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Guias e Dicas
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Análise histórico-crítica da crítica profética ao sacrifício na Bíblia Hebraica, Notas de aula de Religião

Uma dissertação acadêmica que analisa a crítica profética ao sacrifício na bíblia hebraica, particularmente nos livros de isaías, oseias, amós e miqueias. A análise é baseada na terminologia sacrificial da bíblia hebraica e na leitura dos escritos dos profetas em hebraico. A dissertação também aborda as circunstâncias socio-religiosas que influenciaram a atitude profética em relação ao sacrifício e ao sincretismo religioso.

O que você vai aprender

  • Como é a terminologia sacrificial da Bíblia Hebraica?
  • Como as circunstâncias socio-religiosas influenciaram a atitude profética em relação ao sacrifício?
  • Como a reforma de Josias afetou o culto sacrificial?
  • Como é a análise dos escritos dos profetas em hebraico em relação ao sacrifício?
  • Qual é a atitude profética em relação ao sacrifício e ao sincretismo religioso?

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Tiago22
Tiago22 🇧🇷

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UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE LETRAS
O sacrifício na religião de Israel do século VIII
a.C.: o olhar profético
SOFIA CARDETAS BEATO
Tese orientada pelo Professor Doutor José Augusto Martins
Ramos, especialmente elaborada para a obtenção do grau de
Mestre em HISTÓRIA E CULTURA DAS RELIGIÕES
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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE LETRAS

O sacrifício na religião de Israel do século VIII

a.C.: o olhar profético

SOFIA CARDETAS BEATO

Tese orientada pelo Professor Doutor José Augusto Martins

Ramos, especialmente elaborada para a obtenção do grau de

Mestre em HISTÓRIA E CULTURA DAS RELIGIÕES

UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE LETRAS

O sacrifício na religião de Israel do século VIII

a.C.: o olhar profético

SOFIA CARDETAS BEATO

Tese orientada pelo Professor Doutor José Augusto Martins

Ramos, especialmente elaborada para a obtenção do grau de Mestre

em HISTÓRIA – HISTÓRIA E CULTURA DAS RELIGIÕES

Resumo Os sacrifícios eram centrais para a vida religiosa de Israel e Judá no século VIII a.C., como foram em todo o Israel bíblico precedente à destruição do templo de Jerusalém no século I (d.C.). Os profetas Amós, Oseias, Isaías e Miqueias encontram uma realidade inconstante ao longo da sua existência de inícios do século VIII a.C. a inícios do VII a.C., caracterizada por contendas políticas a nível interno e externo, diferenças sociais de peso e diversidade religiosa. A produção escrita que nos chegou destes profetas comporta uma singularidade clara à época, a contestação aos sacrifícios praticados, não comprometendo a sua centralidade. Propomo-nos identificar, portanto, em que medida os contestam, através dos versos que lhes são contemporâneos. A ideia que, sobretudo, mobilizam em nome de YHWH é a de a meticulosidade e o hábito não prevalecerem sobre o sentimento de devoção (a vários níveis) e sobre a intenção, essenciais no serviço sacrificial, senão o mesmo não estaria a ser entendido. Os profetas convidam os seus ouvintes, em síntese, a melhor conhecerem YHWH. Palavras-chave: sacrifício, Bíblia, profetas, Israel, Judá. Abstract Sacrifices were central to the religious life of Israel and Judah in the 8th^ century BC. They also had been practiced in all biblical Israel before the destruction of the Jerusalem temple in the 1 st^ century. The eighth century prophets Amos, Hosea, Isaiah and Micah found an inconstant reality throughout their existence, characterized by internal and external political contentions, social inequality and religious pluralism. Written records collected from these prophets reveal a particularity at the time, the protest again sacrifices, without compromising their centrality. Let’s have a look at contemporary verses to identify why they disputed them. The main idea they mobilize in YHWH’s name is that meticulousness and routine do not prevail over the feeling of devotion (at various levels) and intention, essential in a sacrificial service. The prophets invite their listeners to know YHWH better. Key words: sacrifice, Bible, prophets, Israel, Judah.

