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o uso da poesia de cordel na educação infantil, Slides de Literatura

É limitado o espaço dado ao cordel no cotidiano escolar por esse tipo de literatura ser discriminada, uma vez que apresenta caracterís- ticas populares.

Tipologia: Slides

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Érica Pires Conde
Universidad e Federal do Piauí – UFPI
Mestra em linguística pela Universida de Federal do Ceará - UFC
O USO DA POESIA DE CORDEL
NA EDUCAÇÃO INFANTIL
USE OF POETRY CORDEL IN EARLY
CHILDHOOD EDUCATION
01
RESUMO
É limitado o espaço dado ao cordel no cotidiano escolar por esse
tipo de literatura ser discriminada, uma vez que apresenta caracterís-
ticas populares. Diante dessa ocorrência, resolvemos estudar a poesia
de cordel retiradas do ciberespaço, pois, muitas vezes, o professor não
as utiliza por não ter acesso a elas. Nosso interesse maior é mostrar as
riquezas que podemos explorar com nossos alunos na educação infantil.
Nos cordéis, encontramos a linguagem simples, que atrai as crianças,
a cultura popular e os assuntos contemporâneos. Não podemos fazer
educação sem cultura: a inserção da poesia infantil de cordel, no contexto
escolar, torna o processo de ensino e aprendizado mais significativo.
Palavras-chave: poesia de cordel; ensino; educação infantil.
ABSTRACT
The space given to the twine in the daily pertaining to school for
being is limited this type of discriminated literature, a time that presents
popular characteristics. Ahead of this occurrence, we decide to study
the removed twine poetry of ciberspace, therefore, many times, the
professor does not use them for not having access. Our bigger interest
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Érica Pires Conde Universidade Federal do Piauí – UFPI Mestra em linguística pela Universidade Federal do Ceará - UFC

O USO DA POESIA DE CORDEL

NA EDUCAÇÃO INFANTIL

USE OF POETRY CORDEL IN EARLY

CHILDHOOD EDUCATION

RESUMO É limitado o espaço dado ao cordel no cotidiano escolar por esse tipo de literatura ser discriminada, uma vez que apresenta caracterís- ticas populares. Diante dessa ocorrência, resolvemos estudar a poesia de cordel retiradas do ciberespaço, pois, muitas vezes, o professor não as utiliza por não ter acesso a elas. Nosso interesse maior é mostrar as riquezas que podemos explorar com nossos alunos na educação infantil. Nos cordéis, encontramos a linguagem simples, que atrai as crianças, a cultura popular e os assuntos contemporâneos. Não podemos fazer educação sem cultura: a inserção da poesia infantil de cordel, no contexto escolar, torna o processo de ensino e aprendizado mais significativo. Palavras-chave: poesia de cordel; ensino; educação infantil. ABSTRACT The space given to the twine in the daily pertaining to school for being is limited this type of discriminated literature, a time that presents popular characteristics. Ahead of this occurrence, we decide to study the removed twine poetry of ciberspace, therefore, many times, the professor does not use them for not having access. Our bigger interest

v. 9 • n. 1 • p. 10-22 • jan./jun. 2013 is to show the wealth that we can explore with our pupils in classroom. In twines we find the language simple, that attracts the children, the popular culture and the subjects contemporaries. We cannot make edu- cation without culture: the insertion of the infantile twine poetry, in the pertaining to school context, becomes the process of education and significant learning. Key-words: cordel poetry; education; early childhood education. INTRODUÇÃO O valor dado à cultura deveria ser mais significativo no contexto escolar, visto que o cotidiano está impregnado de saberes. Trabalhar com o poema de cordel é destacar, sobretudo, o registro cultural, verificar as atitudes críticas que circulam no contexto da sociedade, tendo em vista o setor popular. Diante desse aspecto, podemos falar que este trabalho apresenta o poema de cordel como um instrumento para o ensino de crianças em sala de aula, considerando os contextos sociais que esses textos apresentam. Trabalhamos, portanto, com a análise das poesias de cordel de Tárcio Costa^1 , inseridos no mundo digital, a fim de facilitar o acesso a esses textos. O ponto de partida para tal análise foi: de que maneira a literatura de cordel contribui para o ensino e a aprendizagem da língua portu- guesa e de assuntos referentes a outras ciências como, por exemplo, a biologia, a história e a geografia, de forma lúdica? Constatamos ser o poema de cordel para a criança uma possibili- dade de inserir em sala de aula uma nova forma de ler e ouvir, tornando o estudo do poema o ponto de partida para conhecer situações do cotidiano, aprender língua portuguesa, história, biologia e geografia, (^1) Textos retirados no sítio http://tarciocosta.com.br/content/category/9/34/45/.

