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Guias e Dicas
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ocumprimento próximo do “dia do senhor” na profecia de joel, Notas de estudo de Economia

“DIA DO SENHOR” NA PROFECIA DE JOEL. Heber Carlos de Campos*. RESUMO ... Dia do Senhor; Juízo; Economia de Israel; Sacerdócio; Livro de Joel. INTRODUÇÃO.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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FIDES REFORMATA XII, Nº 1 (2007): 101-126
101
O CUMPRIMENTO PRÓXIMO DO
“DIA DO SENHORNA PROFECIA DE JOEL
Heber Carlos de Campos*
RESUMO
O articulista trata do cumprimento do dia do Senhor que se daria num
tempo próximo ao do profeta Joel como sendo uma espécie de prenúncio do
mesmo Dia do Senhor que tem um cumprimento mais remoto, nos tempos
escatológicos. O artigo aponta para duas épocas distintas de cumprimento de
um mesmo assunto – o Dia do Senhor –, embora a ênfase deste artigo seja
apenas na primeira delas. Nessa época Deus traz julgamento à economia da
terra e ao sacerdócio, apontando para a fome de alimento físico e para a fome
de alimento espiritual. Em ambos os casos, eles são um prenúncio muito cla-
ro do que ainda vai acontecer na história do mundo, quando o tempo do fim
estiver no seu final, antes que venha física e pessoalmente o Senhor Jesus. No
entanto, é admirável que duas épocas tão distintas, a do contexto imediato de
Israel e a do contexto do final dos tempos, estejam tão intimamente relaciona-
das! Como podem essas duas épocas ter tanta coisa em comum? Certamente
porque o juízo iminente de Deus sobre Israel é típico do juízo de Deus sobre
todas as nações no dia do Senhor, que é o último dia. O que aconteceu a Israel
no passado, de que Joel deve ter sido testemunha em visão ou sonho, é apenas
uma amostra do que acontecerá em medida muito maior a toda a terra. A de-
vastação causada pelos gafanhotos é apenas o tipo de uma devastação maior
que virá sobre o mundo antes que chegue o grande dia do Senhor. Todavia,
antes da devastação chegar efetivamente, o articulista mostra que o Senhor
* O autor é ministro presbiteriano e professor de teologia sistemática no Centro Presbiteriano
de Pós-Graduação Andrew Jumper. Obteve o grau de doutorado (Th.D.) em teologia sistemática no
Concordia Theological Seminary (St. Louis, Missouri). É membro da Academia Paulista Evangélica de
Letras.
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Baixe ocumprimento próximo do “dia do senhor” na profecia de joel e outras Notas de estudo em PDF para Economia, somente na Docsity!

FIDES REFORMATA XII, Nº 1 (2007): 101-

O CUMPRIMENTO PRÓXIMO DO

“DIA DO SENHOR” NA PROFECIA DE JOEL

Heber Carlos de Campos *

RESUMO

O articulista trata do cumprimento do dia do Senhor que se daria num tempo próximo ao do profeta Joel como sendo uma espécie de prenúncio do mesmo Dia do Senhor que tem um cumprimento mais remoto, nos tempos escatológicos. O artigo aponta para duas épocas distintas de cumprimento de um mesmo assunto – o Dia do Senhor –, embora a ênfase deste artigo seja apenas na primeira delas. Nessa época Deus traz julgamento à economia da terra e ao sacerdócio, apontando para a fome de alimento físico e para a fome de alimento espiritual. Em ambos os casos, eles são um prenúncio muito cla- ro do que ainda vai acontecer na história do mundo, quando o tempo do fim estiver no seu final, antes que venha física e pessoalmente o Senhor Jesus. No entanto, é admirável que duas épocas tão distintas, a do contexto imediato de Israel e a do contexto do final dos tempos, estejam tão intimamente relaciona- das! Como podem essas duas épocas ter tanta coisa em comum? Certamente porque o juízo iminente de Deus sobre Israel é típico do juízo de Deus sobre todas as nações no dia do Senhor, que é o último dia. O que aconteceu a Israel no passado, de que Joel deve ter sido testemunha em visão ou sonho, é apenas uma amostra do que acontecerá em medida muito maior a toda a terra. A de- vastação causada pelos gafanhotos é apenas o tipo de uma devastação maior que virá sobre o mundo antes que chegue o grande dia do Senhor. Todavia, antes da devastação chegar efetivamente, o articulista mostra que o Senhor

  • (^) O autor é ministro presbiteriano e professor de teologia sistemática no Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper. Obteve o grau de doutorado (Th.D.) em teologia sistemática no Concordia Theological Seminary (St. Louis, Missouri). É membro da Academia Paulista Evangélica de Letras.

HEBER CARLOS DE CAMPOS, O CUMPRIMENTO PRÓXIMO DO “DIA DO SENHOR” NA PROFECIA DE JOEL

chama o povo a atitudes que deveriam revelar arrependimento para com Deus e afastamento dos seus pecados. Neste artigo, a análise dos textos da profecia é feita numa tentativa de usar a ferramenta da teologia bíblica para produzir uma doutrina de forma sistemática.

