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Valores Humanos na Educação: A Construção Coletiva em uma Escola Brasileira, Resumos de Ética

Uma tipologia dos valores humanos básicos, com ênfase na estrutura de individualismo e coletivismo, identificação de valores para melhor os descrever e nomear graus de semelhança e diferença entre sistemas de valores espanhóis e brasileiros. Utilizando teorias de bourdieu, goergen e outros autores, o texto discute a importância da escola na transmissão de valores, especificamente na primeira etapa do questionário aplicado no estudo. O documento aborda a presença dos valores humanos na prática pedagógica, a construção mútua de valores entre professor e aluno, e a questão da neutralidade.

O que você vai aprender

  • Qual é a importância da neutralidade na construção de valores humanos na escola?
  • Como a escola contribui para a transmissão de valores humanos?
  • Como os valores humanos influenciam a relação entre professor e aluno?
  • Qual é a tipologia dos valores humanos básicos apresentada no documento?
  • Quais autores foram utilizados no estudo para entender os valores humanos?

Tipologia: Resumos

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Luiz_Felipe 🇧🇷

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MARIA BETÂNIA AMARAL RODRIGUES DE ALMEIDA
VIRÃES
O PAPEL DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO DE
VALORES
Orientadora: Maria das Graças Ataíde de Almeida
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
Instituto de Educação
Lisboa
2013
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Baixe Valores Humanos na Educação: A Construção Coletiva em uma Escola Brasileira e outras Resumos em PDF para Ética, somente na Docsity!

MARIA BETÂNIA AMARAL RODRIGUES DE ALMEIDA

VIRÃES

O PAPEL DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO DE

VALORES

Orientadora: Maria das Graças Ataíde de Almeida

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Instituto de Educação

Lisboa 2013

MARIA BETÂNIA AMARAL RODRIGUES DE ALMEIDA

VIRÃES

O PAPEL DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO DE

VALORES

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Instituto de Educação

Lisboa 2013

Dissertação apresentada para obtenção do Grau de Mestre em Ciências da Educação no Curso de Mestrado em Ciências da Educação, conferido pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Orientadora: Profª Doutora Maria das Graças Ataíde de Almeida Co-orientador: Profº Doutor Manuel Tavares Gomes

Dedico esta dissertação a Deus e tudo que Ele representa na minha vida. Ao meu esposo Alexandre, meu filho Guilherme e minha filha Ana Carolina, que são os meus maiores tesouros e é por eles que a vida vale a pena ser vivida. Aos meus pais Bráulio e Lúcia, que são a minha fortaleza e que me ensinaram os primeiros valores. E a todos que me ajudaram nesta caminhada.

AGRADECIMENTOS

À Professora Doutora Maria das Graças Ataíde de Almeida, orientadora desta dissertação, por sua dedicação a arte de educar. Pessoa exemplar e ímpar que tive a sorte e o prazer de conhecer.

Ao Professor Doutor Manuel Tavares Gomes, co-orientador desta dissertação, pela disponibilidade e contribuição para o melhoramento da mesma.

Ao estatístico Alessandro Henrique, por sua colaboração na análise dos dados quantitativos através dos softwares EPI INFO e SPSS.

A todos os Professores deste curso de mestrado, pelos ensinamentos, convivência e troca de experiências.

À Universidade Lusófona de Tecnologias e Humanidades, pela oportunidade de realização do curso de mestrado.

À minha família, pela compreensão nas minhas ausências e paciência e compreensão, e por acreditarem nos meus sonhos.

Aos amigos que me ajudaram nesta jornada, e que sempre pude contar. A todos os professores e alunos que aceitaram participar desta investigação. Agradeço pela atenção e paciência, pois sem sua colaboração a recolha dos dados seria impossível.

ABSTRACT

VIRÃES, Maria Betânia Amaral Rodrigues de Almeida. The role of the school in the education of values. Lisbon, 201 3 , 216 fls. Dissertation (master's degree in educational sciences)-graduate program in Education Sciences, ULHT, 201 3.

