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O Nordeste Açucareiro no Brasil Colonial, Resumos de Economia Política

Trata-se de uma análise introdutória do Nordeste Açucareiro do Brasil Colonial (Pontos mais importantes, processos de formação e como esse ciclo se encerrou).

Tipologia: Resumos

2025

Compartilhado em 13/05/2025

aquiles-ferreira-de-sousa
aquiles-ferreira-de-sousa 🇧🇷

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O Nordeste Açucareiro no Brasil Colonial – Stuart 0
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Na década de 1530, a introdução da cana-de-açúcar (uma especiaria que veio
originalmente da Índia e foi implantada nas ilhas do Atlântico) e o início de uma indústria
açucareira tinham começado a transformar o Brasil, especialmente o litoral nordeste,
numa colônia de assentamento (permitiu a fixação dos portugueses no Brasil) na qual os
engenhos, por sua própria natureza e por suas populações social e “racialmente”
sedimentadas, determinavam boa parte da estrutura da colônia e sua sociedade. Grandes
cidades foram fundadas como portos e centros administrativos para o comércio
açucareiro.
000- Todo engenho é uma comunidade em si mesma e o senhor do engenho, promotor e juiz
por si mesmo;
0O prof questiona a afirmativa de que “As propriedades açucareiras contribuíram
muito para determinar a trajetória social da colônia.”. Como? Primeiro, várias
regiões distantes do litoral tiveram pouca relação com a economia açucareira.
Trinômio Pradiano:
oGrande propriedade (latifúndio)
oMonocultura exportadora
oMão-de-obra escrava
O açúcar brasileiro no foco atlântico
Brasil como o principal produtor de açúcar do mundo atlântico (do mundo todo, na
verdade) entre 1550 e 1670;
Fases:
o 1570 – 1583: fase de expansão;
o 1584 – 1612: expansão mais lenta e diversificação regional;
o 1613 – 1630: um maior crescimento (expansão da produção fluminense);
A indústria açucareira ficava concentrada nas capitanias de Bahia e Pernambuco e
se expandiu rapidamente com preços favoráveis e com a crescente demanda na
Europa nos últimos anos do século XVI;
Capital europeu e mão de obra especializada da Madeira e das Ilhas Canárias e
adaptou a tecnologia mediterrânea e do Atlântico. No período, a única grande
inovação tecnológica foi a introdução do engenho vertical de rolos que barateou o
custo da moagem de açúcar, ampliando o acesso aos engenhos e possibilitando a
diversificação regional;
Expansão interrompida de forma abrupta em 1619-23, quando os preços do açúcar
caíram repentinamente, além das hostilidades entre a Holanda e a Espanha (que
governava Portugal e dominava a Holanda); o aumento dos custos de transporte
(devido à grande ocupação de terras no litoral) também dificultou a operação a
partir desse período.
0A economia açucareira brasileira era particularmente vulnerável às vicissitudes
políticas e econômicas do mundo atlântico;
Havia variações regionais no padrão de desenvolvimento;
A tendência secular dos preços do açúcar brasileiro foi de aumento entre 1550 e
1620 e uma queda na década de 1620, através da invasão dos holandeses em
Salvador, destruição de alguns engenhos, interrupção de colheitas e capturas de
navios (essas características só estariam efetivamente presentes em 1630 na mente
do Villela). Mas, para financiar a guerra, o governo português taxava cada vez
mais o açúcar, impondo nova sobrecarga às finanças dos plantadores. Para piorar,
o Brasil teve que lidar com a concorrência de Barbados e do Caribe.
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O Nordeste Açucareiro no Brasil Colonial – Stuart 0

Schwartz

Na década de 1530, a introdução da cana-de-açúcar (uma especiaria que veio originalmente da Índia e foi implantada nas ilhas do Atlântico) e o início de uma indústria açucareira tinham começado a transformar o Brasil, especialmente o litoral nordeste, numa colônia de assentamento (permitiu a fixação dos portugueses no Brasil) na qual os engenhos, por sua própria natureza e por suas populações social e “racialmente” sedimentadas, determinavam boa parte da estrutura da colônia e sua sociedade. Grandes cidades foram fundadas como portos e centros administrativos para o comércio açucareiro.

  • Todo engenho é uma comunidade em si mesma e o senhor do engenho, promotor e juiz por si mesmo;  O prof questiona a afirmativa de que “As propriedades açucareiras contribuíram muito para determinar a trajetória social da colônia.”. Como? Primeiro, várias regiões distantes do litoral tiveram pouca relação com a economia açucareira.  Trinômio Pradiano: o Grande propriedade (latifúndio) o Monocultura exportadora o Mão-de-obra escrava O açúcar brasileiro no foco atlântico  Brasil como o principal produtor de açúcar do mundo atlântico (do mundo todo, na verdade) entre 1550 e 1670;  Fases: o 1570 – 1583: fase de expansão; o 1584 – 1612: expansão mais lenta e diversificação regional; o 1613 – 1630: um maior crescimento (expansão da produção fluminense);  A indústria açucareira ficava concentrada nas capitanias de Bahia e Pernambuco e se expandiu rapidamente com preços favoráveis e com a crescente demanda na Europa nos últimos anos do século XVI;  Capital europeu e mão de obra especializada da Madeira e das Ilhas Canárias e adaptou a tecnologia mediterrânea e do Atlântico. No período, a única grande inovação tecnológica foi a introdução do engenho vertical de rolos que barateou o custo da moagem de açúcar, ampliando o acesso aos engenhos e possibilitando a diversificação regional;  Expansão interrompida de forma abrupta em 1619-23, quando os preços do açúcar caíram repentinamente, além das hostilidades entre a Holanda e a Espanha (que governava Portugal e dominava a Holanda); o aumento dos custos de transporte (devido à grande ocupação de terras no litoral) também dificultou a operação a partir desse período.  A economia açucareira brasileira era particularmente vulnerável às vicissitudes políticas e econômicas do mundo atlântico;  Havia variações regionais no padrão de desenvolvimento;  A tendência secular dos preços do açúcar brasileiro foi de aumento entre 1550 e 1620 e uma queda na década de 1620, através da invasão dos holandeses em Salvador, destruição de alguns engenhos, interrupção de colheitas e capturas de navios (essas características só estariam efetivamente presentes em 1630 na mente do Villela). Mas, para financiar a guerra, o governo português taxava cada vez mais o açúcar, impondo nova sobrecarga às finanças dos plantadores. Para piorar, o Brasil teve que lidar com a concorrência de Barbados e do Caribe.

