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O MÉTODO RECEPCIONAL COMO FIO CONDUTOR DO ..., Exercícios de Literatura

horizonte de expectativa dos alunos-leitores. Palavras-Chave: Método Recepcional. Ensino de Literatura e Língua. Formação do Leitor.

Tipologia: Exercícios

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Ronaldinho890
Ronaldinho890 🇧🇷

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARA
DEPARTAMENTO DE LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO
DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS MODERNAS
LICENCIATURA EM LETRAS PORTUGUÊS/INGLÊS
GABRIELA BASTOS CORDEIRO TREMBA
O MÉTODO RECEPCIONAL COMO FIO CONDUTOR DO ENSINO
DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
CURITIBA
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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO DE LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO

DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS MODERNAS

LICENCIATURA EM LETRAS – PORTUGUÊS/INGLÊS

GABRIELA BASTOS CORDEIRO TREMBA

O MÉTODO RECEPCIONAL COMO FIO CONDUTOR DO ENSINO

DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA

GABRIELA BASTOS CORDEIRO TREMBA

O MÉTODO RECEPCIONAL COMO FIO CONDUTOR DO ENSINO

DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA

Trabalho de Conclusão de Curso como requisito parcial à obtenção do título de Licenciado em Letras – Português/Inglês, do Departamento de Linguagem e Comunicação e do Departamento de Línguas Estrangeiras Modernas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Orientador: Profª. Drª. Alice Astuko Matsuda CURITIBA 2015

Dedico este trabalho a todos aqueles que me incentivaram a seguir a carreira docente, mesmo diante dos grandes desafios que ela possa apresentar.

AGRADECIMENTOS

Concluir um curso de graduação em uma instituição de renome como a UTFPR é certamente uma missão desafiadora, a qual não se consegue cumprir sozinho, assim como seria impossível a realização deste trabalho sem o apoio e participação de inúmeras pessoas. Por isso, é preciso agradecer. A Deus, primeiramente, pela dádiva do conhecimento. À minha família, principalmente ao meu marido, minha mãe, meu pai e meu irmão, por terem estado sempre por perto, dando suporte e sendo compreensivos nos momentos de dificuldade. Aos meus colegas, pelos momentos de construção conjunta do saber e compartilhamento de aprendizagens e experiências. À professora da rede municipal de Araucária Luciane Gawlak, por ter acolhido a pesquisa e cedido suas aulas para que esse estudo se tornasse realidade. Aos alunos do 9º ano D do Ensino Fundamental da Escola Municipal Ibraim Antônio Mansur, por terem participado da pesquisa. À direção da Escola Municipal Ibraim Antônio Mansur, por ter aberto as portas da instituição para a realização da pesquisa. Aos funcionários da mesma escola, por terem sido sempre solícitos quando necessário. E, certamente, aos meus professores nesta Universidade, verdadeiros mestres, por terem me guiado ao longo do caminho, em especial, à minha orientadora Professora Doutora Alice Atsuko Matsuda, a qual soube compartilhar seu extenso conhecimento na área para que esse trabalho se tornasse realidade.