PALAVRAS-CHAVE Dia do Senhor; Juízo; Economia de Israel; Sacerdócio; Livro de Joel.

INTRODUÇÃO A expressão “Dia do Senhor” tanto no Antigo como no Novo Testamento tem a conotação de um juízo escatológico e de uma salvação escatológica. Quando lemos essa expressão nos mais variados textos bíblicos,^1 logo nos vêm à mente coisas referentes ao tempo do fim. Todavia, quando lemos principal- mente os textos do Antigo Testamento onde aparece a referida expressão, não podemos deixar de ver neles a conotação daquilo que alguns teólogos chamam de perspectiva profética,^2 ou seja, o fato de algumas profecias bíblicas terem dois tipos de cumprimento: um próximo e outro remoto. Portanto, esse juízo (e também a salvação) vem de Deus primeiramente de modo parcial (que é o cumprimento próximo) sobre a nação israelita e, posteriormente, de modo total (que é o cumprimento remoto), sobre a totalidade das nações, no tempo do fim. Neste artigo, nos preocuparemos somente com o cumprimento próximo da profecia de Joel sobre o “Dia do Senhor”, o julgamento parcial de Deus que aponta para um futuro imediato da história do seu povo. O “Dia do Senhor” em Joel, assim como em outros profetas do Antigo Testamento e nos escritores do Novo Testamento, é um dia da visitação de Deus, quando Deus intervém com ira diretamente na história de um povo es- pecífico ou do mundo. Portanto, é salutar que ao lermos sobre esta expressão “Dia do Senhor” em muitos textos, tenhamos em mente que cada visitação do dia do Senhor no Antigo Testamento pode ser uma precursora do julgamento final desta presente era. Portanto, o dia do Senhor pode ser próximo e remoto, parcial e total. O profeta Joel é um dos profetas do Antigo Testamento que mais tratam do ‘Dia do Senhor’, e o objetivo deste artigo é analisar os vários conceitos emitidos por ele para expressar sua noção desse evento.

(^1) A expressão “Dia do Senhor” ocorre cerca de dezenove vezes no Antigo Testamento (Is 2.12; 13.6; Ez 13.5; 30.3; Jl 1.15; 2.1; 2.11; 2.31; 3.14; Am 5.18; 5.20) e quatro vezes no Novo Testamento (At 2.20; 2Ts 2.2; 2Pe 3.10). Ela também aparece em outras passagens, como Apocalipse 6.17 e 16.14. (^2) Cf. HOEKEMA, Anthony. The Bible and the future. Grand Rapids: Eerdmans, 1982, p. 9, 12, 148-149.

HEBER CARLOS DE CAMPOS, O CUMPRIMENTO PRÓXIMO DO “DIA DO SENHOR” NA PROFECIA DE JOEL

considerado como profecia o cumprimento remoto, não o próximo. Portanto, a noção de perspectiva profética teria de desaparecer do livro do profeta Joel. De qualquer forma, as referências feitas por Joel apontam para um período em que ele antecipou as invasões da terra feitas pelo exército assírio e pelos babilônios (duas vezes). Joel trata da desgraça que estava para vir ao povo no tempo em que ele chama várias vezes de “Dia do Senhor”. O livro do profeta Joel tem somente três capítulos e eles tratam basica- mente das profecias mandadas pelo Senhor que apontam para as conseqüências terríveis que vêm ao povo no Dia do Senhor. Essas profecias têm um sabor fortemente escatológico. Os profetas do Antigo Testamento freqüentemente tinham a noção da ira de Deus quando da violação do pacto. Divinamente inspirados por Deus, eles descrevem não somente as bênçãos do pacto vindas sobre os fiéis, mas também as maldições vindas sobre aqueles que estavam debaixo do pacto e eram desobedientes. É admirável que duas épocas tão distintas, a do contexto imediato de Israel e a do contexto do final dos tempos, estejam tão intimamente relacionadas! Como podem essas duas épocas ter tanta coisa em comum? Certamente porque o juízo de Deus sobre Israel é típico do juízo de Deus sobre todas as nações no Dia do Senhor, que é o último dia. O que aconteceu a Israel no passado, de que Joel deve ter sido testemunha em visão ou sonho, é apenas uma amostra do que acontecerá em medida muito maior a toda a terra. A devastação causada pelos gafanhotos é apenas o tipo de uma devastação maior que virá sobre o mundo antes que chegue o grande dia do Senhor.

3. OS DESTINATÁRIOS DA PROFECIA DE JOEL 3.1 Deus anuncia os destinatários de sua advertência de juízo Há pelo menos três tipos de destinatários nesta profecia de Joel: os velhos, todos os habitantes da terra e os beberrões.

3.1.1 Os velhos da terra

Jl 1.2 - “Ouvi isto, vós, velhos...”

