o levaram a essa escolha não são claros. Quanto a sua produção em inglês, Catarina Feldman, em sua tese de doutorado A Metáfora na Poesia Inglesa de Fernando Pessoa (1972, p. 239), observa que os poemas publicados na Inglaterra não foram bem recebidos pela crítica da época. Acredita que Pessoa ficou frus- trado por não ter tido o reconhecimento esperado por parte dos críticos ingleses, embora tenha tentado. Em carta ao editor inglês de 1916, submetendo à publica- ção uma antologia de poesia sensacionista portuguesa (PESSOA,

Revista técnico - científica das faculdades atibaia Futuramente, o próprio poeta se queixaria de “não poder dominar a sintaxe de sua própria língua como dominara a da lín- gua inglesa” (ALFA 15, 1970, apud Monteiro, p. 97). Para tentar explicar como surgiu essa fluência linguística e literária com a língua e cultura inglesas, é importante conhecer a vida de Pessoa desde seus primórdios. A Vida de Fernando Pessoa Nascido em Portugal em 13 de junho de 1888, Fernando Antonio Nogueira Pessoa teve sua primeira infância bastante atri- bulada. Aos cinco anos de idade morre seu pai, Joaquim de Sea- bra Pessoa, crítico musical e do teatro de ópera de São Carlos de Lisboa. Nesse mesmo ano, falece também seu irmão mais novo, Jorge, antes de completar um ano de idade. Aos cinco anos, pre- cocemente manifestava uma inteligência especial, pois já sabia ler e escrever muito bem. Nessa idade escreveu seu primeiro poema para a mãe: Ó terras de Portugal Ó terras onde eu nasci Por muito que goste delas Inda gosto mais de ti; O manuscrito contém esta epígrafe infantil: “À minha que- rida mamã” (Simões, s/d, p.53). Outro golpe em sua vida, segundo Simões (idem, p. 49), foi o fato de sua mãe casar-se novamente em 1895 com João Miguel Rosa, recém nomeado cônsul interino em Durban, terceira cidade da África do Sul. Mudam-se para Durban, então colônia inglesa de minoria branca, sob o reinado da rainha Vitória (1819-1901). Quanto à sua família, foi crescendo com a chegada de mais duas irmãs (uma delas faleceu aos três anos de idade) e dois ir- mãos, que recebem a nacionalidade inglesa. Este dado é impor- tante, pois Pessoa recusou um convite para viver na Inglaterra como dois de seus irmãos (ALFA 15, 1970, p.107).

FAAT Assim, dos 7 aos 18 anos, cursou escolas de língua e tradi- ção inglesas. Segundo A. E. Severino, em sua obra Fernando Pes- soa na África do Sul (ALFA 15, 1970, p. 21), a importância dessa vivência em um ambiente tão distinto ao da pátria portuguesa foi “decisiva para a formação de sua personalidade intelectual e artística” Em 1905 (18 anos) foi viver em Portugal com a avó e tias, onde passou o restante de sua vida, tornando-se o maior escritor em língua portuguesa, juntamente com Camões. Faleceu em 30 de novembro de 1935 aos 47 anos, em con- sequência de problemas hepáticos. A Vida Escolar em Durban Em 1896 (aos 7 anos), Pessoa começou a frequentar a esco- la que ficava no convento de West Street, coordenado por freiras católicas irlandesas, onde fez sua primeira comunhão. Teve assim seu contato vivencial com a língua inglesa, embora conste que sua mãe, possuidora de considerável cultura e que conhecia inglês e francês, já lhe havia passado as primeiras lições nesses idiomas. Em 1899, Pessoa iniciou seu Highschool, ensino médio e, em 1901, aos 13 anos, escreveu poesias em inglês. Em 1902, ma- triculou-se na Commercial School, em Durban. Ganhou o prêmio Rainha Vitória, concedido ao seu ensaio de inglês. No último ano na Durban High School (1904), Pessoa pres- tou o exame Intermediate Examination, que daria direito a uma bolsa de estudos na Inglaterra, mas foi vencido pelo seu amigo Clifford Geerdts (ALFA 15, 1969, p. 106). Há controvérsias refe- rentes a essa premiação sob o pretexto de um certo tipo de favore- cimento ao aluno inglês, pois consta que Pessoa recebeu um total de 1098 pontos contra 930 de Clifford. A justificativa oficial da instituição da não escolha de Pessoa é que “não fizera jus à bolsa de estudos por não residir em Durban durante o espaço de tempo estipulado no regulamento” (idem, p. 105) Isto é possível, pois

