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Guias e Dicas
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Odontoestomatologia de roedores e lagomorfos, Exercícios de Anatomia

PAtologias e anatomia dentária de Roedores e LAgomorfos

Tipologia: Exercícios

2020
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Compartilhado em 27/04/2020

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BOLETIM TÉCNICO
ODONTOESTOMATOLOGIA EM
ROEDORES E LAGOMORFOS
Suelen Rodrigues Lelis
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BOLETIM TÉCNICO

ODONTOESTOMATOLOGIA EM

ROEDORES E LAGOMORFOS

Suelen Rodrigues Lelis

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE UNAÍ

Suelen Rodrigues Lelis (Graduando em Medicina Veterinária)

Prof. Maurício Gomes de Sousa

UNAÍ-MG

INTRODUÇÃO

Presentemente o mercado de domesticação de animais exóticos e silvestre vem aumentando progressivamente. Um dos mais procurados se encontra roedores e lagomorfos pelo seu porte pequeno e facilidade no alojamento desses animais que não necessita de grandes espaços.

Roedores e lagomorfos possuem particularidades anatômicas e fisiológicas que tornam o exame clínico, as doenças e os métodos de tratamentos odontológicos diferentes de outros animais domésticos (CUBAS et al. 2014).

As Ordens Rodentia e Lagomorpha contam com várias espécies distribuídas (Presgrave, 2002). Só na Ordem Rodentia possuem a distribuicao com mais de 1.700 espécies, como hamsters, ratos, porquinhos-da-índia, esquilos, cotias, capivaras, chinchilas e outras (CUBAS et al. 2014). Dentro da Ordem Lagomorpha existem os coelhos, lebres e o tapitis (CUBAS et al. 2014).

ANATOMIA DENTÁRIA DE ROEDORES E LAGOMORFOS

Segundo Cubas et al. (2014) os roedores e lagomorfos eram bastantes utilizados em 1950 como modelo de experimento em pesquisas, envolvendo até mesmo odontologia humana. O rato é a espécie mais utilizada devido à semelhança de seus molares comparados aos dos humanos.

Roedores e Lagomorfos apresentam semelhanças entre si ao que condiz a anatomia dentária, possuindo os dentes incisivos longos, curvos especializados e dentição heterodonte (CUBAS et al. 2014).

A diferença dessas Ordens, está na forma e a função dos dentes, sendo composta por dentes incisivos, pré-molares e molares. Não possuem os caninos, no qual se tem um grande espaço chamado de diastema que se localiza entre os incisivos e pré-molares (CUBAS et al. 2014).

Chinchilas e porquinhos-da-índia contém 20 dentes, sendo classificados como monofiodentes, isto é, não possuem dentes decíduos. A fórmula dentária dessas duas espécies

é 2× (1/1 I; 1/1 PM; 3/3 M). A fórmula dentária dos ratos, Camundongos e Hamsters é 2x (I 1/1, C 0/0, PM 0/0, M 3/3), possuindo os dentes caudais braquiodontes, ou seja, dentes com crescimento limitado e comprimento da coroa menor que o da raiz, semelhantes aos dentes dos primatas, e ainda anelodontes, sendo utilizados para experimentos na odontologia humana por haver semelhança com os dentes pré-molares e molares (GAMA, DIAS, et al. , [ 201-?]). Já roedores caviomorfos (Cobaias, chinchila, porquinho-da-índia) e os lagomorfos possuem todos os dentes elodontes incluindo pré-molares e molares com crescimento e erupção constante (CUBAS et al. 2014). Coelhos são diofiodontes, no qual podem ser trocados dentro do útero materno ou até dias após o nascimento, contendo 28 dentes permanentes. A fórmula dentária do coelho é: 2× (2/1 I; 3/2 PM; 3/3 M) segundo Cubas et. al (2014).

A característica principal dos roedores são os quatros dentes incisivos um em cada hemi- arco dentário. Apresentam dois incisivos superiores, já os lagomorfos possuem quatro incisivos superiores. Diferenciam-se também a oclusão dos dentes anteriores comparada aos roedores (CUBAS et al. 2014).

Há uma dificuldade em avaliar a cavidade oral dos roedores e lagomorfos, sendo difícil a visualização dos dentes molariformes (Wiggs e Lobprise, 1997; Bohmer e Crossley, 2011; Lange e Schmidt, 2014). Os roedores e lagomorfos divide sua cavidade oral em câmera anterior e posterior, possuindo uma prega de mucosa localizada logo atrás dos incisivos (Lange e Schmidt, 2014). Na câmara anterior se localiza os dentes incisivos e na câmara posterior, os dentes molariformes (Wiggs e Lobprise, 1997; Diniz et al, 2006; Lange e Schmidt, 2014). Para avaliação dos dentes molariformes deve ser feita com auxílio de endoscópio ou de otoscópio que tem uma fonte de luz que dá clareza as imagens, ajudando na visualização e diagnósticos (Wiggs e Lobprise, 1997; Diniz et al , 2006; Lange e Schmidt, 2014). Para o manuseio do otoscópio é trabalhoso requer habilidade e treinamento para ser utilizado e avaliar de forma apurada a cavidade oral (CUBAS et al. 2014).