Primeiramente o profeta se dirige aos mais experientes, os velhos. Cal- vino diz que

a experiência ensina muito; e os velhos, quando vêem qualquer coisa nova ou incomum, devem saber que não está de acordo com o curso ordinário das coi- sas. Aquele que passou dos cinqüenta ou dos sessenta, e vê alguma coisa nova acontecendo da qual não se tinha pensado antes, sem dúvida reconhece como uma obra incomum de Deus.^6

(^6) CALVIN, John. Calvin´s commentaries. Vol. XIV - Joel, Amos, Obadiah, Jonah, Micah, Nahum. Grand Rapids: Baker, 2003, p. 21.

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O que estava para acontecer em termos de desgraça era incomum. Na história de Israel nunca tinha havido sobre a nação o que estava por vir sobre ela. E os velhos deveriam saber disso. Por isso, Joel se dirige a eles.

3.1.2 Os habitantes da terra

Jl 1.2 “... escutai, todos os habitantes da terra...”

Se somente os velhos da terra soubessem do juízo de Deus que estava por vir, os outros habitantes da terra poderiam usar a desculpa da ignorância. Todavia, Deus não deixou que ninguém se eximisse de culpa na vinda do Dia do Senhor. Todos os habitantes da terra teriam de ouvir a advertência divina. Antes do juízo, Deus sempre manda pregadores para chamar o povo à atenção para o que está por acontecer.

3.1.3 Os ébrios da terra

Jl 1.5 - “Ébrios, despertai-vos, e chorai; uivai todos os que bebeis vinho, por causa do mosto, porque está ele tirado da vossa boca.”

Joel estava se dirigindo a um povo descuidado que não percebia a ruína imi- nente da nação. Eles viviam comendo e bebendo como se nunca fosse acontecer nada na vida deles. As pessoas sob o efeito da bebida dificilmente percebem o que realmente está acontecendo ao redor. Calvino disse que “os reais beberrões, que tinham tido sufocados todos os seus sentidos, e tinham se tornado assim estranhos em suas mentes, não percebiam o julgamento de Deus”.^7 Portanto, Joel os adverte do juízo de Deus instando-os a despertarem de sua bebedeira e a adquirirem sobriedade na vida. Joel usa três palavras importantes - despertai, chorai e uivai - porque “não há nada mais difícil do que fazê-los sentir tristeza; porque o vinho inibia tanto os sentidos deles que eles continuam a rir nas grandes calamidades”.^8 Eles não podiam ficar nessa inércia, por isso são sacudidos pela palavra profética. Eles tinham que se tornar sóbrios para o dia da vingança. O vinho era um produto básico da economia israelita e eles haveriam de ser privados do vinho por causa da devastação causada pelo ataque violento dos gafanhotos. Joel 1.7 diz que o exército de gafanhotos “fez da minha vide uma assolação...” Agora, os beberrões são conclamados a sair de sua bebedei- ra para poderem contemplar o juízo de Deus sobre eles. Quer despertassem, chorassem, uivassem ou não, eles seriam privados do fruto da vide por causa do juízo de Deus.

(^7) Ibid., p. 24. (^8) Ibid.

FIDES REFORMATA XII, Nº 1 (2007): 101-

4.1 Era um dia de grande gravidade

Jl 1.15 - “ Ah! Que dia !”

O profeta Joel se espanta e se admira profundamente com a chegada desse dia terrível para a nação israelita. Ele parece antever todos os acontecimentos trazidos pelos instrumentos naturais e pelos instrumentos humanos da ira divina! Nunca Israel havia experimentado um dia de tanta amargura e dor! Seria um dia inesquecível para essa nação orgulhosa e impenitente.

4.2 Era um dia que ainda estava por chegar

Jl 1.15 - “Porque o dia do Senhor está perto”

Embora ainda fosse um dia para o futuro de Israel, Joel disse que ele não demoraria a chegar. Por isso, disse que o dia “está perto”. A sua convicção do terror desse dia está clara. Nesse dia, o Senhor haveria de vir com grande assolação. A expressão “está perto”, referindo-se ao “dia do Senhor”, aponta para uma realidade ainda por ser realizada. Embora o profeta o narre como se já tivesse acontecido, ele ainda estava por acontecer. Por essa razão, o profeta exorta o povo a se reunir em santa assembléia, para um santo jejum com todos os líderes e todo o povo. Todos deveriam se preparar para a chegada daquele dia. Eles tinham que se humilhar perante a poderosa mão de Deus se quisessem ser livres de suas maldições.

4.3 Era um dia de destruição

Jl 1.15 - “... e vem como assolação do Todo-poderoso”.

Esse dia para Israel não é um dia de disciplina amorosa de Deus, mas dia de ira, dia de destruição. Esse dia não vem da mão de alguém fraco e impo- tente, mas das mãos do Todo-Poderoso. Ele viria com assolação sobre Israel arrasando as suas plantações e o seu culto, como já estudamos anteriormente. Também Deus viria com assolação sobre o mundo no dia final, trazendo des- truição sobre toda a terra. No dia final, Deus usará de anjos, dos cavaleiros do apocalipse e de outros instrumentos para executar a sua assolação sobre o mundo ímpio, como expressão da sua ira contra os homens ímpios. Será um dia de ação da pestilência, um dia de ação da espada, e todos os ímpios serão objeto da ira divina.

