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Guias e Dicas
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A Importância da Comunicação Não Violenta na Mediação de Conflitos em Sala de Aula, Provas de Comunicação

Este documento discute a importância da comunicação não violenta na mediação de conflitos em sala de aula, baseado em uma pesquisa realizada por uma professora coordenadora. Ele destaca a necessidade de interatividade, participação e protagonismo estudantil e docente na efetivação dos currículos, e apresenta como as técnicas da comunicação não violenta foram eficientes na promoção de diálogos necessários para o tratamento de pontos tensionais e resolução de conflitos. O documento também aborda a multiplicidade de relações dentro da escola e a importância de minimizar conflitos e outros problemas dentro da sala de aula para que o trabalho docente ocorra efetivamente.

Tipologia: Provas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

PorDoSol
PorDoSol 🇧🇷

4.5

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Universidade Federal de Minas Gerais
Faculdade de Educação
Curso de Especialização em Formação de Educadores para a Educação Básica
Luciana de Lima Oliveira Ferreira
O USO DA COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA COMO
POSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO NAS RELAÇÕES
INTERPESSOAIS ENTRE OS ESTUDANTES
Belo Horizonte
2019
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Baixe A Importância da Comunicação Não Violenta na Mediação de Conflitos em Sala de Aula e outras Provas em PDF para Comunicação, somente na Docsity!

Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Educação Curso de Especialização em Formação de Educadores para a Educação Básica Luciana de Lima Oliveira Ferreira

O USO DA COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA COMO

POSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO NAS RELAÇÕES

INTERPESSOAIS ENTRE OS ESTUDANTES

Belo Horizonte 2019

LUCIANA DE LIMA OLIVEIRA FERREIRA

O USO DA COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA COMO

POSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO NAS RELAÇÕES

INTERPESSOAIS ENTRE OS ESTUDANTES

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Especialização em Formação de Educadores para Educação Básica da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Coordenação Pedagógica: Sujeitos e Práticas no Cotidiano Escolar. Orientadora: Profª Danielle Alves Martins Belo Horizonte 2019

Dedico este trabalho e seus frutos a cada colega de profissão. Educação se faz também com diálogo. Que ao passar por suas mãos para a leitura seja despertada a “curiosidade” em conhecer sobre a CNV. Que possamos compreender que é possível fazermos uma Educação Pública e de qualidade para nossos alunos. Que consigamos entender que para a maior parte deles esta Escola é que pode fazer diferença na vida de cada um!

Mude, mas comece devagar porque a direção é mais importante que a velocidade (Clarice Lispector).

RESUMO

Este estudo tem como objetivo geral: Analisar como o uso da Comunicação Não Violenta (CNV) na mediação de conflitos pode contribuir para a melhoria das relações interpessoais entre os estudantes. O trabalho foi realizada por meio da pesquisa qualitativa, a qual se desenvolveu, de modo colaborativo, tendo o seu enfoque no refinamento da relação aluno professor, entre estudantes e docentes de uma classe de 6º do Ensino Fundamental, de uma escola pública de Belo Horizonte. A intervenção foi construída colaborativamente com a participação dos alunos e professores da classe e contou com a mediação da Coordenação Pedagógica, durante o corrente ano letivo de 2019. Como recurso metodológico e aporte teórico bibliográfico foram empregados os círculos de conversa, delineados a partir dos postulados inscritos na Justiça Restaurativa, com destaque para as técnicas e princípios da Comunicação Não Violenta: CNV. A análise processada à luz dos resultados observados e catalogados permite entrever trajetórias formativas docentes assinaladas por diferentes paradigmas educacionais, que refletem pontos de tensão na relação aluno professor. Estes perpassam as concepções educacionais de aula, disciplina, organização e uso dos tempos e espaços escolares, de modo divergente. Conclui-se que a comunicação que pressupõe a interlocução, a interatividade, a participação e o protagonismo estudantil e docente na efetivação dos currículos em sala de aula, é indispensável. Daí a necessidade do diálogo como elemento fortalecedor da relação aluno professor. Nesta perspectiva, as técnicas da CNV implementadas durante a pesquisa, mostraram ser ferramentas eficientes para a promoção dos diálogos necessários ao tratamento dos pontos tensionais, resolução de conflitos e fortalecimento de posturas respeitosas e trato refinado na relação aluno professor. Palavras-chave : Relação Aluno Professor. Justiça Restaurativa. Comunicação Não Violenta.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CNV COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA

EF ENSINO FUNDAMENTAL

EJA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

PEA PROGRAMA ESCOLA ABERTA

PEI PROGRAMA ESCOLA INTEGRADA

PIP PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

RMEBH REDE MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE BELO HORIZONTE

