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Origem das Letras: Alfabeto Fenício e Suas Derivações, Notas de estudo de Latim

Este texto explica a origem das letras do alfabeto latino, partindo do alfabeto fenício e seguindo suas evoluções até o alfabeto calcídico e o alfabeto grego. O texto detalha a decomposição da sílaba em letras, a introdução do alfabeto na grécia, as variantes do alfabeto jônio e calcídico, e a adição de letras como y e z no alfabeto latino.

O que você vai aprender

  • Qual foi a origem do alfabeto fenício?
  • Quais foram as principais variantes do alfabeto grego?
  • Como o alfabeto fenício influenciou o desenvolvimento do alfabeto grego?

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Pele_89
Pele_89 🇧🇷

4.2

(38)

229 documentos

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OBIGEM DAS LETRAS
Antenor
Nascentes
A escrita
começou
pelo desenho.
Os homens desenhavam de modo mais ou menos grosseiro
os objetos, os animais, etc.
E' a chamada escrita
pictográfica,
muito em voga entre os
índios
da
América
do Norte.
Veio depois o pensamento de figurar as
idéias
abstratas
pelos objetos que tinham maior analogia com as
idéias
a
re-
presentar .
E'
a
chamada escrita
ideográfica.
Ambas as escritas eram insuficientes porque exprimiam
idéias
e
o sons
e
eram por conseguinte independentes da
linguagem falada.
A insuficiência do sistema
ideográfico
levou ao sistema
fonético.
Era preciso um sistema que levasse em conta a lin-
guagem, isto
é,
que lembrasse ao ouvido os sons significati-
vos das palavras.
Criou-se primeiro um sistema que tem certa analogia com
aquilo que os charadistas chamam enigma pitoresco.
Cada
sílaba
era representada por um sinal, ficando
silábi-
ca
a
escrita,
daí
chegando-se ao alfabetismo, onde se deu
a
decomposição da
sílaba
em letras, com
a
representação sepa-
rada de cada letra.
Dos quatro sistemas
ideográficos,
o chinês, o cuneiforme
assírio,
o hitita e o
egípcio,
este
é o
único
que nos interessa.
O
egípcio
participava de caracteres figurativos,
cópia
di-
reta dos objetos; de caracteres
simbólicos,
que exprimiam por
vários
processos as
idéias
abstratas; de caracteres
fonéticos
que tinham um valor
silábico
ou
alfabético.
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Baixe Origem das Letras: Alfabeto Fenício e Suas Derivações e outras Notas de estudo em PDF para Latim, somente na Docsity!

OBIGEM DAS LETRAS

Antenor Nascentes

A escrita começou pelo desenho. Os homens desenhavam de modo mais ou menos grosseiro os objetos, os animais, etc. E' a chamada escrita pictográfica, muito em voga entre os índios da América do Norte. Veio depois o pensamento de figurar as idéias abstratas pelos objetos que tinham maior analogia com as idéias a re- presentar. E' a chamada escrita ideográfica. Ambas as escritas eram insuficientes porque exprimiam idéias e não sons e eram por conseguinte independentes da linguagem falada. A insuficiência do sistema ideográfico levou ao sistema fonético. Era preciso um sistema que levasse em conta a lin- guagem, isto é, que lembrasse ao ouvido os sons significati- vos das palavras. Criou-se primeiro um sistema que tem certa analogia com aquilo que os charadistas chamam enigma pitoresco. Cada sílaba era representada por um sinal, ficando silábi- ca a escrita, daí chegando-se ao alfabetismo, onde se deu a decomposição da sílaba em letras, com a representação sepa- rada de cada letra. Dos quatro sistemas ideográficos, o chinês, o cuneiforme assírio, o hitita e o egípcio, este é o único que nos interessa. O egípcio participava de caracteres figurativos, cópia di- reta dos objetos; de caracteres simbólicos, que exprimiam por vários processos as idéias abstratas; de caracteres fonéticos que tinham um valor silábico ou alfabético.

