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Guias e Dicas
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Dispnéia: Importância da Assistência de Enfermagem aos Pacientes, Notas de aula de Enfermagem

Uma abordagem geral sobre a dispnéia e a importância da assistência de enfermagem aos pacientes dispnéicos. Estuda as condições gerais desses pacientes e a atuação da equipe de enfermagem. A dispnéia é definida como uma percepção subjetiva de dificuldade respiratória e sensação angustiante de falta de ar. A enfermeira deve conhecer os problemas relacionados à falta de ar para identificá-los, observar o paciente e planejar a assistência de enfermagem. Os principais sinais observados em pacientes dispnéicos incluem cianose, palidez, constituição física magra e freqüência respiratória acima do normal.

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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O PACIENTE DISPNÉICO: condições gerais (PARTE I)
Maria Aparecida Valente
VALENTE, M. A. O paciente dispnéico: condições gerais (Parte I) Rev.
Esc Enf. USP . 12 (3): 187 - 194, 1978.
A autora faz uma abordagem geral sobre a dispnéia e a impor-
tância da assistência de enfermagem ao paciente, nesta eventualidade. Estuda as
condições gerais desses pacientes e a atuação da equipe de enfermagem.
A dispnéia é um sintoma respiratório que pode conduzir o pa-
ciente à situação extremamente angustiante de desconforto respiratório, reque-
rendo, portanto, especial atenção da equipe de saúde.
A enfermeira, por permanecer maior parte do tempo ao lado
do paciente, no hospital, deve conhecer os problemas referentes à falta de ar, a
fim de poder identificá-los, observar o paciente nessa eventualidade e planejar a
assistência de enfermagem, procurando evitar que o doente dispnéico entre em
maior desconforto.
Vários autores 4' 9'12, l6, 30 definem a dispnéia como uma
percepção subjetiva de dificuldade respiratória, sensação angustiante de falta de
ar, sentida como ventilação inadequada.
RATTO 29 referindo-se à definição simplista de dispnéia, co-
menta que ela pode ser tanto sintoma como sinal e que atualmente tenta-se en-
globar esses dois aspectos do fenômeno usando-«e uma definição mais complexa.
Considera a dispnéia como sendo uma respiração associada com desconforto ou
esforço, incluindoo só a sensação subjetiva de falta de ar, como também a ve-
rificação objetiva de respiração trabalhosa e difícil.
o obstante o conhecimento da respiração normal tenha sido
detalhado pelos fisiologistas, o mecanismo oredso produtor da sensação de falta
de ar ainda permanece um enigma 9' ' ' ' . Há uma unanimidade quan-
to à informação de que a dispnéia é um sintoma mais próprio das afecções pul-
monares e cardíacas, embora possa ser observada, mais raramente, em pacientes
com anemia grave. Segundo RATTO2 ,"a dispnéia é uma das manifestações
de maior significação no campo das doenças pulmonares e cardiocirculatórias".
"Embora possamos medir objetivamente vários índices de dis-
função pulmonar,o pdoemos quantificar a percepção subjetiva de desconforto
respiratório do paciente. A correlação entre medidas de disfunção e o grau de
dispnéia seria imperfeito" BURROWS et al.9 .
* Professor Assistente da disciplina Enfermagem MédicoXirurgica I da EEUSP.
Mestre em enfermagem
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O PACIENTE DISPNÉICO: condições gerais (PARTE I)

Maria Aparecida Valente

VALENTE, M. A. O paciente dispnéico: condições gerais (Parte I) Rev. Esc Enf. USP. 12 (3): 187 - 194, 1978.

A autora faz uma abordagem geral sobre a dispnéia e a impor- tância da assistência de enfermagem ao paciente, nesta eventualidade. Estuda as condições gerais desses pacientes e a atuação da equipe de enfermagem.