Índice

  1. Introdução: objetivos e metodologia ............................................................................. 6
  2. Estado da arte: a crítica profética ao sacrifício na historiografia moderna ................... 9 2.1. A crítica profética ao sacrifício e ao sincretismo religioso .................................... 9 2.2. A atitude profética contra o opus operatum do sacrifício .................................... 10 2.3. Rejeição total, mas situacional............................................................................. 12 2.4. A crítica à ordem social vigente .......................................................................... 13
  3. Ocorrências etimológicas de sacrifício na Bíblia Hebraica: uma introdução à compreensão do fenómeno sacrificial ............................................................................. 15
  4. A fenomenologia do sacrifício na sociedade hebraica e no Próximo Oriente Antigo. 23 4.1. O sacrifício entre as exigências divinas do Código da Aliança e a ‘aqêdāh como problemática do sacrifício de vítimas humanas .......................................................... 24 4.2. Os sacrifícios da sociedade hebraica do século VIII a.C. e das religiões do Próximo Oriente Antigo ............................................................................................................ 31
  5. De meados ao fim do século VIII a.C.: o ambiente interno e externo ao tempo de Amós, Oseias, Isaías e Miqueias ................................................................................................. 41
  6. A demanda profética de ḥesed perante o sacrifício do século VIII a.C. ..................... 49 6.1. O profeta enquanto ’iš ha-ruaḥ e ’iš ha-dābār .................................................... 49 6.2. Proclamai vossas oferendas voluntárias, anunciai-as, porque é assim é que gostais ......................................................................................................................... 52 6.3. Que posso fazer por ti, ó Efraim? Que posso fazer por ti, ó Judá? O vosso amor é como a nuvem da manhã .......................................................................................... 59 6.4. Israel (…) nada entende ; o SENHOR receberá com agrado milhares de carneiros ou miríades de torrentes de azeite? ............................................................................ 65
  7. Conclusão .................................................................................................................... 74
  8. Bibliografia e Fontes ................................................................................................... 79

1. Introdução: objetivos e metodologia

O mundo bíblico abarca uma larga variedade de estudos passíveis de serem feitos. Tal faz dele, entre a História das Religiões, um nicho quase infinito. Quer através da Bíblia Hebraica, quer do Antigo Testamento (católico, ortodoxo e protestante), não se estuda apenas a história do judaísmo e cristianismo, mas também de religiões como a egípcia, cananaica e grega antigas. O sacrifício é um pilar em todas elas, não fosse ele o «cerne»^1 das religiões da Antiguidade, Pré-Clássica e Clássica; ele integra o culto, formado pelo conjunto das instituições que desempenhavam um papel relevante na vida religiosa de Israel e Judá (o templo, como lugar e espaço do culto, os sacrifícios, como atos do culto e, assim, ritualizados, o sacerdócio e as festas). Os sacrifícios e, com eles, o templo e o sacerdócio, permaneceram em todo o Israel bíblico precedente à destruição do templo de Jerusalém no século I d.C. Tendo em conta que o sacrifício se encontra na maior parte dos livros da Bíblia Hebraica – Berē’šit , Šemôt , Vayiqerā’ , Bemidebar , Debārim , Yehôšu‘a , Šōpeṭim , Šemu’ēl , Melākim , Yeša‘eyāhu , Yiremeyāhu , Yeḥezeqē’l , Hôšē‘a , Yô’ēl , ‘Āmôs , ’ōbadeyāh , Yônāh , Mikāh , Naḥum , Ḥabaqquq , Ṣeponeyāh , Ḥaggay , Zekareyāh , Male’āki , Tehillim , Mišelê , ’iyyôb , Šir Haširim , Rut , ’êkāh , Qōhelet , ’eśetēr , Dāniyyē’l , ‘ezerā’ , Diberê hayyāmim – , mormente nos Šōpeṭim , Livro dos Juízes, e Šemu’ēl , Livros de Samuel, ele envolve: quem o executa/ o sacrificador e qual a intenção do oferente; textos pertencentes a todas as épocas (mais de metade incidem sobre os sacrifícios anteriores à construção do templo no reinado de Salomão, inícios da monarquia^2 ); textos provenientes dos mais diversos meios; uma prática diversificada, no santuário de Jerusalém e nos demais santuários; vários sistemas sacrificiais, que coexistem nos vários livros bíblicos (o sistema sacrificial do Código sacerdotal, descrito maioritariamente no Livro do Levítico, o do Cronista e o apresentado em Ez 40-48). A restrição temporal e temática no seio dos sacrifícios bíblicos é, portanto, indispensável. (^1) Marx, 2004, p. 4. Joaquim das Neves inicia o seu capítulo nos Percursos do Oriente Antigo: Estudos de Homenagem ao Professor Doutor José Nunes Carreira na sua Jubilação Académica dando a mesma ênfase de Alfred Marx: «É reconhecido por todos os especialistas da história das religiões, mormente das do Próximo Médio Oriente, que o sacrifício está no centro de todas elas.» (Neves, 2004 , p. 363). (^2) Diz-nos Marx, 2004, p. 24.

