










Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Uma pesquisa que analisa as publicações de artigos científicos na área de administração e ciência contábil que utilizaram a metodologia da observação como técnica de pesquisa qualitativa, entre os anos de 2000 a 2018. A pesquisa utiliza bibliometria para identificar as características dos artigos publicados, contribuindo para a análise da qualidade das publicações e a identificação dos padrões, tendências e características dos autores atuantes na área. O estudo mostra que a observação se faz presente desde a formulação do problema e passa pela coleta, análise e interpretação dos dados, sendo imprescindível no processo de pesquisa. Apesar da resistência de alguns pesquisadores à adoção de novas tecnologias, a observação participante é uma situação de pesquisa advinda da etnografia, onde o observador e os observados se encontram em uma relação 'cara a cara'.
Tipologia: Notas de aula
1 / 18
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Observação como Técnica de Pesquisa Qualitativa: Panorama em Periódicos Contábeis Brasileiros Polyana Batista da Silva Universidade Federal do Pará – UFPA Paulo Vitor Souza de Souza Universidade de Brasília – UnB Fátima de Souza Freire Universidade de Brasília – UnB Resumo Este artigo teve como objetivo analisar o perfil das publicações científicas de pesquisas qualitativas que utilizam como técnica a observação em ciências sociais aplicadas, mais especificamente em trabalhos da Administração e Ciências Contábeis entre os anos de 2010 a
1 Introdução As pesquisas científicas e suas divulgações são essenciais para o avanço do processo de desenvolvimento e disseminação do conhecimento. É crescente o número de programas de pós-graduação (stricto sensu e latu sensu) no Brasil, o que, consequentemente, faz com que as produções científicas aumentem, sendo fonte e instrumento para a construção do conhecimento. A produção científica é evidenciada, principalmente como resultado dos trabalhos produzidos nos cursos de pós-graduação. Para Silva, Oliveira e Silva (2005), grande parte do conhecimento produzido na área de ciências contábeis são oriundas dos programas de pós- graduação, sendo considerado como fonte de produção de conhecimento sobre informações úteis para o desenvolvimento da ciência contábil. Artigos publicados em periódicos representam fonte de difusão da produção acadêmica. A comunicação científica realizada por meio da publicação de trabalhos em periódicos é importante para a transmissão de confiabilidade da informação e aceitação do conhecimento produzido, assim disseminando conhecimento de qualidade e incentivando o crescimento da produção científica (Oliveira, 2002). A produção científica quadruplica a cada década, em razão do avanço da tecnologia da informação e comunicação científica. O aumento da produção científica e a propagação do conhecimento colaboram para a evolução da ciência. Este conjunto de informações produzidas é consolidado por meio da análise e avaliação de documentos específicos de cada área do conhecimento (Silva, 2014). O processo de avaliação do conhecimento científico, já é uma prática utilizada no ambiente acadêmico. As pesquisas de trabalhos publicados em suas áreas específicas e a análise de suas características, mediante a utilização de técnicas de revisão documental, agregam valor ao conhecimento e são formas de identificação de tendências, padrões e indicadores (Cardoso et al., 2005). Uma das técnicas utilizadas no ambiente acadêmico para fazer revisões de trabalhos bibliográficos e publicações científicas é a análise bibliométrica, que é uma técnica de revisão tradicional no meio acadêmico, contribuindo de forma significativa para a compreensão do conhecimento da área de estudo (Cardoso et al., 2005). Os resultados obtidos pelo estudo da bibliometria são dados valiosos para o desenvolvimento do conhecimento. Para a autora, esta técnica oferece resultados quantitativos que podem contribuir para emergir informações anteriores, sendo de grande relevância para o avanço na pesquisa de determinada área do conhecimento. A disseminação do avanço do conhecimento contábil e a avaliação da qualidade da produção de trabalhos são possibilitadas pelo