A dispnéia é um sintoma respiratório que pode conduzir o pa- ciente à situação extremamente angustiante de desconforto respiratório, reque- rendo, portanto, especial atenção da equipe de saúde. A enfermeira, por permanecer maior parte do tempo ao lado do paciente, no hospital, deve conhecer os problemas referentes à falta de ar, a fim de poder identificá-los, observar o paciente nessa eventualidade e planejar a assistência de enfermagem, procurando evitar que o doente dispnéico entre em maior desconforto. Vários autores 4 ' 9 ' 1 2 ,^ l^6 ,^3 0 definem a dispnéia como uma percepção subjetiva de dificuldade respiratória, sensação angustiante de falta de ar, sentida como ventilação inadequada. RATTO 2 9 referindo-se à definição simplista de dispnéia, co- menta que ela pode ser tanto sintoma como sinal e que atualmente tenta-se en- globar esses dois aspectos do fenômeno usando-«e uma definição mais complexa. Considera a dispnéia como sendo uma respiração associada com desconforto ou esforço, incluindo não só a sensação subjetiva de falta de ar, como também a ve- rificação objetiva de respiração trabalhosa e difícil. Não obstante o conhecimento da respiração normal tenha sido detalhado pelos fisiologistas, o mecanismo oredso produtor da sensação de falta de ar ainda permanece um enigma 9 ' ' ' '. Há uma unanimidade quan- to à informação de que a dispnéia é um sintoma mais próprio das afecções pul- monares e cardíacas, embora possa ser observada, mais raramente, em pacientes com anemia grave. Segundo R A T T O 2 ,"a dispnéia é uma das manifestações de maior significação no campo das doenças pulmonares e cardiocirculatórias". "Embora possamos medir objetivamente vários índices de dis- função pulmonar, não pdoemos quantificar a percepção subjetiva de desconforto respiratório do paciente. A correlação entre medidas de disfunção e o grau de dispnéia seria imperfeito" BURROWS et a l. 9.

  • Professor Assistente da disciplina Enfermagem MédicoXirurgica I da EEUSP. Mestre em enfermagem

Como a dor, a dispnéia nao pode ser medida objetivamente, sendo, portanto, um síntoma de difícil avaliação. Ela é percebida e interpretada pelo indivíduo quando o ato respiratório se torna difícil ou desconfortável. Este desconforto pode ser expresso objetivamente pelo aumento da freqüência respira- tória, pelo uso dos músculos acessórios da respiração, pela cianose e pela inquieta- ção do paciente, sinais que aparecem com a intensificação da dispnéia. A avaliação da dispnéia é portanto, uma difícil tarefa que compete à equipe de enfermagem, a qual tem mais oportunidade de observar sua periodicidade e intensidade, a presença ou ausência de tosse, alterações na cor da pele e mucosa do individuo e o grau de ansiedade do paciente. BROGDEN afirma que a dispnéia é um sintoma tão desagra- dável e assustador que o paciente se torna cada vez mais ansioso, em vez de se tor- nar mais ajustado a ele. A dispnéia, às vezes principal sintoma de uma doença pulmonar ou cardíaca, pode ser tão importante como a sua causa. Entretanto, o seu alívio compreende a parte essencial do cuidado do paciente. Para isso, é necessário saber como é esse paciente, como a dispnéia interfere em seu estado físico e psicológico e o que ele espera da equipe de enfermagem para alívio de sua falta de ar. "A enfermagem como parte integrante da equipe de saúde imple- menta estado de equilíbrio, previne estado de desequilíbrioe reverte o desequilíbrio em equilíbrio pela assistência ao homem no atendimento de suas necessidades bá- sicas, procura sempre reconduzir o homem à situação de equilíbrio dinâmico no tempo e no espaço" H O R T A 2 2. Esta citação é o núcleo da Teoria de Enfermagem das Necessidades Humanas Básicas e de acordo com ela a dispnéia como fator de de- sequilíbrio psico-fisiológico do ser humano, assume proporções dramáticas perante a equipe de enfermagem , que atenderá à necessidade de oxigenação, uma das neces- sidades prioritárias do ser humano. A enfermeira para melhor poder atender ao paciente nesta even- tualidade precisa identificar os principais sinais destes pacientes, quando apresentam dispnéia, os seus problemas em relação à dispnéia e, as suas expectativas quanto à assistência de enfermagem quando em crise dispnéica. Em, pesquisa desenvolvida em 5 hospitais gerais, do Município de São Paulo, estudou-se 83 pacientes internados, de ambos os sexos, entre 20 e 64 anos de idade, eni condições de serem entrevistados, e, que informaram ter apresen- tado dispnéia. Nete primeiro artigo abordaremos a assistência de enfermagem em relação aos principáis sinais apresentados por estes pacientes, no momento da entre- vista realizada pela autora. Fez-se uma comparação entre os dois grupos de pacientes, confor- me a afeccão que apresentavam, fosse cardíaca ou pulmonar, pois confióme os au- tores 9 ' ' 1 6 » 2 4 » ^ 9 a dispnéia é sintoma mais próprio dessas afecções e de gran- de significação patológica. A comparação, mostrou-se homogênea quanto às carac- terísticas biossociais, às condições gerais e a problemática dos pacientes. Assim sen- do, considerou-se os pacientes cardíacos e pulmonares como elementos de um mes- mo grupo.