v. 9 • n. 1 • p. 10-22 • jan./jun. 2013 A função da poesia e, naturalmente, da arte literária em geral, não é pro- mover o domínio linguístico, mas, por meio da linguagem, possibilitar ao receptor um distanciamento crítico da realidade que ela lhe expõe à consciência. Por isso, a poesia tem uma importante função no desenvolvi- mento da personalidade infantil, uma vez que ela permite a comunicação da criança com a realidade, possibilita a investigação do real, ampliando o entendimento e a experiência de mundo através da palavra. Mas, para isso, a sua linguagem, os seus temas precisam estar em harmonia com a vivên- cia infantil para que possa cumprir sua função simbólica e só conseguirá cumpri-la se tiver valor literário, se criar novas linguagens, se respeitar o mundo infantil que tem uma coerência peculiar. (GONÇALVES, 2009, p. 5) Podemos, então, inferir que a poesia para criança deve trazer tra- ços infantis, deve, principalmente, respeitar a sintaxe e linguagem usada pela criança. Aqui não estamos defendendo uma estrutura e linguagem errada, mas de construção simples e acessível. Quanto ao uso das poesias infantis em sala de aula, vemos certa rejeição por partes dos professores. Para Gonçalves (2009), isso pode ser em decorrência das especificidades do texto poético, como a rima, o ritmo e o trabalho com os recursos estilísticos, como também do seu sentido polissêmico. Gonçalves (2009) acredita que a formação do professor não é sufi- ciente em relação ao texto poético. Ela condena as escolhas inadequadas de textos, sua fragmentação em livros didáticos, usados, às vezes, pelo professor em sala de aula. A autora diz que a culpa também é da escola: [...] Embora, muitas vezes, a própria escola promova a ruptura criança/ poesia pelo modo como tem promovido o estudo, a leitura e a prática de trabalho com o texto poético; ele precisa fazer parte dos conteúdos escolares, e o professor precisa conhecer a produção atual e as especi- ficidades desses textos voltados para o público mirim e o que deve ser valorizado nessas produções. (GONÇALVES, 2009, p. 2) Assim, a poesia precisa ser retomada como estudo no âmbito escolar. Através desse gênero, a linguagem da criança é desenvolvida, pois além de perceber as rimas e os ritmos, ela aperfeiçoa o estudo da semântica. Fronckowiak (2005) aborda a importância de se trabalhar com a poesia nas séries iniciais. Ela crê que a leitura de poesia, que é um texto

Diálogos Pertinentes – Revista Científica de Letras para ser oralizado para as crianças em sala de aula, ajuda na aprendiza- gem da leitura e da escrita. A exploração das redes fônicas do poema pelo professor leva as crianças a estabelecerem uma relação entre a palavra e sua cadência melódica. A brincadeira com as palavras, então, ganha forma. O importante em trabalhar com a poesia passa a instigar a criatividade, o sentir, poder se colocar no texto, criar aventuras e aventurar-se. Com essa questão, surgem indagações quanto a que poesia levar para a sala de aula. Enfatizando sobre a importância de trabalharmos com esse gênero, Abramovich (2008) sugere que a poesia boa é aquela que trabalha com a surpresa. A poesia para criança, assim como a prosa, tem que ser antes de tudo muito boa! De primeiríssima qualidade!!! Bela, movente, cutucante, nova, surpreendente, bem escrita... Mexendo com a emoção, com as sensações, com os poros, mostrando algo de especial ou que passaria despercebido, invertendo a forma usual de a gente se aproximar de alguém ou de algu- ma coisa... Prazerosa, divertida, inusitada, se for a intenção do autor... Prazerosa, triste, sofrente, se for a intenção do autor... Prazerosa, gostosa, lúdica, brincante, se for a intenção do autor. (ABRAMOVICH, 2008, p.67) Conforme apresentado, a poesia adequada é aquela que instiga a criança a pensar. Ver a intenção do autor e posicionar-se diante dela consiste em fazer descobertas, criar posicionamentos. Podemos dizer que se torna urgente levar a poesia para sala de aula. Ler e perceber como o que foi lido ficou entendido, deixar que as crianças deliciem seja a tristeza ou a alegria, com a palavra amarga ou doce, é dar vida ao texto poético. A LITERATURA DE CORDEL EM SALA DE AULA O cordel apresenta-se ligado ao cotidiano da sociedade, manifes- tando sua cultura, ou seja, o que o homem produz. Discute diferentes assuntos: política, religião, estórias fantásticas, biografias de personali- dades, dentre outros. Para Diégues (1977), a literatura de cordel tem sua origem em Portugal, com a denominação de folhas volantes. O autor cita que esse