RESUMO

TREMBA, Gabriela Bastos Cordeiro. O Método Recepcional Como Fio Condutor do Ensino de Língua e Literatura : Uma Proposta Didático- Metodológica_._ 2015. 112 fl. Trabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura em Letras Português/ Inglês, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2015. De acordo com Candido, a literatura é um direito fundamental do ser humano. Uma pesquisa do Instituto Pró-Leitura, no entanto, apontou que apenas metade dos brasileiros se consideram leitores. Levando em conta que a escola ocupa um papel central na formação do leitor, ela deve ser um espaço em que o ensino da literatura aconteça de forma eficaz. Para isso, há necessidade de uma base teórica e metodológica. Nesse sentido, o Método Recepcional preconizado pelas Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa do Paraná como base para o ensino de literatura tem-se mostrado eficiente em vários estudos. Mesmo assim, muitos professores da rede pública de ensino de Curitiba e Região Metropolitana desconhecem ou não aplicam o método. Cabe ainda destacar a necessidade de não se trabalhar a literatura de forma isolada. Portanto, o presente trabalho pretende verificar se o Método Recepcional juntamente com a sequência didática proposta por Schnewly e Dolz pode ser utilizado como uma ferramenta eficiente para aliar o ensino de língua e literatura, de maneira a contribuir para a formação de leitores proficientes. Para isso, foi elaborada e aplicada uma sequência didática baseada no Método Recepcional para uma turma de nono ano do ensino fundamental da escola pública. Os resultados apontaram que existem diversas barreiras para que uma sequência como essa se efetive, como a falta de recursos, a superação do ensino fragmentado e a capitalização dos conhecimentos adquiridos. Por outro lado, com estratégias que contornam essas barreiras, foi possível, ao mesmo tempo aliar a leitura literária à produção escrita e oral, além de ampliar o horizonte de expectativa dos alunos-leitores. Palavras-Chave: Método Recepcional. Ensino de Literatura e Língua. Formação do Leitor.

ABSTRACT

TREMBA, Gabriela Bastos Cordeiro. O Método Recepcional Como Fio Condutor do Ensino de Língua e Literatura : Uma Proposta Didático- Metodológica_._ 2015. 112 fl. Trabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura em Letras Português/ Inglês, - Federal Technology University - Parana. Curitiba, 2015. Literature is a fundamental right for human being, according to Candido. However, ProLeitura research demonstrates that only a half of Brazilians considered themselves as readers. Considering that school occupies a central role in readers formation, it must be a place where literature’s teaching happens in an efficient way. In this sense, it is important to emphasize that Método Recepcional is recommended by Diretrizes Curriculares as a tool to teach Literature, regardless most of public schools teachers in Curitiba and Região Metropolitana does not know this method or does not use it. Considering this context, the present study intend to verify how the Método Recepcional can be used for the teachers as an efficient method to ally Literature and Language teaching helping to form proficient readers. To achieve this aim, it was elaborated and applied a didactic sequence based on Método Recepcional in a nineth grade of a public school. This practice was analyzed and the students did an assessment to evaluate how efficient the method was. During this process, some barriers appeared such as lack of resources, difficulties to contextualize the sequence and the literary reading due the fragmented teaching that students used to have and also the available time. Nevertheless, through methodological alternatives it was possible that the students developed their reading and their comprehension about Literature, improving the readers’ formation at school, since 24 in 30 of them have achieved, at least partially, the expectations of interpret a literary text and produce a critical review. . Key-words: Método Recepcional. Teaching Literature and Language. Reader’s formation.

SUMÁRIO

    1. INTRODUÇÃO
    1. UM NOVO LEITOR, UM NOVO ALUNO....................................................................
  • 2.1 ESTÉTICA DA RECEPÇÂO E ENSINO DE LITERATURA...................................
  • 2.2 EIXOS DE ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA..................................................
  • 2.3 SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS
    1. A TEORIA ACONTECE
  • 3.1 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE ESTUDO
  • 3.1.1 Perfil socioeconômico da comunidade escolar
  • 3.1.2 Ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa................................................
  • 3.3 ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA
  • 3.3 Barreiras e estratégias..............................................................................................
  • 3.1.2.1 Barreiras estruturais
  • 3.1.2.2 Barreiras inerentes à pesquisa
  • 3.1.2.3 Barreiras do cotidiano da prática docente
  • 3.1.2.4 Barreiras metodológicas
  • 3.3 RESULTADOS
  • 3.3.1 Resultados referentes à produção escrita
  • 3.3.2 Novos horizontes
    1. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................
  • REFERÊNCIAS
  • APÊNDICE A - Questionário de pesquisa
  • APÊNDICE B - Questionário perfil do leitor
  • ANEXO A - Atividade de interpretação de letra de música
  • ANEXO B - Conto “Venha ver o pôr-do-sol” (Lygia Fagundes Telles)
  • ANEXO C - Atividade de questionamento do horizonte de expectativas
  • ANEXO D - Imagem de resenha em blog
  • ANEXO E - Atividade de modelização do gênero “resenha”
  • ANEXO F - Exercícios de Análise Linguística
  • encontram” ANEXO G - Atividade de leitura do conto “Onde os oceanos se
  • ANEXO H - Introdução: Biografia Marina Colasanti e Sinopse de livro
  • ANEXO I - Enunciado parágrafo argumentativo
  • ANEXO J - Exemplo de resenha – grupo
  • ANEXO K - Exemplo resenha grupo
  • ANEXO L - Exemplo resenha – grupo
  • ANEXO M - Exemplo resenha – grupo