This study focused on the design of the teachers and students, about the construction process of human values in school life, in the line of research validated, George (1998). To carry out this study, a survey was conducted of nature applied quantitative and qualitative, descriptive, in the form of data-collecting, subdivided into the following stages: bibliographical research, field research, collection and analysis of data and text production. The field research was conducted in two schools high school reference, located in the city of Recife-PE, both characterized as Public schools of education. Were interviewed all teachers crowded on the 3rd year of high school comprehensive school, for a total of 10 teachers and all high school teachers of the 2nd year of school A, a total of 20 (twenty) teachers. The population of the study consisted of all students enrolled in 3rd year of high school in the year 2012 in school study, and for all students enrolled in the second year of high school in the year 2012 the school B in study. The quantitative data analysis was performed using EPI INFO which was exported to SPSS software where analysis; While the qualitative data analysis was guided by the analysis of discourse. The results show that through school it is possible to construct and develop human values in educating and even the teachers once the current school is now seen as a place of learning not only for students but also for teachers, concluding that even some teachers showing fear when dealing with values, teaching them or developing them, the school becomes a place for this construction without leaving aside the importance of family in this scenario.

Keywords: values, school, teachers, ethics, morality, education, interaction, affectivity, society.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AD

ED

FD

GO

LDB

MA

PCN

PE

QVB

SPSS

UFG

UFPB

UFRPE

UNIRIO

WWW

Análise de Discurso Excertos de Depoimentos Formação Discursiva Goiás Lei de Diretrizes e Bases Maranhão Parâmetros Curriculares Nacionais Pernambuco Questionário de Valores Básicos Statistical Package for the Social Sciences Universidade Federal do Goiás Universidade Federal da Paraíba Universidade Federal Rural de Pernambuco Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro World Wide Web

3.8 Instrumentos de análise dos dados ................................................................................. 71 3.8.1 Instrumento de análise dos dados obtidos a partir do instrumento quantitativo ......... 71 3.8.2 Instrumento de análise dos dados obtidos a partir do instrumento qualitativo ........... 72 CAPÍTULO IV........................................................................................................................ 76 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................ 76 4.1 Apresentação e discussão dos resultados obtidos através da análise quantitativa ......... 77 4.1.1 Identificação pessoal dos alunos ................................................................................. 77 4.1.2 Identificação pessoal dos professores ......................................................................... 84 4.1.3 Comparação ................................................................................................................ 90 4.2 Apresentação e discussão dos resultados obtidos através do instrumento qualitativo .. 99 4.2.1 Identificação pessoal e profissional dos professores .................................................. 99 4.2.2 Formação Discursiva (FD): “Concepção do professor acerca dos valores humanos” ........................................................................................................................................... 100 4.2.3 Formação Discursiva (FD): “Escola de referência (Ensino Integral) e a relação de valor” ................................................................................................................................. 104 4.2.4 Formação Discursiva (FD): “O professor e a presença dos valores humanos na sua prática pedagógica”............................................................................................................ 111 4.2.5 Formação Discursiva (FD): “Valores pré-existentes nos alunos e a utilização destes pelo professor” ................................................................................................................... 118 4.2.6 Formação Discursiva (FD): “Professor e aluno: a construção mútua de valor” ....... 127 4.2.7 Formação Discursiva (FD): “Valores do professor X valores do aluno X valores da escola: a questão da neutralidade” ..................................................................................... 135 FD: “Valores do professor X valores do aluno X valores da escola: a questão da neutralidade” ...................................................................................................................... 135 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 142 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 147 APÊNDICES ............................................................................................................................. I APÊNDICE I ............................................................................................................................. II APÊNDICE II ........................................................................................................................... III APÊNDICE III ......................................................................................................................... VI APÊNDICE IV ......................................................................................................................... IX APÊNDICE V .......................................................................................................................... XI APÊNDICE VI ...................................................................................................................... XIII

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Distribuição do perfil dos alunos. ............................................................................. 77 Tabela 2. Distribuição do grau de importância dada pelos alunos aos valores avaliados. ....... 80 Tabela 3. Distribuição da percepção dos alunos acerca do tema formação dos valores humanos no cotidiano escolar. ................................................................................................. 83 Tabela 4. Distribuição do perfil dos professores avaliados. ..................................................... 85 Tabela 5. Distribuição do grau de importância dada pelos professores aos valores avaliados. 87 Tabela 6. Distribuição da percepção dos professores acerca do tema formação dos valores humanos no cotidiano escolar. ................................................................................................. 89 Tabela 7. Comparação do grau de importância/muita importância dado aos valores avaliados no estudo entre o aluno e professor. ......................................................................................... 91 Tabela 8. Valores não importantes e muito importantes citados pelos alunos, e professores.. 93 Tabela 9. Comparação do grau de importância/muita importância dado aos valores avaliados no estudo entre os alunos da escola A e B. ............................................................................... 94 Tabela 10. Comparação do grau de importância/muita importância dado aos valores avaliados no estudo entre os professores da escola A e B. ....................................................................... 97