aumento dos estudos bibliométricos (Alvarenga, 1998; Andrade & Muÿlder, 2010). Entre as metodologias de coleta e análise de dados, observa-se muito fortemente a adoção do método quantitativo em detrimento do qualitativo. Na Ciência Contábil, essa predominância é latente, visto o número de publicações quantitativas versus qualitativas. Sob esse contexto, esta pesquisa torna-se significativa ao evidenciar, por meio da bibliometria, as características dos artigos publicados utilizando a metodologia de observação enquanto coleta e tratamento dos dados, contribuindo para a análise da qualidade das publicações sobre o tema, além de colaborar para a identificação dos atuais padrões, tendências e características dos autores atuantes na produção científica na área sobre o assunto. Considerando o cenário apresentado, esta pesquisa tem como objetivo principal analisar as publicações de artigos científicos que utilizaram a metodologia da observação para
consistência das inter-relações entre condições, ações e consequências (Strauss & Corbin, 2008). 2.2 A observação como técnica em pesquisa qualitativa A observação é considerada como uma técnica de pesquisa qualitativa fundamental para as diversas ciências. A observação se faz presente desde a formulação do problema, passa pela construção de hipóteses, pela coleta, análise e interpretação dos dados, bem como desempenhando o próprio papel da observação com técnica, o que é imprescindível no processo de pesquisa (Nunes, 2017). Na técnica de observação ao vivo, verifica-se quando algo é observado pela primeira vez, os aspectos mais impressionantes do observado são retidos inicialmente. Sendo assim, se o comportamento observado não for visto outras vezes, pontos mais detalhados do observado poderão passar despercebidos aos olhos do pesquisador (Belei, Gimeniz-Paschoal, Nascimento & Matsumono, 2008). De um modo geral, Kirk e Miller (1986) comentam que as pesquisas qualitativas realizadas dependem da observação de pessoas em seu território de atuação, bem como da qualidade da interação existente entre o pesquisador e os observados. Sendo assim, para uma pesquisa qualitativa de qualidade, torna-se importante que haja uma boa relação com o objeto observado, para se evitar vieses na pesquisa. A observação pode ser considerada como uma técnica onde são colhidas as impressões e os registros acerca de um determinado fenômeno observado, através de um contato direto com as pessoas observadas ou através de instrumentos que auxiliem o processo de observação, visando assim colher dados suficientes para a realização da pesquisa (Moura, Ferreira & Paine, 1998). Ao registrar a observação em mídias, e assim observar e interpretar os dados necessários de forma repetida, o pesquisador descobre novos caminhos a serem trilhados. Ou seja, não consiste em ver os fatos e gestos nas mídias apenas, mas sim analisar o cenário relacionado com o ambiente de pesquisa e o referencial teórico (Belei, et al., 2008). A observação também pode ser um método importante de investigação, pois ao observar-se o funcionamento de uma empresa ou mesmo os trabalhadores em seu contexto de trabalho, pode ser o mais indicado para perceber melhor o caso que se está a investigar, procurando assim minimizar os vieses existentes na pesquisa (Silva & Silva, 2013). A Figura 1 aborda as cinco dimensões da pesquisa observacional. Dimensões Descrição das dimensões 1 Observação secreta Quando a observação não é revelada ao observado. Observação pública Quando a observação é revelada ao observado. 2 Observação participante Quando o observador participa ativamente no campo observado. Observação não participante Quando o observador não participa do campo observado. 3 Observação sistemática Quando há esquema padronizado para a observação. Observação não sistemática Quando não há esquema padronizado para a observação. 4 Observação em situações naturais Quando a observação é realizada diretamente no campo. Observação em situações artificiais Quando a observação é deslocada para um local especial. 5 Auto-observação Quando a observação é realizada sobre o observador. Observação de terceiros Quando outras pessoas serão observadas. Figura 1. Dimensões da pesquisa observacional. Nota. Fonte: Flick (2009).