FAAT

  • Resuma a história de Faerie Queene (A Rainha das Fadas) e apresente a substância da afirmação de Spenser quanto a sua natureza e objetivo. Por que Spenser foi chamado de poeta dos poetas? E ainda (idem, p. 173):
  • Compare resumidamente Paradise Lost (Paraíso Perdido) de Milton com o Pilgrim´s Progress (O Progresso do Peregrino) de Bunyan. Por que Bunyan foi chamado “o Spenser do povo”? Para esse exame, o período da literatura inglesa a ser estu- dado abrangia os anos de 1579 a 1700, época em que a importante obra The Shepheards Calendar de Spenser foi publicada e que con- tribuiu para o movimento de uma nova poesia inglesa. Essas duas questões refletem o nível do conhecimento exi- gido de Pessoa e demais alunos sobre autores como Spenser, Mil- ton e outros e a importância deles nos meios acadêmicos ingleses. Vale dizer que essas obras eram de leitura obrigatória, de difícil compreensão, em inglês arcaico e muito longas. Só o Faerie Que- ene consta de 450 versos. A Influência da Língua e da Cultura Inglesas A vida de Pessoa, na África do Sul, representa um conta- to com duas culturas completamente diferentes: a portuguesa e a inglesa. Em casa, era português; na escola, inglês. A família por- tuguesa cultivava as tradições, costumes, alimentação, religião ca- tólica, língua, enfim, um mundo lusitano em terra estranha. Na escola, a partir dos sete anos, teve que adaptar-se ao universo in- glês na sua tradição, cultura, religião (maioria protestante), enfim, à visão de mundo inglesa, país que, na época, era aquele sobre o qual o “sol nunca se punha”, portanto, dominador geográfica e eco- nomicamente de grande parte do mundo através de suas colônias. Convém observar também que, no final do século XIX e início do XX, Portugal vivia um período conflituoso e decaden-

Revista técnico - científica das faculdades atibaia te, pois havia saído da monarquia, passado pelo autoritarismo do Estado Novo e alcançado a liberdade e, por vezes , a libertinagem. Miguel Torga confirma essa asserção ao afirmar que “diante de uma pátria cuja insignificância geográfica, política, econômi- ca e até cultural incomodava e diminuía”, tenta transformar seu “complexo de inferioridade em paixão e superioridade”. E ainda em um de seus poemas declara que ama sua pátria com “resigna- ção de pássaro que nasce em ruim ninho”, ou então, por devota- mento intelectual ao “mirrado, ao nada onde é permitido sonhar tudo” (BROWN, 2012, p. 82), reconhecendo a pequenez de sua terra. Uma observação importante que, eventualmente, teria se incorporado ao adolescente Fernando seria esse sentimento de inferioridade dos portugueses em relação aos ingleses, com seu exacerbado orgulho não só por seus grandes autores, mas tam- bém por sua posição político-econômica no mundo. Assim, se por um lado Pessoa aprendeu a admirar a qua- lidade dos grandes autores ingleses, sua cultura e tradição, por outro vivia numa época histórica em que seu país enfrentava uma crise de identidade, representada por um profundo complexo de inferioridade. Segundo Catarina Feldman (1972, p. 136), Nesse idioma (o inglês ) (grifo nosso) Pessoa havia sido introdu- zido à vida intelectual superior e nele elaborava suas ideias, pois dominava seu traquejo; sua riqueza léxica e flexibilidade sintática lhe tinham sido demonstradas através de leituras as mais varia- das. Naturalmente, essa língua deve ter-se-lhe afigurado, a prin- cípio como a mais propícia a tentativas poéticas. Além disso, a dualidade entre o pensamento e sentimento inglês e português é também enfatizada por Simões (p. 71) a pro- pósito da vida de Pessoa na África do sul:

