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Um estudo sobre a interação entre as artes visuais e a natureza, baseado em referências teórico-metodológicas de artistas como vick muniz, joseph beuys, burle marx e frans krajcberg. O texto discute a importância de levar as expressões artísticas para o espaço público, sensibilizar estudantes para a natureza e o meio ambiente, e desenvolver sensibilidade e crítica. O método pesquisa-ação é utilizado para realizar oficinas com adolescentes, abordando temas como o paisagismo, reciclagem e a utilização de lixo em artes, e a criação de ambientes agradáveis em espaços públicos.
Tipologia: Exercícios
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Não perca as partes importantes!
¹Professora de Artes Visuais da Rede Estadual de Educação do Paraná no Colégio Estadual Arthur de Azevedo, em São João do Ivaí – PR, sob orientação do Professor do departamento de artes visuais Juliano Siqueira - UEL
Edinéia Simões Rosa – Professora PDE – 2013¹
RESUMO: Este artigo é o resultado de um trabalho pesquisa-ação, desenvolvido através de oficinas, sobre Arte e Natureza, no contra-turno, com um grupo de alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental. Esta proposta surgiu da necessidade de aprimorar a dimensão estética e artística dos estudantes para que pudessem perceber e sentir a realidade com um novo olhar e estar mais em contato com a natureza, numa atitude de respeito e compromisso com o bem comum. Essas propostas foram embasadas em referências teórico-metodológicas dos artistas plásticos: Vick Muniz e Joseph Beuys, Burle Marx, Frans Krajcberg, que por meio das suas criações artísticas demonstraram questões relevantes da sociedade. Em muitas de suas obras nota-se um pedido de socorro, uma denuncia aos desmandos da ganância humana. Esta abordagem além de ampliar a visão de homem e de mundo ainda suscita ao debate e à reflexão temas importantes e a busca de soluções. Portanto, vários temas foram abordados devido a necessidade de conscientizar e sensibilizar os adolescentes a respeito dos problemas presentes na sociedade e que prejudicam a vida das pessoas. E também para desenvolver a percepção no que se referente aos cuidados com o meio ambiente, a preservação da natureza, o compromisso com a comunidade. E a arte tem o poder de mobilizar, interagir e transformar. Cabe a educação inovar a prática pedagógica, indo além dos muros da escola, de modo a interagir com a comunidade, através das artes visuais para a melhoria da qualidade de vida.
Palavras-chave : artes visuais, natureza, transformação, educação.
pensamento. Eu me sinto bem assim’’. (Ventrella e Bortolazza. 2007, p. 45). O artista utiliza diversos elementos da natureza, como troncos queimados, retorcidos, cortados, para fazer suas esculturas. E o contraste da natureza viva. Estas esculturas são instrumentos de denúncias, de indignação. A arte a serviço da vida.
E numa outra expressão quase desesperadora: ‘’como fazer gritar uma escultura como se fosse a minha própria voz’’.
Burle Marx, além de suas diversas atividades, se destacou como paisagista de reconhecimento mundial. Estudioso e apaixonado pelas plantas, criou ambientes agradáveis e belíssimos ao olhar humano, aproximando-o da natureza. Dedicou-se ao paisagismo dos ambientes públicos, transformando esses espaços para que as pessoas pudessem se relacionar com a mãe terra, com o verde, sentindo o calor, o aroma desses elementos, dos quais fazemos parte.
Esta rica experiência nos impulsiona, nos convoca a criar e construir em cada pedaço de chão, da escola, do lar, das praças públicas, um pedaço do paraíso. Dentro desta visão que os educandos, de maneira participativa, vão ser provocados a criar e construir seu espaço no pátio do Colégio e/ou numa das praças da cidade, procurando interagir, dialogar com a comunidade, como nos é demonstrada nas experiências de intervenção do projeto de Silva (2005), Arqueologia da Memória, com o envolvimento das comunidades.