Foram os fenícios, povo comerciante e navegador, fre- qüentadores do mercado egípcio, que tiveram o mérito de criar um verdadeiro alfabeto.

Do sistema egípcio tiraram eles suas letras. O alfabeto fenício tinha vinte e duas letras, consoantes e semiconsoantes.

As figuras destas letras podem ver-se na Minerva, de Gow e Reinach, 4a. edição, Paris, 1900, no Nouveau Larousse Illustré, s. v. phénicien, na História do Oriente e Grécia, de João Ri- beiro, Rio, 1894, pág. 124, em O idioma nacional, de Antenor Nascentes, vol. II, pág. 15.

As consoantes fenícias representavam o esqueleto das pa- lavras, de modo que, para se ler, precisava-se conhecer o sen- tido da frase. E' como se, em português tivéssemos, por exem- plo, a palavra prc, que tanto valia para parco como para perco como para porco. Os nomes destas letras são conhecidos através do hebraico, pois do fenício restam muito poucos vestígios vocabulares. Os trechos mais longos são o que consta da estela de Mesa, hoje no Louvre, e os versos púnicos do Poenulus de Plauto. Os nomes das letras, a forma e a ordem ainda têm muito do original. Do alfabeto fenício saiu o grego. A tradição atribui ao fenício Cadmo, que veio estabele- cer-se na Beócia, a introdução do alfabeto fenício na Grécia. Heródoto, Histórias, V, 58, afirma ter visto em Tebas ins- crições com letras cadméias, num total de dezesseis, semelhan- tes às do alfabeto jônio. Coube aos gregos a idéia genial de representar as vogais. Para isso, tomaram seis letras fenícias que não represen- tavam som algum em grego. Ao alef deram o valor de "alfa"; ao , o do "epsilon"; ao vau, o do "ypsilon"; ao iod, o do "iota"; ao aim, o do "omicron". O heth, que marcava o espírito forte, passou a representar o "eta" e de uma modificação do ômicron saiu o ômega.

Depois do ano 100 antes de Cristo, quando palavras gregas passaram a ser de uso freqüente em latim, juntaram-se ao al- fabeto o Y e o Z. Do alfabeto latino saiu o nosso, nas maiúsculas. O hábito de escrever rapidamente, na prática dos negócios, deu nascimento a um tipo de escrita chamado cursivo, donde vêm as minúsculas. No alfabeto latino o I valia tanto para a vogal como para a semiconsoante; o V, tanto para o u vogal como para o u semi- consoante. O J e o U vieram muito mais tarde, como será ex- plicado no lugar oportuno. Passemos a estudar cada letra de per si. A — Esta vogal tem o valor de soletração que os romanos davam à primeira letra do alfabeto calcídico. Inicial de alfa, que vem do fenício "alef, boi, cabeça de boi, e mhebraico alef (Sander e Trenel, Dictâonnaire hébreu-français, Paris, 1859, de- signado doravante pelas iniciais ST). A figura fenícia foi virada, pois as pontas eram para cima,, um pouco à direita, e ao arredondado da cabeça se deu a forma de um triângulo. No alfabeto fenício era o sinal do espírito forte, o qual os gregos aproveitaram para a vogal a. B — O nome vem do valor de soletração que os romanos davam à segunda letra do seu alfabeto, correspondente à segun- da letra do alfabeto calcídico. E' o primeiro som do beta, que vem do fenício "beth", em hebraico beth, casa (ST, 52, 63). A forma é a mesma do alfabeto calcídico. Os nomes das consoantes latinas se formavam, agregando um e, que nas oclusivas se pospunha (dê, pê, kê, tê) e nas de- mais frictivas, etc, se antepunha (ef, el, em, en, er, es). Dai bê. V. Niedermann, Précis de phonétique historique du latin. Paris, 1906, pág. 11. Essas consoantes eram chamadas mutae (quod per se sine adminiculo vocalium non possunt enuntiari. Diomedes, I, pág. 423, 24 K). C — Do valor de soletração do C palatalizado entre o sé culo IV e o século VI, no latim vulgar, diante de e e de i.