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Distribuição dos alunos segundo a faixa etária. ....................................................... 78 Figura 2 - Distribuição dos alunos segundo o sexo. ................................................................. 78 Figura 3 - Distribuição dos alunos segundo a escola onde estuda............................................ 78 Figura 4 - Distribuição da importância/muita importância dada pelos alunos aos valores avaliados. .................................................................................................................................. 81 Figura 5 - Distribuição da percepção dos alunos acerca do tema formação dos valores humanos no cotidiano escolar. ................................................................................................. 84 Figura 6 – Distribuição dos professores segundo a idade. ....................................................... 86 Figura 7 – Distribuição dos professores segundo o gênero. ..................................................... 86 Figura 8 - Distribuição dos professores segundo o tempo de formação. .................................. 86 Figura 9 - Distribuição dos professores segundo o tempo de função. ...................................... 87 Figura 10 – Distribuição da importância/muita importância dada pelos professores aos valores avaliados. .................................................................................................................................. 88 Figura 11 – Distribuição da percepção dos professores acerca do tema formação dos valores humanos no cotidiano escolar. ................................................................................................. 90 Figura 12 - Comparação da importância/muita importância dada pelos alunos e professores aos valores avaliados. ............................................................................................................... 92 Figura 13 - Comparação da importância/muita importância dada pelos alunos segundo a escola avaliada. ......................................................................................................................... 96 Figura – 14 - Comparação da importância/muita importância dada pelos professores segundo a escola avaliada. ...................................................................................................................... 98

INTRODUÇÃO

Estamos vivendo num mundo onde as pessoas estão dominadas pelo medo e se mostram impotentes diante do quadro atual de violência, corrupção e falência generalizada das instituições sociais. Vivemos atordoados por uma sociedade que prioriza o periférico e o superficial. O individualismo e o anonimato corroem o ser humano, destroem seus melhores desejos e, ao mesmo tempo, marginalizam os valores mais nobres da convivência. A cultura em voga leva os indivíduos a uma atitude de indiferença em relação às leis, normas e regras de garantia do convívio social ou de indecisão quanto às que devem seguir. A esse respeito, Baumam (2004, p. 135) afirma:

Viver na cidade é sabidamente uma experiência ambígua. A cidade atrai e repele, mas, para tornar a situação de seus habitantes ainda mais complexa, são os mesmos aspectos da vida urbana que, de modo intermitente ou simultâneo, atraem e repelem... A desordenada variedade do ambiente urbano é a fonte de medo (particularmente para aqueles de nós que já “perderam os modos familiares”, tendo sido atirados a um estado de incerteza aguda pelos processos desestabilizadores da globalização). Os mesmos bruxuleios e vislumbres caleidoscópicos do cenário urbano, a que nunca faltam novidades e surpresas, constituem, no entanto, seu charme quase irresistível e seu poder de sedução.

A variedade oferecida pela cidade promove muitas e diversas oportunidades, as quais colocam num mesmo espaço o encontro de diversidades que levam os seus habitantes a conviverem com as idiossincrasias, mas nem por isso os tornam mais tolerantes e menos estranhos, como pondera Bauman (2004, p. 136):

Como os estranhos são obrigados a levar suas vidas na companhia uns dos outros, independentemente das futuras guinadas da história urbana, a arte de viver em paz e feliz com a diferença, assim como de se beneficiar, serenamente, da variedade de estímulos e oportunidades, adquire enorme importância entre as habilidades que o morador da cidade deve adquirir e utilizar.

