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O Nome de Deus: Javé, Deuses, Senhor, Os Céus e o Oculto, Notas de aula de Direito

Neste documento, exploramos o significado e evolução do nome de deus na bíblia hebraica, incluindo javé (yahweh), deuses (elohim), senhor (adonay), os céus e a referência ao deus oculto. Aprenda sobre a história, significados e substituições de nomes de deus.

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Aquarela
Aquarela 🇧🇷

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O NOME DE DEUS
Nos cerca de mil anos de criação literária do Primeiro Testamento o nome de
Deus sofreu variações e passou por etapas, de acordo com a reflexão dos fiéis sobre a
divindade.
a) Javé
O capítulo 3 do livro do Êxodo explica o significado do nome próprio do Deus
dos hebreus, Javé ou Yahweh.
Hebreu é praticamente sinônimo de escravo rebelde, o seu Deus ou o Deus dos
antepassados é, no contexto do Êxodo, o Deus dos escravos, dos pobres, em contraste
com os deuses do Egito ou de outras nações poderosas. O costume era considerar o deus
dos fortes como mais poderoso do que o deus dos fracos. É mais ou menos como, às
vezes, dizemos de alguém que sempre sai vencendo: “ele tem um santo forte”.
O Nome próprio de Deus está nas 4 letras Y H W H (y equivalendo a j) 4
consoantes, portanto, pois o alfabeto hebraico não tem vogais. As quatro consoantes são
chamadas de “tetragrama sagrado”. O seu significado, encontrado em Ex 3, é o do Deus
que acontece, que está presente, que vê a opressão do povo, ouve o seu clamor e desce
para libertá-lo. Javé é um deus histórico e libertador. Pode-se perceber com clareza esse
significado, por exemplo, em Is 45,14-17, em Jr 16,19-21 e 33,2 e, de certa forma, em
todas as mais de seis mil e oitocentas vezes que o Nome ocorre na Bíblia.
Como é o nome próprio de Deus, o nome mais significativo e tradicional, com o
passar do tempo, por respeito, ele deixou de ser pronunciado. ‘Nenhum ser humano tem
o direito de pronunciar o nome próprio de nosso Deus’ refletiam, ‘ninguém pode ter
tanta intimidade com ele’. O respeito pelo Nome cresceu tanto, a ponto de se tornar
proibido pronunciá-lo.
Como a língua hebraica não tem vogais, os Massoretas, grupos de sábios judeus
que conservavam a tradição da leitura sem vogais, criaram o sistema de sinais que
fazem as vezes das vogais, a fim de facilitar a leitura do texto bíblico.
Os antigos copiavam o texto dos livros sagrados com todo o rigor e não
deixaram de copiar as quatro letras do Nome sagrado, mesmo sabendo que elas não
deveriam ser lidas. Como faziam para avisar o leitor que deveria ler adonay, que quer
dizer Senhor, e não o Nome impronunciável? Colocavam nas quatro letras Y H W H, os
sinais vocálicos da palavra ´adonay, que deveria, então, ser pronunciada no lugar do
Nome. Apenas trocaram a por e, o que resultou na escrita YeHoWaH (Jeová) que, então,
deveria ser lida “adonay”.
Quando os massoretas criaram esses sinais fazia tempo que não se
pronunciava o nome sagrado de Deus. Assim, não há certeza absoluta se a pronúncia do
nome próprio do Deus dos Hebreus seria realmente Javé ou Yahwéh. Só não há dúvida
de que a primeira sílaba é Ya, que aparece em aleluia (louvai Ya) e em muitos nomes
próprios como Jeremias, Isaias, Ezequias.
b) Deuses
Mais de duas mil vezes, sob diferentes formas, ocorre na Bíblia hebraica a
palavra Elohim, plural majestático de Eloah. Apesar de ser plural, na grandíssima
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O NOME DE DEU S

