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O nascimento da ópera italiana, Notas de estudo de Música

Texto que descreve o surgimento, na Itália, do que hoje chamamos de ópera. Menciona a Camerata Fiorentina, além das quatro primeiras óperas e do primeiro grande compositor deste gênero, Claudio Monteverdi.

Tipologia: Notas de estudo

2012

Compartilhado em 16/03/2012

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O nascimento da ópera italiana.
A ópera surge na Itália no início do século XVII e os primeiros passos começam a ser dados
no fim do Renascimento. Segundo Grout e Palisca (2007), em Florença, o conde Giovanni Bardi
mantinha desde a década de 1570, através de reuniões em seu palácio, uma academia informal onde
se falava de literatura, ciência e arte, e dela participaram o músico Vicenzo Galilei e o erudito
Girolamo Mei, além de compositores como Giulio Caccini, Jacopo Peri e Emilio de Cavalieri (p.
319). Devido a intensa utilização de um tecido contrapontístico elaborado e denso, no Renascimento,
o texto cantado dificilmente era ouvido com clareza. Pensando nisso, esse grupo de intelectuais,
autodenominados Camerata Fiorentina, tinha como principal preocupação a “reconstituição de uma
prosódia digna de ser comparada ao modelo antigo” (KOBBE, 1997, p.3), ou seja, o modelo grego
que unia o gesto musical e o teatral, e que valorizava também o texto.
Eles acreditavam que os Gregos conseguiam obter efeitos singulares com a música porque
esta consistia numa única melodia, sendo que tal “tinha o poder de afectar [sic] os sentimentos do
ouvinte, uma vez que explorava a expressividade natural das subidas e descidas de altura, do registro
da voz e das mudanças de ritmo e andamento” (GROUT; PALISCA, 2007, p. 319). Assim sendo,
começaram a fazer experiências com apenas uma linha vocal, sustentada por uma linha de baixo
instrumental, ou seja, com o que chamamos de “monodia”. Segundo Bennett (1986), essa linha
melódica ondulava de acordo com o que dizia o texto, e através de um ritmo elaborado, acompanhava
a pronuncia natural das palavras (p. 36), e isso deu origem ao “recitativo”. Acompanhada de uma
linha melódica no baixo sobre a qual poderiam ser estruturados acordes (linha chamada de “baixo
contínuo"), a melodia cantada movimentava-se livremente, dando liberdade à voz.
Com isso, a primeira ópera a ser composta foi “Dafne”, de Jacopo Peri em 1597. Porém,
perdeu-se grande parte da obra, sobrando apenas alguns fragmentos. Em 1600, foram compostas “La
rappresentatione di anima et di corpo” de Cavaliere, de tema sacro, e “Eurídice”, de Peri e de Caccini.
Todos buscaram chegar a um meio termo entre a recitação falada e a canção. Porém, foi Peri quem
inventou e usou pela primeira vez o estilo de recitativo.
“Ao sustentar as notas do baixo contínuo, enquanto a voz se movia,
passando por consonâncias e dissonâncias – assim simulando o movimento
contínuo da fala –, libertou suficientemente a voz da harmonia para fazer
com que se assemelhasse a uma declamação livre e sem altura
definida.” (GROUT, PALISCA, p. 321, 2007.)
De acordo com Bennett (1986), a ideia se tornou popular e logo foram aparecendo várias
óperas, entretanto, os longos trechos de recitativos tendiam a soar monótonos (p. 36). Foi então que
surgiu Claudio Monteverdi, dono de uma forte personalidade e mestre na arte da polifonia, que
utilizou as experiências da Camerata Fiorentina para dar um toque muito mais dramático àquilo que
era a ópera, pois, de acordo com Kobbe (1997), toda a preocupação excessiva com a “imitação do
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O nascimento da ópera italiana.