1. INTRODUÇÃO

Não por acaso, Candido (1995) considera a Literatura como direito fundamental de todo e qualquer ser humano, independente de condição social. Segundo o mesmo autor, “ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no universo da ficção e da poesia, a literatura concebida no sentido amplo a que me referi parece corresponder a uma necessidade universal” (CANDIDO, 1995, p.42). Nesse sentido, a escola como formadora não pode negligenciar tal direito, ocupando, assim, função central no desenvolvimento do leitor literário. Ainda conforme Candido, a literatura assume três funções essenciais para o ser humano: a função humanizadora (1), que assegura o caráter humano; a função psicológica (2), da necessidade de fuga da realidade; e a função de conhecimento do mundo e do ser (3), que é o caráter mais realista da literatura. Ao se aprofundar na última função, o teórico discorre sobre a formação que a literatura proporciona, em termos de representação da realidade: “a literatura é, sobretudo, uma forma de conhecimento, mais do que uma forma de expressão e uma construção de objetos semiologicamente autônomos.” (CANDIDO, 1972 p.806). Considerando-se a literatura a partir de tal ponto de vista, torna-se de fundamental importância observá-la como objeto de ensino, uma vez que a escola é responsável pela construção de conhecimento e formação do ser enquanto sujeito. Corroborando tal ideia, a terceira edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo instituto ProLivro em 2011 e publicada em 2012, apontou que o professor tem papel fundamental como agente mediador no processo de formação do leitor: Os resultados mostram os seguintes agentes em ordem decrescente: professora(a), citados por 45% da amostra; mãe ou responsável do sexo feminino, 43%; pai ou responsável do sexo masculino, 17%; outro parente, 14%; amigo, 12%; pastor, padre ou líder religioso, 6%; marido, mulher ou companheiro(a), 4%; outra pessoa, 5%. (FAILLA, 2012, p. 67 e 68)

especificamente, se o ensino de literatura está seguindo o Método Recepcional, proposto por Bordini e Aguiar (1993), conforme sugere as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná de Língua Portuguesa para o ensino de literatura: Sob esse enfoque sugere-se, nestas Diretrizes, que o ensino da literatura seja pensado a partir dos pressupostos teóricos da Estética da Recepção e da Teoria do Efeito, visto que essas teorias buscam formar um leitor capaz de sentir e de expressar o que sentiu, com condições de reconhecer, nas aulas de literatura, um envolvimento de subjetividades que se expressam pela tríade obra/autor/leitor, por meio de uma interação que está presente na prática de leitura. A escola, portanto, deve trabalhar a literatura em sua dimensão estética. (PARANÁ, 2008, p. 58) Além disso, a literatura não pode ser ensinada como um objeto à parte. Ela deve estar intimamente conectada ao ensino dos quatro eixos da Língua Portuguesa presentes nas DCE’s. Essa ideia corresponde à perspectiva sociointeracionista de língua, uma vez que a compreende como fenômeno social heterogêneo e abrangente apreendido na interação e no dialogismo (BAKHTIN, 1999), e não por meio de unidades estanques. “O aprimoramento da competência linguística do aluno acontecerá com maior propriedade se lhe for dado conhecer, nas práticas de leitura, escrita e oralidade, o caráter dinâmico dos gêneros discursivos” (PARANÁ, 2008). Nesse contexto, tem-se como objetivo verificar a possibilidade de aplicação do Método Recepcional aliado à sequência didática de Scnhewly e Dolz (2004) adaptada por Lopes-Rossi ( 2006 ) como alternativa metodológica para aliar o ensino de Literatura e Língua no ensino fundamental da escola pública de maneira efetiva, englobando os quatro eixos propostos nas Diretrizes, a saber: leitura, oralidade, escrita e análise linguística. Para tanto, foi realizado um estudo de caso, o qual permite um maior aprofundamento de análise e um conhecimento mais detalhado do objeto, além de ser pertinente devido à atualidade do problema de pesquisa, o qual está inserido em uma realidade social: “[o estudo de caso] é encarado como delineamento mais adequado para a investigação de um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto real” (GIL, 2002, p.54). Segundo Gil