SMED SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

PSE PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA

PBH PREFEITURA DE BELO HORIZONTE

SUMÁRIO

  • SUMÁRIO..................................................................................................................
  • 1 INTRODUÇÃO
  • 2 OBJETIVOS
    • 2.1 Objetivo geral
    • 2.2 Objetivos específicos:
  • 3 O CONTEXTO DA PESQUISA
  • 4 DIALOGANDO COM A LITERATURA
    • Escola 4.1 O Coordenador Pedagógico como Mediador nas Relações Interpessoais na
    • 4.2 Clima Escolar e seus desafios
    • 4.3 A Comunicação Não Violenta na Escola
  • 5 ASPECTOS METODOLÓGICOS
  • 6 APRESENTAÇÃO DOS DADOS
    • 6.1 Primeiro Círculo: coletivo
    • 6.2 Segundo Círculo: o grupo
    • 6.3 Terceiro Círculo:...............................................................................................
    • 6.4 Quarto Círculo
  • 7 DISCUSSÃO
  • 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
  • REFERÊNCIAS

13 das relações interpessoais por meio de possibilidades de intervenção junto aos professores e aos alunos. Sobretudo na mediação dos conflitos dentro da sala de aula em uma turma de 6º ano, em parceria com alguns dos professores. No cotidiano da escola muitas são as atribuições dadas ao Coordenador Pedagógico. A maioria delas acaba por envolver “questões ligadas ao pedagógico e ao administrativo, relacionadas aos diferentes grupos como gestores, professores, alunos e pais” (PLACCO; ALMEIDA, 2012, p.12). Nesse fazer, novas funções acabam lhe sendo atribuídas entre elas o papel de solucionar problemas principalmente aqueles que envolvem alunos que não se comportam em sala de aula. Nesse contexto, busquei verificar como a mediação de conflitos e o uso da Comunicação Não Violenta (CNV)^1 podem contribuir para a melhoria das relações interpessoais entre os discentes na sala de aula e alguns de seus professores. A pesquisa foi realizada em uma escola da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte (RMEBH), pertencente a Regional Venda Nova. De forma geral, pretendeu-se refletir sobre o papel do Coordenador Pedagógico como articulador do trabalho pedagógico que pode contribuir no sentido de ajudar os professores e os estudantes na superação de dificuldades no que diz respeitos as relações dentro da sala de aula. A CNV mostrou-se uma possibilidade como instrumento dentro do espaço escolar para potencializar as ações que buscam a solução de conflitos escolares. Podendo, portanto, ajudar a promover uma cultura de diálogo dentro da sala de aula, aumentando o respeito e a boa convivência entre estudantes. Para apresentar o trabalho desenvolvido, o texto está organizado em sete seções. Na primeira, apresento os aspectos introdutórios sobre o assunto. Na segunda seção, apresento os objetivos do presente trabalho. Na terceira seção trago a contextualização do território onde a pesquisa foi realizada. Posteriormente, na quarta, trato do referencial teórico e os conceitos presentes na proposta desta pesquisa. Já na quinta e sexta seções, o procedimento metodológico e o 1 Comunicação Não Violenta (CNV) é uma forma de comunicação proposta por Rosenberg (2003), onde por meio do diálogo somos convidados a por em ação o respeito, a compreensão e a compaixão para solução de um conflito.

14 desenvolvimento da pesquisa são apresentados. Na sétima seção, apresento as discussões apontadas pela pesquisa. Nas considerações finais, são apresentados como o uso da CNV pode proporcionar tanto à classe, quanto aos professores participantes, a construção coletiva de ações que sejam pensadas na perspectiva da prevenção da desordem dentro da sala de aula e uma consequente melhora na possibilidade da implementação de um ambiente mais harmônico que pode favorecer a melhoria da aprendizagem, sobretudo no período observado.

16 3 O CONTEXTO DA PESQUISA A Escola Municipal X^2 foi fundada há 43 anos. Está situada na Regional Venda Nova, no Município de Belo Horizonte. Atuo nessa escola há onze anos, tendo exercido as funções de professora alfabetizadora dos anos iniciais, docente de Matemática no 3º Ciclo e Coordenadora Pedagógica. Transitar entre as funções de professora e coordenadora tem me proporcionado aprendizado e desenvolvimento profissional, mediante as vivências e experiências acumuladas no exercício das funções relacionadas. A escola atende a alunos do 1º ao 3º ciclo do Ensino Fundamental (EF) sendo que, no turno da manhã atende alunos do 1º ao 5º ano e no da tarde alunos do 6º ao 9º ano. Há ainda três turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) à noite, sendo uma de Alfabetização e duas turmas de Certificação^3. A escola possui 19 salas de aula, distribuídas em três prédios. Conta com biblioteca, brinquedoteca, auditório, secretaria, sala de professores, sala de coordenação, sala de vídeo, cantina, laboratório de ciências, laboratório de informática, ginásio poliesportivo com vestiário. A escola funciona com o tempo integral por meio do Programa Escola Integrada (PEI). O estudante inscrito no tempo integral tem sua jornada escolar estendida para nove horas. Destas, 4 horas e 30 minutos são destinadas ao turno regular de ensino e as restantes, distribuídas em oficinas, alimentação e aulas passeio. Segundo dados da secretaria da escola , em julho de 2019, eram 230 alunos participando do PEI, num total de 986 alunos da escola. O corpo docente da escola é formado por professores com curso superior. Em sua maioria possuem pelo menos uma especialização dentro de sua área de formação. A equipe de monitores que atua no PEI, em sua maioria possui formação em nível superior ou finalizando. Outro programa que há na escola é o Programa Escola Aberta (PEA), que se constitui como outra modalidade de ação educativa, na perspectiva da Educação Integral, desenvolvido durante os finais de semana. Ele é aberto a toda comunidade escolar. Este programa da Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte 2 Buscando resguardar os participantes da pesquisa, usarei nome fictício para a escola. 3 Turmas que após completarem carga horária recebem o certificado do Ensino Fundamental.

