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Uma visão geral do teatro moderno português, abordando a evolução desse gênero artístico desde a proclamação da república até os dias atuais. O texto destaca autores como alfredo cortez, carlos selvagem, raul brandão, fernando pessoa, josé reigo e bernardo santareno, além de tendências como o naturalismo, simbolismo, expressionismo e absurdo. O documento também discute as principais obras e produções teatrais de cada autor, destacando suas características e influências.
Tipologia: Provas
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Não perca as partes importantes!
(Professora da Universidade de Santa Ursula e UFRJ).
De acordo com o plano já apresentado coube-nos falar sobre o teatro, esse moderno teatro português onde quase sempre relegado a um 2° plano mas que faz jus, qualitativamente, à tradição de um Gil Vicente ou de um Garrett, e que, por outro lado, surpreende uma quantidade bastante significa- tiva. Para esta apresentação usaremos um esquema de trabalho semelhante ao da Professora Cleonice: de início, um rápido panorama do teatro português no século X X e a seguir a focagem um pouco mais detida da obra de um autor. Antes de começar, no entanto, gostaríamos de fazer uma ressalva: o que vai ser tratado aqui, agora, é muito mais a literatura dramática que o teatro porque teatro é algo vivo, algo de carnal, para usarmos uma expressão de Bernardo Santareno, onde o texto é uma virtuaiidade. E quando se fala em termos de literatura dramática tem que se levar em conta a existência de dois discursos (a fala dos personagens e as marcações, as rubricas); a montagem desses dois discursos caberá ao leitor. A s s i m sendo, por estar- mos falando a respeito de apenas uma das partes de um fenômeno complexo, pareceu-nos não muito indicado um fracionamento ainda maior — a seleção de alguns textos exemplificativos.
A partir de 1910, da Proclamação da República, observam-se em Portugal as primeiras tentativas, depois do romantismo, de renovar o teatro (teatro como um todo): incentiva-se o surgimento de novos autores, a busca de novos caminhos, a formação de um novo público. M a s neste inicio de século ainda se mostra bastante clara a presença de tendências naturalistas, sim- bolistas, do final do século XIX. Entre o s autores mais significativos desse momento poderíamos destacar Alfredo Cortez e Carlos Selvagem e, natural- mente, Raul Brandão, em cujo teatro existencial, de formação simbolista, já
podemos observar pontos de contato com Pirandello e o expressionismo alemão.
Aquela mesma permanência de uma estética simbolista ainda pode ser observada na obra do mais conhecido nome da primeira geração modernista, a geração de Orpheu: Fernando Pessoa. Além de alguns esboços de peças em prosa e de um Fausto fragmentário. Pessoa escreveu O Marinheiro, dra- ma estático em um ato, pura ação verbal, teatro de fim de século e não, ainda, teatro moderno. Do grupo de Orpheu, aliás, o único que busca uma nova estética verbal e visual, é Almada Negreiros.
Na geração seguinte, a de Presença, vários autores escreveram para o teatro: Miguel Torga, João Gaspar Simões, Branquinho da Fonseca, mas é José Règio que realmente se destaca como um dos grandes dramaturgos da pri- meira metade do século deixando-nos peças cuja temática está quase sem- pre ligada à de sua poesia (conflitos espirito' X matéria, realidade X sonho, duplicidade do homem), e cuja linguagem cênica o s aproxima do teatro ex- pressionista.
E assim chegamos à década de 40, época da maior importância para a dramaturgia portuguesa já que 1946 vai se revelar um marco duplamente importante: pela inauguração do Teatro Estúdio do Salitre e pela publicação de O Mundo começou às 5 e 47, uma fábula expressionists de Luis Francisco Rebello, verdadeiro divisor de águas na história do teatro moderno em Por- tugal. Quanto ao Teatro Estúdio do Salitre, a ele se deve a primeira tentativa de um planejamento sistêmico de renovação do teatro português no século XX. Assim, ao Teatro Estúdio do Salitre e aos grupos experimentais que se formaram à sua semelhança, deve-se não apenas a revelação de autores novos, como Luís Francisco Rebello, David Mourão-Ferreíra, Bernardo Santa- reno, Romeu Correia e outros, o estímulo à atividade de teatros universitá- rios, a preparação de espetáculos de vanguarda, mas enfim todo um sopro de vida que sacudiu o marasmo em que afundava a cena portuguesa.