5. O DIA DO SENHOR VIRIA SOBRE A ECONOMIA DE ISRAEL O juízo proferido pelo profeta tem a ver com a manifestação do “dia do Senhor” sobre um povo desobediente.

HEBER CARLOS DE CAMPOS, O CUMPRIMENTO PRÓXIMO DO “DIA DO SENHOR” NA PROFECIA DE JOEL

Jl 1.10-12 - “O campo está assolado, e a terra de luto; porque o cereal está des- truído, a vide se secou, as olivas se murcharam. Envergonhai-vos, lavradores, uivai, vinhateiros, sobre o trigo e sobre a cevada; porque pereceu a messe do campo. A vide se secou, a figueira se murchou, a romeira também, e a palmeira e a macieira; todas as árvores do campo se secaram, e já não há alegria entre os filhos dos homens”.

A ira de Deus em relação ao Israel desobediente se evidencia no juízo vindo sobre a economia de Israel que era basicamente a agricultura.

5.1 Deus determina o juízo divino sobre a agricultura

Jl 1.4 - “O que deixou o gafanhoto cortador comeu-o o gafanhoto migrador; o que deixou o migrador comeu-o o gafanhoto devorador; o que deixou o devo- rador comeu-o o gafanhoto destruidor...”

A descrição que o profeta Joel faz do juízo divino sobre a agricultura é estonteante! Deus muitas vezes prometeu bênçãos ou anunciou maldições ao povo em virtude da obediência ou da desobediência, respectivamente. Se o povo obedecesse, receberia as bênçãos do pacto (Dt 28.1-14); se desobe- decesse, receberia as maldições contidas no mesmo pacto (Dt 28.15-68). É importante fazer um paralelo entre o texto de Deuteronômio e a narrativa de Joel, pois eles usam termos semelhantes com referência aos mesmos eventos e personagens.

5.1.1 Deus anuncia antecipadamente os instrumentos do seu juízo sobre a agricultura Todos os produtos básicos para a manutenção do povo foram destruídos por dois instrumentos divinos: a praga dos gafanhotos prometida já no tempo de Moisés, por causa da violação das leis do pacto, e a falta de chuva.

(a) O primeiro instrumento é a praga do gafanhoto O Deus Todo-Poderoso sempre intervém na vida das nações para lhes dar a paga por seus pecados. Algumas vezes Deus faz esse tipo de intervenção de um modo muito dramático. Deus não precisa de armas militares para dar cabo das nações. Ele tem em suas mãos os elementos da sua própria criação para o exercício do seu juízo. Ele tem a prerrogativa de usar pequenas criaturas para causar desastres ecológicos de proporções extremas. No caso em questão, Deus usa os pequenos gafanhotos para humilhar nações com o pecado da soberba. O uso que Deus faz de gafanhotos como instrumentos de sua ira parcial não é alguma coisa simplesmente do passado. A praga dos gafanhotos sempre foi uma

HEBER CARLOS DE CAMPOS, O CUMPRIMENTO PRÓXIMO DO “DIA DO SENHOR” NA PROFECIA DE JOEL

O aspecto dos gafanhotos era semelhante a cavalos preparados para a peleja; nas suas cabeças havia como que coroas parecendo de ouro; e os seus rostos eram como rostos de homens; tinham também cabelos, como cabelos de mulheres; os seus dentes, como dentes de leões... (Ap 9.7-8).

Dessas criaturas aparentemente inofensivas e despretensiosas, Deus se serve para mostrar nas nações ímpias o seu poder. A praga dos gafanhotos sobre a agricultura foi profetizada muito tempo antes da profecia de Joel. O capítulo 28 de Deuteronômio vaticina claramente aos ancestrais do povo de Israel o que veio a acontecer por causa de sua de- sobediência depois da profecia de Joel. É como se Joel lembrasse das antigas profecias.

Dt 28.38-39, 42 - “Lançarás muita semente ao campo; porém colherás pouco, porque o gafanhoto a consumirá. Plantarás e cultivarás muitas vinhas, porém do seu vinho não beberás, nem colherás as uvas; porque o verme as devorará... Todo o teu arvoredo e o fruto da tua terra o gafanhoto os consumirá”.

No texto acima, os gafanhotos são chamados de “vermes”. São peque- nos insetos que podem fazer grandes coisas como a destruição de imensas lavouras.

Quando apraz a Deus, os vermes são duros demais para o homem; saqueiam seu país, comem aquilo pelo que ele trabalhou, destroem a forragem e aniquilam a subsistência de uma potente nação. Quanto mais fraco é o instrumento que Deus usa, mais o seu poder é engrandecido.^12

Deus não precisa se servir de grandes coisas para derrotar os homens, mas com pequenos instrumentos, ele faz grandes coisas. A providência divina mostra que todas as coisas criadas, mesmo as pequenas, são instrumentos da consecução de suas obras.