Siron Franco (2006), também utiliza elementos da natureza em suas obras, envolvendo questões sociais. Um de seus trabalhos aborda o trágico acontecimento do césio 137, criado a partir de cenas deste acidente que ocorreu no ano de 1987 em Goiânia.
Como afirma Ferreira Gullar (1999), referindo-se ao artista: ‘’a ligação com a vida é um traço da própria personalidade de Siron, sempre presente, sempre atuante, buscando interferir no processo social e político’’. As atividades realizadas na Escola deveriam ultrapassar o ambiente escolar para outros locais, envolvendo a comunidade num processo dialógico, transformando a arte em expressão e desejo do povo. Uma ponte que liga o mundo real em simbólico e reafirma o compromisso com as mudanças sociais. Neste sentido a metodologia de Paulo Freire (1987) pode
ser dialogada com a comunidade. E ainda desenvolvendo a consciência crítica do adolescente, construindo uma educação libertadora.
As obras voltadas para o espaço público são construídas de simbolismos que nem sempre nascem da vontade popular. São apenas afirmações de ideologias.
A questão do encontro com as obras de arte é muito importante e deve ser trabalhada com crianças e adolescentes. As referências citadas norteiam as atividades artísticas dos educandos nas intervenções de reconstrução dos ambientes públicos.
Para o desenvolvimento dessas propostas, os trabalhos teórico- metodológicos foram organizados em oficinas, com a participação dos estudantes e pessoas da comunidade. Uma experiência que mobilizou e encantou tanto os participantes quanto aos observadores. Esses experimentos acrescentaram novos conceitos e valores os conhecimentos do estudante, no ensino de arte. Um jeito diferenciado de ver e sentir o mundo ao seu redor e apropriar-se dos espaços públicos e urbanos e de se relacionar com as pessoas, numa atitude de valorizar o coletivo.
[...] criar significa poder compreender e integrar em novo nível de consciência [...] este fazer é acompanhado de um sentimento de responsabilidade, pois se trata de um processo de conscientização. (OSTROWER, 1990, p. 253) Algumas oficinas trabalharam o paisagismo e as obras efêmeras, como instalações, com a intenção de propiciar uma ampla visão ao vivenciar a arte seja como expressão artística ou como meio de indignação e denúncia às questões que envolvem a sociedade. Ou também como motivo de organização e transformação do ambiente, numa relação íntima entre a natureza e ser humano. E deste modo tornar os espaços públicos mais agradáveis. O estudante, ao trabalhar sua percepção e sensibilidade, concebe uma maneira de compreender o mundo que o cerca com inúmeras possibilidades de aprendizagem.
Um dos temas abordados sobre o meio ambiente envolveu a questão do lixo e utilização de material reciclado, em criações artísticas, com o objetivo de melhorar as condições de vida das pessoas que fazem parte desta realidade, como foi apresentado pelo vídeo: Lixo Extraordinário de Vick Muniz. E na prática diária as
dimensão desta realidade e nem se consegue analisar os impactos causados em nossas vidas.
Vivemos na era da “democratização visual” como afirma Möndiger. O desafio é a busca de um estudo, mediado pelo professor, pois o olhar do estudante é inquietante e inquiridor, capaz de desvendar o que há além das aparências. É um sentimento que transcende.
Os trabalhos e as experiências realizadas pelos estudantes demonstraram essa nova visão da arte. Olhares curiosos diante das obras artísticas e grande motivação para realizar as intervenções, além da sala de aula e dos muros da escola, numa interação com o público, com a comunidade.
[...] é preciso lembrar que saúde não é mera ausência de doenças, mas o indicador de qualidade de vida. Pessini (2009).
Ao trabalhar as artes visuais e refletir sobre a importância de relacioná-las a vida, a instituição de ensino tem inúmeras possibilidades de aprendizados ligados aos cuidados com a natureza, a vivência harmoniosa com a mãe terra e seus habitantes e o meio ambiente, em prol da saúde e qualidade de vida.
