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Análise do Transtorno de Personalidade Borderline no filme 'Sete Dias com Marilyn', Exercícios de Psicologia

Este documento discute as características principais do transtorno de personalidade borderline (tpb) e suas formas de tratamento, baseadas na análise do filme 'sete dias com marilyn'. O texto aborda os sintomas da doença, incluindo sentimentos de vazio existencial, instabilidade emocional, impulsividade, sexualidade desorganizada e tendência a automutilação, além da oscilação do humor. O documento também discute a importância de um trabalho interdisciplinar na assistência a pessoas com tpb, envolvendo a família e a utilização de medicamentos.

Tipologia: Exercícios

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Andre_85 🇧🇷

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Volume 5 Edição 2 - 2021
SETE DIAS COM MARILYN E O TRANSTORNO DE
PERSONALIDADE LIMÍTROFE: O MODO DE SER DO INDIVÍDUO
COM TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE
Isabel Richarte Gomez Montesseli1; Fernando Luís Macedo2; Adriana Pagan Tonon3; Rosemary
Aparecida Furlan Daniel4; Edilson Carlos Caritá5; Silvia Sidnéia Silva6
¹ Instituto Municipal de Ensino Superior (IMES), Catanduva, São Paulo, Brasil. Discente do curso de
Psicologia. isabelricharte@hotmail.com.
2 Instituto Municipal de Ensino Superior (IMES), Catanduva, São Paulo, Brasil. Professor e
Coordenador do Curso de Psicologia. fernando.casarosada@gmail.com.
3 Instituto Municipal de Ensino Superior (IMES), Catanduva, São Paulo, Brasil. Professora do Curso
de Psicologia. adriptonon66@hotmail.com.
4 Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Professora Titular do
Programa de Mestrado Profissional em Saúde e Educação e do Curso de Medicina.
rodaniel@unaerp.br.
5 Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Professor Titular do
Programa de Mestrado Profissional em Saúde e Educação e Coordenador do Curso de
Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho. ecarita@unaerp.br.
6 Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Professora Titular e
Coordenadora do Programa de Mestrado Profissional em Saúde e Educação, Coordenadora do
Curso de Enfermagem e Professora do Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do
Trabalho. sssilva@unaerp.br.
RESUMO
O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) tem como características
principais o sentimento de solidão e de vazio existencial, condutas inadequadas,
instabilidade emocional, impulsividade (quando a pessoa ama ou odeia, em pouco
tempo), sexualidade desorganizada e a tendência a automutilação com
predisposição suicida. Em geral, afeta entre 1,4% a 5,9% dos indivíduos, sendo mais
comum em mulheres; com prognóstico difícil, crônico, persistente, e que geralmente
as acomete por toda a vida. Os objetivos deste estudo são identificar e descrever as
características principais do Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) e
discorrer sobre suas formas de tratamento à luz dos eventos exibidos no filme Sete
Dias com Marilyn. Trata-se de uma revisão da literatura, de natureza descritiva,
apoiada no paradigma qualitativo, utilizando conteúdos audiovisuais. Neste estudo
discutiu-se as cenas do filme Sete Dias com Marilyn”, em que se podem observar
as várias facetas do TPB, verificadas na prática da artista, evidenciando os
principais sintomas da doença que vão desde os sentimentos de vazio existencial
aos descaminhos emocionais, além da oscilação do humor, observada em muitos
momentos do filme. Confirma-se que o TPB é grave, possui vários sintomas, muitos
deles semelhantes a outros transtornos, tornando o diagnóstico difícil. As formas de
tratamento, essencialmente, incluem a psicoterapia e uso de medicamentos, com
bom prognóstico clínico, se o tratamento for seguido de forma rigorosa.
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Volume 5 – Edição 2 - 2021