Com o avanço da tecnologia, torna-se importante incrementar a técnica de observação com equipamentos como: telefone, gravadores, microcomputador, câmeras de vídeo, etc. Certos pesquisadores possuem uma certa resistência a aceitar a inovação tecnológica às técnicas de pesquisa, pois esses devem buscar vencer os mitos como o uso de câmeras para coleta de dados qualitativos através da observação dos indivíduos (Belei, et al., 2008). Em entrevistas é mais comum o uso da tecnologia do que na observação, através do registro em áudio das falas do entrevistado. Porém para uma observação se faz necessário o uso do registro em vídeo, o que é menos habitual na investigação através da observação. Uma das vantagens do registro em vídeo é “a possibilidade de recolher e registrar as reações não verbais dos entrevistados durante uma pergunta ou resposta” (Silva & Silva, 2013). Porém, esse registro pode ser efetuado através da observação do investigador durante a entrevista, mesmo que os registros em áudio e vídeo sejam mais úteis. Assim, entende-se que ao registrar a observação em vídeo, o pesquisador tem a possibilidade de colocar o observado para analisar os dados registrados, assim, “[...] o participante poderá ver as imagens filmadas, os recortes (fotos), os comportamentos verbais, os comportamentos não-verbais, as situações e os aspectos ambientais” (Belei, et al., 2008). Assim, a pessoa observada torna-se um participante ativo e reforça a reflexão do pesquisador. Nos estudos científicos em contabilidade, a observação revela-se como um bom método complementar das entrevistas, contribuindo por muitas vezes de forma decisiva para a interpretação de afirmações ou expressões que, ditas de forma particular, podem ter uma interpretação diferente da forma literal (Silva & Silva, 2013). 2.3 Observação participante: uma técnica etnográfica A observação participante consiste em uma situação de pesquisa advinda da etnografia, onde o observador e os observados se encontram em uma relação “cara a cara”, onde o processo de coleta de dados se dá no ambiente natural dos observados, os quais não são vistos como objeto de pesquisa, mas como sujeitos que possuem uma grande interação com o projeto de estudos e o pesquisador. A observação participante tem suas raízes nas pesquisas da antropologia que utilizaram como método a etnografia, sendo que esse tipo de investigação possui fundamentação em descobertas no campo e envolve a participação do pesquisador no dia a dia dos pesquisados, possuindo uma relação direta, participativa, do observador com os observados (Serva & Jaime, 1995). Em uma definição mais operacional, a observação participante é considerada como uma estratégia de campo que combina, de forma simultânea, a análise de documentos, a entrevista de informantes, a participação, a observação direta e a introspecção, assim, integrando várias técnicas de pesquisa qualitativa em uma só forma de obter dados (Denzin, 1989). O modelo de observação participante exige que o observador faça parte do grupo investigado, sendo que o pesquisador deve redobrar os cuidados em relação à manutenção de múltiplas visões e à capacidade de ser crítico diante dos dados coletados, enquanto a observação com participação artificial ocorre quando o observador se junta ao grupo com o propósito específico de realizar a investigação, não sendo assim tão aceito pelo grupo observado (Abib, Hoppen & Hayashi, 2013). A opção pela utilização da observação participante dá excelência à experiência pessoal vivida no campo, evitando que o pesquisador se sinta aprisionado. Porém, por outro lado isso não significa que não se disponha de quadros referenciais teóricos sólidos, pois a realização
Nota. Fonte: Dados da Pesquisa. Foram selecionados 24 periódicos nacionais de Contabilidade/Administração/Finanças para compor este estudo. Os periódicos foram selecionados através do site <https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacaoQualis/lista ConsultaGeralPeriodicos.jsf>, onde foram incluídas informações referentes ao evento de classificação, área de avaliação e classificação da revista. Foram selecionados os periódicos com classificação entre A2 e B2, a classificação A1 não foi considerada por não haver periódicos brasileiros A1 em contabilidade. As classificações abaixo de B2 não foram consideradas por não conterem os principais periódicos na área contábil no Brasil. A seleção dos trabalhos obedeceu a critérios específicos, visando obter o máximo de trabalhos qualitativos que utilizem a técnica de observação. Assim, foram considerados os seguintes termos e expressões na área de pesquisa da página de cada periódico: observação; observacional; método observacional; e observação participante. Os termos considerados no estudo são encontrados nos títulos, resumos e/ou palavras chaves dos trabalhos. Foi encontrado um total de 950 artigos após pesquisa em todas as páginas dos periódicos selecionados entre o período de 2010 a 2017, que utilizaram como enquadramento metodológico a forma qualitativa de coleta e tratamento de dados. Porém, após a exclusão de 859 artigos que não adotaram o procedimento observação, restaram 91 artigos, que foram analisados neste trabalho. Os dados coletados de cada artigo selecionado tiveram como base os dados contidos no resumo. Porém quando o resumo não apresentava informações claras, foram feitas análises no restante do trabalho. As informações necessárias obtidas nos trabalhos foram: ano da publicação, instituição de origem, título do trabalho, autores/coautores, orientação metodológica da pesquisa, método de coleta dos dados e método de análise dos dados. Os dados necessários para o trabalho foram coletados e tabulados no software Excel, possibilitando a elaboração de tabelas e gráficos para a apresentação dos resultados do estudo. Foram utilizadas estatísticas descritivas de tendência central e dispersão, objetivando evidenciar ao leitor a média de trabalhos por autores, as abordagens utilizadas, o desvio padrão, entre outras medidas necessárias para evidenciar o quantitativo de trabalhos. 3.1 Bibliometria Diante do crescimento da produção científica, faz-se necessário o uso da bibliometria para a análise dos trabalhos produzidos, com o objetivo de obter resultados relevantes para formação de um conjunto de informações a serem examinadas a partir de uma ampla coleção de dados. Bibliometria é o estudo dos aspectos quantitativos da produção, da disseminação e do uso da informação registrada. Foi usada pela primeira vez por Pritchard, em 1969. Atualmente, desenvolve padrões e modelos matemáticos para medir os processos, usando seus resultados para elaborar previsões e apoiar tomadas de decisão (Macias-Chapula, 1998). É caracterizada como um instrumento apropriado para identificar diversas variedades de regularidades, relativa a diversos campos do conhecimento. Para o autor, mesmo diante da grande variabilidade de possíveis análises, é possível examinar os dados conforme modelos de comportamentos, desenvolvidos dentro do estudo bibliometria (Wormell, 1998). Observa-se então que se trata de uma técnica, constituindo instrumento para acompanhar o crescimento do conhecimento de diversas áreas da ciência, servindo para analisar produções cientificas já existentes.
