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o narrador e jesus cristo no evangelho, Notas de aula de Tradução

E ele será chamado pelo nome de Emanuel : o narrador e Jesus. Cristo no evangelho de Mateus / João Cesário Leonel Ferreira. --.

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Botafogo
Botafogo 🇧🇷

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
UNICAMP
JOÃO CESÁRIO LEONEL FERREIRA
“E ELE SERÁ CHAMADO PELO NOME DE EMANUEL”:
O NARRADOR E JESUS CRISTO NO EVANGELHO DE MATEUS
Campinas
2006
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

UNICAMP

JOÃO CESÁRIO LEONEL FERREIRA

“E ELE SERÁ CHAMADO PELO NOME DE EMANUEL”:

O NARRADOR E JESUS CRISTO NO EVANGELHO DE MATEUS

Campinas 2006

i

JOÃO CESÁRIO LEONEL FERREIRA

“E ELE SERÁ CHAMADO PELO NOME DE EMANUEL”:

O NARRADOR E JESUS CRISTO NO EVANGELHO DE MATEUS

Tese apresentada ao Departamento de Teoria Literária do Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, como requisito parcial para a obtenção do título de doutor em Teoria eHistória Literária com concentração em Teoria e Crítica Literária.

Orientadora: Profa. Dra. Suzi Frankl Sperber

CAMPINAS

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JOÃO CESÁRIO LEONEL FERREIRA

“E ELE SERÁ CHAMADO PELO NOME DE EMANUEL”:

O NARRADOR E JESUS CRISTO NO EVANGELHO DE MATEUS

Tese apresentada ao Departamento de TeoriaLiterária do Instituto de Estudos da Linguagem, Universidaderequisito parcial Estadual para a deobtenção Campinas, do título como de doutorconcentração em Teoria e Crítica Literária. em Teoria e História Literária com

Aprovada em 13 de março de 2006.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________________________Profa. Dra. Suzi Frankl Sperber – Orientadora Universidade Estadual de Campinas − IEL ___________________________________________________________________ Prof. Dr. Waldecy Tenório de Lima Pontifícia Universidade Católica de São Paulo ___________________________________________________________________ Prof. Dr. Paulo José Benício Universidade Presbiteriana Mackenzie __________________________________________________________________________Prof. Dr. Gladir da Silva Cabral Universidade do Extremo Sul Catarinense ____________________________________________________________________________ Prof. Dr. Carlos Ribeiro Caldas Filho Universidade Presbiteriana Mackenzie

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A você, querida Cláudia, esposa e companheira de tantas jornadas, não apenas dedico este trabalho como tambémreconheço que ele só foi possível por sua direta influência. Amo-a cada dia mais!

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Aos colegas professores da Universidade Presbiteriana Mackenzie agradeço o companheirismo que nos levou, por vezes, a gastarmos horas dialogando sobre os estudos, o trabalho e a vida. A amizade de vocês é algo precioso para mim. De meus pais e irmãs guardo a lembrança grata do aprendizado, desde a mais tenra idade de que, independente do que possuímos ou não, sempre haverá oportunidades para aqueles que são honestos e desejosos de lutar para obter o que buscam. A eles meu reconhecimento carinhoso. Aos filhos Timóteo e Melina, a gratidão por suportarem um pai estudante e por dividirem o computador comigo. Vocês são especiais e enriquecem minha vida. Ao João Guilherme, de modo particular, poder brincar com você e simplesmente passar o tempo contemplando-o a descobrir o mundo e a vida foi motivo de grande prazer em meio à seriedade do trabalho acadêmico. Por fim, agradeço a Deus, pai das luzes e de quem provém toda boa dádiva, por propiciar-me não apenas vida, mas também saúde e disposição para que pudesse desenvolver as pesquisas necessárias para a confecção desta tese.