A maioria das passagens que exprimem uma visão claramente positiva do sacrifício a YHWH^3 pertencem ao período do exílio e ao do regresso de alguns exilados, do século VI a.C. em diante^4. A abordagem profética do oitavo século a.C. ao culto sacrificial, com a sua crítica (construtiva), esteve entre as tensões dos movimentos religiosos que floresceram numerosamente durante a monarquia e é a ela que daremos atenção, por ser a literatura bíblica mais incisiva sobre o culto sacrificial e por apresentar uma perspetiva inovadora; continua no período posterior, mas, segundo Roland de Vaux, «já não há polémica contra os sacrifícios»^5. O tema da presente dissertação insere-se na religião de Israel^6 do século VIII a.C., quando Amós, Oseias, Isaías e Miqueias procedem a uma crítica «polémica» ao sacrifício. Os capítulos que se seguem compõem a dissertação: o Estado da arte: a crítica profética ao sacrifício na historiografia moderna , para o qual reunimos os autores e seus artigos, desde cerca de meados do século passado, que dedicaram atenção à crítica profética ao sacrifício (no século VIII a.C.) e, consequentemente, procedemos à síntese do seu pensamento acerca do tipo de crítica que concluíam existir; as Ocorrências etimológicas de sacrifício na Bíblia Hebraica: uma introdução à compreensão do fenómeno sacrificial visam identificar a terminologia sacrificial da Bíblia Hebraica, principalmente nos textos proféticos de Amós, Oseias, Isaías e Miqueias, partindo do princípio de que o hebraico é a porta de entrada para a compreensão dos textos escritos: (^3) A pronúncia de YHWH tem um caráter hipotético – veja-se Fohrer, 1983, pp. 84-90; Faivre, 1996, pp. 197 - 218. A sua pronúncia foi sacralizada após a destruição do templo e da cidade de Jerusalém no ano 70 d.C., de modo a não deixar margem para dúvidas, pelo que não chegou ao nosso conhecimento e os próprios judeus anotaram, entre os primeiros séculos da era cristã, que se lesse ’adōnāy (‘Senhor’) onde estão as letras do tetragrama na Bíblia Hebraica. Citaremos este nome em transcrição – YHWH. Não obstante, far- se-á referência a iavismo como religião de YHWH (a palavra parte de uma das possíveis pronúncias, Yahweh). A matriz nómada/ mosaica de YHWH diferencia-o de divindades adoradas por povos vizinhos, conforme esclareceremos no capítulo 6. (^4) Marx, 2004, p. 27. Mas, não é um facto a comunidade de Judá pós-exílio ter feito tábua rasa da mensagem dos anteriores profetas relativamente ao sacrifício (cf. Rowley, 1947, p. 307). (^5) Vaux, 1976, p. 576 (trad. nossa). (^6) A «história da religião israelita» começou por ser uma expressão usada por Smed, no último quartel do século XIX (cf. Fohrer, 1982). O uso mais corrente parece ser o de religião de Israel. Religião judaica tem, por outro lado, sentido a partir da Época do Segundo Templo, desde o regresso de alguns exilados a Judá (c. 538 a.C.); Israel torna-se uma comunidade religiosa toda ela consagrada a Deus e a Torá passa a ser o código único e absoluto: «domina a vida da nação, informa o espírito e dirige a conduta dos fiéis» (Chouraqui, 1971, p. 46). A teologia profética posterior ao exílio assume um tempo de «novo êxodo», em que os regressados são a «melhor parte» de Israel, o «resto eleito», o «resto fiel», o «rebento justo», o «povo santo», a «assembleia sacerdotal e pura» que não se deixou contaminar pela idolatria e pela mistura de povos. Criou-se, então, uma comunidade teocrática orientada pelos princípios da pureza ritual, alargados e impostos a todos, até aos judeus que não foram exilados. Tal determinou aquilo que futuramente iria constituir a grande causa do judaísmo: a defesa da Lei como o seu grande património e das intenções salvíficas de YHWH (o judaísmo clássico, da Mišenāh e do Talmude).