SETE DIAS COM MARILYN E O TRANSTORNO DE

PERSONALIDADE LIMÍTROFE: O MODO DE SER DO INDIVÍDUO

COM TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE

Isabel Richarte Gomez Montesseli^1 ; Fernando Luís Macedo^2 ; Adriana Pagan Tonon^3 ; Rosemary Aparecida Furlan Daniel^4 ; Edilson Carlos Caritá^5 ; Silvia Sidnéia Silva^6 ¹ Instituto Municipal de Ensino Superior (IMES), Catanduva, São Paulo, Brasil. Discente do curso de Psicologia. isabelricharte@hotmail.com. (^2) Instituto Municipal de Ensino Superior (IMES), Catanduva, São Paulo, Brasil. Professor e Coordenador do Curso de Psicologia. fernando.casarosada@gmail.com. (^3) Instituto Municipal de Ensino Superior (IMES), Catanduva, São Paulo, Brasil. Professora do Curso de Psicologia. adriptonon66@hotmail.com. (^4) Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Professora Titular do Programa de Mestrado Profissional em Saúde e Educação e do Curso de Medicina. rodaniel@unaerp.br. (^5) Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Professor Titular do Programa de Mestrado Profissional em Saúde e Educação e Coordenador do Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho. ecarita@unaerp.br. (^6) Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Professora Titular e Coordenadora do Programa de Mestrado Profissional em Saúde e Educação, Coordenadora do Curso de Enfermagem e Professora do Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho. sssilva@unaerp.br. RESUMO O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) tem como características principais o sentimento de solidão e de vazio existencial, condutas inadequadas, instabilidade emocional, impulsividade (quando a pessoa ama ou odeia, em pouco tempo), sexualidade desorganizada e a tendência a automutilação com predisposição suicida. Em geral, afeta entre 1,4% a 5,9% dos indivíduos, sendo mais comum em mulheres; com prognóstico difícil, crônico, persistente, e que geralmente as acomete por toda a vida. Os objetivos deste estudo são identificar e descrever as características principais do Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) e discorrer sobre suas formas de tratamento à luz dos eventos exibidos no filme “Sete Dias com Marilyn”. Trata-se de uma revisão da literatura, de natureza descritiva, apoiada no paradigma qualitativo, utilizando conteúdos audiovisuais. Neste estudo discutiu-se as cenas do filme “Sete Dias com Marilyn”, em que se podem observar as várias facetas do TPB, verificadas na prática da artista, evidenciando os principais sintomas da doença que vão desde os sentimentos de vazio existencial aos descaminhos emocionais, além da oscilação do humor, observada em muitos momentos do filme. Confirma-se que o TPB é grave, possui vários sintomas, muitos deles semelhantes a outros transtornos, tornando o diagnóstico difícil. As formas de tratamento, essencialmente, incluem a psicoterapia e uso de medicamentos, com bom prognóstico clínico, se o tratamento for seguido de forma rigorosa.

Palavras chave: Transtorno de Personalidade Borderline; Depressão; Vazio Existencial; Oscilação do Humor. Área de Conhecimento: Humanas 1 INTRODUÇÃO Sentimentos como desamparo, angústia, medo, ansiedade e vazio existencial são comuns na vida de milhares de pessoas por todo o mundo, e estas sensações, muitas vezes, são permanentes e o sujeito terá que aprender a viver com tais sintomas por toda vida, ou pelo menos, por um período indeterminado, com idas e vindas. Essas manifestações emocionais acometem indivíduos em qualquer idade, nível social, sendo mais comuns em mulheres, mas também fazem parte do gênero masculino (COSTA; MELNIK, 2016). O Transtorno de Personalidade (TP), segundo o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM- 5 ) ( AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION - APA, 2014), que é o Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais, pode ser caracterizado como um padrão persistente de vivência interior e conduta que se descaminha fortemente das expectativas sociais do sujeito, de caráter duradouro, que conduz ao sofrimento e prejuízos. Nessa perspectiva, é um transtorno de personalidade muito difícil de diagnosticar, pois seus sintomas são semelhantes aos de outros transtornos, como do Transtorno de Personalidade Limítrofe (TPL) ou o TPB. Este transtorno tem sido visto como um dos mais difíceis de serem tratados. Acarretam padrões desestruturados de percepção, pensamentos distorcidos sobre si e sobre os outros, apresentado em situações sociais e interpessoais (SULZER, 2015). De acordo com o DSM- 5 , editado pela APA (2014), o TPB associa-se a um padrão impreciso na personalidade, que se mostra instável nas relações interpessoais, na visão de si próprio e nos afetos. Os portadores de TPB possuem impulsividade, principalmente quando há perdas; os relacionamentos são exagerados - ora com idealizações, ora com desvalorizações; condutas de auto lesões e tendências suicidas; as crises de identidade são comuns, oscilação no humor e sentimentos crônicos de desamparo, entre outros. De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID- 10 ), publicada pela Organização Mundial da Saúde – OMS (2011), os sujeitos acometidos pelo Transtorno da Personalidade Emocionalmente Instável (TPEI) do tipo Borderline têm