tes crônicos, pois houve tempo para aparecer a poliglobulia, que permite maior facilidade para que surjam índices iguais ou superiores a 5% de hemoglobina reduzida no sangue capilar. A palidez, sinal de anemia por falta de hemoglobina nós vasos sanguíneos 1 8 , foi notada em 44,6% dos pacientes. Este fato poderia estar asso- ciado à desnutrição e conseqüente anemia, visto que a maioria dos pacientes, além de crônicos, eram de baixo nível sócio-econômico. M I T C H E L L 2 7 , referindo-se à palidez, diz ser a conjuntiva o- cular, não importando a raça do indivíduo, um dos melhores locais para sua ob- servação, sendo, também, sugestiva de anemia, a qual deve ser confirmada pela dosagem de hemoglobina e hematócrito. Neste estudo, o maior índice de palidez também foi encontrado na mucosa ocular (37,3%). Muitas vezes, embora não tenha cianose, o paciente pode estar em insuficiência respiratória ou cardíaca grave, por apresentar anemia. Asssim sendo, o hemograma e a gasimetria arterial fornecem dados mais obejtivos e de- vem ser sempre consultados, além da observação da pele e mucosa. A enfermeira deve saber associar as alterações de cor da pele e mucosa com a dispnéia (^) t a fim de melhor identificar os problemas do paciente, planejar a assistência de enfermagem, acompanhar a terapêutica e evolução deste. A constituição física magra sempre foi a que mais se destacou, representando - se em 53,0% dos pacientes que estavam em condições de serem avaliados neste aspecto. Este fato poderia estar associado à tosse e expectoração apresentadas por 57,8% dos pacientes, pois o conseqüente odor e gosto desagra- dável na boca afetam seriamente o apetite, prejudicando a nutrição do indivíduo. Outro fator poderia ser o esforço despendido durante a alimentação, o qual mui- tas vezes desencadeia a dispnéia vindo agravar o estado de nutrição do indiví- duo e levando-o ao emagrecimento. Além disso, a falta de atividade do paciente hospitalizado e a intolerância pela comida do hospital são outras condições nega- tivas que poderiam contribuir para a perda do apetite, emagrecimento e conse- qüente anemia e palidez. Observando-se a freqüência respiratória, notou-se que a maio- ria dos (pacientes (83,1%) apresentava este dado acima do normal. Segundo W R I G H T 3 4 e G A N O N G 1 7 , os pacientes que apresentam dispnéia geralmen- te tem freqüência respiratória elevada. Neste estudo, observou-se que o controle da freqüência respi- ratória não era feito pela equipe de enfermagem. Sugere-se, entretanto, que este dado seja mais valorizado pela equipe de enfermagem, especialmente nas enfer- marias de pacientes pulmonares e cardíacos, pois pode orientar a observação de outros dados referentes à respiração e prevenir que o paciente tenha o seu estado respiratório agravado. Embora a minoria dos pacientes (14,5%) estvivesse sendo sub- metido a oxigenoterapia no momento da entrevista , a equipe de enfermagem precisa estar alerta quanto aos perigos dessa terapêutica, especialmente nos pa- cientes crônicos, com hipercapnia. ' A oxigenoterapia está indicada no trata- mento da hipoxemia, desde que se conheça detalhadamente suas contra-indica- ções e toxicidade" BARBAS 2. Além disso, BLUNDI^7 refere-se ao oxigênio como medicação paradoxal, necessitando de muita cautela a sua aplicação.