2. Estado da arte: a crítica profética ao sacrifício na historiografia

moderna

Assumindo que os estudos sobre o sacrifício bíblico (israelita, judaico e cristão^9 ) se multiplicaram nos últimos decénios^10 , tomaram várias direções, sobretudo devido à introdução da Antropologia nos Estudos Bíblicos no fim da década de sessenta do século passado^11. A multiplicidade de direções leva a que possamos afirmar que os artigos ou capítulos de obras dedicados à análise profética do sacrifício no século VIII a.C. são alguns, o que nos indicia a pouca inclusão do assunto na historiografia das religiões. Dado este facto, o nosso estado da arte é, consequentemente, sucinto, por muito que tenhamos incluído na leitura artigos críticos da obra de diferentes estudiosos (a maior parte destes do início do século XX e com teses já ultrapassadas) sobre aquela análise profética. 2.1. A crítica profética ao sacrifício e ao sincretismo religioso Para Ernst Sellin, como para Adolphe Lods e Joaquim C. das Neves, não é apenas o sacrifício que é condenado pelos profetas (cuja base do ensinamento, segundo Sellin, é a ideia de que tudo pertence a Deus, de modo que ele não precisa de ofertas^12 ); as circunstâncias socio-religiosas (entre elas, o sincretismo^13 entre as práticas mosaicas e cananaicas, e a atividade sacerdotal) têm muito que ver com a atitude profética. (^9) Tanto entre os essénios, como entre os cristãos, espiritualização e sacramentalização do sacrifício aparecem juntos (Marx, 2004, p. 47) e o alimento do crente é de ordem vegetal, conforme Gn 1,29-30. (^10) Lemardelé, 2013, pp. 217-222. (^11) «Os vários pressupostos teológicos dos autores» fizeram com que o estudo do sacrifício estivesse «subordinado a uma certa hermenêutica teórica. Em vez de permitir a contextualização cultural e histórica do sacrifício judaico, os estudos de Jacob Milgrom, de Alfred Marx e da «segunda» Mary Douglas isolam o sistema cultual. Mas para uma comparatista e teoricista do sacrifício não violento como Kathryn McClymond ( Beyond Sacred Violence. A Comparative Study of Sacrifice , 2008), estes «dados» [da contextualização cultural e histórica do sacrifício judaico] são bem-vindos», Lemardelé, 2013, p. 219 (trad. nossa). (^12) Apud Coleran, The Prophets and Sacrifice, Theological Studies , 1944, pp. 413-414 (referindo-se à obra Theologie des Alten Testaments , 1936, de Sellin). Cita(re)mos o nome dos artigos e capítulos de obras que se ocuparam da crítica profética ao sacrifício no século VIII a.C., na primeira vez. Escrevemos Deus enquanto YHWH e deus como divindade ou em comparação com outras divindades. (^13) A palavra assumiu um sentido pejorativo derivado da tradução de H. Usener do original grego para o alemão ( religionsmischerei , confusão de crenças e práticas religiosas). Ressalva-se que todas as religiões são sincretistas no sentido de absorver e incorporar elementos de outras religiões e culturas à medida que

O sincretismo entre o monoteísmo iavista e a religião cananaica levaram os profetas a fazer uma crítica «mordaz» aos sacrifícios; esta crítica terá levado a que abdicassem da formalidade do culto, ou magia ritualista, nas palavras de Joaquim C. das Neves, enunciando a simbólica dos sacrifícios^14. Lods reforçou este caráter enunciado pelos profetas e realçou a eficácia nova que deram aos ritos, face à ritualização instituída nas religiões antigas^15. 2.2. A atitude profética contra o opus operatum do sacrifício À medida que os estudos sobre o sacrifício no antigo Israel foram na direção da correlação entre a religião de Israel e a religião de Canaã, os autores observaram a menor clivagem entre o culto sacerdotal e o pensamento profético (pressupostamente mais ético do que ritualista para John P. Hyatt e Leroy Watermann^16 ): nem os profetas foram opositores dos sacrifícios, nem os sacerdotes foram os inventores da religião sacrificial^17. Vejamos os casos. Walther Eichrodt refere que a atitude profética pode levar a acreditar na rejeição do sacrifício animal^18. Em tal crê Anselmo Borges («A Bíblia, concretamente na sua linha profética, verberou os sacrifícios»^19 ). Fundamentou a sua ideia através dos versos de Oseias, Amós e Isaías, citando: Eu quero a misericórdia e não os sacrifícios ; Se me ofereceis holocaustos, não os aceito nem ponho os meus olhos nos sacrifícios das vossas vítimas gordas ; e De que me serve a mim a multidão das vossas vítimas? - diz o Senhor. Estou farto de holocaustos de carneiros, de gorduras de bezerros , respetivamente. Não considerou o que vem posteriormente a estes excertos, apesar de os ter escrito. O autor, para além de admitir a rejeição do sacrifício animal, afirma que Deus, ao aceitar o sacrifício, «era um Deus pior do que os seres humanos»^20. Na linha de Eichrodt, também as encontram (e a busca das características “originais” das religiões revela-se, muitas vezes, sem suporte). Bowker, 1997, p. 936. (^14) Neves, Profetas contra os sacrifícios?, A Bíblia – o Livro dos Livros , 2007, vol. I, p. 416. (^15) Lods apud Coleran, 1944, p. 414. (^16) Cf. Coleran, 1944, p. 416; Neves, 2007, p. 415. (^17) Neves, 2007, p. 415. (^18) Apud Coleran, 1944, p. 419. (^19) Borges, O sacrifício e o princípio da misericórdia, Janela do (in)finito , 2008, p. 233. (^20) Borges, 2008, p. 233.