(b) O segundo instrumento é a falta de chuva O texto que estamos tomando como paralelo ao de Joel é o de Deutero- nômio, que não somente vaticina a praga dos gafanhotos, mas mostra em mais detalhes do que Joel a destruição que foi causada pelo juízo de Deus. Este se serve de todos os instrumentos que estão à sua disposição para o exercício de seus juízos.

Dt 28.23-24 - “Os teus céus sobre a tua cabeça serão de bronze; e a terra debaixo de ti, será de ferro. Por chuva da tua terra o Senhor te dará pó e cinza; dos céus descerá sobre ti, até que sejas destruído ”.

(^12) Ibid., vol. VI, p. 459.

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A praga dos gafanhotos é apenas uma parte do juízo de Deus. Até então, havia fartura de chuva porque a terra produzia muito. Depois da praga dos gafanhotos, Deus fez secar toda a terra. Ao invés de vir chuva, Deus fez com que o sol batesse ardentemente sobre a terra. A conseqüência da ausência da chuva, que faz o sol arder, foi a presença de fumaça, pó e cinza, que são um indicativo de incêndios no que restou da agricultura. Ao invés de água, Deus fez chover pós e cinza. Os gafanhotos destruíram a totalidade da colheita, mas a falta de chuva destruiu toda folhagem que restou das plantas. A terra foi castigada pelo sol sem o alívio da chuva para dessedentar a terra.

5.1.2 Deus anuncia a intensidade do seu juízo sobre a agricultura

Jl 1.4 - “O que deixou o gafanhoto cortador comeu-o o gafanhoto migrador; o que deixou o migrador comeu-o o gafanhoto devorador; o que deixou o devo- rador comeu-o o gafanhoto destruidor”.

A intensidade do juízo de Deus sobre a agricultura foi variada, mas sempre crescente. De tantos que eram, os gafanhotos são chamados de “povo inumerável” (v. 6). O escritor de Provérbios diz que “os gafanhotos não têm rei, contudo marcham todos em bandos” (Pv 30.27). Um verme sozinho pode fazer muito pouco estrago. Aliás, ele pode ser pisado pelo homem e morto, mas quando estão em bandos, desafiam grandes plantações. A sua união os tornava uma grande força. Parece, pela descrição do texto, que eles vinham em ondas sucessivas: a colheita não tinha tempo de respirar para se refazer do ataque. Uma onda de gafanhotos subseqüente era sempre pior do que a anterior. Os gafanhotos são animais pequeninos, mas quando juntados aos milhões, fazem um estrago muito grande. Quando todos se reúnem para um desígnio nas mãos de Deus, eles se tornam invencíveis. Foi exatamente esse tipo de juízo crescente que o profeta falou que nunca seria esquecido pelas gerações vindouras (Jl 1.3). Perceba que os gafanhotos são apresentados de tal maneira que ficava cada vez mais severo o juízo de Deus: cortador, migrador, devorador e destruidor. A idéia do texto é que o que uma onda de gafanhotos deixava na plantação a outra devorava. Os gafanhotos não somente comiam as folhas, os frutos das árvores, mas as próprias árvores. Eles não deixavam restar nada. Por isso, o profeta diz:

Fez da minha vide uma assolação, destroçou a minha figueira, tirou-lhe a cas- ca, que lançou por terra; os seus sarmentos se fizeram brancos... O campo está assolado, e a terra de luto; porque o cereal está destruído, a vide se secou, as olivas se murcharam (Jl 1.7, 10).

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Jl 1.20 - “Também todos os animais do campo bramam suspirantes por ti; porque os rios se secaram, e o fogo devorou os pastos do deserto”. Dt 28.31 - “O teu boi será morto aos teus olhos, porém dele não comerás; o teu jumento será roubado diante de ti, e não voltará a ti; as tuas ovelhas serão dadas aos teus inimigos; e ninguém haverá que te salve”.

É tremendamente triste ver o gado morrer de fome e de sede. Eles sofrem as conseqüências do juízo divino, que, por sua vez, traz conseqüências para os homens em geral e para o culto a Deus, como veremos posteriormente.

6. DEUS APONTA AS CONSEQÜÊNCIAS DO SEU JUÍZO SOBRE A AGRICULTURA E SOBRE A PECUÁRIA Todos os animais e homens sofreram profundamente as conseqüências do juízo de Deus.

6.1 Os juízos parciais de Deus trariam fome à terra

Dt 28.53-57 - “Comerás o fruto do teu ventre, a carne de teus filhos e de tuas filhas, que te der o Senhor teu Deus, na angústia e no aperto com que os teus inimigos te apertarão. O mais mimoso dos homens, e o mais delicado do teu meio, será mesquinho para com seu irmão, e para com a mulher do seu amor, e para com os demais de seus filhos que ainda lhe restarem; de sorte que não dará a nenhum deles da carne de seus filhos, que ele comer; porquanto nada lhe ficou de resto na angústia e no aperto com que o teu inimigo te apertará em todas as tuas cidades. A mais mimosa das mulheres, e a mais delicada do teu meio, que de mimo e delicadeza não tentaria por a planta do pé sobre a terra, será mesquinha para com o marido de seu amor, e para com seu filho, e para com sua filha; mesquinha de sua placenta que lhe saiu dentre os pés, e dos filhos que tiver, porque os comerá às escondidas pela falta de tudo, na angústia e no aperto com que o teu inimigo te apertará nas tuas cidades”.