Valia antes por um g velar (guê). Tomou depois o valor de K quando com uma alteração na forma passou a ocupar o sétimo lugar no alfabeto, em substituição ao desaparecido s so- noro, inutilizado pelo rotacismo no quarto século antes de Cris- to. A forma é a do gama do alfabeto calcídico, tal como se acha em algumas inscrições gregas do sul da Itália. D — Do valor de soletração que os romanos davam à quar- ta letra do seu alfabeto, correspondente à quarta letra do alfa- beto calcídico. E' o primeiro som do grego delta, do fenício "daleth", em hebraico daleth, porta da tenda, formada pelo afas- tamento das duas cortinas, criando um triângulo para a passa- gem das pessoas (ST, 112, 113, Isaia Levi fu Isacco, Grammatica ed esercizi pratici delia língua ebraica, 2a. edição, Milão, 1914, pág. 6). Já com a forma atual no alfabeto calcídico das inscrições do sul da Itália. E Valor de soletração que os romanos davam à quinta letra do seu alfabeto. Vem do épsilon grego. A quinta letra do alfabeto fenício era o "hê", em hebraico hê, eis (ST, 133, 134, Levi, pág. 7). Indicava uma aspiração fraca e os gregos a aproveitaram para simbolizar a vogal e breve. Na forma fenícia os três traços horizontais paralelos eram iguais e do lado esquerdo. F — Os romanos pronunciavam os nomes das consoantes fricativas e contínuas sem vogal de apoio, antepondo um e. Até a segunda metade do quarto século eram litterae per se nominativae sive quae per se prolatae nomen suum ostendunt. (Charisio, I, pág. 9, 4 K e Prisciano, II, pág. 8, 10 K), como as vogais a, e, i, o, u, razão pela qual eram chamadas semivocales, por oposição às mutae. Tem a forma do digama do alfabeto calcídico. O digama se perdeu e deixou um lugar vago que passou a ser ocupado por um som latino, o de f , que os gregos não possuíam. O fi era um p aspirado e não um f.

Na Renascença voltou o h etimológico: homem, haver, etc. A forma é a mesma do alfabeto calcídico. I — Do valor de soletração que os romanos davam a esta vogal, primeiro som do iota grego. Vem do fenício "iod, em hebraico iod, mão, costas da mão (ST, 222, 226, Levi, pág. 10), em grego iota. A forma é a mesma do alfabeto calcídico, que deu em la- tim o I, tanto vogal como semiconsoante. J — Esta letra não existia no alfabeto latino. Representa a consonantização do i semiconsoante do latim vulgar. Foi criada pelo humanista francês Ramus (Pierre La Ra- mée, 1515-72) em sua gramática latina (1559), razão pela qual é chamada letra ramista. Seu nome vem do grego iôta, através do latim iota por via erudita. K — Esta letra desapareceu do nosso alfabeto mas ainda tem emprego nas abreviaturas do sistema métrico e na quí- mica. Seu nome vem da primeira sílaba do grego káppa, do fe- nício "caf", em hebraico caf, palma da mão (ST, 271, 297). Já tinha desaparecido do alfabeto latino, conforme vimos, quando o C tomou o som velar surdo (kê), subsistindo em abre- viaturas. A forma é a do alfabeto fenício mas com as duas pernas pa- ra o lado direito, já assim no alfabeto calcídico. L — O nome vem da pronúncia que os romanos lhe da- vam: el. Vem do primeiro som do grego lámbda, do fenício "lamed", em hebraico lamed, aguilhão (ST, 309, 371, Levi, pág. 12). A forma é, com pequena alteração (base horizontal e não oblíqua), a do alfabeto fenício, mantida pelo calcídico, ao passo que o jônio usava de um V invertido. M — O nome vem da pronúncia que os romanos lhe da- vam: em. Vem do primeiro som do grego my, do fenício "mem", em hebraico mem, água (ST, 330, 359, 361).