dos livros de Samuel, Salmos e Provérbios), ou mesmo os crentes (segundo Eidevall e Cuthbert Lattey^27 ), compreensível ao termos em conta a filosofia de André Chouraqui, a de que YHWH é um Deus vivo, experimenta todos os sentimentos humanos e, como tal, a relação com o indivíduo é uma relação pessoal – exige um compromisso, de amor e dedicação sem partilha («assim o entendem e proclamam os profetas»^28 ). Friedrich F. König e Harold H. Rowley foram neste sentido, ao analisarem a atitude profética sob a ótica de aquela estar contra o opus operatum do sacrifício (o efeito automático da ação realizada), «bem diferente de [os profetas] contemplarem uma religião não sacrificial» ou serem a favor da abolição do sacrifício^29. Rowley expôs ainda que agrupar Amós, Oseias, Isaías e Miqueias numa única tomada de posição é uma generalização excessiva. 2.3. Rejeição total, mas situacional Göran Eidevall, após observar as duas principais interpretações («insatisfatórias»^30 ) acerca da voz discordante de alguns profetas em relação ao culto sacrificial na Bíblia Hebraica – rejeição e simbologia – , propôs uma terceira, dado que a noção do profetismo anti-ritualista é suspeitosamente anacrónica e as diferentes versões que apontam um criticismo limitado fracassam na explicação das formulações proféticas ásperas e inflexíveis sobre o sacrifício^31. A sua tese tem por base o culto ser rejeitado numa situação específica, o que não implica a renúncia do sacrifício; os estudos de Werner Schmidt e Reinhard Kratz^32 haviam difundido esta mensagem e Eidevall defende ainda que as passagens críticas não excluem a visão positiva do culto sacrificial que os profetas têm: a estratégia retórica de Isaías, a título de exemplo, presume que o profeta e os seus ouvintes/ destinatários partilhavam a ideia de que o sacrifício era legítimo e vitalmente importante (^27) Eidevall, 2013 , p. 33. (^28) Chouraqui [ 1971 ], pp. 18-22. O autor propõe-nos uma caracterização do pensamento bíblico dos dois primeiros milénios da vida de Israel (enquanto cultura e civilização), primeiramente percetível através da sua língua analítica, o hebraico, e percorre-o em parte pela noção do Deus de Israel. (^29) Vide a perspetiva de König apud Rowley, 1947, p. 306. A frase de Rowley é trad. nossa. (^30) Eidevall, 2013 , p. 31. (^31) Eidevall, 2013 , pp. 33-34. (^32) Apud Eidevall, 2013 , p. 34.

como parte do culto e a comunhão e comunicação com YHWH vista como impossível sem o recurso às ofertas e orações^33. 2.4. A crítica à ordem social vigente O estudo de Henry Wheeler Robinson apresenta-se particularmente diferente. Para si, os profetas não podiam ter pretendido condenar o ritual externo ou o sacrifício. «Eles condenam inesitantemente a religiosidade dos seus tempos»^34 , não apenas o sincretismo, como vimos acima. Trata-se, segundo Robinson, de um divórcio existente entre os profetas e a ordem social vigente, dado que o profetismo partilha a mesma mentalidade do ato sacrificial – a mentalidade dos hebreus expressava-se na religião através de atos simbólicos, defende^35. Quando o Homem está de acordo com o espírito de devoção verdadeira a YHWH e obediência verdadeira aos seus requisitos morais, de acordo com Robinson e George Buchanan Gray^36 , o caráter dos sacrifícios muda, fundamenta-se nas disposições dos crentes e não na letra da Lei (no do ut des^37 ) e torna-se aceitável para YHWH. Este caráter evidencia o que constitui o essencial do sacrifício para a Bíblia^38. Robinson, uma vez mais, minimiza (inclusivamente, chega a anular) a distância que separa sacrifícios e profetas. O estudo de Lattey permitiu introduzir outro motivo para a aceitação da tese segundo a qual os profetas não se opuseram tenazmente aos sacrifícios – a relatividade bíblica proporcionada pela dialética da língua hebraica. Neste âmbito, explicita que «o negativo é às vezes usado no sentido relativo», especialmente nas condenações, e as expressões negativas de um verso são para ser interpretadas no sentido comparativo e/ ou (^33) Eidevall, 2013 , p. 44. O autor chega a escrever «Confrontar este cenário torna a mensagem chocantemente eficiente.» (trad. nossa). Recorreremos in integrum à obra de Göran Eidevall, Sacrificial rhetoric in the prophetic literature of the Hebrew Bible , ao longo desta tese. (^34) Apud Coleran, 1944, p. 420. (^35) Robinson, Hebrew Sacrifice and Prophetic Symbolism, The Journal of Theological Studies , 1942. (^36) Gray, 1925, p. 89. (^37) Cf. Neves, 2007, p. 416. (^38) Segundo Pelletier, 1973, p. 89, «não a materialidade, mas as disposições do coração de quem o oferece» (trad. nossa).