Que descrição espantosa que combina exatamente com o que aconteceu depois das invasões de povos estrangeiros sobre a nação de Israel! (cf. Lm 2.11, 20). As plantações deles poderiam produzir abundantemente e muita comida poderia haver para eles. Os seus rebanhos poderiam ser multiplicados. Seus inimigos poderiam fugir deles e nenhum poder estrangeiro teria domínio sobre eles. Entretanto, porque não obedeceram aos mandamentos de Deus, o juízo de Deus veio sobre eles (Dt 28.15-68). Os gafanhotos enviados por Deus inva- diram a terra como se fossem “uma poderosa nação” para destruir a terra que poderia manar leite e mel. Ao invés de terra de bênçãos, ela se tornou em terra da maldição de Deus, terra onde a fome campeou por todos os recantos. Esta era a manifestação do “Dia do Senhor” para o povo de Israel. O poderoso braço de Deus estava caindo sobre o povo que havia quebrado o pacto. O profeta Joel descreve a situação de uma maneira muito lamentosa e triste:

HEBER CARLOS DE CAMPOS, O CUMPRIMENTO PRÓXIMO DO “DIA DO SENHOR” NA PROFECIA DE JOEL

Jl 1.10 - “O campo está assolado, e a terra de luto; porque o cereal está destruído, a vide se secou, as olivas se murcharam”.

Os fazendeiros viram a grande perda que tiveram com a praga dos gafa- nhotos. Os campos que haviam produzido abundantemente no passado agora estavam devastados. As vinhas estavam totalmente destruídas e já não podiam mais dar fruto. Eles não tinham o que comer.

Jl 1.17 - “A semente mirrou debaixo dos seus torrões, os celeiros foram asso- lados, os armazéns derribados, porque se perdeu o cereal”.

A terra da promissão e da abundância (cf. Dt 8.7.10) veio a ser a terra da maldição e da miséria. Os pais cozeram seus próprios filhos e os comeram por causa da sua muita aflição. Assim como Deus abençoa os fiéis, ele pune os infiéis e desobedientes. Eles poderiam ter tido grandes colheitas para sempre, mas preferiram o caminho da desobediência e colheram muita amargura (Dt 8.19-20). Eles vieram a experimentar o furor do Dia do Senhor! (Dt 28.42).

6.2 Os juízos parciais de Deus trariam pestilência à terra As misérias da fome e sede não vêm sozinhas. Elas vêm acompanhadas de outras misérias com conseqüências muito danosas para a vida do povo. Deus prometeu na Escritura que ele traria maldição sobre o povo de quatro maneiras: espada, fome, bestas-feras e peste (Ez 14.21). Ao menos com duas delas Deus atingiria o povo de Israel, conforme o ensino de Joel. A primeira é a fome. Já tratamos dela. A segunda é a peste.

Dt 28.21 - “O Senhor fará que a pestilência te pegue a ti, até que te consuma a terra a que passas a possuir”.

Essas misérias que analisamos abaixo viriam ao povo como maldições de Deus por causa da desobediência (cf. Dt 28.15). Elas foram anunciadas de antemão para mostrar quão verdadeiro e justo é o Deus de Israel sobre o dia da sua ira. Nesse “dia do Senhor” muitas coisas tristes aconteceriam ao povo de Israel, mas nesta parte do artigo trataremos apenas de algumas delas, especial- mente as pestilências que atingiriam o corpo e a mente das pessoas, ou seja, as pestilências físicas e as mentais.

6.2.1 Pestilências físicas

Dt 28.22, 27 - “O Senhor te ferirá com a tísica, a febre, e a inflamação, com o calor ardente e a secura, com o crestamento e a ferrugem; e isto te perseguirá até que pereças... O Senhor te ferirá com as úlceras do Egito, com tumores, com sarna, e com prurido, de que não possas curar-te” (cf. Dt 28.59-61).

HEBER CARLOS DE CAMPOS, O CUMPRIMENTO PRÓXIMO DO “DIA DO SENHOR” NA PROFECIA DE JOEL

Essas pestes não tinham cura na época. Eles seriam consumidos por es- sas pestilências, porque eram doenças crônicas. A tísica tem a ver com sérios problemas pulmonares; a febre poderia ter várias razões (e aqui elas não são identificáveis), mas faziam arder o corpo dos israelitas. Dessas enfermidades eles não escapariam, porque todas levariam à morte. Eles teriam essas doenças até que viessem a perecer por causa delas. Elas carcomeriam o corpo deles.

6.2.2 Pestilências mentais

Dt 28.28 - “O Senhor te ferirá com loucura , com cegueira, e com perturbação do espírito ”.