Segundo BEVILACQUA et a l 6 e MARCONDES et al. 2 3 a oxigenoterapia é mab eficaz na dañóse central. Pode-se, neste ponto , notar a importancia da correlaçfo de dispnéia e dañóse, devendo a aplicação da oxigeno- terapia ser cautdosa e consciente dentro» dos limites recomendados para cada padente. Quanto à posição adotada, observou-se que 71,1% dos pacien- tes preferem ficar deitados, com a cabeceira da cama deva da. Sabe-se que aposi- ção mais devada do tronco faculta os movimentos respiratórios: a inspiração e a expiração sfo executados com menor esforço, o diafragma e os músculos inter- costais se contraem e se relaxam mais livremente, permitindo respirações mais profundas. A pressão dos pulmões e dos capilares venosos está reduzida pelo efeito da pressão hidrostática e os órgãos abdommais pendem abaixo do diafrag- ma, aliviando o trabamo respiratório 8 ' 1 * • 2 0 » 1 1 > 2 8 » 3 0 » 3 * , Dependendo do estado geral do paciente, d e automaticamente adota a posição mais devada como uma defesa à sua falta de arvAs vezes, porém, é a equipe de enfermagem que deve ajudá-lo a se colocar em posição mais coiifor- távd, devando a cabeceira da cama e acomodando-o com travesseiros ou usando uma mesinha de refdçao, com travesseiros para apoiar a cabeça e os braços 8 ' 20, 27 Somente pela identificação dos problemas do paciente e de suas necessi- dades afetadas é que a enfermeira poderá implementar a assistência individualiza- da.

VALENTE, M. A. Dispndc patient: general conditions (Part I). Rev. Esc. Enf. USP, 12 (3): 187 - 194, 1978.

The author makes a general approach about dyspnea and the importance of nursing assistance for the patient in this eventuality. It's studied the general conditions about this patient and nursing's actuation.

16 - FRTTTS Jr., H. W. Alterações funcionais da respiração e da circulação: dispnéia In: HARRISON'S. Medicina Interna 6,ed. Rio de Janeiro., Guanabara Koogan, 1974. v. l. p. 2 1 3 - 6.

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  1. p. 5 0 9 - 1 5.

18 - GUYTON, A. Tratado de fisiología médica. 3. ed. México , Inter- americana, 1969. p. 3 0 0 - 1.

19 - HAEBISCH, H. Fisiología respiratória São Paulo, Edart, 1973. p. 5 6 - 7.

20 - HARMER, B. 8t HENDERSON, V. Tratado de enfermería teórica y prac- tica. 2 ed. México, La Prensa Mexicana, 1963 • p. 305 , 5 2 6.

21 —HARRISON. T. R. et al. Alterações funciopais da respiração e da circu- lação: cianose, hipóxia e policetemia. In : HARRISON'S Medicina In- terna Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1974, v. 1., p. 217 - 24.

22 - HORTA, W. A. Enfermagem: teoria, conceitos , princípios e processo. Rev. Esc. Enf. USP. 8(1): 7 - 1 5 , mar. 1974.

23 - JARVIS, C. M Vital signs. Nursing , 6(4): 31 - 7, Apr. 1976.

24 - MAcBRYDE, C. M. & BLACLOW, R. S. Sinais e sintomas: fisiopatolo- gia aplicada e interpretação clínica 5 ed Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1975. p. 327 - 4 3.

25 - MARCONDES, M. et al. Gínica médica: propedéutica e fitopatolo- gía. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1976. p. 9 - 1 2.

26 — MEED, W. E. et al. Cyanosis as a guide to arterial oxygen desaturation. Thorax, 14: 247, May, 1959.

27 - MITCHELL, P. H. Concepts basic to nursing. New York, McGraw Hill, 1973. p. 3 7 2 - 8 8.

28 - MOIDEL, S. et al. Nursing care of patient with medical surgical disor- ders. New York,McGraw Hill, 1971. p. 235 - 38.

29 - RATTO, O. R. Pneumologia. In: MARCONDES, M. et al. Clinica mé- dica propedéutica e fisiopatologia. Rio de Janeiro, Guanabara, Koogan, 1976. p. 1 8 5 - 2 6 6

30 - SECOR, J. Patient care in a respiratory problems. Philadelphia, Saun- ders, 1969. p. 4 3 - 5. -

31 - SHAFER, N. S. ct al. Medical surgical nursing. 6,ed. Saint Louis, Mosby, 1975 p. 573.

3 2 - V É R E L , D. Essential cardiology. Great Britain, Medical & Technical Publishing , 1 9 7 3. p. 27, 80.

33 - VIEIRA ROMEIRO • Semiología médica. 11. ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1968. v. I, p. 2 6 , 8 9 , 1 9 1.

3 4 - W R I G H T , S. Fisiología aplicada. São Paulo, Atheneu, 1967. p. 278-9.