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Uma pesquisa qualitativa sobre a abordagem lúdica na aprendizagem de crianças na educação infantil. Os autores investigam a influência do lúdico nas práticas pedagógicas para crianças de 0 a 5 anos, identificando os jogos e brincadeiras utilizados pelos professores e sua importância na aprendizagem. O documento contextualiza a educação infantil no brasil e destaca a importância do lúdico como recurso pedagógico.
Tipologia: Notas de aula
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Trabalho Final de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em Pedagogia à Comissão Examinadora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, sob a orientação da professora Dra. Teresa Cristina Siqueira Cerqueira.
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Há tantas pessoas para agradecermos, que foram nosso amparo, nossa ajuda nos momentos difíceis, que nos incentivaram a continuar, a não desistir. A essas pessoas deixo meu amor e meu profundo agradecimento, pois sem elas isso não seria possível: A Deus, que de forma maravilhosa abriu as portas que pudesse ingressar na Universidade de Brasília (UnB), que me sustentou nos momentos em que pensei em desistir e que com Sua misericórdia me ajudou a concluir minha formação. À minha mãe, Leila, meu exemplo de força, persistência, fé e sucesso profissional. Às minhas irmãs, Thais e Pilar, pelos conselhos nos momentos difíceis. À meu amado marido, Janio, pelas orações, conselhos, companheirismo e por nunca ter me deixado desistir, mas principalmente por ser minha força nos momentos de fraqueza. Aos amados irmãos da Igreja Cristã Maranata, pelas orações feitas por mim, onde obtive o sustento para continuar nessa jornada profissional. Aos amigos que fiz na Faculdade de Educação, em especial Priscilla e Ellen, por acreditarmos na educação e fazermos dela a base da nossa amizade. À Professora Carla Castro, pela comprovação, através de suas aulas, do que sempre achei possível: aprender brincando. Às professoras Denise de Oliveira e Otília Dantas, que com dedicação separaram seu tempo para participar da banca deste trabalho, contribuindo para meu crescimento e aprendizagem. À Professora Teresa Cristina, por seu infinito amor, carinho e respeito para com seus alunos e por sua alegria constante no tratar com a vida. Aos profissionais da educação que acreditam no lúdico e se esforçam diariamente para proporcionar a seus alunos aulas mais divertidas.
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As atividades lúdicas fazem parte da vida da criança. É através dessa relação já intima com o brincar, que a aprendizagem será facilitada. Piaget (1978)
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This study has the objective of identifying how whimsical methods influence education, specially when it comes to Elementary Studies. The learning process is part of the human being, and creativity is responsible for developing this process through new experiments. Stimulating and assimilating knowledge through a whimsical process then becomes a fun task. This topic - utilizing creative, whimsical tools for teaching kids through games and other small challenges - was the focus of this qualitative research based on findings by authors like Kishimoto, Santos, Piaget e Vygotsky. The research was developed and applied through a questionnaire for Elementary teachers and professionals that act in this specific area. The results allow us to understand creative, whimsical teaching processes as a facilitating method of education that promote learning amongst young children through the one thing they enjoy the most: having fun. Key words: Whimsy, Education, Elementary Studies.
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Capítulo 1. EDUCAÇÃO INFANTIL 1.1 História ................................................................................................................ 1.2 Legislação da Educação Brasileira – Marcos legais e políticos ..........................
Capítulo 2. O LÚDICO 2.1 Lúdico: conceitos e teorias................................................................................... 2.2 O lúdico e o processo de aprendizagem..............................................................
Capítulo 3. METODOLOGIA 3.1 Método.................................................................................................................. 3.2 Participantes......................................................................................................... 3.3 Instrumentos......................................................................................................... 3.4 Procedimentos......................................................................................................
Capítulo 4. ANÁLISE DE DADOS 4.1 Análise..................................................................................................................
Capítulo 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................
III – PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS .................................................................... REFERÊNCIAS .........................................................................................................
APÊNDICE................................................................................................................. Apêndice 1 – Termo de consentimento livre e esclarecido........................................