(2002), apesar de não haver consenso quanto às etapas desse tipo de pesquisa, os passos mais comuns são: “formulação do problema; definição da unidade-caso; determinação do número de casos; elaboração do protocolo; coleta de dados; avaliação e análise dos dados; e preparação do relatório” (GIL, 2002, p.137). A primeira etapa, da formulação do problema, consistiu na aplicação e análise de questionários para verificar a utilização do Método Recepcional para o ensino de literatura na rede pública de ensino de Curitiba e Região Metropolitana. Cabe ressaltar que tal etapa ocorreu durante uma pesquisa do Grupo de Pesquisa em Linguística Aplicada (GRUPLA), sob a orientação da professora Alice Atsuko Matsuda (Departamento Acadêmico de Linguagem e Comunicação – DALIC – UTFPR). Em seguida, definiu-se como unidade-caso uma turma de nono ano de uma escola da rede municipal de Araucária, localizada em área central, com alunos oriundos de diversos bairros. Tal escolha deveu-se à abertura dada pela professora da turma, à compatibilidade de calendário da pesquisa e da escola e também ao contexto escolar característico da rede pública de ensino. Após isso, elaborou-se uma sequência didática, com base em Lopes- Rossi e por meio do Método Recepcional, que alia os quatro eixos de ensino da Língua Portuguesa (leitura, oralidade, escrita e análise linguística) para aplicação no nono ano do ensino fundamental. A sequência parte da determinação do horizonte de expectativas dos alunos. Esse horizonte de expectativas é primeiramente atendido, logo após rompido, questionado e ampliado, seguindo assim as etapas do Método Recepcional organizado por Bordini e Aguiar. Na última etapa, que é a ampliação, é utilizada a sequência básica, proposta por Rildo Cosson (2006) para aprofundamento com a análise interpretativa da obra. Por meio da aplicação da sequência foram coletados os dados necessários, a saber, questionários e atividades escritas. Concluído o passo anterior, a aplicação da sequência didática foi analisada a fim de identificar as barreiras metodológicas para a aplicação do Método Recepcional no ensino fundamental da escola pública. Essa análise é feita de maneira a identificar possíveis barreiras metodológicas ocorridas durante o processo. Na sequência, foram propostas possíveis soluções para as