Conforme demonstrado no estudo de Lobo (2018) afirma que “Os dentes dos coelhos têm uma forma cilíndrica e o esmalte dentário e a dentina estão em constante formação a partir do tecido germinativo localizado no ápex do dente”. A porção do dente supra como a subgengival estão cobertas de esmalte, não conseguindo distinguir a raiz, colo e coroa do dente segundo Harcourt-Brown (2007b). Os dentes incisivos desses animais possuem uma única cavidade pulpar. No entanto molariformes possuem uma câmara pulpar no ápex do dente e uma lâmina de esmalte no centro do mesmo, fazendo com que a cavidade pulpar haja uma divisão em dois (LOBO, 2018).

Há diversos relatos de problemas dentários relatados por vários autores, o exame clinico, o diagnóstico e o tratamento difere-se das demais espécies realizados em outros animais domésticos.

É necessário observar a face e palpar o crânio e a mandíbula, buscando deformidades, assimetrias, volume e outras alterações relacionadas a cavidade oral. Existe dificuldade na avaliação da cavidade oral por possuir uma abertura pequena da cavidade oral desses animais (CUBAS et al. 2014). Para tal, utiliza-se espéculos vaginais e otoscópios ou materiais importados específicos para odontologia de roedores, para melhor visualização. Lanternas e lupas de cabeça também servem de auxílio, mas um minucioso exame da cavidade oral só pode ser realizado com o animal quimicamente contido (CUBAS et al. 2014).

Existe o afastador de bochecha específico que facilita a inspeção oral, usado quando o paciente é posicionado em uma mesa odontológica adaptada para estas espécies (Figura 1). Outra dificuldade no exame clinico é a quantidade de luz que entra na cavidade oral. Pequenos leds que adaptados a pequenas hastes facilitam a iluminação, podendo ser acoplados a um motor e peça de mão para iluminação durante o desgaste do dentário (figura 2) (CUBAS et al. 2014).

Figura 1 - Chinchila posicionada em mesa odontológica, própria para atendimento de roedores, e com afastador de gengiva que torna possível o exame clínico. O paciente está anestesiado com isoflurano com auxílio de uma pequena máscara adaptada ao focinho.

Fonte: Cubas et al. (2014)

Figura 2- Luz de led utilizada para auxiliar no exame clínico, podendo ser acoplada ao motor de desgaste (disponível em sites especializados).

Sinais clínicos

Os principais sinais clínicos relacionados com problemas orais em roedores e lagomorfos segundo Cubas et al. (2014) são: perca de peso, diminuição ou dificuldade para comer, anorexia, seletividade alimentar, salivação, diminuição na quantidade e volume de fezes, corrimento nasal e ocular, distúrbios digestivos, presença de alimento não digerido nas fezes, ranger de dentes, aumento de volume facial, corrimento nasal e ocular, exoftalmia, hábitos nocivos como automutilação, dentre outras alterações de comportamento (CUBAS et al. 2014).

Não existe sinal patognomônico indicativo de afecção oral, sendo que vários sinais encontrados podem estar relacionados com alterações gerais (CUBAS et al. 2014).

Como a visualização completa da cavidade oral é limitada sem que haja a sedação do paciente, recomendasse o exame radiográfico como auxiliar no diagnóstico diferencial (CUBAS et al. 2014).

Fonte: Cubas et al. (2014)

Atualmente, as radiografias digitais, possibilita mais projeções em curto espaço de tempo, além de haver a possibilidade melhorar ainda mais a qualidade da imagem, como, brilho e contraste tendo auxílio de um computador (CUBAS et al. 2014).

PRINCIPAIS AFECÇÕES ORAIS

Diversas alterações orais e sistêmicas podem afetar a cavidade oral. Alterações no desenvolvimento como fenda palatina, agenesia dentária, prognatismo e retrognatismo foram relatados, mas são raros. Considera-se que fatores genéticos podem favorecer o aparecimento de enfermidade orais, entretanto distúrbios adquiridos são os mais frequentes na rotina clínica (CUBAS et al. 2014).

Hipercrescimento dentário e má oclusão

O crescimento dos dentes nos roedores e lagomorfos pode estar relacionado a diversos fatores que alteram a morfologia desses dentes. Como doenças metabólicas, teratogênese, deficiências vitamínicas e metabólicas, traumatismos, processos inflamatórios e infecciosos. Estes distúrbios patogênicos afetam a histodiferenciação, crescimento, maturação, secreção da matriz orgânica e mineralização dentária, podendo provocar afecções dentárias em animais de qualquer idade (CUBAS et al. 2014).

Os mecanismos fisiológicos de abrasão dos dentes estão ligados ao hábito alimentar, podendo ser prejudicado por dietas inadequadas, que é a causa mais comum de afecções dentárias. Falhas no desgaste dentário possibilitam o alongamento intraoral da coroa clínica, provocando dificuldade ao se alimentar e aumento da pressão oclusal. Isso pode causar processo inflamatório ou displasia do tecido germinativo, que leva a alteração na conformação anatômica da coroa de reserva na sua porção “apical”, alteração no eixo de erupção dos dentes, diminuição da velocidade de erupção dentária e até morte do dente. A estrutura do ligamento periodontal também é ocasionada, que se torna mais curto e denso (CUBAS et al. 2014).