A bibliometria é constituída de leis, que foram criadas por pesquisadores e estudiosos com intuito de analisar a produção científica de acordo com suas particularidades. Entre estas, estão a Lei de Lotka, Lei de Bradford, Lei de Zipf, Lei de Mooers e a Lei do Elitismo de Price. 3.1.1 Lei de Lotka Segundo Vanti (2002), a Lei de Lotka, conhecida também como ‘‘Lei do Quadrado Inverso’’, tem como objetivo analisar a produtividade dos autores de um determinado conjunto de documentos de uma área do conhecimento, por meio do critério de distribuição de tamanho-frequência dos autores. Propõe que grande parte da produção científica é resultado de trabalhos produzidos por poucos autores, resultado este identificado em uma pesquisa realizada por Lotka, que analisou os autores presentes no periódico Chemical Abstracts, no período de 1909 a 1916, concluindo que a maior parte da produção científica é realizada por um número pequeno de autores. Alvarado (2002), afirma que, a partir da análise da Lei de Lotka, conclui-se que a proporção de autores que produzem uma única obra é de aproximadamente 60% (Palmisano, 2016). 3.1.2 Lei de Bradford ou Lei da Dispersão Surgiu de pesquisas médicas, realizadas por Hill Bradford, que tinha a intenção de identificar a extensão da publicação de pesquisas médicas realizadas em revistas especializadas (Machado, Souza, Palmiano, Campanário & Parisotto, 2014). A Lei de Bradford possibilita estimar o grau de relevância dos periódicos que atuam em áreas de conhecimento específicas. Assim, os periódicos que produzem maior número de artigos sobre o assunto formam um núcleo de periódicos, supostamente de maior qualidade ou relevância para aquela área (Guedes, 2015). 3.1.3 Lei de Zipf ou Lei do menor esforço Tem por objetivo medir a frequência da utilização das palavras em textos, resultando em uma lista dessas palavras dentro de um determinado assunto. Uma palavra é ranqueada de acordo com sua aparição no texto, resultando em uma classificação, onde uma palavra de série 1 é aquela que aparece mais no texto, e assim por diante (Guedes, 2015). 3.1.4 Lei do Elitismo de Price Propõe que 1/3 das publicações seja resultante de 1/10 dos autores. Assim, o número de membros da elite (que publica) corresponde à raiz quadrada do número total de autores, e deve ser responsável por metade dos estudos (Machado et al., 2014). Optou-se em utilizar, nesta pesquisa, a Lei de Lotka, que trata da produtividade de autores. Nesta concepção, será analisada a produtividade dos autores que publicaram artigos em periódicos nacionais utilizando a observação enquanto técnica de pesquisa qualitativa.