2. UM NOVO LEITOR, UM NOVO ALUNO

Neste capítulo, trataremos das teorias que embasam a presente pesquisa. Antes, porém, cabe ressaltar que já existem outros estudos que abordam a temática aqui trabalhada. O ensino de Literatura na escola tem sido objeto constante de pesquisas, uma vez que se tornam cada vez mais evidentes a importância da formação do leitor literário e o insucesso das atividades desenvolvidas em sala de aula para esse fim. Diante disso, destacar-se-ão aqui aquelas que investigam as metodologias utilizadas para o ensino de Literatura, com foco nas práticas que privilegiam o Método Recepcional. Em relação às práticas pedagógicas, enfatiza-se aqui o artigo E como anda o ensino de literatura brasileira? Um estudo de práticas nos níveis fundamental e médio produzido pela Doutora em Linguística Lívia Suassuna em parceria com o então graduando em Letras pela UFPE Jailton Nobrega, publicado em 2013 na Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade de Passo Fundo. Os pesquisadores se propuseram a descrever e analisar as práticas docentes relativas ao ensino de literatura na escola, “verificando se os conteúdos e as metodologias privilegiados pelos professores nas aulas de literatura são compatíveis com as mais recentes propostas para o ensino da disciplina” (NOBREGA; SUASSUNA, 2013, p. 20). Os autores do artigo constataram que, embora tenham analisado diferentes níveis de ensino, a historicização da literatura ou a leitura descontextualizada são práticas comuns e que “nenhum dos professores investigados promove uma adequada escolarização da literatura, na medida em que não compreendem a literatura à luz de uma perspectiva mais ampla” (NOBREGA; SUASSUNA, 2013, p. 38). Também nesse sentido, a então Doutoranda em Estudos Literários/UEM-PR Sharlene Davantel Valarini, em seu artigo (2012) Estratégias didático-metodológicas para o “ensino” da leitura do texto literário , procurou debater as “percepções e estratégias de ‘ensino’ para a leitura do texto literário no espaço da sala de aula” (VALARINI, 2012) de forma a privilegiar a perspectiva interacionista diante da literatura. De acordo com a autora, a conclusão é que esse ensino não deve ser centrado na figura do

professor, mas sim construído em parceria com os alunos de forma conectada e atendendo a objetivos previamente estabelecidos. Dessa maneira, defende Valarini, criam-se alternativas para o bom aproveitamento do texto literário em sala de aula. Já adentrando em um aspecto mais prático e voltado especificamente ao Método Recepcional, evidenciam-se aqui duas pesquisas. A primeira delas é a Dissertação de Mestrado de Fernanda Cristina Ribeiro Faria, da Universidade Estadual Paulista (2010): A Estética da Recepção contribuindo para o ensino de literatura infantil: uma experiência com o conto A pequena vendedora de fósforos, de Hans Christian Andersen (1805-1875). A dissertação se propõe a investigar de que maneira uma prática pedagógica embasada pela Estética da Recepção pode contribuir para o ensino de literatura e para a compreensão de textos literários na escola. A pesquisadora concluiu que [...] as práticas pedagógicas cunhadas na Estética da Recepção permitem a formação de leitores autônomos que, diante de uma obra que lhes cause estranhamento, possam recorrer às suas experiências literárias e assimilar o novo; observando convenções e normas novas, revendo suas ideologias e conceitos já introjetados, promovendo sua desautomatização e permitindo a fruição estética. (FARIA, 2010, p. 171) Já a outra pesquisa traz uma experiência da aplicação do Método Recepcional para a 8ª série do Ensino Fundamental de uma escola pública do município de Cornélio Procópio, no Paraná. O trabalho realizado pela professora doutora Alice Atsuko Matsuda para o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) teve como objetivo colocar em prática uma sequência didática baseada na metodologia de Bordini e Aguiar com o tema “Exclusão Social”. Como resultado, notou-se a ampliação do horizonte de expectativas dos alunos que passaram a interpretar com mais profundidade os textos literários trabalhados em sala de aula. Apesar de já existirem inúmeros estudos relacionados ao ensino de literatura na escola, o campo de pesquisa ainda é vasto e precisa ser continuamente explorado, uma vez que as dificuldades para a formação do leitor persistem. Nesse sentido, o presente trabalho pretende abordar o mesmo