3. Ocorrências etimológicas de sacrifício na Bíblia Hebraica: uma

introdução à compreensão do fenómeno sacrificial

Cada raiz verbal do hebraico antigo, clássico ou bíblico (abrange mil anos, divisíveis em duas fases, antes e depois do exílio da Babilónia) tem uma significância plural, sem que nenhum significado possa substituir o outro, dado que a língua hebraica, transmissora do pensamento semítico^41 , é extremamente sensorial, contrariamente às línguas latinas, analíticas. Esta língua impõe a universalidade do real, a plenitude do concreto. A raiz verbal qrb é a que ocorre maioritariamente na Bíblia Hebraica associada ao sacrifício, principalmente com o verbo na forma qal , seguindo-se o substantivo qorban (em Vayiqerā’ , correspondente ao Levítico, Bemidebar , ao Livro dos Números, e Yeḥezeqē’l , Ezequiel) e o adjetivo qarôb , junto, próximo ou íntimo (em Qōhelet , ou Eclesiastes, Yeḥezeqē’l , Tehillim , Salmos, Debārim , correspondente ao Deuteronómio)^42. Qorban assume o sentido mais genérico de oferta, oferenda, oblação, vítima e, ainda, na ótica de Alfred Marx, reconciliação^43. De facto, a raiz serve para qualquer tipo de oferta cultual: as que são destruídas e diretamente transmitidas pela combustão sobre o altar^44 ; as que são pagas ao tesouro do templo; as que são destinadas aos sacerdotes e reservadas ao seu uso. Contudo, a raiz zbḥ , imolar, é diretamente sacrificial e a utilizada nos textos proféticos de ‘Āmôs (Amós), Hôšē‘a (Oseias) e Yeša‘eyāhu (Isaías 1-39)^45. Provém desta raiz a palavra mizebēaḥ , altar. Segundo Luis Alonso Schökel^46 , zābaḥ , palavra formada a partir da raiz zbḥ (verbo na forma qal ), pode ter um sentido profano e outro sagrado e o significado varia entre matar, imolar, sacrificar, oferecer sacrifício e, de acordo com A Hebrew and English Lexicon of the Old Testament^47 , abater para sacrifício. A distinção dos sentidos deveu-se, (^41) Designação que se começou a usar de 1781 (por Luís Schlözer) em diante. (^42) Kühlewein, 1997, p. 1164. (^43) Marx, 2005, p. 161. (^44) São somente as qualificadas de «sacrifício», no sentido estrito da palavra – Marx, 2005, p. 161. (^45) Hebraico consultado em Green, The Interlinear Bible , 2018 e em The complete Jewish Bible with Rashi commentary. (^46) Schökel, 1997, p. 188. (^47) Brigs, Brown, Driver [1992], p. 256.