Nos cerca de mil anos de criação literária do Primeiro Testamento o nome de Deus sofreu variações e passou por etapas, de acordo com a reflexão dos fiéis sobre a divindade. a) Javé O capítulo 3 do livro do Êxodo explica o significado do nome próprio do Deus dos hebreus, Javé ou Yahweh. Hebreu é praticamente sinônimo de escravo rebelde, o seu Deus ou o Deus dos antepassados é, no contexto do Êxodo, o Deus dos escravos, dos pobres, em contraste com os deuses do Egito ou de outras nações poderosas. O costume era considerar o deus dos fortes como mais poderoso do que o deus dos fracos. É mais ou menos como, às vezes, dizemos de alguém que sempre sai vencendo: “ele tem um santo forte”. O Nome próprio de Deus está nas 4 letras Y H W H (y equivalendo a j) 4 consoantes, portanto, pois o alfabeto hebraico não tem vogais. As quatro consoantes são chamadas de “tetragrama sagrado”. O seu significado, encontrado em Ex 3, é o do Deus que acontece, que está presente, que vê a opressão do povo, ouve o seu clamor e desce para libertá-lo. Javé é um deus histórico e libertador. Pode-se perceber com clareza esse significado, por exemplo, em Is 45,14-17, em Jr 16,19-21 e 33,2 e, de certa forma, em todas as mais de seis mil e oitocentas vezes que o Nome ocorre na Bíblia. Como é o nome próprio de Deus, o nome mais significativo e tradicional, com o passar do tempo, por respeito, ele deixou de ser pronunciado. ‘Nenhum ser humano tem o direito de pronunciar o nome próprio de nosso Deus’ refletiam, ‘ninguém pode ter tanta intimidade com ele’. O respeito pelo Nome cresceu tanto, a ponto de se tornar proibido pronunciá-lo. Como a língua hebraica não tem vogais, os Massoretas, grupos de sábios judeus que conservavam a tradição da leitura sem vogais, criaram o sistema de sinais que fazem as vezes das vogais, a fim de facilitar a leitura do texto bíblico. Os antigos copiavam o texto dos livros sagrados com todo o rigor e não deixaram de copiar as quatro letras do Nome sagrado, mesmo sabendo que elas não deveriam ser lidas. Como faziam para avisar o leitor que deveria ler adonay , que quer dizer Senhor, e não o Nome impronunciável? Colocavam nas quatro letras Y H W H, os sinais vocálicos da palavra ´ a d o n a y, que deveria, então, ser pronunciada no lugar do Nome. Apenas trocaram a^ por e , o que resultou na escrita Y e H o W a H (Jeová) que, então, deveria ser lida “adonay”. Quando os massoretas criaram esses sinais já fazia tempo que não se pronunciava o nome sagrado de Deus. Assim, não há certeza absoluta se a pronúncia do nome próprio do Deus dos Hebreus seria realmente Javé ou Yahwéh. Só não há dúvida de que a primeira sílaba é Ya, que aparece em alelu ia (louvai Ya) e em muitos nomes próprios como Jeremias, Isaias, Ezequias. b) Deuses Mais de duas mil vezes, sob diferentes formas, ocorre na Bíblia hebraica a palavra Elohim , plural majestático de Eloah. Apesar de ser plural, na grandíssima

maioria das vezes, a palavra é empregada para falar do Deus único, o Deus do povo de Israel. Poucas vezes, está se referindo aos deuses de outras nações ou a divindades em geral. O mesmo ocorre com a palavra El , que pode ser uma abreviação de Eloah , ou esta é um prolongamento daquela. Tem o mesmo significado, substantivo comum para divindade, e ocorre frequentemente em nomes próprios como Betel, Miguel, Rafael, Ariel e tantos outros. Quando se refere ao Deus dos hebreus, geralmente está ligado a predicados como El Saday , Deus poderoso (?), El Caná , Deus ciumento, El Ha,elohim , Deus dos deuses, El Elyon , Deus Altíssimo etc. c) Senhor Adonay , que literalmente significa “meus senhores”, encontra-se também inúmeras vezes na Bíblia Hebraica, quase sempre para se referir a Deus. Traduz-se comumente por Senhor. Essa palavra é pronunciada regularmente onde se encontra o tetragrama sagrado Y H W H. Assim é que a antiqüíssima tradução grega chamada dos Setenta sábios sempre traduz o Tetragrama por Kyrios (‘senhor’ em grego) e a maioria de nossas traduções, por respeito aos judeus e à mais antiga tradição, traz Senhor ou SENHOR, em versalete, quando no original hebraico está Y H W H. É importante saber isso, porque sempre que lê SENHOR em sua Bíblia você não deve pensar em Deus como o Poderoso, o dono do mundo, mas, muito mais, no Deus que acontece na história, o Deus amigo do povo sofredor, o Deus que ouve o clamor, vê a aflição e desce para libertar seu povo escravo (Êxodo, capítulo 3). d) Os Céus Céus (ver o item Plural) é outra palavra que substituiu o nome de Deus desde o Livro dos Macabeus (1Mc 3,18), se não já antes. Por profundo respeito evitava-se falar ‘Deus’ e mesmo ‘o Senhor’ e, então, se pensava ‘Aquele dos céus’ ou simplesmente ‘os Céus’. No tempo do Novo Testamento era essa a maneira mais respeitosa com que um judeu se referia a Deus. Assim é que o Evangelho segundo Mateus, Evangelho dos cristãos judeus, fala em ‘Reino dos Céus’ onde os outros trazem ‘Reino de Deus’. Quando esse Evangelho diz que Jesus dá a Pedro as chaves do Reino dos Céus, (Mt 16,19) afirma que é para que ele possa ligar e desligar, fechar e abrir, aqui na terra, “o que ligares na terra...”, e não no céu.. Quando diz que do pobre e do perseguido é o Reino dos Céus (Mt 5,3 e 10), não está dizendo que só os pobres e perseguidos alcançam a vida eterna. Diz que é coisa própria deles construir a comunidade que encarna o Reinado de Deus aqui na terra. Quando diz que é difícil um rico entrar no Reino dos Céus, não está afirmando que os ricos não se salvam, diz que é muito difícil a um rico participar efetivamente da comunidade-Reino de Deus. Nas parábolas e comparações de Mt 13 o “Reino dos Céus” é semelhante a um plantio no qual se perdem dois terços das sementes, é uma plantação onde crescem juntos o joio e o trigo, é uma rede que pega peixes bons e ruins. Nada disso pode ser o céu com que sonhamos.