Vive-se mais intensamente quando se sabe valorizar a pessoa humana nas suas diversas dimensões e assim foge da banalidade, do consumismo e das atitudes agressivas, para assumir uma nova postura diante da realidade. No espaço escolar os estudantes têm a oportunidade de realizar ações e atitudes educativas, embasadas em valores como: respeito e solidariedade. Os resultados obtidos pelos trabalhos das oficinas mostraram isto.
Essas experiências são parte de um processo cultural e retrata a vida de um povo, e de uma comunidade. Para problematizar o conceito de arte, suas expressões e significados, deve ser analisada dentro de um contexto histórico cultural e social (Hernadez, 2000, p. 114).
E ainda considerando a importância da cultura, segundo Bourdieu (2003), a função da escola consiste em desenvolver ou criar as disposições para a cultura, de maneira duradoura e intensa. Pois nem todos que ingressam na escola tiveram as mesmas oportunidades.
Os valores como respeito, amor ao próximo, à natureza, ficam esquecidos. É urgente resgatá-los. Trabalho com as artes desenvolve a consciência crítica, através da observação e percepção do meio em que estão inseridos a criança, o adolescente ou o jovem. Através de ações educativas, pode-se criar uma nova mentalidade, mudança de hábitos, e construção de valores e atitudes em favor da vida, onde cada um assume sua responsabilidade e compromisso com o bem comum. As empresas precisam honrar seus compromissos com a sustentabilidade e dar o destino certo para as suas embalagens e seu lixo, além de conservar as fontes naturais. Percebe-se que as pessoas, de modo geral não estão preocupadas em cuidar, reciclar, economizar. Muitos ainda não têm uma consciência formada sobre os problemas que a sociedade enfrenta e quais as medidas a serem tomadas. O vídeo: Lixo Extraordinário, de Vick Muniz, ajudou os adolescentes, da escola em que atuo, a perder a timidez e a vergonha de serem catadores de papéis. Tiveram outra visão do uso de material reciclado. Um dos conceitos de arte reafirma que ela leva à reflexão e mudança de atitude e forma opinião. Diante deste quadro, cabe uma reflexão e um replanejamento de ações educativas para que através das artes visuais se busquem novas alternativas para uma aprendizagem significativa, que possa contribuir mais com os estudantes e com a comunidade.
Para a realização das oficinas relacionando a arte ao ambiente e à natureza, visando o desenvolvimento do senso crítico da sensibilidade e da percepção dos educandos, a proposta metodológica priorizou o diálogo, a reflexão e o envolvimento dos participantes no projeto. Para isso foi elaborado um planejamento de alguns passos como sugestão: Primeira ação realizada foi a participação na semana pedagógica para expor o desenvolvimento do projeto e divulgação do mesmo para toda a comunidade escolar. E participação de reuniões para organizar as ações a serem desenvolvidas. O projeto foi desenvolvido com os estudantes inscritos, num total de 20 alunos do Ensino Fundamental, no contra turno. Os assuntos trabalhados foram: Conceito de natureza e a arte.
A arte e seu simbolismo. – Obra de Picasso – Guernica. O paisagismo dos espaços públicos e a intervenção nesses ambientes para transformá-los, e serem instrumentos de denúncia e indignação, além de cumprir seu papel lúdico. A reciclagem e a utilização do lixo, analisando e refletindo sobre as contribuições do artista Vick Muniz, através do vídeo intitulado: Lixo Extraordinário. Conceito de arte pública e comunidades. A arte vista como possibilidade de mudanças sociais, transformando a realidade.
Visita ao local onde é triturado os galhos Releitura da obra de Vick Muniz – O Beijo recolhidos nas ruas da cidade. E para concluir as atividades, na feira noturna da cidade, construíram uma instalação com materiais reciclados. Cada equipe se responsabilizou por uma tarefa: separação do lixo, montagem de uma árvore com lixos pendurados nela, acolhimento aos visitantes e conscientização sobre reciclagem e destino do lixo.
