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O Parnasianismo: a disciplina do “bom gosto”, Notas de estudo de Poesia

Na opinião dos poetas parnasianos, entretanto, os ... cultivados na poesia parnasiana. ... parnasiana é a obra Fanfarras (1882), de Teófilo.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Raimundo
Raimundo 🇧🇷

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Baixe O Parnasianismo: a disciplina do “bom gosto” e outras Notas de estudo em PDF para Poesia, somente na Docsity!

Os poetas românticos romperam com séculos de

tradição da poesia clássica para criar um novo

padrão de poesia, centrada no eu, nos sentimentos,

na imaginação e na busca de uma língua brasileira.

Na opinião dos poetas parnasianos, entretanto, os

românticos teriam posto a “boa poesia” a perder,

pois teriam deixado de se preocupar com valores

importantes da poesia clássica, como equilíbrio,

perfeição formal, vocabulário elevado,

universalismo, etc. Desse modo, certos temas e

procedimentos da poesia clássica – como o cultivo

do soneto, a presença da mitologia greco-latina, o

racionalismo e o universalismo – voltaram a ser

cultivados na poesia parnasiana.

Vaso chinês

Estranho mimo, aquele vaso! Vi-o

Casualmente, uma vez, de um perfumado

Contador sobre o mármor luzidio,

Entre o leque e o começo de um bordado.

Fino artista chinês, enamorado,

Nele pusera o coração doentio

Em rubras flores de um sutil lavrado,

Na tinta ardente, de um calor sombrio.

Mas, talvez por contraste à desventura –

Quem o sabe? – de um velho mandarim

Também lá estava a singular figura:

Que arte, em pintá-la! A gente vendo-a

Sentia um não sei quê com aquele chim

De olhos cortados, à feição de amêndoa.

Alberto de Oliveira. Poesia. Rio de Janeiro: Agir, 1959. p. 24)

 Para entender o Parnasianismo:

Quanto à forma Quanto ao conteúdo

Gosto pelo soneto, pelo decassílabo e pelo vocabulário sofisticado

Objetivismo

Busca do equilíbrio e da perfeição formal

Racionalismo

Contenção dos sentimentos

Universalismo

Presença da mitologia greco-latina

Arte pela arte ou arte sobre a arte

Distanciamento de temas sociais

Se examinarmos a história da arte e da

literatura, veremos que ela se constrói

em ciclos. O ser humano está rompendo

com aquilo que considera ultrapassado e

propondo algo “novo”. Esse novo,

porém, muitas vezes não passa de algo

ainda mais velho, só que revestido de

uma linguagem diferente.

O título da obra faz referência a uma

montanha da Grécia, o Parnaso, que seria a

morada do deus Apolo e das musas

inspiradoras dos artistas. Com essa escolha,

os poetas franceses procuravam resgatar a

visão de arte como sinônimo de beleza

formal alcançada por meio do trabalho

cuidadoso e detalhista. Nascia, assim, o

Parnasianismo. Para Gautier, a arte não

existe para a humanidade, para a sociedade

ou para a moral, mas para si mesma. A

finalidade da arte seria, portanto, a própria

arte.

As ideias parnasianas já vinham sendo difundidas

no Brasil desde a década de 1970. No final desta

década travou-se no jornal Diário do Rio de

Janeiro uma polêmica literária que reuniu, de um

lado, os adeptos do Romantismo e, de outro, os

adeptos do Realismo e do Parnasianismo. O saldo

da polêmica, que ficou conhecida como Batalha do

Parnaso, foi a ampla divulgação das ideias do

Realismo e do Parnasianismo nos meios artísticos e

intelectuais da época.

A primeira publicação considerada de fato

parnasiana é a obra Fanfarras (1882), de Teófilo

Dias. Entretanto, caberia a Alberto de Oliveira,

Raimundo Correia e Olavo Bilac o papel de

implantar e solidificar o movimento no Brasil.

Ouvir estrelas

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo

Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,

Que, para ouvi-las muitas vezes desperto

E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto

A via láctea, como um pálio aberto,

Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em pranto,

Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!

Que conversas com elas? Que sentido

Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!

Pois só quem ama poder ter ouvido

Capaz de ouvir e de entender estrelas”.

(Olavo Bilac. Poesia. 8ª ed. Rio de Janeiro: Agir, 1957. p. 47-8)

Uvi strella Che scuitá strella, né meia strella! Vucê stá maluco! e io ti diró intanto, Chi p’ra iscuitalas moltas veiz livanto, I vô dá una spiada na gianella.

I passo as notte acunversáno c’oella, Inguanto che as outra lá d’um canto Stó mi spiano. I o sol come um briglianto Nasce. Oglio p’ru çeu: - Cadê strella?!

Direis intó: - Ó migno inlustre amigo! O chi é chi as strellas ti dizia Quano illas viéro acunversá contigo?

E io ti diró: Studi p’ra intendela, Pois só chi giá studô Astronomia, É capaiz de intendê istas strella.

(Juó Bananère. La divina increnca. São Paulo: Folco Masucci, 1966. p. 30)