Com o advento da Idade Moderna, quando a filosofia apontava para a supremacia da razão, para o laicismo em detrimento dos fenômenos metafísicos, Deus saiu do centro das suas questões e o homem volta o seu olhar para si mesmo. Os filósofos, psicólogos, sociólogos, pedagogos e demais estudiosos passaram a se preocupar em descobrir qual seria o novo ponto de referência, o novo fundamento para as questões morais da humanidade. Essa discussão em torno da preocupação com a ética e a moral toma, a partir desse momento, um caráter de universalização que se faz presente em todos os espaços de convivência humana, e entre eles, a escola (GOERGEN, 2005).

Diante desses trabalhos, a nossa investigação se volta para a linha da pesquisa defendida por Gouveia (1998, 2003) que privilegia nossa questão de partida: como se dá a percepção dos professores e alunos acerca da educação dos valores humanos no cotidiano escolar. Dentro desta perspectiva o questionamento que nos incomoda é: diagnosticar em que medida as interações cotidianas de professores e alunos favorecem ou não a construção de uma relação baseada nos valores. Elegemos como categorias descritivas para este estudo: cotidiano (CERTEAU, 2009), escola ( habitus , BOURDIEU, 1996) e valores humanos (GOUVEIA, 1998, 2003). Em nossa investigação, tomamos como aporte teórico os estudos, de Bourdieu (1996, 1992), no sentido de entender as questões de habitus , espaço social, e a reprodução do espaço simbólico; Goergen (2005), para entender a fundamentação dos valores morais e a educação moral; nesta linha teremos os autores Pais (1999), com a questão da definição do termo valor; Cabanas (1996), que apresenta os valores como os critérios últimos de definição de metas ou fins para as ações humanas; Marques (2007), com a temática da construção da cidadania na escola; Barrere e Martuccelli (2001) analisam os possíveis esboços de uma renovação ética na escola, mediante três grandes dimensões: a relação consigo, a relação com o outro, a relação com a sociedade; e, fechando essa linha, Menin (2002), que defende a ideia de que é necessária a discussão sobre valores pela comunidade escolar. E, para o entendimento dos valores e os objetivos na educação, contamos conjuntamente com Saviani (2002), Tardif e Lessard (2008; 2005). Em Certeau (2009), delineamos e desvendamos o cotidiano. Além dos autores mencionados, outros se farão necessários, juntamente com suas bases teóricas, no intuito de enriquecimento teórico para a pesquisa. Se o cerne desta investigação é entender como se dá a concepção dos professores e alunos acerca do processo de construção dos valores humanos, no cotidiano escolar, precisamos entender primeiro que a escola é, por princípio, um espaço de diversidade e

(...) que o caráter universal do ensino fundamental e médio, definido em lei, torna a escola um ponto de convergência de diversos meios sociais, traz para o seu seio os mais variados valores expressos na diversidade de atitudes e comportamentos das pessoas que a integram (PCN, 1998, p.76). A escola ao assumir o caráter desse espaço social, torna-se uma das Instituições mais importantes na transmissão de valores, legitimada pela sociedade, vindo logo após da Família e da Igreja. Essa posição, por si só, não é garantia de êxito, haja vista a situação de violência que domina várias escolas. Espaço privilegiado de democratização e de construção da cidadania, a escola tem se tornado refém da cultura da violência. A violência instaurou-se nas