O hipercrescimento e uma das alterações frequentes que alteram a oclusão, prejudicam apreensão de alimentos e alteração nos movimentos mastigatórios e formam pontas dentárias que lesam tecidos moles e geram dor crônica (CUBAS et al. 2014).

O crescimento exacerbado dos incisivos geralmente é resultante do hipercrescimento dos dentes posteriores (figura 3). É comum encontrar leigos e até profissionais que simplesmente cortem os incisivos sem se preocupar com a causa nem com as consequências de tal ação. Por tal, é importante a conscientização dos proprietários, pois a maioria deles tende a achar que o problema está relacionado apenas com os incisivos (CUBAS et al. 2014).

Figura 3- A. Porquinhodaíndia com incisivos alongados e desalinhados. B. Na cavidade oral é possível visualizar alongamento da coroa clínica dos dentes inferiores, que chegam a se tocar, o que dificulta a alimentação.

Fonte: Cubas et al. (2014)

O hipercrescimento dos incisivos pode levar a má oclusão. As más oclusões de incisivos podem ser primárias ou secundárias. Em coelhos é comum a má oclusão primária (Figura 4 A ), já em chinchilas e porquinhos-da-índia a mais vista é a secundária, decorrente de alongamento dos dentes posteriores. A forma primária geralmente afeta animais jovens e é decorrente de alterações esqueléticas como prognatismo ou retrusão maxilar. Nestas condições, os dentes posteriores encontram-se perfeitos do ponto de vista morfofisiológico. Qualquer alteração na anatomia esquelética que gere discrepância entre o tamanho da mandíbula e da maxila impede a oclusão normal dos dentes incisivos (CUBAS et al. 2014). Quando não se tem oclusão normal vai impedir o desgaste dentário gerando hipercrescimento e má oclusão dos incisivos. Como os

Doença periodontal

Em comparação com cães e gatos, a doença periodontal é pouco frequente em roedores e lagomorfos. A razão explicável para a baixa ocorrência de doença periodontal nestes animais é a morfofisiologia periodontal, que está em constante crescimento, promovendo a renovação dos mesmos (CUBAS et al. 2014).

Cárie reabsorção dentaria

Há ocorrência de cárie e reabsorção dentária em roedores e lagomorfos. Lesões de pequeno tamanho são de difícil diagnóstico, porém lesões maiores podem ser detectadas radiograficamente. A causa de caries em chinchilas pode ocorrer pela presença de açúcar na dieta e a pouca abrasividade dos alimentos (CUBAS et al. 2014).

Hiperplasia gengival

E o aumento de volume gengival resultante de proliferação celular lenta e exacerbada, e é clinicamente caracterizada por tecido firme que se distingue de edema. A hiperplasia gengival pode ser resultante do uso de medicamentos, de inflamação crônica, de doença periodontal e de má oclusão (CUBAS et al. 2014).

Abscessos maxilares e mandibulares

Abscessos faciais são comuns em roedores e lagomorfos, podendo estar associados a enfermidades dentárias ou feridas de pele. É comum o acúmulo de corpo estranho (fibras da dieta) no espaço periodontal, causando gengivite e periodontite que progride apicalmente (CUBAS et al. 2014).

MATERIAIS UTILIZADOS NA ODONTOLOGIA DE ROEDORES E

LAGOMORFOS

Figura 3- Instrumentos utilizados no exame intraoral e no tratamento dentário cirúrgico.

Fonte : Lobo (2018)

Legenda:

1- Abre-bocas; 2 e 3 – Afastador de bochechas; 4 - Peça de mão do microrrotor; 5 - Broca de diamante cilíndrica; 6 - Disco diamantado de corte; 7 – Espátula curva; 8 - Depressor lingual de madeira; 9 – Luxador de Crossley para incisivos; 10 – Luxador de Crossley para molariformes; 11 - Espátula dentária reta.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ocorrência de afecções em roedores e lagomorfos são frequentemente relatadas na rotina clínica veterinária de animais exóticos de estimação, já que estes animais apresentam diferenciação anatômica dos demais animais domésticos. Pela dificuldade de realização de

DINIZ, R; DUARTE, A.L.A.; OLIVEIRA, C.A.S. et al. Animais em aulas práticas: podemos substituí-los com a mesma qualidade de ensino, Revista Brasileira de Educação Médica. v.30, n.2, p.31–41, 2006.

LENNOX, A.M., Diagnosis and treatment of dental disease in pet rabbits. Journal of Exotic Pet Medicine , v.17, n.2, p.107– 113, 2008.

MÜLLER, J.; CLAUSS, M.; CODRON, D. et al. Tooth lenght and incisal wear and growth in guinea pigs ( Cavia porcellus) fed diets of differente abrasiveness. Journal of Animal Physiology and Animal Nutrition , v.99, n.3, p.591-604, 2015.