5º Oficina, instalação na praça Na oficina que abordou a criação de um ambiente agradável no pátio da escola, em primeiro lugar foi apresentado aos participantes um vídeo sobre a vida e as criações de Burle Marx e seus jardins em espaços públicos em seguida, organizaram uma discussão sobre a importância das plantas e flores e como preparar um ambiente com elementos da natureza, como pedras, troncos de arvores, plantas e flores. Cada grupo se responsabilizou por uma atividade: escolha do espaço adequado, seleção de plantas ornamentais, construção de vasos com pneus usados para o plantio de flores e plantas. Concluído os trabalhos, os estudantes relataram suas impressões, tópicos da vida de Burle Marx e noções sobre plantas e flores.
7º e 8º Oficina – Como criar um ambiente para o lazer.
Arte efêmera Foram feitos alguns questionamentos sobre o que ainda faltava naquele ambiente. E a sugestão foi surpreendente, disseram que faltavam barcos no lago. E a partir desta idéia com o uso de jornais foram construídos diversos barquinhos, de todos os tamanhos e lançados na água. Foi uma verdadeira festa. As pessoas que passavam por ali, admirados diziam que tudo aquilo lembrava a infância. Essa experiência trás uma reflexão: nem sempre os espaços públicos são bem aproveitados. Falta planejamento e participação da comunidade. Segundo Silva (2005), conceitua sobre a arte relacionada aos espaços públicos:
Construção dos barquinhos
Instalações no fundo do Vale
O transeunte que usufrui da imagem de arte voltada para o espaço público é indefinido e heterogêneo pertencente a variadas camadas sociais e de formação cultural diversificada. Assim, um dos principais objetivos da arte pública é estabelecer o diálogo com a diversidade, fato desafiador para o artista que cria no ambiente urbano. O artista, por sua vez, além dos cuidados estéticos com o trabalho, deve estar atento às possibilidades de comunicação que sua obra possa estabelecer com a pluralidade dos olhares dos transeuntes urbanos. (SILVA, 2005. p.25) Diversos recursos e instrumentos metodológicos foram empregados na realização das oficinas, como: vídeos, música, elementos da natureza (troncos, pedras, plantas). Para valorizar o trabalho em equipe, organizaram-se discussões e debates. Pesquisas sobre os artistas e suas obras mencionadas. As oficinas buscaram desenvolver a consciência crítica e sensibilizar para as questões sociais, de respeito ao outro, à natureza e cuidado com o espaço na escola, na família e nos ambientes públicos. Vivemos rodeados de imagens que transmitem as mais variadas mensagens, ideias e comportamentos, é importante que os estudantes exercitem a compreensão sobre a realidade visual. E a escola tem esta responsabilidade de ajudar seus educandos a ler e interpretar textos visuais. Maria Helena Rossi (2003) valoriza a arte como possibilidade de refletir e aprender sobre a dimensão estética do ser humano, sendo essencial para a educação de um povo. A arte pública, segundo (Silva, 2005), tem sido tema de discussões a partir de 1960, aproximando as comunidades do fazer artístico. Em seu trabalho realizado na comunidade de São Sebastião, em Minas Gerais, denominado Arqueologia da Memória, relaciona-se história e arte e a participação da comunidade. Esta experiência mostra que é possível transformar a realidade, a vida de um povo (Silva, 2005). A arte pública conquistou novos espaços, novas manifestações, envolvendo diversas áreas do conhecimento e equipes multidisciplinares, como arquitetos, arqueólogos e historiadores.
BARBOSA, Ana Mae Tavares Bastos. A imagem no ensino das artes : anos 1980 e novos tempos. São Paulo: Perspectiva, 2012.
CÂNDIDO, Márcia Cristina de Lima. As Artes Visuais e o meio ambiente no Ensino Básico: da teoria à prática. Itapetininga, SP, 2011.
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SILVA, Fernando Pedro da. Arte Pública: diálogo com as comunidades. Belo Horizonte, MG: Editora C/ Arte, 2005.
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OSTROWER, Fayga. Acasos e Criação artística. Rio de Janeiro: Editora Campos,
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HERNANDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação : projetos de trabalho, Trad. Jussara Haubet Rodrigues. Porto Alegre: Artmed, 1998.