Diálogos Pertinentes – Revista Científica de Letras postos em prática no cotidiano das escolas. Seria propor uma forma de estimular os alunos a enxergarem o que há por trás dessas produções textuais, não só no que diz respeito ao texto em si, mas com relação às vozes que ele traz consigo. Vozes essas capazes de expressar questões morais, políticas, sociais, econômicas e culturais. (ALVES, 2008, p.108) Com base no exposto, percebemos a relação da literatura de cor- del com o contexto cultural. Compreendemos que é possível estudar textos que apresentem informações e linguagens inseridos em textos comunicativos de uso. AS POESIAS DE CORDEL PARA CRIANÇAS: COMO USAR? UMA ANÁLISE DOS TEXTOS POÉTICOS DE TARCIO COSTA. Uma atividade importante e que estimula bastante as crianças é a literatura de cordel. Denominamos esse tipo de literatura como uma manifestação cultural que surge na forma oralizada e, por meio da es- crita, transmite as cantigas, os poemas e as histórias de um povo, sendo impressa em folheto ou livretos. Antes eram expostos em barbantes, como roupas no varal; atualmente, podem ser achados no ciberespaço. A contribuição da literatura de cordel para a formação do aluno dá-se pela possibilidade de levá-los ao domínio de outros conteúdos, além de abordar as variantes de linguagens regionais. A fim de analisarmos essas possibilidades, estudamos os textos de Tarcio Costa, que saiu dos folhetos e ganhou o mundo digital, postados no site http://tarciocosta.com.br/content/category/9/34/45/. A nossa escolha por algumas poesias deu-se considerando a presença de temas atuais, o jogo feito com as rimas e o uso de recursos estilísticos. Colocamos, a seguir, um exemplo enfatizando um tema atual, o cordel contra a dengue. Dengue é uma doença infecciosa aguda, causada pelo vírus Flaviridae, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti :

v. 9 • n. 1 • p. 10-22 • jan./jun. 2013 EXEMPLO 1 – O CORDEL CONTRA DENGUE^2 Vamos falar de um assunto Que é mesmo muito importante Temos que ser rapidinhos Não perder nenhum instante Pois na guerra contra a dengue Nunca se faz o bastante Os ovinhos do mosquito Você pode encontrar Bem ali no seu quintal Em tudo quanto é lugar Basta que tenha lixinho Que água possa acumular Pneus velhos e garrafas Se não forem bem guardados Servirão de criadouros Dos mosquitinhos danados Que uma vez picando a gente Deixa-nos adoentados Seja em casa ou na escola Temos que tomar cuidado Pois nos vasos das plantinhas Deve ser depositado No lugar da água, areia Que dá melhor resultado Avisemos aos papais Para em casa procurar Limpar muito bem as calhas (^2) Disponível em: http://tarciocosta.com.br/content/view/131/45/>.