sobretudo, à autorização do abate fora do contexto cultual, com a reforma de Josias no século VII a.C.^48. Zābaḥ tem um sentido sagrado em Os 6,6 – sacrificar é tornar sagrado: «Porque Eu quero a misericórdia e não os sacrifícios, o conhecimento de Deus mais que os holocaustos.» ( Bíblia Sagrada ); «Porque é amor que eu quero e não sacrifício, conhecimento de Deus mais do que holocaustos.» ( A Bíblia de Jerusalém ); «Oui, je désire le chérissement, non le sacrifice, la pénétration de IHVH-Adonaî, plus que les montées.» ( La Bible Chouraqui ); «For I desire loving-kindness, and not sacrifices, and knowledge of God more than burnt offerings.» ( The complete Jewish Bible ); «For I desired mercy, and not sacrifice; and the knowledge of God more than burnt offerings.» ( The Interlinear Bible ) 49. Traduzir zābaḥ por «sacrifício» ou por «sacrifícios» é equivalente, apesar da palavra hebraica ser singular, pois implica os vários sacrifícios possíveis; já não se diz o mesmo da tradução de ḥesed («misericórdia» difere em parte de «amor», bem como há outras traduções^50 , conforme discutiremos no capítulo sobre estes textos). A raiz zbḥ em pi‘el apresenta várias palavras possíveis: zibbaḥ , zibbeḥu , zibbēḥu , yezabbēaḥ , ’azabbēaḥ , yezabbēḥu , zabbēaḥ , mezabbēaḥ , mezabbeḥim e mezabbe’ôt. Yezabbēḥu ( pi’el imp. terceira pessoa do plural) é o caso que surge em Os 4,13;11,2, versos exemplares da pregação de Oseias, redacionalmente reposicionada entre o Reino do Norte e o Reino do Sul, apesar de ter nascido no Norte (Israel). A palavra nos versos enumerados tem, agora, outra aplicação, sacrificar noutros lugares (“ilegais” 51 ) que não o templo. Os 4,13: (^48) Ratti, 2014/2015, p. 190. Tal levou a que qorban , enquanto sacrifício ritualizado, se aplicasse no único sistema sacrificial completo da Bíblia Hebraica, descrito no decurso do período persa (séculos VI- IV a.C.) e maioritariamente no Livro do Levítico (a sua influência estende-se ao Cronista e ao Rolo do Templo, de Qumran). (^49) Respetivamente Bíblia Sagrada. Versão dos textos originais. Coordenação de José Augusto Ramos e de Herculano Alves. Fátima: Centro Bíblico dos Capuchinhos, 2002 (4ª ed.); A Bíblia de Jerusalém. Coordenação de Gilberto Gorgulho, Ivo Storniolo e Ana Anderson. São Paulo: Edições Paulinas, 1985; La Bible Chouraqui. Tradução de André Chouraqui a partir do hebraico, para francês. [s.l.]: Desclée de Brouwer, 1974; Rosenberg, Rabbi A., ed. – The complete Jewish Bible with Rashi commentary. New York: The Judaica Press [s.d.]. https://www.chabad.org/library/bible_cdo/aid/63255/jewish/The-Bible-with- Rashi.htm (consultado a 29 - 12 - 2020 ); Green, Jay Patrick, ed. – The Interlinear Bible. Massachusetts: Hendrickson Publishers Inc, 2018. (^50) Stoebe, 1997, pp. 449-464. (^51) Brigs, Brown, Driver [1992], p. 257.

cultuado continuamente por egípcios, cananeus, moabitas, fenícios, israelitas e outros povos do Antigo Oriente. Zebāḥ , substantivo masculino singular, significa sacrifício, matança, imolação, vítima e banquete; representa o sacrifício sob o aspeto da refeição^52. A Hebrew and English Lexicon of the Old Testament informa que se trata do mais comum e antigo sacrifício. É o nome geral para todos os sacrifícios comidos no banquete^53 ; mas, nunca a Bíblia considera que o sacrifício tem por função garantir a subsistência de Deus^54. A refeição é essencialmente um gesto de veneração e expressão de um desejo de convivialidade e, por conseguinte, de uma relação mais forte/ profunda e pessoal que aquela que poderia resultar de uma outra oferta. Zebāḥ utiliza-se com verbos que a complementem – é o caso de Is 35,6, com uma metáfora sacrificial, de Is 19,21 e de Os 3,4. Is 19,21: «O SENHOR manifestar-se-á ao Egito e o Egito reconhecerá o SENHOR naquele dia^55 ; oferecer-lhe-ão sacrifícios e ofertas, farão votos ao SENHOR e hão de cumpri-los.» ( Bíblia Sagrada ); «Iahweh se dará a conhecer aos egípcios e os egípcios, naquele dia, conhecerão a Iahweh e o servirão com sacrifícios e oblações e farão votos a Iahweh e os cumprirão.» ( A Bíblia de Jerusalém ); «IHVH-Adonaï sera connu de Misraîm; oui, en ce jour, Misraîm connaîtra IHVH-Adonaï. Ils serviront au sacrifice [ zevāh ]^56 et à l’offrande; ils voueront le voeu de IHVH-Adonaî et l’acquitteront.» ( La Bible Chouraqui ); «And the Lord shall be known to the Egyptians, and the Egyptians shall know the Lord on that day, and they shall serve [with] a sacrifice and a meal offering [ minehāh ], and they shall make vows to the Lord and they shall fulfill [them].» ( The complete Jewish Bible ); (^52) Marx, 2005, p. 162. (^53) Brigs, Brown, Driver [1992], p. 257. (^54) O Sl 50,12 (como Dt 10,14 – Berlin, Brettler, 2004, p. 1138) é muito claro: «Se Eu tivesse fome, não to diria, pois o mundo é meu e tudo o que ele contém.» (Deus, a quem pertencem todos os animais, não precisa dos sacrifícios para subsistir); Barton, Muddiman, 2001, p. 381 evidencia a ligação do Sl 50 (nomeadamente o v. 12) com as profecias de Amós, Oseias, Isaías e Miqueias e sugere ser proveniente de um profeta no seu culto regular, embora admita outras possibilidades sobre a sua composição. Jeffrey H. Tigay (Exodus, em Berlin, Brettler, 2004, p. 170) afirma que a localização do altar do sacrifício expressa bem a ideia de que os sacrifícios não são um alimento para Deus, visto que nenhum deles se levava para dentro do tabernáculo/ templo, onde a presença de Deus habitava no «santo dos santos», a parte mais interior do templo e mais elevada (onde repousava a arca). (^55) Segundo Berlin, Brettler, 2004, p. 821, esta passagem foi adicionada por escribas mais tardios que Isaías do século VIII a.C. e refere-se a uma visão de uma nova ordem mundial, em que os egípcios e outros povos adorariam YHWH e aceitariam um só deus, na época em que as comunidades judaicas do pós-exílio babilónico estavam solidamente presentes no Egito. (^56) Os parêntesis introduzidos nas passagens bíblicas são da autora.