Henry diz que os

julgamentos de Deus podem alcançar as mentes dos homens, para enchê-las de trevas e horror, assim como seus corpos e suas propriedades; e aqueles são os mais doloridos de todos os julgamentos que tornam os homens um terror para si mesmos, e se destroem a si mesmos.^13

Essas enfermidades têm a ver com perturbações mentais trazendo con- fusão às mentes deles como expressão do desagrado de Deus em virtude de seus pecados. É curioso que Craigie liga a “loucura” e a “perturbação de espírito” a al- gumas desordens físicas, incluindo problemas de pele. Ele ainda diz uma coisa muito interessante: “O estágio terciário da sífilis inclui ambas, a cegueira e a insanidade entre seus sintomas”.^14 Todavia, segundo o próprio Craigie, esta in- terpretação pode não ser confiável.^15 De qualquer forma, as pestilências mentais eram parte do juízo divino sobre o povo em virtude da desobediência a Deus, não importando tanto a real identificação das enfermidades nem a causa delas.

6.3 Os juízos parciais de Deus trariam humilhação à terra

Dt 28.48 - “Assim com fome, com sede, com nudez e com falta de tudo, servirás aos teus inimigos, que o Senhor enviará contra ti; sobre o teu pescoço porá um jugo de ferro, até que te haja destruído...”

Deus não somente trouxe fome, sede, nudez com a falta de tudo, mas também entregou o povo à mercê de seus inimigos. Os assírios e caldeus sa- quearam a terra e trouxeram humilhação para o povo. O altivo povo de Israel

(^13) HENRY, An exposition of the Old Testament , vol. I, p. 841. (^14) CRAIGIE, P. C. The Book of Deuteronomy. Grand Rapids: Eerdmans, 1976, p. 344. (^15) Ibid., conforme nota de rodapé 24 do seu comentário.

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veio sofrer desonra em virtude da sua dureza de coração. A nação israelita seria sitiada em todas as suas cidades (Dt 28.52) e a miséria mencionada anterior- mente (Dt 28.51) seria o resultado violento desse sítio humilhante. Além disso, seriam desarraigados da terra (Dt 28.63) e espalhados entre todos os povos da terra (Dt 28.64). Nunca mais Israel se endireitou, pois o juízo daquele ‘Dia do Senhor’ foi muito violento! Esse juízo sobre Israel era apenas o tipo do juízo final sobre todas as nações ímpias.

7. DEUS ORDENA POSTURAS AOS AGRICULTORES DIANTE DO JUÍZO DIVINO

Jl 1.11-13 - “Envergonhai-vos, lavradores, uivai , vinhateiros , sobre o trigo e sobre a cevada; porque pereceu a messe do campo. A vide se secou, a figueira se murchou, a romeira também, e a palmeira e a macieira; todas as árvores do campo se secaram, e já ão há alegria entre os filhos dos homens”.

7.1 A postura da vergonha Nas posturas que dá aos lavradores e vinhateiros, Deus quer não somente ensiná-los para produzir efeito na vida deles. Na verdade, esse é o objetivo final de qualquer mensagem divina aos homens. Todavia, pessoas bêbadas (v.5) não tinham consciência do estado real da nação e não poderia raciocinar corretamente diante da situação pecaminosa. Não foi sem razão que o profeta Oséias disse: “A sensualidade, o vinho e o mosto tiram o entendimento” (Os 4.11). Por isso, elas foram instadas a despertar e ter um senso de vergonha que os bêbados não pos- suem. Quando as pessoas despertam do sono que o vinho traz, então elas tomam consciência do que está acontecendo (cf. o caso de Noé em Gn 9.24). Somente pessoas sóbrias podem refletir sobre o juízo divino e expressar vergonha.

7.2 A postura do choro A postura do choro dolorido (“uivai”) é uma conseqüência da vergo- nha. Todos os que estão profundamente envergonhados desatam a chorar. A vergonha, assim como o choro, pode ser uma expressão externa de dois tipos de sentimentos: arrependimento e remorso. Esses lavradores e vinhateiros haveriam de chorar por uma razão ou outra. Caso se arrependessem de seus pecados, iriam chorar por uma razão belíssima; todavia, se chorassem de re- morso, iriam amargar o peso da ira divina. Portanto, é melhor chorar por causa do arrependimento do que pelo remorso, que é a tristeza sem a possibilidade de uma conseqüente alegria.

8. O DIA DO SENHOR VIRIA SOBRE O SACERDÓCIO DE ISRAEL Não somente a economia de Israel seria objeto da ira divina, mas também a religião judaica. As principais figuras do culto eram os sacerdotes e a sua função cessaria como expressão do juízo de Deus.

