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A Analogia do Relógio no Deserto: Um Debate Sobre a Criação e a Evolução, Notas de estudo de Ciências Biologicas

Este texto apresenta uma analogia entre um relógio encontrado no deserto e a origem de animais e a evolução. O autor argumenta que, como um relógio não pode ter surgido espontaneamente, nem podem ter feito isso animais e coisas vivas. Porém, a analogia é questionada por seus pontos fracos, como a evolução dos relógios e a natureza de como animais se formam.

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 04/06/2010

VictorCosta
VictorCosta 🇧🇷

4.7

(47)

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O Relógio no Deserto
Ateus.net » Artigos/ensaios » Ciências
Autor: R. J. Riggins
Tradução: João Rodrigues
Original: The Watch in the Desert
Ok, então se você encontrasse um relógio no deserto, suporia que ele tinha se
construído
espontaneamente” a si próprio a partir da areia do deserto e das rochas?
É
claro que não! Você suporia
que o relógio foi feito, ou criado, por um relojoeiro habilidoso, e deixado cair ali por ele ou por outra
pessoa. O relógio foi claramente projetado para um propósito muito específico, por alguém com grande
perícia, que sabia de antemão exatamente o que queria. Portanto, quando encontramos algo projetado de
forma tão perfeita como um animal vivo, também é completamente ridículo supor que isso se
construiu
espontaneamente a si próprio”. Teve de ser
concebido, em toda a sua perfeição, por algum grande
projetista. A mera existência de relógios e animais bem concebidos é toda a prova que precisamos para
concluir que ambos foram criados por alguém com infinitamente mais sabedoria do que as criações.
Ambos, meramente pela sua existência, têm implícita a existência de um grande projetista ou criador. Os
relógios não “evoluem simplesmente”, nem os animais (ou as pessoas); logo, a evolução é logicamente
absurda (e, por extensão, qualquer pessoa que acredite nela é um idiota ilógico).
É
mais ou menos assim que a analogia geralmente é apresentada. E parece bastante convincente
à primeira vista. Imagino que algumas pessoas com inclinação para a evolução tenham ficado
desconcertadas por esta analogia na primeira vez que a ouviram, não sabendo exatamente como
responder nesse momento. Também aposto que alguns criacionistas vêem isto como uma pérola de lógica
irrefutável que destrói completamente a evolução e todas as suas obras.
Mas espere um momento. Já que este argumento é apresentado sob a forma de uma analogia,
vamos obrigar o criacionista a seguir a sua própria lógica e vejamos se a analogia se agüenta. Para uma
analogia fazer algum sentido lógico, as duas coisas que estão sendo comparadas precisam de ter muito
em comum, não apenas uma característica saliente. Por exemplo, quando estamos a considerar o
funcionamento de uma coisa viva (como uma pessoa), muitas vezes é
feita uma analogia com uma
máquina complexa de algum tipo (como um relógio, mas um automóvel serve ainda melhor). Ambos
precisam de combustível, ambos produzem calor e desperdícios, ambos se gastam com o passar do
tempo, ambos transformam energia química em energia mecânica, ambos têm muitas partes pequenas,
mas críticas etc. Mas a analogia do relógio no deserto não é sobre como as coisas funcionam. É sobre de
onde elas vieram – ou realmente, como apareceram. E
quando pensamos nisso, chegamos a algumas
conclusões interessantes. Lembre-se, é suposto a analogia funcionar desta forma: assim como um relógio
não se constrói espontaneamente e precisa ter um construtor que o fez exatamente como é, da mesma
forma um animal não se pode construir espontaneamente e também precisa ter um construtor que o fez
exatamente do modo como é presentemente.
Vamos começar por aqui: os relógios não
apareceram simplesmente no mundo com a forma que
têm agora! É um fato muito óbvio que eles evoluíram. Os primeiros instrumentos de medição do tempo
eram muito primitivos, desajeitados e imprecisos. Eles melhoraram ao longo dos anos. Se nos pudermos
referir a dispositivos de medição do tempo realmente antigos como sendo
fósseis”, então podemos
mostrar uma seqüência de fósseis da evolução
dos relógios desde algum momento obscuro no passado
até as nossas maravilhas eletrônicas atuais. Atualmente, eles evoluem
visivelmente de um ano para o
seguinte. Os relojoeiros passaram por toda uma série evolutiva de relógios antes de alguém ter deixado
cair descuidadamente um deles naquele deserto. Sendo assim, será que isto prova que o animal que
encontramos no deserto foi criado na sua forma atual, sem mudanças significativas ao longo de muitas
gerações? Será que me estou a esquecer de algo aqui?
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O Relógio no Deserto