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RESUMO

Esta tese tem como objetivo principal o estudo do narrador no evangelho de Mateus e de sua relação com o protagonista – Jesus Cristo. Central em todo o trabalho é a constatação de que o narrador configura o texto de modo a produzir nos leitores a consciência de que a narrativa se refere não apenas a um personagem da históriapassada, mas a Jesus Cristo vivo. Este exerce a função de orientar a compreensão do texto. Para tanto, o narrador coloca-se em segundo plano e desenvolve técnicas para que o personagem principal ocupe espaço de proeminência. A minimização da presença do narrador, antes de se transformar em debilidade textual, produz abertura do texto ao leitor. Desse modo, as estratégias estabelecidas visam atrair o leitor paraque participe da trama. Para chegar a tais conclusões, o trabalho discute variadas formas interpretativas pela quais o evangelho de Mateus é estudado na atualidade. Define o gênero literário ao qual pertence o evangelho como biografia greco-romana. Identifica o narrador, seu foco narrativo e a forma como organiza o evangelho em blocos narrativos e discursivos a partir da fonte principal, o evangelho de Marcos. Porfim, explicita estratégias literárias através da comparação exaustiva entre textos de Mateus e Marcos, demonstrando como elas apontam para propósitos retóricos específicos que o narrador deseja gerar nos leitores. O canal de discussão com biblistas esteve aberto, em alguns momentos utilizando interpretações e pontos de vistas, e em outros discordando de suas colocações. A principal delas diz respeito àdeclaração de que o evangelho apresenta um caráter catequético e desprovido de brilho. Em oposição, afirma-se que o evangelho de Mateus possui estratégias narrativas que o tornam extremamente persuasivo aos leitores. Torna-se claro que a desconsideração dos elementos de análise descritos no trabalho produz conseqüências nocivas à interpretação do texto bíblico.

Palavras-chave: evangelho de Mateus; gêneros literários; narração (retórica); leitores.

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1 INTRODUÇÃO

Bíblia como literatura. Esse é o foco geral da tese que será desenvolvida neste trabalho. Mesmo que, aparentemente, os termos não contenham antagonismos, eles são, atualmente, estranhos entre si. Se não em teoria, pelo menos na prática. Tem havido um distanciamento, para não dizer estranhamento, entre eles. Os teólogos, com raras exceções, não se interessam em estudar a Bíblia como literatura. E os literatos, por sua vez, relegam o livro a um plano secundário diante dos clássicos. A que se deve esse estado de coisas? Afinal, o texto composto pelos livros sagrados do judaísmo e do cristianismo, conhecidos como Bíblia Hebraica – ou Antigo Testamento para os cristãos

  • e Novo Testamento, respectivamente, são reconhecidos como participantes do cânon juntamente com os demais textos da civilização ocidental. A resposta pode ser encontrada em duas direções. A primeira deve-se ao fato de a Bíblia ser tratada unicamente como “texto sagrado”. O crítico literário Robert Alter comenta:

O único motivo óbvio para a ausência por tanto tempo de interesse literárioacadêmico pela Bíblia é que, em contraste com a literatura grega e latina, a Bíblia foi considerada durante muitos séculos, tanto por cristãos quanto porjudeus, a fonte unitária e primária da verdade de [sic] revelação divina (1998, p. 16). Com raríssimas exceções na história do cristianismo, a Bíblia sempre foi entendida como texto inspirado por Deus e fonte de orientação para a vida de seus leitores. Tais postulados não precisam ser negados, enquanto sejam tratados como opções pessoais e particulares ou institucionais de grupos religiosos. O equívoco provindo dessa visão foi o surgimento de uma abordagem unidirecional do texto bíblico, entendido/lido como manual de orientação dogmática. Passou-se a usar a Bíblia para a construção de dogmas e elaboração de fórmulas doutrinais, fruto de uma visão ocidental que se confronta com o estilo oriental e grego, bem como com o cunho narrativo com que escreveram seus autores. Ainda mais prejudicial para a percepção adequada da obra é que a grande variedade de estilos literários foi ignorada, não percebendo aqueles que assim agiam que incorriam em um erro hermenêutico, visto que os gêneros literários exigem aproximações e ferramentas interpretativas adequadas e diferenciadas. Na realidade, o tempo, os estilos e as formas foram colocados numa camisa de força e, sob a alegação de inspiração, a Bíblia passou a ser vista como um livro desconectado de seus variados contextos. Alter explicita a tensão:

[...] o poderoso resíduo da crença mais antiga na Bíblia como a revelação daverdade última é perceptível na tendência dos estudiosos a formular questões sobre a vida bíblica do homem, a noção bíblica da alma, a concepção bíblica daescatologia, ao mesmo tempo que negligencia em geral fenômenos como caráter, motivo e plano narrativo por serem impróprios para o estudo de umdocumento essencialmente religioso (1998, p. 16-17).