escolas como um fenômeno crescente, presente em especial nas que se localizam nas áreas urbanas, alterando o comportamento dos jovens, que expressam a sua frustração com a família, o trabalho, a escola e a comunidade. O fato de que, na escola, surjam problemas de convivência não é nada novo. Sempre tem acontecido, se bem que o seu tratamento tem estado muito centrado nos aspectos punitivos e na seleção (CABANAS, 1996). Embora muitas das causas da violência estejam fora da escola, seu reflexo no meio escolar representa ameaça a um dos pilares fundamentais da formação das crianças e dos jovens: o sistema escolar. A escola é vista como uma vítima de “maus elementos”, que a atacam, depredam e roubam. No entanto, a escola também produz violência no seu cotidiano (CABANAS, 1996). A presença de práticas autoritárias, repressoras e agressivas no interior da própria escola não pode deixar de ser reconhecida, mostrando que, contraditoriamente, a instituição vem atuando como agente e vítima da violência, por meio de, por exemplo, regulamentos opressivos, currículos e sistemas de avaliação inadequados à realidade onde está inserida, e medidas e posturas que estigmatizam, discriminam e afastam os alunos. Na medida em que os meios de transmissão do saber estão sujeitos a elementos repressivos, instaura-se a violência simbólica (BOURDIEU, 1992). Para Bourdieu (1992), a violência simbólica é “uma violência que se exerce com a cumplicidade tácita dos que sofrem e, também, com a frequência dos que a exercem; na medida em que uns e outros são inconscientes de exercê-la ou de sofrê-la” (p. 22). E mais, a escola é vista por ele como uma instituição na qual essa violência é comum, tendo em vista que determinados conhecimentos e culturas são selecionados e apresentados como melhores do que outros. A escola representa um espaço privilegiado de socialização e, dependendo dos comportamentos promovidos, essa socialização pode ser constituída com base em relações defensivas ou propositivas (BOURDIEU, 1992). Para a realização deste estudo, lançamos mão da pesquisa de natureza aplicada quanti- qualitativa, descritiva, sob a forma de levantamento de dados, subdivida nas seguintes etapas: pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo, obtenção e análise dos dados e produção de texto. A pesquisa de campo foi realizada em duas Escolas de Referência do Ensino Médio, situadas na cidade do Recife-PE, sendo ambas caracterizadas como escolas da Rede Pública Estadual de Ensino. Foram entrevistados todos os professores lotados no 3º ano do ensino médio integral da escola A, num total de 10 (dez) professores e todos os professores do ensino médio integral do 2º ano da escola B, num total de 20 (vinte) docentes. A exigência para a seleção dos professores, que foram sujeitos da pesquisa, atende aos seguintes requisitos:

CAPÍTULO I A CONSTRUÇÃO DOS VALORES HUMANOS

1.1 Entendendo os valores

Na tentativa de entender a organização social do mundo contemporâneo e o papel das instituições sociais, particularmente a instituição escola, inevitavelmente deparamos com o conflito dos valores humanos. De uma forma geral, dizemos que valor é tudo aquilo que uma ou mais pessoas, grupos ou culturas acham digno de ser perseguido, alcançado e desenvolvido. O valor não é simplesmente uma preferência, mas uma preferência que se crê e/ou se considera justificada — quer seja moralmente como fruto de um raciocínio, quer como consequência de juízo estético, se bem que em geral se componha de dois ou três desses critérios ou da combinação de todos eles (PAIS, 1999). A discussão em torno do conceito de valor e da sua problemática é denominada de Axiologia, derivado do grego axia , que significa “valor”. Essa discussão é histórica, já vem de muito tempo e podemos esclarecer que não há um só, mas muitos sentidos para o termo valor (GOERGEN, 2005). A questão da definição do termo valor , apresentado em Pais (1999), implica uma inevitável circularidade: “(...) Valores são crenças que se traduzem por preferências em relação a determinados sistemas ou dispositivos comportamentais, mas essas preferências são, por sua vez, tradução empírica de valores” (p. 18). O termo ‘valor’, de acordo com o autor acima, sofre, ao longo da sua trajetória histórica, várias formatações interpretativas, pois, como está ligado a costumes e preferências, é natural que as suas definições sofram essas mesmas influências e mantenham essa circularidade que ele expressa. Buscando encontrar uma posição mais coerente em torno do ‘valor’, o autor apresenta a forma como se deve perceber este termo:

Finalmente, os valores não devem ser tomados apenas enquanto valores valendo , mas também enquanto valores sendo — pois só assim percebemos o que valem e para quem, isto é, só desse modo entendemos em que medida os valores aparecem como produto de divisões objetivas de classe social, de sexo (gênero), de grupo etário, etc. São estes “valores sendo” que se podem sedimentar em “verdadeiros valores”, próprios de determinados universos culturais, dentre os quais se destacam os geracionais e cujas descontinuidades terão que ver com diferentes níveis de adesão substantiva, por parte de distintas gerações, quer em relação a valores societais (religiosos, políticos, etc.), quer no que respeita a valores de quotidianeidade ( hábitos de consumo, convivialidade, intimidade, etc.) (PAIS, 1999, p. 20).

Como referenda Cabanas (1996), para algumas posições filosóficas, valores são os critérios últimos de definição de metas ou fins para as ações humanas e não necessitam de