Quanto às principais tendências d e s s e s últimos 30 anos de teatro em Portugal, cremos poder sintetizá-las em algumas das palavras com que Ber- nardo Santareno prefaciava uma antologia do Novíssimo teatro português, publicada em 1961:
O teatro de hoje, como toda a literatura, decide-se por um de dois caminhos fundamentais, ou hesita na encruzilhada de ambos. Uma destas vias é seguida pelos dramaturgos que, obser- vando a vida social que os rodeia, dela dão testemunho "inte- ressado", quer dizer, um testemunho em que os factos obser- vados, as reacções humanas, são como que recolhidos, hierar- quizados. em referência a uma linha directiva que, partindo do passado, se projecta no futuro: cabem aqui os autores de for- mação socialista, os católicos... ou os p o s s e s s o s de qualquer
nardo Santareno numa das linhas mestras do teatro moderno: a da atualiza- ção da tragédia clássica (atualização esta que se tem operado ora no nível do significante, ora no do significado, ora em ambos, como o provam inúme- ras obras de Brecht, Sartre, Anouilh ou Giraudoux). Outra presença dentro deste mesmo grupo é a do drama trágico. Aqui, a cisão se dá muito clara- mente entre o s homens — o homem está no centro da peça, e bem sabemos que não haverá heróis trágicos quando as forças inconciliáveis forem gera- das pelos homens". A defasagem cultura-natureza mostra-se como a respon- sável por toda uma problemática social" e a re-sacralização do profano não é de molde a se falar em tragédia". - Encontram-se neste caso peças como A Promessa e O Crime da Aldeia Velha. No momento em que, para usarmos palavras de Rubem Rocha Filho, Ber- nardo Santareno reconhece que "não há tema de protesto s e m a forma de protesto, isto é, não há rebeldia de fundo sem a atualização dos recursos transmissivos", no momento em que reconhece que o mais importante não é aliviar o homem mas despertá-lo, este dramaturgo vai buscar uma comuni- cação mais eficaz que aquela baseada puramente na emoção e estará abrindo o 2 ° grupo de peças dentro de sua obra: o do teatro épico, que inclui O Judeu, O Inferno e A Traição do Padre Martinho. 3 A s s i m chegamos ao termo da abordagem a que nos havíamos proposto. Depois da apresentação dos mais significativos momentos do moderno teatro português selecionamos para focagem mais de perto a obra de Bernardo Santareno não apenas pelo que dela pensa a crítica mas também por achar- mos que nela se revelam algumas das principais tendências do teatro con- temporâneo. E depois desta amostragem parece-nos que poderíamos concluir não em tom menor, com a visão pessimista e desencantada de Fernando Midões ao falar num "teatro para ser lido e que é uma das chagas maiores do teatro português, a admitir a existência dum teatro português" mas em tom maior, muito mais próximo do desmedido orgulho mas da certamente justificada esperança de um Luís Francisco Rebello ao dizer que, apesar das dificuldades por que passou o teatro em Portugal em nosso século, " o s autores portu- gueses continuam inevitavelmente a escrever para o teatro. E essa teimosa persistência é. sem dúvida, o mais seguro penhor de que, nas suas mãos, a gloriosa herança de Gil Vicente, de Ferreira, do "Judeu", de Garrett," não se extinguirá." 4
NOTAS BIBLIOGRAFICAS
B I L I O G R A F I A
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Imagens do teatro contemporâneo. Lisboa, Ática, 1961. 2G8 p. S I L V A , Nilza Maria Leal e S I L V E I R A , Jorge Fernandes. Santareno: U m teatro de denúncia. Cadernos da P U C 9, R i o de Janeiro, maio/72. Autores mencionados: A B E L A I R A , Aucusto. O nariz de Cleopatra. Lisboa, Bertrand, s/d. A Palavra é de oiro. Lisboa, Bertrand, s/d. B A R B O S A , Miguel. O piquenique. Lisboa. Inicio, s/d. B R A N D Ã O , Fiama Has.se Pais. Os chapéus de chuva. Lisboa, Minotauro, s/d. O testamento. Lisboa, Portujçúlia, s/d. C R E S P O , Manuel Granjeiro. Os implacáveis. Lisboa, Minotauro, 1061. M O N T E I R O , Luís de Sttau. Auto da barca d o m o t o r f o r a da borda. Lisboa, Atica,
Duas peças cm um acto: A guerra santa, A estátua. Lisboa, Atica, 1974. Felizmente há luar! Lisboa, Atica, 1963. Sua Excelência. Lisboa, Atica, 1971. Todos os anos pela primavera. Lisboa, Guimarães, 1963. M O U R A O - F E R R E I R A , David. O Irmão. Lisboa, Guimarães, 196S. N E G R E I R O S , José de Almada. Obras completas. V o l. I I I. Lisboa, Estampa, 1971. P E S S O A , Fernando. Poemas dramáticos. Lisboa, Atica, 1956. P I R E S , José Cardoso. O Render dos H e r ó i s. Lisboa, Europa-América, 1960. P O R T E L L A F I L H O , Artur et alil. Novissimo teatro português. Lisboa, A o Sol, s/d. R A B E L L O , Luiz Francisco. Teatro. Lisboa, Europa-América, 1959. V o l. I e n. R È G I O , José. Benilde ou a V i r g e m Mãe. P o r t o , Portugálla, 1947. Jacob e o anjo. Lisboa, Portugálla, 1964. S A N T A R E N O. Bernartk>. Antonio Marinheiro. ( O Édipo de A l f a m a ). Lisboa, Ática.
O duelo. Lisboa, Atica, 1961. O inferno. Lisboa, Atica, s/d. O Judeu. Lisboa, Atica, 1966. A Promessa. Lisboa, Atica, 1965. A Traição do Padre Martlnlio. Lisboa, Galeria Panorama, s/d. S O B R A L , Augusto. Os degraus. Lisboa, Presença, 1964. V A S C O N C E L L O S , M á r i o Cesariny de. U m auto para Jerusalém. Lisboa, Minotauro, s/d.