É mister reconhecer que não existe necessariamente antagonismo entre o caráter literário das Escrituras e sua visão como texto sagrado. Contudo, é igualmente

O que foi dito a respeito do primeiro argumento repete-se aqui. O olhar histórico não anula o interesse literário relacionado à Bíblia. A tensão surge quando se insiste em utilizar unicamente o método histórico crítico em detrimento de qualquer outra abordagem. É necessário um redirecionamento na questão. A começar por aquilo que é mais ou menos concreto. Usar um texto do Antigo Testamento para reconstruir a história de um período ou a sociedade de determinada época é uma tarefa árdua, principalmente quando se trata de relatos com dois mil e quinhentos anos ou mais, como é o caso de muitas de suas porções. A empreitada pode ser bem-sucedida, desde que se considerem os cuidados necessários que uma reconstrução hipotética demanda. O que se tem, de fato, é o texto de um período antigo comunicando uma mensagem. O leitor pode não compreender em profundidade como viveram seus autores e o contexto histórico; não obstante, possui o texto, fruto concreto do período, transmitindo um conteúdo que pode ser lido e assimilado. Diante do quadro estabelecido, houve um princípio de reação com alguns estudiosos que se propuseram a pesquisar a Bíblia a partir da análise literária. Um dos primeiros autores a desenvolver tal abordagem foi Norman R. Petersen: Literary Criticism for New Testament Critics (1978). Ele foi seguido, apenas para mencionar estudos sobre os evangelhos, pelos seguintes estudiosos: David Rhoads e Don Michie: Mark as Story: An Introduction to the Narrative of a Gospel^1 (1982) ; Alan Culpepper: Anatomy of the Fourth Gospel: A Study in Literary Design (1983); Richard A. Edwards: Matthew’s Story of Jesus (1985); Jack Dean Kingsbury: Matthew as Story (1986b); Robert Tannehill: The Narrative Unity of Luke-Acts: A Literary Interpretation, 2 volumes

(^1) O livro foi lançado em segunda edição em 1999 com a participação de Joanna Dewey.

(1986 e 1990); Mark Allan Powell: What is Narrative Criticism? (1990b); e Mark W. G. Stibbe: John as Storyteller (1994). As obras listadas acima foram pioneiras nos estudos dos evangelhos no mundo de fala inglesa seguindo princípios de análise literária. Mais recentemente, focando especificamente o evangelho de Mateus, alvo deste trabalho, surgiram outros textos^2. A partir da valorização da Bíblia enquanto obra literária, alguns críticos, para mencionar apenas aqueles com textos publicados em português, passaram a estudá-la como tal. Podem ser citados Jack Miles^3 , Haroldo de Campos^4 , Robert Alter^5 , Frank Kermode^6 - os dois últimos tendo sido editores de uma obra em conjunto^7 -, Northrop Fry^8 , Geraldo Holanda de Cavalcanti^9 e Harold Bloom^10. Este, em entrevista à revista Veja , diante da pergunta: “O enfoque literário da Bíblia é mais interessante do que o religioso?”, declarou:

Sem dúvida. O texto original do que hoje chamamos de Gênesis, Êxodo eNúmeros é trabalho de um narrador magnífico, certamente um dos maiores contadores de história do mundo ocidental [...] Pense em figuras como José,Jacó e Jeová. São todos personagens maravilhosos. E os efeitos poéticos do texto são extraordinários, comparáveis a Píndaro. Os profetas Isaías, Jeremiase Ezequiel também eram grandes escritores, assim como os autores do Evangelho de Marcos literatura de toda uma cultura (2001, p. 15, grifo do autor). e do Livro de Jó. A Bíblia é uma vasta antologia da

O contexto apresentado acima, indicando o despertar de críticos literários à Bíblia, inclui o evangelho de Mateus. Afinal, como salienta Frank Kermode, referindo-se

(^23) Cf. no próximo capítulo o item: 2.2.3 Crítica Narrativa. 4 Deus:Bere’shith:^ uma biografia A cena de origem ;^ e^ Cristo: ;^ Qohelet: uma crise na vida de Deus O que Sabe – Eclesiastes;. e Éden: um tríptico bíblico. (^5) Em espelho crítico. Os três primeiros capítulos. O autor esteve em julho de 2005 no Brasil, participando da Festa Literária Internacional de Parati, onde proferiu palestra sobre a Bíblia como literatura. Cf. Simões (2005). (^6) Um apetite pela poesia. Os três últimos capítulos. (^78) Guia literário da Bíblia. 9 O código dos códigos:O cântico dos cânticos:^ a Bíblia e a literatura. um ensaio de interpretação através de suas traduções. (^10) Abaixo as verdades sagradas ; O livro de J ; e Onde encontrar a sabedoria? Primeiro capítulo.