características ainda permanecem ocultas e pouco pesquisadas, cientificamente. Os trabalhos atuais vão na direção a uma associação entre o TPB e perdas cognitivas, sendo esses infortúnios, aspectos importantes para o entendimento e tratamento dessa delicada doença que compreende a automutilação e tentativas de tirar a própria vida como situações comuns do TPB (PASTORE; LISBOA, 2014). Do ponto de vista social, o estudo “Cuidado de Enfermagem às Pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline na Perspectiva Freireana”, cujo objetivo foi compreender, na visão ética de Freire, a atenção da enfermagem aos indivíduos com TPB, verificou-se que há preconceitos devido a uma falta de entendimento correto para a condução de pessoas com esse transtorno. Sob a ótica Freiriana, foi admissível ponderar a importância de falar sobre o assunto, promovendo assim, o acolhimento entre os indivíduos no âmbito da saúde mental (AGNOL et al., 2019). Portanto, esse estudo poderá contribuir no sentido de colaborar na identificação das características principais do TPB, juntamente com as formas terapêuticas, corroborando para maior conhecimento teórico sobre os sintomas e o tratamento da doença. Os objetivos deste estudo são identificar e descrever as características principais do Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) e discorrer sobre suas formas de tratamento à luz dos eventos exibidos no filme “Sete Dias com Marilyn”. 2 METODOLOGIA Trata-se de uma revisão da literatura, de natureza descritiva, que se apoiou no paradigma qualitativo, utilizando conteúdos audiovisuais como propõe Penafria (2009), compondo técnicas da dinâmica narrativa, pontos de vista e cenas principais do filme “Sete Dias com Marilyn”. A dinâmica da narrativa, segundo o autor citado, faz a separação do filme por partes (sequências e/ou por cenas). Esta divisão é feita a partir de um método previamente definido e, assim, a descrição desse método depende do filme (por exemplo, dividir um filme em que o espaço é importante, implica fazer uma divisão das partes desse filme, considerando exteriores e interiores). Na revisão da literatura foram selecionados artigos acerca do assunto nas bases de dados online Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Periódicos Eletrônicos de Psicologia (PePSIC), além de livros, elegendo conteúdos no período

de 2011 a 2021 utilizando-se as palavras chave: Transtorno Borderline, depressão, vazio existencial e oscilação do humor; com a ressalva de conteúdos históricos que foram essenciais para o estudo inicial. Dentre os conteúdos encontrados, no caso dos artigos, foram lidos aqueles disponibilizados na íntegra. No filme foram selecionadas as cenas de maior impacto com relação as questões psicológicas e as características principais do TPB que, associadas aos conhecimentos disponíveis na literatura científica sobre a temática, possibilitou a discussão estruturada para a interpretação psicológica da personagem. 3 DESENVOLVIMENTO Fatores ambientais e genéticos influenciam no surgimento do TPB, pois ambos são responsáveis por prejudicar o amadurecimento do cérebro, desequilibrando os níveis hormônios, sendo a fisiopatologia da doença ligada as alterações dos genes que se associam ao funcionamento do Hipotálamo-Pituitária-Adrenal (HPA), que é o local do controle emocional no cérebro. Quando há liberação do hormônio cortisol e da estimulação da transmissão neurológica da amígdala, tem-se como resultado o estresse (GUNDERSON et al., 2018). No estudo de Weydmann, Bizarro e Serralta (2019), cujo objetivo foi investigar a hipótese de que as situações de apego de sujeitos com TPB atuaram no parecer de imagens de apego e na intervenção emocional desses estímulos em um trabalho de interferência emotiva, verificou-se que essa teoria foi parcialmente estabelecida: sujeitos do grupo com TPB demonstraram um apego instável com a mãe. No momento atual, apesar de poucos estudos sobre o assunto, a literatura vem demonstrando uma forte ligação entre o TPB e o suicídio, sendo que em sujeitos com TPB com histórico suicida as deficiências nas funções executivas aparentam ser ainda mais verificáveis, produzindo riscos altos tanto para o suicídio propriamente dito quanto para a elevação do número de tentativas, tendo como consequência situações ruins para o paciente e familiares (CARTAXO et al., 2019). É importante destacar que alguns estudos buscam entender a origem do TPB. Autores como Honorio, Kuwakino e Souza (2021) sugerem uma etiologia originária da associação de fatores epigenéticos, neurobiológicos e psicossociais, como segue: Achados em neuroimagem relataram alterações anatômicas e funcionais na biologia neurológica, como disfunções da amígdala,