v. 9 • n. 1 • p. 10-22 • jan./jun. 2013 EXEMPLO 2 - O VOVÔ E A VOVÓ^3 O vovô e a vovó Não gostam de confusão Pedem para seus netinhos Prestarem muita atenção Vovô se escreve de um jeito Que vovó não escreve não O vovô leva chapéu A vovó leva grampinho Pois acento circunflexo É igual a um chapeuzinho Na vovó o acento agudo Deixa tudo bem certinho São o vovô e a vovó a nossa grande riqueza Quando a escrita é correta Fica melhor com certeza Pois mais bela fica ainda Nossa língua portuguesa A sonoridade e o jogo com as palavras dão uma sensação gostosa no leitor. A rima salteada, presente em todos os textos analisados, garante a expressividade e a musicalidade: confusão, atenção, não/ grampinho, chapeuzinho, certinho/ riqueza, certeza, portuguesa. Dessa forma, per- mitimos que, com o uso de poesias em sala de aula, as crianças sintam o jogo que é feito com as palavras e as emoções. A brincadeira com os vocábulos, então, ganha forma e o impor- tante em trabalhar com a poesia passa a ser instigar a criatividade, sentir, poder se colocar no texto. Tarcio Costa mostra, nesse poema, o trabalho com duas temáticas: os avós e a escrita na língua portuguesa. Há um (^3) Disponível em: http://tarciocosta.com.br/content/view/232/45/.

Diálogos Pertinentes – Revista Científica de Letras regate das tradições familiares, mostrando, nas entrelinhas, diferenças entre as gerações. Apresentamos, aqui, outro poema de Tarcio Costa, no qual des- tacamos o uso dos recursos estilísticos, hipérbole e metáfora: EXEMPLO 3 - BRINCADEIRA DE CRIANÇA^4 Um barquinho de papel Gira, gira meu peão Carrinho de rolimã Amarelinha no chão Quem chegar primeiro ao céu Vai ganhar meu coração A pipa no azul do céu Pular corda no quintal Bate e volta à bola queima Sempre venço no final Pois bom mesmo é ser criança Brincar até passar mal O mundo é bola de gude É ciranda cirandinha Pega-pega é mais gostosa Quando a vez não é a minha Se adulto tem inveja Que volte a ser criancinha A principal característica dessa poesia é o tom lúdico com que é tratado o assunto. Ademais, há ainda um resgate de todas as brincadei- ras de infância do autor: pega-pega, pular corda, queima, amarelinha (canção), rodar pião, dentre outras. Os recursos estilísticos hipérbole (Brincar até passar mal) e me- táfora (O mundo é bola de gude) aparecem no texto com o intuito de (^4) Disponível em: http://tarciocosta.com.br/content/view/322/45/.

Diálogos Pertinentes – Revista Científica de Letras sala de aula. O cordel para crianças garante o contato com a literatura desde cedo, instigando o gosto por ritmo e rimas, além de servir como suporte para o aprendizado de novos conhecimentos. REFERÊNCIAS ABRAMOVICH, F. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 2008. ALVES, R. M. Literatura de cordel: por que e para que trabalhar em sala de aula. Revista Fórum Identidades. 2008, ano 2, vol. 4, p. 103-109. Disponível em: <http://www.posgrap.ufs.br/ periodicos/revista_forum_identidades/revistas/ARQ_FORUM_IND_4/SESSAO_L_FO- RUM_Pg_103_109.pdf>. COELHO, N. N. Literatura infantil: teoria, análise e didática. São Paulo: Moderna, 2000. DIÉGUES JR, M. Literatura de cordel. 2. ed. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura,

FRONCKOWIAK, Â. C. Como andar sem poesia? A leitura de poemas na educação infantil. II Colóquio Leitura e Cognição. 2005, Anais. Disponível em: <www.unisc.br/cursos/pos- -graduação/mestrado/letras/anais-2coloquio/como_andar_sem_poesia.pdf.>. Acesso em: 1 maio 2010. GONÇALVES, M. de L. B. Poesia infantil: uma linguagem lúdica. Congresso Internacional de Leitura e Literatura Infantil e Juvenil. Anais. Porto Alegre: PUC, 2009. Disponível em: <www.pucrs.br/edipucrs/CILLIJ/praticas/POESIA-INFANTIL-OK.pdf>. Acesso em: 4 nov.

SILVA, M. Poesia infantil contemporânea: dimensão linguística e imaginário infantil. Imaginário. Universidade de São Paulo, São Paulo, vol. 12, n. 13, p. 358-380, 2006. ZAPPONE, M. H. Y. A leitura de poesia na escola. In: MENEGASSI, R. J. (Org.). Leitura e ensino. Maringá: EDUEM, 2005.