Flávio Aguiar, tradutor do livro de Frye, igualmente reconhece a influência exercida pelos escritos bíblicos sobre a tradição literária mundial.

Podemos ver a fábula de uma narrativa ficcional, ou seu arranjo na narraçãoque compõe o enredo, como uma sucessão de acontecimentos dispostos no tempo, mesmo que hajapodemos ver ambas, fábula e narração, como uma estrutura simultânea de flashbacks e antecipações reveladoras. Mas também imagens e situações que se articulam. A forma particular da obra literária setorna significante e perceptível pelo modo como essas visões, a diacrônica e a sincrônica, se articulam. esse processo e esse procedimento Foi a Bíblia, mais do que a tradição clássica, que criou sobretudo no plano interno das obras, e foi a Bíblia também que, por assim dizer, “ensinou” os escritores, mesmo osmodernos, a proceder desse modo (2004, p. 276, grifo nosso).

O autor, a seguir, apresenta exemplos da influência da Bíblia sobre escritores brasileiros (2004, p. 277-279). De modo particularmente importante, e ligando-se àquilo que Kermode enunciou a respeito da relação entre os evangelhos, é a conclusão do raciocínio de Aguiar: “Por que os escritores procedem assim, pescando imagens uns nos outros? Porque guardam um sentido dos escritores bíblicos, o de pretenderem escrever ‘com autoridade’” (2004, p. 279). Obviamente a referência a “pescar imagens uns nos outros” aplica-se ao processo de criação literária originada, entre outros, no escritor do evangelho de Mateus em relação a Marcos, incluindo a transferência para seu texto da autoridade já estabelecida pela sua fonte. Portanto, seguindo a tendência, ainda minoritária, de análise de textos bíblicos mediante elementos teórico-literários, e buscando contribuir para a ampliação do diálogo entre biblistas e críticos, propõe-se desenvolver uma pesquisa sob o título: “‘E ele será chamado pelo nome de Emanuel’: o narrador e Jesus Cristo no evangelho de Mateus”. O trabalho tem sua gênese, para especificar o objetivo, e se desenvolve diante da questão surgida frente ao consenso teológico comum com respeito ao evangelho de

Mateus. Ele é visto caracteristicamente como um texto de cunho didático, catequético. As citações abaixo confirmam o enunciado.

Esse evangelho foi todo organizado com vistas às necessidades de da comunidade que crescia. A condensação do material de Marcos tinha a catequese intenção de torná-lo mais facilmente assimilável na mente dos novos crentes. Éenfática a importância atribuída ao ministério de ensino de Jesus. O sermão do monte (caps. 5-7) é o maior bloco de trecho isolado, de ensinos de Jesus, dequantos se encontram nos quatro evangelhos (MOUNCE, 1996, p. 12, grifo nosso). No evangelho de Mateus existem, pois, seis grandes unidades discursivas.Como tais, são obra redacional do evangelista, que, sobre base temática, recolheu dados do Senhor esparsos. Aparece, pois, manifesto o interesse doutrinal do evangelista (BARBAGLIO, 1990, p. 51, grifo nosso). acentuado

O evangelho segundo Mateus pode ser descrito como um sobre o estilo de vida cristã que o autor concebe como revelação de Deus manual de instrução manifesta em Jesus Cristo, dada a Israel e preservada nas sagradas escrituras(BEARE, 1981, p. 5, grifo e tradução nossos).

Mateus demonstra um grande interesse noele diz muito claramente. Dessa forma, o Sermão do Monte é um dos cinco ensino de Jesus , registrando o que grandes discursos, muitas parábolas são contadas, e, de tempos em tempos,são feitas afirmações sobre o ensino de Jesus sem que o conteúdo seja expressamente incluído no Evangelho (MORRIS, 1992, p. 6, grifo e traduçãonossos).

Segundo as perspectivas literárias e narrativas que configuram este trabalho, as citações acima conduzem o leitor à conclusão de que o evangelho de Mateus é um texto que, para fazer jus ao propósito catequético, sacrifica aspectos ligados ao desenvolvimento narrativo, aos elementos estéticos e à retórica de convencimento dos leitores. Comparado ao evangelho de Marcos, Mateus seria um livro sem brilho e monótono. É a conclusão a que chega Sean Freyne: "Há muito tempo se reconhece que ao reescrever a narrativa de Marcos Mateus adotou um estilo menos vivo, mais hierático e distanciado que o de Marcos" (1996, p. 68).