O açúcar no Brasil holandês  A conquista dos holandeses no litoral nordestino desequilibrou a indústria açucareira na região (por exemplo, os holandeses e os britânicos levaram mudas de cana-de-açúcar para Barbados e entorno, gerando concorrência para o Brasil). Vários engenhos foram destruídos, fechados ou abandonados.  A Companhia das Índias Ocidentais voltara-se para o Nordeste brasileiro em virtude da atraente economia açucareira e ficou ressentida com os espanhóis e suas restrições. Dessa forma, o Brasil tornou-se um interessante alvo militar e econômico. A CIO buscou adquirir uma atividade lucrativa, tentando a atividade açucareira e o tráfico de escravos.  “Os holandeses nunca aprenderam realmente a administrar os engenhos por conta própria, mantendo-se dependentes dos portugueses mais bem especializados”;  A CIO holandesa procurou estimular a recuperação da indústria através de uma política de créditos e empréstimos para a aquisição de equipamentos e escravos.  A situação política se agrava em 1644 com revoltas de portugueses endividados com a CIO, provocando ainda mais destruição. Os holandeses acabaram sendo forçados a abandonar as capitanias.  Na segunda metade do século XVII, a economia açucareira brasileira enfrentava 3 concorrentes (eficientes, com maior concentração e controle de escravos e com o uso de fertilizantes) que aumentavam a oferta de açúcar (levando à queda dos preços) no mercado do Atlântico e criavam novas demandas de trabalho escravo (que ficavam mais caros).  O problema do Brasil não era a produção, mas sim as condições políticas e econômicas internacionais e seus efeitos nas políticas fiscais de Portugal (e aumento de impostos sobre o açúcar para financiar guerras). Além disso, a natureza não ajudava.  A partir disso, tudo desanda. A economia começa a deslocar-se para o setor mineral, embora o açúcar tenha mantido sua importância regional. O comércio açucareiro brasileiro  O açúcar brasileiro abriu o comércio português, quebrando a barreira do sistema comercial estatal que se desenvolveu no século XVI em torno do comércio de especiarias provenientes do oceano Índico;  Os riscos eram altos, mas a principal característica do comércio açucareiro brasileiro era seu caráter privado;  Com a partida da primeira frota em 1650, chegava ao fim a época do comércio açucareiro privado e da predominância da caravela.  O papel dos comerciantes de açúcar provavelmente foi crucial para o financiamento dos primeiros estágios da indústria, se pudermos tomar como referência os padrões posteriores.  A disponibilidade de crédito de comerciantes para produtores foi um elemento essencial do desenvolvimento inicial da indústria. A arte de fazer açúcar no Brasil  Cultivo, moagem, cozimento, depuração e embalagem, cada etapa com suas exigências específicas em matéria de emprego da mão de obra. Um “amplo teatro da engenhosidade humana com máquinas maravilhosas que requerem muita arte e muita despesa”;  A longa duração da safra conferia ao Brasil considerável vantagem sobre os concorrentes caribenhos, cuja temporada de colheita durava em média apenas 120-180 dias. Os escravos podiam ser utilizados quase continuamente em alguma etapa da produção de açúcar.

irmandades caritativas e outras instituições religiosas as principais fontes de dinheiro emprestado a 6,25%, muitas vezes de longo prazo.  Os retornos de capital dos plantadores não parecem ter sido tão extraordinariamente altos quanto em certas estimativas modernas. Uma parte considerável dos gastos era a mão de obra, área na qual os plantadores de açúcar procuram cortar gastos.  Boa parte dos ganhos iniciais da indústria podem ter assumido a forma de criação de capital (até porque havia captura de indígenas e terras), à medida que o valor dos bens se elevava mais rapidamente que a renda, o que parece dar a entender um alto nível de poupança. Esses elementos estão relacionados à falta de capital nas primeiras etapas da indústria, o que contribuiu para padrões de organização e prática no Brasil. As colheitas de subsistência, a criação de gado, a guerra contra os povos nativos e sua captura e o desmatamento da Floresta Atlântica foram em certa medida resultado das necessidades da economia açucareira do Nordeste. Os engenhos foram ao mesmo tempo geradores e espelhos da sociedade brasileira durante a grande época açucareira.