É importante observar que sujeitos com TPB tem grande conflito com seus primeiros objetos (mãe ou pai), sendo afetados desde a infância em pensamentos e comportamentos e que, na adolescência, têm potencializados seus sofrimentos quando o senso de si mesmo é posto a prova, desencadeando sua dor na vida adulta e nas questões diárias da vida, tendo por consequência, um desajuste pessoal frente a conteúdos psíquicos, resvalando no contexto interpessoal. Por isso, pacientes com TPB têm grandes dificuldades na sua vida pessoal e profissional e, problemas em suas relações amorosas e no trabalho, pois os outros são vistos como hostis ou perturbadores, não sendo vistos como confiantes (ADAMI, 2020). Segundo Maldonado (2021), o TPB afeta mais mulheres do que homens, cerca de 75% dos casos e, de modo mais comum do que parece, alguns artistas famosos possuem ou possuíram este transtorno como: Wood Allen, Winona Rider, Angelina Jolie, Lindsay Lohan, Lady Di, Marilyn Monroe, entre outros. Monique Evans, uma famosa artista brasileira, descobriu o transtorno após uma tentativa de suicídio. A autora explicita algumas considerações sobre os sintomas do paciente com TPB: Sentem-se o tempo todo sozinhos, abandonados e solitários, dependem do outro para que possam se situar através dele, buscando constantemente pessoas para se relacionarem e se sentirem menos sozinhos[...] Vivências de angústia, ansiedade, irritabilidade e depressão, sentimentos crônicos de vazio e solidão são bastante comuns[...] São pessoas muito inteligentes, sedutoras, manipuladoras, conseguem atrair as pessoas com facilidade, mas não as deixam com facilidade. O envolvimento afetivo com essas pessoas é um verdadeiro pesadelo para quem não conhece essa patologia[...] O borderline é 8 ou 80, ama ou odeia. Ele não consegue enxergar o meio termo, não existe equilíbrio. Muitas vezes pode ser vingativo quando contrariado ou quando não consegue aquilo que deseja, por causa de alguém que atrapalhou seus planos (MALDONADO, p. 6, 2021). Ausem e Lopes (2020) estudaram os efeitos da psicoterapia psicanalítica no tratamento do TPB e verificaram que há uma necessidade de adequação das práticas psicanalíticas para os atendimentos de indivíduos com o transtorno, tendo o cuidado com o setting a partir da formação do vínculo terapêutico mais próximo. Ademais, verificou-se que os caminhos dos tratamentos psicológicos psicanalíticos de pacientes com TPB necessitam de trabalho interdisciplinar, devido a instabilidade da doença nas relações interpessoais, precisando do apoio da família, com uma combinação da rede psicossocial e o uso de medicamentos. Observou-se que a

fragilidade nas relações interpessoais se refere ao aspecto primitivo dos vínculos, dificultando a aliança terapêutica. Por sempre repetirem comportamentos e se caracterizarem por uma organização psíquica desestruturada, indivíduos com TPB têm muita dificuldade para construção de vínculos e novas relações. E mesmo que isto aconteça, esses vínculos podem ser quebrados rapidamente. Desta forma, existe a necessidade de estar vigilante à necessidade do sujeito borderline , para assim, possibilitar um campo favorável, auxiliando no tratamento, nas modificações do comportamento e na estruturação de sua expansão mental. Por isso, não há uma única forma de tratamento curativo para os pacientes borderlines , e sim, uma associação de técnicas entre os inúmeros modelos de psicoterapia. Mesmo que a psicoterapia cognitivo-comportamental ou a psicanálise continuem suas características costumeiras de tratamento, é necessário, nesses casos, uma extensão técnica em relação ao procedimento terapêutico (ADAMI; PORTELLA; DIAS, 2020). No estudo de Matioli, Rovani e Noce (2018) foi possível comparar através do relato de médicos e psicólogos acerca do tratamento do TPB, o tratamento psicanalítico versus o tratamento cognitivo-comportamental. Asseverou-se que sob a ótica dos profissionais de saúde, independentemente do tratamento descrito, sendo que ambos possuem suas singularidades, os mesmos proporcionam experiências enriquecedoras, levando em conta, sempre, a particularidade de cada indivíduo com TPB, sem generalizar, ou muito menos, reduzi-lo a sua doença. Na utilização do tratamento psicoterápico psicanalítico busca-se, na maioria das vezes, a formação dos laços afetivos tendo, por exemplo, a relação terapêutica ou a aliança terapêutica como um suporte ao paciente, assumindo uma conduta mais diretiva, de apoio ao sujeito com TPB (SIMONI; BENETTI; BITTENCOURT, 2018). Para Benelli et al. (2018), a principal busca para o tratamento dos pacientes com TPB deve-se à instabilidade emocional, sendo o TPB caracterizado por uma inconstância no humor e no comportamento. Medicamentos associados, como por exemplo, os antidepressivos e moderadores do humor antipsicóticos são os mais utilizados, porém, muitos pacientes têm resistência ao uso de medicamentos, que pode estar relacionada a própria característica da doença. Outrossim, os efeitos colaterais dos remédios aumentam a falta de aderência ao tratamento, pois