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O juízo de Deus foi duro contra os lideres espirituais do povo de Israel. Deus cortou-lhes a razão de sua própria existência ao retirar o cerne do culto das mãos deles. Calvino diz que, quando

a adoração do povo cessou, o profeta diz que a alegria também foi abolida; porque os judeus não poderiam alegremente dar graças a Deus quando sua maldição estava perante os olhos deles, quando eles viram que Deus era o ad- versário deles, e também quando foram privados das ordenanças da religião. Agora, então, percebemos por que o profeta junta a alegria e o regozijo com as oblações: elas eram os símbolos da ação de graças. 17

Quando os símbolos foram retirados, a alegria deles cessou. Quão triste foi essa manifestação judicial do Dia do Senhor nos tempos do Antigo Testamento! A retirada da alegria das manifestações cúlticas traz enormes prejuízos para os adoradores que sempre devem estar em alegria perante Deus. Quando se ira contra o povo, Deus se esconde e não mais ma- nifesta as suas bênçãos. Que triste é viver sem a alegria de Deus em nossas manifestações cúlticas! Da mesma forma que os lavradores sentiram tristeza pelas perdas do campo, os sacerdotes também perderam a alegria pelas perdas do culto. O que foi dito dos lavradores e de todos os homens do campo - “e já não há mais alegria entre os filhos dos homens (Jl 1.12)” - também pode ser dito de todos os ministros de Deus! Quando isso se diz de um povo, então é para se lamentar e chorar mesmo!

(b) Os ministros de Deus choravam

Jl 1.9 - “... os sacerdotes, ministros do Senhor, estão enlutados”.

É alguma coisa muito preocupante quando os ministros de Deus perdem a alegria em seu ministério. Geralmente, isso acontece por causa do juízo do Senhor sobre eles, em razão de seus pecados. Um culto dirigido sem a santa alegria de Deus traz profundos lamentos, que pode levar os ministros de Deus a se portar como se estivessem de luto. Eles desatam a chorar. Obviamente, o choro é a conseqüência lógica da perda da alegria.

A cessação dos sacrifícios diários impôs um golpe severo naqueles que minis- travam perante Yahweh no templo, porque o sacerdote normalmente comia uma porção das ofertas (Lv 2.3, 10). Joel descreve os sacerdotes como já chorando. A razão era mais do que uma perda pessoal; aos olhos deles a falha do culto era um evento sério, que afetava o modo como Yahweh se relacionava com o povo de Judá.^18

(^17) CALVIN, Calvin´s commentaries, Vol. XIV - Joel, Amos, Obadiah, Jonah, Micah, Nahum , p. 39. (^18) CRENSHAW, Joel - a new translation with introduction and commentary , p. 99.

HEBER CARLOS DE CAMPOS, O CUMPRIMENTO PRÓXIMO DO “DIA DO SENHOR” NA PROFECIA DE JOEL

É muito importante que os adoradores de Deus tenham posturas corretas em sua vida para que eles não venham a perder o elemento de alegria em estar na presença de Deus. É altamente constrangedor ver um povo para quem a alegria do culto se foi e eles ficam como que num estado de luto. A religiosi- dade cúltica sem a alegria do Senhor é uma das conseqüências mais funestas mesmo para os chamados cristãos. Não é raro vermos igrejas que já perderam o gozo do culto e apenas a formalidade lhes resta. Nada mais!

8.2 Deus ordena posturas aos sacerdotes diante do juízo divino Ao mesmo tempo em que anuncia o seu juízo sobre o sacerdócio, Deus também ordena posturas que devem ser seguidas por eles. Essas posturas lembram aos sacerdotes dos seus pecados e da necessidade de sua volta para a obediência aos preceitos divinos.

Jl 1.13-14 - “Cingi-vos de pano de saco e lamentai, sacerdotes; uivai, minis- tros do altar; vinde, ministros de meu Deus; passai a noite vestidos de sacos; porque da casa de vosso Deus foram cortadas a oferta de manjares e a libação. Promulgai santo jejum, convocai uma assembléia solene, congregai os anciãos, todos os moradores desta terra, para a casa do Senhor vosso Deus, e clamai ao Senhor”.

Os sacerdotes eram os representantes do povo perante Deus. Eles ofi- ciavam em todos os rituais sacrificiais e deviam ensinar ao povo as leis e os estatutos de Deus. Eram os líderes espirituais da nação. Era fundamental que as posturas ordenadas por Deus começassem com eles, para que o povo então os seguisse, pois a eles também cabia esse tipo de manifestação de arrependi- mento. Calvino diz que “é o dever comum de todo piedoso orar pela salvação de seus irmãos; mas é um dever especialmente ordenado aos ministros da palavra e aos pastores”. 19 Fica evidente no texto acima que ele aponta para as várias posturas que os lideres espirituais deveriam apresentar perante Deus:

8.2.1 Os sacerdotes deveriam usar vestes de arrependimento

Jl 1.13 - “ Cingi-vos de pano de saco e lamentai, sacerdotes ; uivai, ministros do altar; vinde, ministros de meu Deus; passai a noite vestidos de sacos ...”

Há no Antigo Testamento sugestões de posturas externas que expres- savam o arrependimento do coração. O Antigo Testamento é rico na evidên- cia dessa expressão. Deus sempre convoca o povo ao arrependimento e ao

(^19) CALVIN, Calvin´s Commentaries, vol. XIV - Joel, Amos, Obadiah, Jonah, Micah, Nahum , p. 33.