quais os periódicos que possuem maior aceitabilidade de trabalhos qualitativos, bem como dos que mais aceitam a técnica de observação em ciências sociais aplicadas. 4.2 Quanto ao volume de publicação qualitativa ou qualitativa e quantitativa Após a seleção dos artigos que utilizaram a metodologia de pesquisa qualitativa para coleta e análise dos dados, foram extraídos os trabalhos que utilizaram a observação como coleta dos dados, restando 91 artigos que compõem esta análise. A Figura 3 revela o quantitativo de pesquisas que utilizaram a metodologia qualitativa e qualitativa mais quantitativa. Figura 3. Pesquisas qualitativas e qualitativas/quantitativas. Nota. Fonte: Dados da Pesquisa. Observa-se que as pesquisas qualitativas realizadas no âmbito das ciências sociais aplicadas, mais especificamente nos campos da Administração e Ciências Contábeis, possuem um quantitativo relevante, levando em consideração o total de 950 artigos publicados em periódicos nacionais no período em análise. Foi realizada a estratificação levando em consideração as revistas com qualis superior a B2, ou seja, revistas de renome no cenário brasileiro na grande área da administração e ciências contábeis. Porém como o foco deste estudo é evidenciar o quantitativo de trabalhos publicados que utilizaram uma das formas de observação como técnica de pesquisa qualitativa, foram observados apenas 91 trabalhos com a técnica de observação dentre os 950 artigos publicados que utilizam a metodologia de pesquisa qualitativa. Desse total, as pesquisas que utilizaram apenas a metodologia qualitativa somam 85, e os que associaram as metodologias qualitativa e quantitativa, 6. Estes foram os que utilizaram a técnica de observação como coleta dos dados, que é foco deste estudo. 4.3 Tipos de pesquisas realizadas, utilizando a metodologia observacional Juntamente com a metodologia observacional, os artigos pesquisados utilizaram outras técnicas, caracterizando assim a triangulação metodológica, quando é utilizada mais de uma metodologia de coleta e análise de dados. A Figura 4 revela as metodologias que, juntamente com a observação, foram utilizados nos artigos pesquisados.
Figura 4. Pesquisas que utilizaram a triangulação, envolvendo a observação. Nota. Fonte: Dados da Pesquisa. Observa-se que, entre os métodos mais utilizados, juntamente com a observação, estão as entrevistas, seguidas na análise documental, do estudo de caso e da análise de conteúdo. Isso se justifica pelo fato de que, segundo Moura, Ferreira e Paine (1998), a observação pode ser considerada como uma técnica onde são colhidas as impressões e os registros acerca de um determinado fenômeno observado, através de um contato direto com as pessoas observadas ou através de instrumentos que auxiliem o processo de observação, visando assim colher dados suficientes para a realização da pesquisa. 4.4 Grau de instrução / formação dos autores / domicílio profissional Torna-se fundamental em um estudo bibliométrico verificar a formação dos autores, desde o seu nível de formação até as suas áreas de formação. Sendo assim, a Figura 5 evidencia o quantitativo de autores por grau de instrução e área de formação para os artigos publicados nos periódicos brasileiros que utilizaram o método qualitativo em suas pesquisas. Grau de instrução/formação autores Qtde Qtde Bacharel Administração 5 Doutorando Eng de Produção 4 Bacharel Ciências Contábeis 3 Doutorando Administração 18 Bacharel Direito 1 Doutorando Ciências Contábeis 3 Doutor Administração 69 Especialista Gestão Pública 1 Doutor Administração Pública 1 Especialista Direito 1 Doutor Agricultural And Applied Economics 1 Mestrando Administração Pública 1 Doutor Arquitetura e Urbanismo 4 Mestre Administração 37 Doutor Business Policy 1 Mestrado Prof Administração 1 Doutor Ciências Contábeis 6 Mestrado Profissional C.Contábeis 1 Doutor Ciência Política 1 Mestranda Geografia 1 Doutor Ciências Biológicas 1 Mestrando Administração 6 Doutor Ciências Humanas 1 Mestrando Ciências Contábeis 2 Doutor Ciências Sociais 2 Mestre Adm Prod/Melhoria Proc 1 Doutor Comunicação e Semiótica 1 Mestre Ciências Contábeis 5
Observa-se através da Figura acima que dos 237 autores, os que mais publicam são doutores, com um montante de 122 autores. Em seguida os que mais publicam são mestres e doutorandos, com 52 e 23 autores que publicam pesquisas qualitativas, respectivamente. Além de evidenciar a qualificação e área de formação dos autores que publicam em pesquisa qualitativa, torna-se relevante evidenciar qual a região em que este pesquisador se situa no Brasil. Figura 7. Domicílio profissional dos autores. Nota. Fonte: Dados da Pesquisa. Através da análise do domicílio profissional dos autores, percebe-se uma grande participação das Regiões Sul e Sudeste em publicação qualitativa, utilizando a técnica observacional. A Região Nordeste está no meio, enquanto as Regiões Centro-Oeste e Norte são as que menos possuem trabalhos publicados nesta área. Houveram publicações onde não foram possíveis identificar o domicílio profissional dos autores, totalizando 20 trabalhos. Esta falta de identificação deve-se ao fato de que, nos artigos em questão, não foi evidenciado o nome completo do autor, ou este não possui currículo cadastrado na base Lattes. Há ainda a existência de 1 trabalho com autor internacional, residente em Portugal. 4.5 Período/número de publicações Uma das contribuições desta pesquisa é analisar a evolução das publicações que utilizaram a técnica observacional ao longo do tempo. A Figura 8 traz o quantitativo de artigos que utilizaram a observação como método de coleta de dados, entre os anos de 2000 a 2018, o período compreendido nesta pesquisa.