Após a revisão da literatura, foram utilizados os conteúdos audiovisuais para analisar as cenas principais do referido filme, considerando a descrição narrativa. A análise das principais cenas do mesmo teve como primeiro recorte: Aos 10 ’ 14 ” (dez minutos e quatorze segundos), o diretor do filme comenta: “ Certamente entende a natureza do trabalho superintendente[...] ela não é uma atriz qualquer, ela é Marilyn Monroe[...] o comportamento dela é um pouco excêntrico. Ela bebe e outras coisas.” Neste trecho do filme pode-se observar uma das características iniciais do TPB, ao ser anunciado que a atriz é excêntrica, apontando para um indivíduo que se comporta de forma incomum, extravagante. O início dos sintomas borderline , geralmente começam na adolescência em decorrência, principalmente, de situação desafiadora que o sujeito se encontra. Nessa idade, aproximadamente aos 14 anos, os desafios do mundo começam a aparecer e a tolerância a frustração precisa estar estruturada para que não aconteça uma cisão do ego, quando então, sentimentos de vazio, solidão e desamparo, juntamente com a imaturidade, vão permear a vida borderline, prejudicando a existência do indivíduo , como salienta Sadock et al. (2017), o TPB , por ter situações estruturais complexas e de imaturidade, é considerado grave, duradouro e de complexo tratamento. Os indivíduos que são acometidos por esse transtorno têm suas vidas atrapalhadas pelas características sintomáticas, que prejudicam o livre caminho para o progresso afetivo, social, emocional e psíquico. Aos 29” (vinte e nove minutos), Marilyn erra muitas cenas da gravação e aos 34 ” (trinta e quatro minutos) ela não consegue realizar a cena com destreza, pois não acredita que aquilo que ela verbaliza na cena seja verdade. Parece que o roteiro que Marilyn precisa fazer tem de condizer com sua realidade, senão ela errará repetidamente. Também deve-se destacar que o ator que faz o papel de assistente de filmagem (Colin Clark), cujo nome verdadeiro é Edward John David, fala o tempo todo que “Marilyn” precisa ser compreendida, acolhida e que somente assim, sua autoestima “sobe” e ela se sentirá segura para contracenar. Esse contexto corrobora com o que Maldonado (2021) relata sobre o transtorno borderline , que é muito comum em artistas famosos, quando atuam no palco e precisam sentir seu papel para atuar - condição que os tornam tão bons no que