A forma é, com pequena alteração (igualação das quatro pernas), a do alfabeto fenício, mantida com pequena alteração pelo calcídico. Sugeria pequenas ondas.

N — O nome vem da pronúncia que os romanos lhe da- vam: en.

Vem do primeiro som do grego ny, do fenício "nnn", em hebraico nun, peixe (ST, 423).

A forma é a do alfabeto calcídico. O — Do valor de soletração que os romanos davam a esta vogal. No alfabeto fenício era o "aim", em hebraico aim, olho (ST, 499, 524, Levi, pág. 14), uma velar de natureza especial. Não havendo este som no alfabeto grego, os gregos aproveitaram o sinal para o o breve (ômicron). A forma é a mesma do alfabeto fenício e do calcídico. P — Do valor de soletração que os romanos lhe davam. Vem do primeiro som do pi grego, do fenício "pê", em he- braico pê, boca (ST, 564, 568, Levi, pág. 14). A forma, por incrível que pareça, não é a do pi do alfabeto calcídico e sim a do rô (P). O arredondado tinha uma abertu- ra que desapareceu. Q — O nome latino era ku, tirado do kóppa grego, alterado. O grego vem do fenício "cof", em hebraico cof, parte poste- rior da cabeça (ST, 628). O copa, que vinha entre o pi e o rô no alfabeto calcídico, desapareceu no jônio, ficando apenas co- mo símbolo de numeração (900). Em espanhol o nome é cu (Real Academia, s. v. Q) e este também era o nome no português antigo. (..., pois esta q tem tão perversa natureza além do mau nome..., João de Barros, Gramática da língua portuguesa , 3a. edição, 1957, pág. 64). Por eufemismo, mudou-se o nome para . A forma é a do alfabeto fenício, passando a linha reta ver- tical a ser um traço curvo horizontal, muito longo no primiti- vo alfabeto latino. R — Os romanos chamavam er.

te ( uinu — vinu ), com base neste som deram-lhe, por analo- gia, um nome analógico com o de bê, cê, dê, etc. O humanista Ramus, de que já falamos a propósito do j, ressuscitou o V para representar esta consonantização. V. Niedermann, op. cit., pág.

Embora nunca tivesse feito parte do alfabeto português, pois só aparece em palavras estrangeiras, o W merece citação porque faz parte de abreviaturas como a de oeste, a do tungs- ténio ou volfrâmio (alemão Wolfram ) e aj do watt. O W vem do uu das velhas escritas teutônicas e foi introduzido no in- glês ( double-U ) pelos escribas franceses e no século XIII subs- tituiu inteiramente a runa wen. X — No alfabeto calcídico, que não tinha a letra ksi , pos- suía o valor duplo de ksi e a forma passou para o alfabeto la- tino com este valor. A origem do nome não é muito clara. Devia ter em latim o mesmo nome do ksi grego Deste ksi teriam saído o espanhol equis , o italiano iccasse (fagioli), icse (Battisti e Alessio) e o francês iks. No espanhol antigo teve valor chiante, que ainda conser- va em alguns dialetos como o table (Real Academia). Tê-lo-ia também no português antigo e daí vem o som chia- do inicial. Resta explicar a terminação. Viria de uma altera- ção do ksi com base neste som chiante? No alfabeto jônio valia por qui e disso resta um vestígio na expressão XPTO, abreviação de CHRISTOS. Y — Desapareceu do nosso alfabeto, mas ainda aparece no símbolo químico do ítrio e no do itérbio. Vem do ípsilon do alfabeto calcídico, conservando a for- ma dele. Surgiu no alfabeto latino no ano 100 a. C. Z — Vem do primeiro som do latim zeta (Ausônio), do grego dzeta. Seu nome, do mesmo modo que o do V, formou-se por ana- logia com bê, cê, dê, etc. Surgiu depois do ano 100 a. C. A forma é a do alfabeto calcídico.