Assim, em resposta a uma história literária preocupada apenas com a cronologia da literatura, pautada na vida e obra dos autores ou nos gêneros literários, com total afastamento estético exigido aos historiadores, Jauss apresenta uma nova perspectiva. A saída para esse dilema, para o teórico alemão, estaria nos “critérios da recepção, do efeito produzido pela obra e de sua fama junto à posteridade” (JAUSS, 1994, p. 7 e 8), ou seja, é a partir da leitura da obra literária pelos leitores de cada época é que se precisa estudar a literatura, ao mesmo tempo afastando uma mera cronologia e retirando a responsabilidade do historiador por qualquer valoração qualitativa (uma vez que essa vem agora do leitor). Segundo o autor, duas teorias literárias opostas, a marxista e a formalista, na tentativa de classificar e organizar as obras literárias, acabaram por criar uma separação entre literatura e história, seja por meio de um congelamento da literatura como espelhamento da realidade social – feita pelo marxismo – ou pela colocação da literatura como objeto de estudo autônomo, a-histórico – como fizeram os formalistas. Diante disso, Jauss vem propor uma tentativa de unir novamente o conhecimento histórico e o estético, porém, a partir de uma nova perspectiva ignorada até então: a da recepção, isto é, tanto o valor estético de uma obra quanto sua historicidade se estabelecem no diálogo com o leitor. Nas palavras do autor: A implicação estética reside no fato de a recepção primária de uma obra pelo leitor encerrar uma avaliação de seu valor estético, pela comparação com outras obras já lidas. A implicação históric a manifesta-se na possibilidade de, numa cadeia de recepções, a compreensão dos primeiros leitores ter continuidade e enriquecer-se de geração em geração [...]. Se, pois, se contempla a literatura na dimensão de sua recepção e de seu efeito, então a oposiç ão entre seu aspecto estético e seu aspecto histórico vê-se constantemente mediada, e reatado o fio que liga o fenômeno passado à experiência presente da poesia, fio este que o historicismo rompera. (JAUSS, 1994, p. 23) No sentido de estabelecer uma metodologia para reescrever a história da literatura, o teórico alemão postulou sete teses:  Primeira tese: propõe que a história da literatura seja construída a partir da relação dialógica com o leitor. Em outras palavras, a obra literária não

existe por si só, estanque na história, mas é perpassada por diferentes experiências de recepção leitora em cada época.  Segunda tese: refere-se ao “saber prévio” dos leitores, chamado de horizonte de expectativas (sistema de crenças do leitor). Não se pode ingenuamente acreditar que o leitor é um local vazio no momento da recepção de uma obra literária. A obra que surge não se representa como novidade absoluta num espaço vazio, mas, por intermédio de avisos, sinais visíveis e invisíveis, traços familiares ou indicações implícitas, predispõe seu público para recebê-la de uma maneira bastante definida. (JAUSS, 1994, p. 28) Ainda nesse sentido, Jauss aponta que certas obras evocam esse conhecimento prévio para, em seguida, desconstruí-lo, de forma a ampliar a experiência de quem as recebe. Um exemplo, citado pelo autor, é o livro Dom Quixote , no qual Cervantes satiriza os já conhecidos romances de cavalaria, reconstruindo assim o horizonte de expectativa dado.  Terceira tese: trata do conceito de distância estética, isto é, a distância que se gera a partir de uma obra nova em relação ao horizonte de expectativa pré-existente. É também a distância estética que diferencia obras literárias “culinárias” (JAUSS, 1994) dos grandes clássicos, pois uma obra que não apresenta essa distância será facilmente “digerida” pelo público, porém não lhe acrescentará nada. Por outro lado, uma grande distância estética pode fazer com que uma obra não seja bem aceita em seu tempo, porém encontre acolhimento em um público futuro.  Quarta tese: versa sobre a história da literatura, a qual não é construída apenas pela recepção presente de uma obra, mas também pela “reconstrução do horizonte de expectativas sob o qual uma obra foi criada e recebida no passado” (JAUSS, 1994, p.35). Assume-se assim que não há um juízo atemporal a ser feito sobre a obra literária, conceito que se desdobra nas teses seguintes.