Revista técnico - científica das faculdades atibaia tação moderna sem perda de originalidade e imposição de indi- vidualidade aos sonetos. Passados tempos realizou-os (PESSOA, Fernando, Poemas Ingleses, p. 34). Se não foram bem recebidos pelos críticos ingleses, para os leitores brasileiros e portugueses os sonetos pessoanos refletem a genialidade embrionária da temática de seu autor, além de de- monstrarem suas evidentes habilidades no idioma inglês. Epithalamium – Poema Dramático A propósito do poema Epithalamium (e a outro intitulado Antinous, sobre um relacionamento homossexual na Grécia an- tiga e que não será abordado neste trabalho), o próprio Pessoa declarou em carta a Gaspar Simões de 18 de novembro de 1930: Uma explicação. Antinous e Epithalamium são os únicos poemas (ou até composições) que eu tenho escrito que são nitidamente o que pode chamar de obscenos... Como esses sentimentos (de obscenidade) são um certo estorvo para alguns processos men- tais superiores, decidi, por duas vezes, eliminá-los pelo processo simples de os exprimir intensamente... Não sei porque escrevi qualquer dos poemas em inglês. Epithalamium é um gênero literário originalmente cantado em celebração à cerimônia do casamento na Grécia antiga. Seus elementos principais são:

  1. A Invocação das musas;
  2. A volta da noiva e do cortejo para a casa;
  3. Os cantos e as danças na festa de casamento;
  4. As preparações para a noite de núpcias; O escritor inglês Edmundo Spenser escreveu seu Epitha- lamium em 1515, auge do período elisabetano. Ao analisar os dois poemas chega-se à conclusão de que Pessoa o parodia, pois, ironicamente, critica a postura tradicional que se adequa à moral

FAAT puritana da época. Pessoa inicia o seu Epithalamiun onde ter- mina o de Spenser, i.e., com a noite do defloramento, já imbuído no pensamento erótico da noiva desde o despertar do dia. O jogo dialético de Spenser é prevalência do exterior sobre o interior, evitando os elementos eróticos, contrariamente ao de Pessoa, e é justamente nesse ponto que percebemos o sarcasmo do nosso poeta. Algumas Opiniões Favoráveis ou Desfavoráveis de Pessoa so- bre Autores Ingleses Segundo o próprio Pessoa, os livros que mais o influencia- ram na vida foram: na infância e primeira adolescência “um livro supremo e envolvente”, os Pickwick Papers de Dickens, na segunda adolescência, Shakespeare e Milton, além dos poetas românticos e talvez Shelley (PESSOA, 1946, p. 298); na terceira adolescência, os filósofos gregos e alemães e os decadentes franceses. Quanto aos demais, disse ele ironicamente, “todos eles têm uma suprema importância que passa no dia seguinte” (idem, p. 298). O conhecimento profundo da literatura inglesa permitiu a Pessoa expressar suas opiniões reiteradamente quanto a alguns autores que ele admirava ou não e sempre justificando seu posi- cionamento através da análise das obras. Algumas dessas opiniões encontram-se em seu livro Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, em Inglês com tradução de Jorge Rosa (Ática, Lisboa, s/d) Quando discorre sobre o tema “Fama Morta e Fama Viva” (idem, p.237), afirma o seguinte: Há uma fama morta e uma viva e cada qual é fama, há uma fama que trabalha e pesquisa e uma fama que é como uma está- tua, ou um epitáfio, uma sobrevivência sem vida. Shakespeare vive a labuta, Spenser é um nome sem força. Ninguém (talvez nem mesmo Spenser) jamais leu Faerie Queene com total pro- fundeza.