Figura 8. Quantitativo de artigos que utilizaram a metodologia de observação (por ano). Nota. Fonte: Dados da Pesquisa. A figura evidencia que nos últimos anos, principalmente a partir de 2010, houve uma evolução de pesquisas que utilizam a técnica observacional em ciências sociais aplicadas, sendo os anos de 2016 e 2017 com mais publicações na área qualitativa, mas especificamente com a técnica de observação. Estes dados demonstram de uma certa forma que a técnica de pesquisa observacional no método qualitativo vem ganhando força nestes últimos anos através dos dados evidenciados, o que corrobora com a revisão de literatura que frisa a importância desta técnica para a qualidade dos resultados de qualquer estudo no âmbito da pesquisa qualitativa. 4.6 Autores que mais publicam / grau de instrução / formação Entre os 237 autores identificados, apenas 8 deles são recorrentes, o que vai de encontro com um dos corolários da Lei de Lotka, “Muitos produzem pouco, poucos produzem muito”. Os 3 autores que mais publicam utilizando a técnica de pesquisa observacional, respectivamente, são Rosália Barbosa Lavarda (Doutora em Administração, 5), Carlos Eduardo Lavarda (Doutor em Ciências Contábeis, 5) e Carlos Ricardo Rossetto (Doutor em Engenharia da Produção, 3). O restante dos autores se caracterizam como autores retirantes. Esta análise é válida para os que pensam em realizar estudos utilizando essa técnica, pois com essa informação, devem começar a coleta de material de leitora por estes, que utilizam e publicam pesquisas utilizando a observação como técnica de coleta e análise de dados. A Figura 9 revela os autores que mais publicam utilizando a técnica observacional.
Quanto ao quantitativo de pesquisas que utilizam a observação por qualis, percebe-se que o periódico com qualis B1 é o que mais possui publicações na área, com cerca de 13,36% dos seus artigos qualitativos utilizando a técnica observacional. Quanto as técnicas de pesquisa utilizadas juntamente com a observação, denota-se que a técnica de entrevista possui maior relação com os trabalhos que utilizam a observação, com cerca de 79 artigos científicos qualitativos que utilizam a entrevista juntamente com a observação, ou seja, 86,81% das pesquisas que utilizam observação, também utilizam a entrevista como técnica de pesquisa. Ao investigar o grau de instrução dos pesquisadores, percebe-se que dos 237 autores presentes nas 91 pesquisas, há uma grande recorrência de Doutores em Administração, Mestres em Administração, Doutores em Engenharia de Produção e Doutorandos em Administração, com 69, 37, 19 e 18 autores presentes nessas pesquisas do total de 237 autores. Percebe-se ainda que um total de 122 autores possuem a titulação de doutorado, o que denota que essa titulação é a mais recorrente em pesquisas qualitativas que utilizam a observação. Quanto à região de atuação, observa-se que as regiões do Brasil que mais publicam estudos qualitativos com técnica observacional são: Região Sul e Região Sudeste, com 85 e 84 autores pertencentes a cada região, respectivamente. As regiões que menos publicam são: Região Norte e Região Centro-Oeste, com 1 e 8 autores, respectivamente. Ao verificar o período de publicação de trabalhos qualitativos que utilizam a observação, percebe-se que há certo crescimento dessa linha de pesquisa nos últimos anos, pois desde 2000, quando haviam poucos artigos publicados na área, a técnica observacional vem crescendo consideravelmente, o que a partir de 2010 mostrou-se evidente e com concentração de publicações em 2016 e 2017, com 13 artigos publicados em cada ano, o que demonstra que nos últimos dois anos há uma maior concentração de trabalhos em relação aos demais anos. Por fim, do total de autores encontrados nesta pesquisa, que utilizam a técnica observacional (237), apenas 8 se repetem, com mais de uma publicação utilizando a técnica. São eles: Rosália Barbosa Lavarda (Doutora em Administração, 5), Carlos Eduardo Lavarda (Doutor em Ciências Contábeis, 5) e Carlos Ricardo Rossetto (Doutor em Engenharia da Produção, 3). O restante dos autores se caracteriza como autores retirantes. Por conta do exposto, percebe-se que há uma grande força de pesquisas qualitativas nos últimos anos, e em especial, na utilização da técnica de observação nestes trabalhos, pois esta técnica representa uma grande oportunidade de ter resultados mais fidedignos, em relação a outros trabalhos que não utilizam esta técnica. No decorrer desta pesquisa, observou-se que os autores, de uma forma geral, classificam sua pesquisa como qualitativa, abordando as técnicas por eles utilizadas, neste caso, a observação. No entanto, não abordam os procedimentos adotados durante a observação, o que não significa que não houve procedimento, mas apenas que estes não foram relatados em suas pesquisas. Uma forma de melhorar a pesquisa qualitativa no Brasil poderia ser a exposição deste “checklist” por eles adotados durante a coleta dos dados, na observação. Uma justificativa para a ausência desta lista poderia ser a limitação de linhas/palavras delimitadas pelo periódico. O estudo limita-se por utilizar apenas os artigos dos periódicos brasileiros mais bem classificados no Web Qualis, compreendendo apenas artigos classificados como A2, B1 e B2. Sugere-se para pesquisas futuras que essa análise seja feita em periódicos internacionais que possuem acesso aberto ao público, bem como para os demais periódicos brasileiros com menor qualis.
Referências Abib, G., Hoppen, N. & Hayashi Junior, P. (2013). Observação participante em estudos de administração da informação no Brasil. Revista de Administração de Empresas, 53(6). Alvarado, R. U. (2002). A Lei de Lotka na bibliometria brasileira. Ciência da Informação, 31(2), 6. Alvarenga, L. (1998). Bibliometria e arqueologia do saber de Michel Foucault: traços de identidade teórico-metodológica. Ciência da Informação, 27(3), 253–261. Andrade, J. & Muylder, C. (2010). A relevância dos temas inovação e qualidade na pesquisa contábil: um estudo bibliométrico em eventos científicos no Brasil. ABCustos Associação Brasileira de Custos, V, 45–62. Belei, R. A., Gimeniz-Paschoal, S. R., Nascimento, E. N. & Matsumono, P. H. V. R. (2008). O uso de entrevista, observação e videogravação em pesquisa qualitativa. Cadernos de Educação, 30. Cardoso, R. L., Ribeiro, O., Neto, M., Edson, U., Riccio, L., Marici, U. & Sakata, C. G. (2005). Pesquisa científica em contabilidade entre 1990 e 2003. RAE. Revista de Administração de Empresas, 45, 34–45. Denzin, N. K. (1989). The research act. 3thd. ed. Englewood Cliffs: Prentice Hall. Flick, U. (2009). Introdução à Pesquisa Qualitativa. 3ª Ed. Porto Alegre: Artmed Editora. Guedes, V. L. S. (2012). A bibliometria e a gestão da informação e do conhecimento científico e tecnológico: uma revisão da literatura. Revista do Ponto de Acesso, 6 (2), 74-109. Kirk, J. & Miller, M. L. (1986). Reliability and validity in qualitative research: qualitative research methods. Newbury Park: Sage, 1. Machado Júnior, C., Souza, M. T. S., Palmiano, A., Campanário, M. A. & Parisotto, I. R. S. (2014, setembro). Análise de Viabilidade de Utilizar as Leis da Bibliometria em Diferentes Bases de Pesquisa. Anais do Encontro da ANPAD, Rio de Janeiro, Brasil, 38. Macias-Chapula, C. A. (1998). O papel da informetria e da cienciometria e sua perspectiva nacional e internacional. Ciência da Informação, 27 (2), 134–140. Myers, M. D. (2009). Qualitative research in business & management. London: Sage. Moura, M. L. S., Ferreira, M. C. & Paine, P. A. (1998). Manual de elaboração de projetos de pesquisa. EdUERJ.