A ópera surge na Itália no início do século XVII e os primeiros passos começam a ser dados já no fim do Renascimento. Segundo Grout e Palisca (2007), em Florença, o conde Giovanni Bardi mantinha desde a década de 1570, através de reuniões em seu palácio, uma academia informal onde se falava de literatura, ciência e arte, e dela participaram o músico Vicenzo Galilei e o erudito Girolamo Mei, além de compositores como Giulio Caccini, Jacopo Peri e Emilio de Cavalieri (p. 319). Devido a intensa utilização de um tecido contrapontístico elaborado e denso, no Renascimento, o texto cantado dificilmente era ouvido com clareza. Pensando nisso, esse grupo de intelectuais, autodenominados Camerata Fiorentina , tinha como principal preocupação a “reconstituição de uma prosódia digna de ser comparada ao modelo antigo” (KOBBE, 1997, p.3), ou seja, o modelo grego que unia o gesto musical e o teatral, e que valorizava também o texto.

Eles acreditavam que os Gregos conseguiam obter efeitos singulares com a música porque esta consistia numa única melodia, sendo que tal “tinha o poder de afectar [sic] os sentimentos do ouvinte, uma vez que explorava a expressividade natural das subidas e descidas de altura, do registro da voz e das mudanças de ritmo e andamento” (GROUT; PALISCA, 2007, p. 319). Assim sendo, começaram a fazer experiências com apenas uma linha vocal, sustentada por uma linha de baixo instrumental, ou seja, com o que chamamos de “monodia”. Segundo Bennett (1986), essa linha melódica ondulava de acordo com o que dizia o texto, e através de um ritmo elaborado, acompanhava a pronuncia natural das palavras (p. 36), e isso deu origem ao “recitativo”. Acompanhada de uma linha melódica no baixo sobre a qual poderiam ser estruturados acordes (linha chamada de “baixo contínuo"), a melodia cantada movimentava-se livremente, dando liberdade à voz.

Com isso, a primeira ópera a ser composta foi “Dafne”, de Jacopo Peri em 1597. Porém, perdeu-se grande parte da obra, sobrando apenas alguns fragmentos. Em 1600, foram compostas “La rappresentatione di anima et di corpo” de Cavaliere, de tema sacro, e “Eurídice”, de Peri e de Caccini. Todos buscaram chegar a um meio termo entre a recitação falada e a canção. Porém, foi Peri quem inventou e usou pela primeira vez o estilo de recitativo.

“Ao sustentar as notas do baixo contínuo, enquanto a voz se movia, passando por consonâncias e dissonâncias – assim simulando o movimento contínuo da fala –, libertou suficientemente a voz da harmonia para fazer com que se assemelhasse a uma declamação livre e sem altura definida.” (GROUT, PALISCA, p. 321, 2007.) De acordo com Bennett (1986), a ideia se tornou popular e logo foram aparecendo várias óperas, entretanto, os longos trechos de recitativos tendiam a soar monótonos (p. 36). Foi então que surgiu Claudio Monteverdi, dono de uma forte personalidade e mestre na arte da polifonia, que utilizou as experiências da Camerata Fiorentina para dar um toque muito mais dramático àquilo que era a ópera, pois, de acordo com Kobbe (1997), toda a preocupação excessiva com a “imitação do

antigo” não dava liberdade para a expressividade num Peri ou num Caccini, e Monteverdi muda isso (p. 3). Com “Orfeo”, de 1607, Monteverdi acentua o impacto dramático da história através da música, de uma forma jamais feita antes.

“Usando intevalos cromáticos e espaçados na parte do canto, enquanto o acompanhamento fornece inesperadas harmonias, incluindo frequentes dissonâncias, Monteverdi, nas partes recitativas, faz vir à tona todo um plano de fortes emoções” (BENNETT, 1986, p. 37)

Referência Bibliográfica:

BENNETT, Roy. Uma Breve História da Música. Trad. Maria Teresa Resende Costa. Rio de Janeiro: Zahar, 1986.)

KOBBÉ, Gustave. “Kobbé: O livro completo da ópera ”. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.

GROUT, Donald J.; PALISCA, Claude V. “História da Música Ocidental”. 5. Ed. Trad. Ana Luísa Faria. Lisboa: Gradiva, 2007.