FAAT Toda a ciência métrica de Milton, e era muito grande, não pode fazer mais por Paraíso Perdido do que ser um poema enfadonho. É enfadonho e não devemos mentir para nossas almas negando isso. Pessoa julga o gênero épico falido, pois foi apenas um “pre- cursor da novela”. Com a chegada desta podemos omitir o épico num poema, assegura ele (p.208.). Manifesta-se também contra o tipo de verso branco (com métrica e sem rima), pois este “é o verso ideal para um poema épico que não dá para escrever” e tampouco para ler, pois falta ação material ou mental (p. 214). Para ele um poema amarrado à forma ou verso branco deve ser no mínimo curto para que possa ser mantido o interesse do leitor (idem, p. 214). Considerações Finais O presente estudo da vida de Fernando Pessoa e de sua for- mação acadêmica na África do Sul demonstra a origem e impor- tância do idioma inglês na vida e obra do autor, no qual expressou pensamentos e ideias. Alguns deles se transformaram em uma multiplicidade de persona, ou heterônimos, e outros que perma- neceram restritos ao idioma inglês. Dedicou, também, grande parte de sua vida estudando e analisando praticamente todos os grandes autores ingleses, o que o autorizou a manifestar opiniões favoráveis e críticas contra mui- tos deles. Isso formou a base de sua visão cultural e habilidade crítica que, aliada, à sua genialidade, gerou uma obra em inglês consistente e respeitada tanto filosófica quanto poeticamente. Outra característica digna de nota é que poucos autores ingleses se aventuraram em reconstruir poemas com o inglês shakespeariano como o fez Pessoa, demonstrando que tinha con- dições técnicas, conhecimento cultural, literário, linguístico e inspiração poética. Ato de coragem e ousadia que confirma seu grande valor e profundo conhecimento não só da língua como da

Revista técnico - científica das faculdades atibaia literatura inglesa. Seu mérito, no entanto, não reside nesses fatos apenas. Toda a sua obra em inglês revela os conflitos dos poetas modernos e, talvez, um dia seja reconhecida pelos herdeiros de Shakespeare desde que tenham condições de compreender e acei- tar sua complexidade e modernismo. Bibliografia ABRAMS, M.H. et all The Norton Anthology of English Literature, revised : New York: W.W. Norton & Company, 1968. AZEVEDO, Mail Marques, The Parody and Metafiction in Jona- than Coe´s Winshaw Legacy. Estudos Anglo-Americanos ABRAPUI, São José do Rio Preto, SP, 2007-2009. BURGUESS, Anthony , A Literatura Inglesa , 2ª Edição, São Paulo: Editora Ática, 2004. BROOKS, C. and WARREN, R.P. Understanding Poetry , 3 rd^ Ed. USA: Holt, Rinehart and Winston, Inc. 1960. BROWN, Sonia Maria Ruiz, A mulher declamada na poesia portu- guesa, 2012 (mimeo). DRABBLE, Margaret, The Oxford Companion to English Literatu- re: 6th^ Edition, Great Britain: Oxford University Press, 2000. FELDMAN, Catarina T. A Metáfora na Poesia Inglesa de Fernan- do Pessoa: São Paulo, 1972 (mimeo). KAYSER, Wolfgang. Análise e Interpretação da Obra Literária: (Introdução à Ciência de Literatura). 5ª edição. Coimbra: Armênio Amado Editor, 1970. MOISÉS, Massaud. Guia Prático de Análise Literária: São Paulo: Cultrix, s/d. ______. Dicionário de Termos Literários: São Paulo: Cultrix, 1974. MONEGAL, Emir R. ET all. Sobre a Paródia: Rio de Janeiro: Edi- tora Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 1980.