Ateus.net » Artigos/ensaios » Ciências Autor: R. J. Riggins Tradução: João Rodrigues Original: The Watch in the Desert

Ok, então se você encontrasse um relógio no deserto, suporia que ele tinha se “construído espontaneamente” a si próprio a partir da areia do deserto e das rochas? É claro que não! Você suporia que o relógio foi feito, ou criado, por um relojoeiro habilidoso, e deixado cair ali por ele ou por outra pessoa. O relógio foi claramente projetado para um propósito muito específico, por alguém com grande perícia, que sabia de antemão exatamente o que queria. Portanto, quando encontramos algo projetado de forma tão perfeita como um animal vivo, também é completamente ridículo supor que isso se “construiu espontaneamente a si próprio”. Teve de ser concebido, em toda a sua perfeição, por algum grande projetista. A mera existência de relógios e animais bem concebidos é toda a prova que precisamos para concluir que ambos foram criados por alguém com infinitamente mais sabedoria do que as criações. Ambos, meramente pela sua existência, têm implícita a existência de um grande projetista ou criador. Os relógios não “evoluem simplesmente”, nem os animais (ou as pessoas); logo, a evolução é logicamente absurda (e, por extensão, qualquer pessoa que acredite nela é um idiota ilógico).

É mais ou menos assim que a analogia geralmente é apresentada. E parece bastante convincente à primeira vista. Imagino que algumas pessoas com inclinação para a evolução tenham ficado desconcertadas por esta analogia na primeira vez que a ouviram, não sabendo exatamente como responder nesse momento. Também aposto que alguns criacionistas vêem isto como uma pérola de lógica irrefutável que destrói completamente a evolução e todas as suas obras.

Mas espere um momento. Já que este argumento é apresentado sob a forma de uma analogia, vamos obrigar o criacionista a seguir a sua própria lógica e vejamos se a analogia se agüenta. Para uma analogia fazer algum sentido lógico, as duas coisas que estão sendo comparadas precisam de ter muito em comum , não apenas uma característica saliente. Por exemplo, quando estamos a considerar o funcionamento de uma coisa viva (como uma pessoa), muitas vezes é feita uma analogia com uma máquina complexa de algum tipo (como um relógio, mas um automóvel serve ainda melhor). Ambos precisam de combustível, ambos produzem calor e desperdícios, ambos se gastam com o passar do tempo, ambos transformam energia química em energia mecânica, ambos têm muitas partes pequenas, mas críticas etc. Mas a analogia do relógio no deserto não é sobre como as coisas funcionam. É sobre de onde elas vieram – ou realmente, como apareceram. E quando pensamos nisso, chegamos a algumas conclusões interessantes. Lembre-se, é suposto a analogia funcionar desta forma: assim como um relógio não se constrói espontaneamente e precisa ter um construtor que o fez exatamente como é, da mesma forma um animal não se pode construir espontaneamente e também precisa ter um construtor que o fez exatamente do modo como é presentemente.

Vamos começar por aqui: os relógios não apareceram simplesmente no mundo com a forma que têm agora! É um fato muito óbvio que eles evoluíram. Os primeiros instrumentos de medição do tempo eram muito primitivos, desajeitados e imprecisos. Eles melhoraram ao longo dos anos. Se nos pudermos referir a dispositivos de medição do tempo realmente antigos como sendo “fósseis”, então podemos mostrar uma seqüência de fósseis da evolução dos relógios desde algum momento obscuro no passado até as nossas maravilhas eletrônicas atuais. Atualmente, eles evoluem visivelmente de um ano para o seguinte. Os relojoeiros passaram por toda uma série evolutiva de relógios antes de alguém ter deixado cair descuidadamente um deles naquele deserto. Sendo assim, será que isto prova que o animal que encontramos no deserto foi criado na sua forma atual, sem mudanças significativas ao longo de muitas gerações? Será que me estou a esquecer de algo aqui?