fazem; são indivíduos inteligentes, sedutores, manipuladores e vingativos quando não conseguem o que almejavam. As características supracitadas apresentam-se de forma marcante na personagem do filme. Marilyn tem uma personalidade muito forte, falta com frequência, parece fazer birra sempre, necessita de amparo o tempo todo, e por isso, cria essa forte ligação com o assistente (Clark), que parece entender o que ela precisa, não se esquecendo de seus três casamentos, que foram significativamente complicados. O relacionamento com sujeitos border, caso não haja um entendimento sobre a doença, geralmente acabam em separação. Por serem muito instáveis emocionalmente são pouco compreendidos pelos seus cônjuges, além deste ser muitas vezes confundido com o Transtorno Afetivo Bipolar, como cita Hototian (2016), TBP pode provocar euforia e depressão num mesmo dia. A 1 h 10 ” (uma hora e dez segundos) Marilyn fala sobre sua mãe: Ela me comprou um piano branco antes de ser levada para o hospício. Na maior parte do tempo cresci na casa de outras pessoas. Eu não sei quem é meu verdadeiro pai[...] você tem um lar Colin, um lar de verdade, com uma mãe e um pai, eles amam você? [...] Você tem sorte Colin. É importante destacar a vida pregressa de Marilyn nesta parte do filme. Uma vida com uma família biológica muito desajustada, vindo ela a ser adotada. Marilyn não sabia que tinha uma irmã até seus doze anos. A identidade de seu pai biológico é desconhecida, sua mãe tinha esquizofrenia paranoide, e há relatos que Marilyn foi abusada sexualmente quando tinha oito anos_._ Essa condição na vida, pode ter gerado em Marilyn traumas irreversíveis que se atualizaram na vida adulta, com revivências de traumas passados, sugerindo a ideia de Correale (2017), ao relatar uma situação importante do sujeito borderline : a contínua ligação entre o antigo ao atual trauma. Cada vivência ruim, cada frustração ou afastamento, reativa o trauma anterior e, portanto, os sujeitos com TPB são impacientes e apresentam-se histéricos. A perspectiva metafísica do trauma abre espaço para a perturbação, a desordem e ao incontrolável; ultrapassa a grandeza da proximidade entre as coisas; destrói o que é costumeiro, a ordem, a educação. O indivíduo se coloca ao incontrolado, ao lugar imensurável, às forças sinistras que o controlam. No final do filme, a 1h 28 ’ (uma hora e 28 minutos), Marilyn vai até o hotel no qual Colin estava hospedado para se despedir, e o mesmo comenta com ela que as

Ressalta-se que, o filme demonstrou que o TPB é grave, persistente, crônico e gera incapacidades para o sujeito acometido pela doença, atrapalhando sua vida e das pessoas mais próximas devido ao elevado número de sintomas necessitando, portanto, de um trabalho interdisciplinar associando a família. Ainda nesse sentido, evidencia-se a necessidade de novos estudos na direção de identificar novos conhecimentos para ajudar os doentes borderline s, que vêm aumentando significativamente nos últimos anos, principalmente pelas demandas sociais que a sociedade vem sendo submetida. 5 REFERÊNCIAS ADAMI, A. Transtorno da Personalidade Borderline , Suas Nuances e o Engajamento Terapêutico. 2020. 41f. Dissertação (Mestrado em Envelhecimento Humano). Faculdade de Educação Física e Fisioterapia, Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo – RS, 2020. Disponível em: http://tede.upf.br/jspui/bitstream/tede/1970/2/2020AlessandroAdami.pdf. Acesso em: 26/05/2021. ADAMI, A.; PORTELLA, M. R.; DIAS, L. F. F. Psicoterapia para Pacientes Borderline , Engajamento e Prognóstico: a perspectiva de psiquiatras e psicólogos. Perspectivas em Psicologia , Uberlândia, v. 24, n. 1, p. 1-24, 2020. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/perspectivasempsicologia/article/view/56656. Acesso em: 22/05/2021. AGNOL, E. C. D. et al. Cuidado de Enfermagem às Pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline na Perspectiva Freireana. Revista Gaúcha de Enfermagem , Porto Alegre, v. 40, p. e20180084, 2019. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/rgenf/v40/1983- 1447 - rgenf- 40 - e20180084.pdf>. Acesso em: 01/03/2021. AMARAL, I. A. et al. Transtorno de Personalidade Borderline : perspectiva da automutilação em adolescentes. Brazilian Journal of Development , Curitiba, v. 7, n. 5, p. 45322-45337, mai. 2021. Disponível em: https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/29384/23182. Acesso em: 30/05/2021. AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION (APA). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM- 5 ). 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. AUSEM, I. C.; LOPES, A. M. P. Tratamento Psicoterápicos de Orientação Psicanalítica com Pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline , a partir de artigos disponibilizados na Literatura Científica. 2020. 31f. Monografia (Graduação em Psicologia). Universidade Unisul, Florianópolis/SC, 2020. Disponível em: https://www.riuni.unisul.br/handle/12345/11269. Acesso em: 12/04/2021.

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