«And Jehovah shall be known to Egypt, Egypt shall know Jehovah in that day. And they shall offer sacrifice and offering, and vow a vow to Jehovah, and repay it.» ( The Interlinear Bible ). A palavra zebāḥ pode referir-se a um dos três tempos do sacrifício enquanto sentido sagrado – matar a vítima e prepará-la de modo a, de seguida, oferecê-la a Deus, e o banquete ritual – ou à cerimónia inteira. O rito essencial era comer a carne da vítima na celebração/ banquete no qual o deus do clã compartilhava para receber o sangue e a gordura. A tradução de Is 19,21 em The complete Jewish Bible é acompanhada do verso hebraico, positivamente, dado que, se não fosse, seríamos levados a concluir que «and a meal offering» era a oferta de parte da vítima a Deus; sabemos, no entanto, que mineḥāh é a palavra para «meal offering» e tem a significância de oferta, oblação, oferta de comida, oferta de cereal ou oferta vegetal (uma outra oferta que não a zebāh ). Uma vez mais, apesar de zebāḥ ser singular, traduzi-la para «sacrifício» ou «sacrifícios» é equivalente. Os 3,4: «Porque, por muito tempo, os filhos de Israel ficarão sem rei e sem chefe, sem sacrifício e sem estela, sem insígnia, nem instrumento de oráculo.» ( Bíblia Sagrada )^57. Rōb-zibeḥêkhem (segunda pessoa do masculino plural) é a primeira palavra referente ao sacrifício a surgir entre os profetas em análise (Isaías, Oseias, Amós e Miqueias), em Is 1,11: «De que serve a mim a multidão das vossas vítimas? 58 – diz o SENHOR. Estou farto de holocaustos de carneiros, de gordura de bezerros. Não me agrada o sangue de vitelos, de cordeiros nem de bodes.» ( Bíblia Sagrada ); «Que me importam os vossos inúmeros sacrifícios?, diz Iahweh. Estou farto de holocaustos de carneiros e da gordura de bezerros cevados; no sangue de touros, de cordeiros e de bodes não tenho prazer.» ( A Bíblia de Jerusalém ); (^57) As traduções em A Bíblia de Jerusalém , La Bible Chouraqui , The complete Jewish Bible e The Interlinear Bible não têm diferenças significativas da Bíblia Sagrada. “Israel” representa cinco realidades distintas (Beato, 2019, pp. 85-88): Jacob (Deus deu o nome Israel ao patriarca Jacob após a sua luta com Deus e com os Homens), o povo dos Hebreus (os «filhos de Israel», filhos/ descendentes de Jacob), o Reino do Norte (930 a. C. - 722 a. C.), a Terra de Israel (as quatro fazem de Israel o nome que mais ocorre na Bíblia) e o atual Estado de Israel. A segunda e a terceira realidades são as mais referenciadas na presente dissertação. (^58) A utilização única de uma tradução da Bíblia impossibilitaria a verificação das palavras hebraicas subjacentes à tradução; omite-se a palavra «sacrifícios» em Is 1,11 da Bíblia Sagrada , mas damo-nos conta de que ela existe no original hebraico, o que acentua a importância da comparação de várias traduções (algumas delas foram simplificadas ou mais aproximadas à língua do respetivo leitor).