Lembre-se, o debate é realmente sobre se a evolução ocorre , não é sobre se existe um criador por detrás dela. Um relojoeiro (a humanidade) desenvolveu (fez evoluir) lentamente a seqüência de dispositivos de medição do tempo. Talvez um Relojoeiro tenha desenvolvido (ou feito evoluir) a seqüência de coisas vivas – não encontrará qualquer argumento sobre isso aqui. Mas a evolução aconteceu em ambos os casos. A mensagem desse relógio perdido não é: “Apareci na minha perfeição atual, sem quaisquer ancestrais primitivos antes de mim.” É antes algo do gênero: “ Estou na extremidade de uma longa cadeia de ancestrais que evoluíram lentamente, e os meus descendentes continuarão a mudar ”.

Será que encontrar no deserto um relógio feito pelo homem mostra de algum modo que os animais foram criados nas suas formas atuais através de magia (ou milagres) há alguns milhares de anos? O que nos levaria a tirar essa conclusão? O relógio não foi criado por magia. De fato, foi criado por processos puramente naturais (por oposição a sobrenaturais). Se a criação do relógio é realmente análoga à criação de coisas vivas, então o que a analogia nos mostra é que a origem de ambos pode ser explicada por processos naturais.

A intervenção sobrenatural poderia ter sido responsável por qualquer deles ou por ambos, mas essa explicação certamente não é necessária para o relógio. Se obrigarmos o criacionista a seguir a lógica da sua própria analogia, então o que a analogia “prova”, se é que prova alguma coisa, é que “criações” bem concebidas podem ser produzidas naturalmente, em pequenos passos incrementais: não é necessária qualquer magia, muito obrigado.

“Mas, mas, mas...” insiste o criacionista, “o ponto da analogia é que coisas como relógios e animais não se constroem espontaneamente!” Bem, isso está parcialmente correto, e é aqui que a analogia deixa de funcionar. Qualquer analogia só pode ser esticada até um certo ponto. O automóvel deixa de ser análogo ao corpo humano quando começamos a falar sobre pensamento ou emoções. E os relógios deixam de ser análogos aos animais quando você começa a falar sobre como o item individual é construído. Os relógios, afinal, nunca dão à luz pequenos relógios bebês! Um relógio individual é evidentemente sempre construído por algo exterior a si mesmo (um relojoeiro humano, embora atualmente ser mais provável que sejam robôs industriais). Todos os animais que já vi construíram-se a si próprios , de forma muito literal! Eles assimilam matéria (geralmente) não viva dos seus meios, processam-na quimicamente e transformam-na em partes do animal vivo. No caso de mamíferos como nós, as nossas únicas partes que são diretamente feitas por outros são as células do espermatozóide e do óvulo que se unem e se subdividem nas nossas primeiras células. Depois disso, durante o resto das nossas vidas, assimilamos matéria do exterior e incorporamo-la nós próprios em partes do nosso corpo. Inicialmente, essa matéria nos é fornecida pela nossa mãe, mas ela não nos faz : apenas fornece a matéria prima. Nós absorvemo-la, manipulamo-la, construímo-nos a nós próprios , e vemo-nos livres daquilo que não precisamos.

Mas tudo bem, eu sei; a questão é o primeiro animal. Como é que ele poderia ter-se iniciado? Todos os animais atualmente vivos começam com pedaços de matéria já viva criada pelos seus progenitores. Químicos não-vivos não se montam espontaneamente, não criam moléculas ordenadas e complexas a partir de elementos simples. Será que não? Se o criacionista chegar a ponto de dizer isso, já revelou a sua ignorância básica sobre química simples. Elementos e moléculas simples combinam-se espontaneamente a todo momento para formarem moléculas mais complexas. Quando foi a última vez que você encontrou algum hidrogênio solto na Terra, ou flúor? Todo o hidrogênio combinou-se de forma espontânea com outros elementos para formar moléculas mais complexas. Se você libertar algum hidrogênio, este não vai ficar livre de combinações durante muito tempo. Os átomos de carbono, especialmente, têm uma tendência para [se combinarem e] formarem espontaneamente todo o tipo de moléculas complexas, que por sua vez combinam-se para formar polímeros muito complicados e megamoléculas. Algumas dessas combinações até são auto-replicantes [fazem cópias de si mesmas], se os materiais necessários estiverem disponíveis. Nós normalmente não vemos moléculas montando-se a si próprias para formar sistemas vivos, mas isso só teve de acontecer uma vez – daí em diante a tendência natural da vida tem sido manter-se a si própria, espalhar-se e evoluir. Quando descemos ao nível das moléculas, ou de pequenas coleções delas, a linha divisória entre o que é vivo e o que é não-vivo torna-se