17 tem como objetivo contribuir para a melhoria da qualidade da educação, a inclusão social e a construção de uma cultura de paz, além de ampliar as oportunidades de acesso a espaços de promoção da cidadania e contribuir para a redução da violência escolar, por meio da melhoria do capital social e humano nas comunidades. (PREFEITURA DE BELO HORIZONTE, 2019). Os discentes e monitores, em sua maioria, são moradores do bairro onde está localizada a escola. Há, no entanto, alunos matriculados na escola de bairros vizinhos e também das cidades de Vespasiano e Santa Luzia.

19 percebe-se que o professor pode ser incentivado a buscar gradativamente substituir linguagens negativas por linguagens mais positivas e empáticas, na busca por relações menos assimétricas. A escola então é o local onde todos estão a se relacionar: espaço propício e fecundo para socialização e produção do conhecimento. Percebe-se então que o espaço escolar é partilhado por muitas pessoas que compartilham e confrontam opiniões e ações. Elas são professores, diretores, pedagogos, coordenadores de turno, pessoal de apoio, alunos, pais e a comunidade local. Logo, esse espaço é repleto de contradições, conflitos e também de possibilidades de interações capazes de, em um fazer coletivo, promover a educação que a sociedade demanda (SILVA, 2017, p.133). Sabemos que realizar a gestão da sala de aula não tem sido uma tarefa fácil. Muitos têm sido os desafios surgidos e vivenciados no cotidiano do espaço escolar. A indisciplina e os conflitos nas relações são alguns deles. Ambos têm se mostrado frequentes e vêm dificultando o trabalho do professor dentro das escolas. Cotidianamente situações de conflitos, atitudes de bullying e atos de violência entre os alunos são presenciados pelos docentes dentro das salas de aula. Deste modo, ao Coordenador Pedagógico cabe também articular junto aos discentes da escola, estratégias que ajudem a minimizar esse desafio vivenciado dentro de sala de aula que, por muitas vezes, acaba por refletir ou gerar atitudes de desrespeito e violência em outros espaços do ambiente escolar. É importante compreender e refletir em abordagens eficazes que ajudem a construir uma gestão efetiva dos conflitos em sala de aula. Miziara (2014, p. 612) ressalta a relevância da função do coordenador na escola em seu fazer cotidiano onde “na convivência diária com tensões, conflitos, problemas diversos” apresentados, faz-se necessário por em prática a habilidade, a competência para organizá-las de modo não autoritário. Para isso, estudo e formação são essenciais. Aprender a fazer a escuta, considerar o que outro tem a

20 dizer sobre e compreender a necessidade do outro é essencial. Todos esses aspectos podem favorecer para a proposição de encaminhamentos e atividades a serem desenvolvidas visando prevenção de possíveis situações de conflito. 4.2 Clima Escolar e seus desafios Pensar ações a serem desenvolvidas dentro do contexto escolar com foco nas relações interpessoais que busquem amenizar os conflitos e harmonizar a convivência e o trato com o outro se faz necessário dentro da escola. Refletir sobre a formação integral dos envolvidos no processo escolar e as relações que estes estabelecem é um desafio posto a quem trabalha na educação nos tempos atuais. Segundo estudos da área há vários conceitos para clima escolar, conforme podemos ver nos estudos feitos por Placco e Almeida (2011), Garcia (1999), Cunha (1985), Vinha (2016). Para esta pesquisa trago a compreensão do conceito através da leitura de Vinha et al. (2016, p. 101): Refere-se à atmosfera de uma escola, ou seja, à qualidade dos relacionamentos e dos conhecimentos que ali são trabalhados, além dos valores, atitudes, sentimentos e sensações partilhados entre docentes, discentes, equipe gestora, funcionários e famílias. Trata-se, assim, de uma espécie de “personalidade coletiva” da instituição, sendo que cada escola tem seu próprio clima. Ele determina a qualidade de vida e a produtividade dos docentes, dos alunos, e permite conhecer os aspectos de natureza moral que permeiam as relações na escola. O clima, portanto, é um fator crítico para a saúde e para a eficácia de uma escola. A escola, para além dos conteúdos, está permeada por relações. Estas relações, muitas vezes, têm aproximações diretas com os demais aspectos da prática pedagógica e com o processo de aprendizagem dos estudantes. Bem sabemos que para que esse processo se dê de forma significativa é necessário estabelecer entre os envolvidos uma relação de confiança.