O concernente trabalho de conclusão de curso encontra-se estruturado em três unidades interligadas: I – memorial educativo, II – monografia e III – perspectivas profissionais. O memorial educativo diz respeito ao resgate da história de vida acadêmica da pesquisadora, com especial ênfase sobre o tema do lúdico ao longo de sua trajetória. A segunda parte refere-se à monografia, propriamente dita sobre o tema: O Lúdico na Educação Infantil como facilitador de aprendizagem, com referencial teórico a respeito da educação e a ludicidade. O primeiro capítulo refere-se a Educação Infantil, com um breve contexto histórico e legislativo. O segundo capítulo refere-se ao lúdico e suas teorias e ainda há uma conexão teórica do mesmo com a aprendizagem. No terceiro capítulo vemos a metodologia, isso é, a forma como esse trabalho de conclusão de curso foi executado. O quarto capítulo refere-se a análise de dados da pesquisa e, por último as considerações finais concluindo dessa forma o trabalho investigativo. A terceira parte reflete as futuras aspirações da vida profissional da pesquisadora após a conclusão do curso de Pedagogia.
Nasci em 1989 na cidade de São Paulo, minha família era composta por meu pai, minha mãe e duas irmãs mais velhas. Morávamos em uma casa muito gostosa, não era grande e nem pequena, mas tinha tudo que uma criança precisava para ser feliz. Tínhamos piscina, churrasqueira, cachorro e até casinha de boneca. Entre eu e minha irmã mais velha há sete anos de diferença, então não costumávamos socializar muito, já entre eu e minha irmã do meio era apenas dois anos de diferença, o que nos aproximava mais, mas na verdade mais brigávamos do que brincávamos, pois somos o oposto uma da outra. Desde sempre ouvia meus pais e irmãs dizerem que eu era agitada, vivia cercada de amigos, vivia no mundo da lua, corria de um lado para o outro, sempre no quintal de casa brincando até minha mãe me mandar para a cama. Outro problema, eu não dormia nada. O dia a dia da minha família era bem regrado, almoçávamos, jantávamos todos sempre juntos, dia de semana não podíamos comer besteiras, fazíamos os deveres de casa com meus pais e minhas notas costumavam ser boas. Em 1996, aos sete anos de idade, meus pais optaram por me mandar para um tradicional acampamento de férias de São Paulo: o acampamento dos Pumas. Tinha apenas sete anos e passei dezoito dias naquele lugar, sendo que a regra primordial de lá era: nada de ligações, você não pode sequer levar seu celular. Ligações apenas para coisas sérias e urgentes. Eram brincadeiras malucas o dia todo e foi ali que me encontrei. Minha mãe costuma dizer que quando foi me buscar ela não me achava e ai ela me achou: no colo de um monitor chorando porque não queria ir embora de lá, era muito bom. A família era muito unida e eu era extremamente apegada a casa e à minha cachorra, a Cookie. Em 1998, aos nove anos meus pais decidiram se separar e eu costumo dizer que não fiquei com traumas da separação em si, mas sim pelo fato de que com isso eu perdi o que mais amava: minha casa e minha cachorrinha. Aquela casa tinha um significado muito forte para mim, que aos nove anos não consegui entender. Já não era mais tão criança, já era quase uma adolescente quando meus pais se separaram e como vivia no mundo da lua, sempre brincando, acho que isso me ajudou a não reparar a situação que passávamos na época. Então nos mudamos para um prédio e uma escola nova. Tudo novo! Amigos, rotina, horários, mil adaptações. Sempre fui muito brincalhona, fazia amigos com facilidade e vivia na rua
chamado “No mundo da Lua”, que como nunca gostei de leitura, acabei deixando de lado. No ano de 2001, nos mudamos para Brasília, onde estudei no Colégio Presbiteriano Mackenzie. A adaptação na cidade foi muito difícil, pois estávamos acostumadas com pessoas mais humildes, que não tinham como alvo principal dinheiro e ambição. O ensino na escola não era tão difícil, mas ainda assim minhas notas não iam bem. Em 2002, menos de um ano depois, voltamos para São Paulo, onde estudei no Colégio Pueri Domus. Foi uma fase muito marcante, o colégio era grande, as aulas de artes eram de frente para um grande bosque que tinha vários pássaros e eu gostava muito. O colégio estimulava muito o lado cultural, amigável então era muito comum no final de semana ter encontros de bandas, apresentações de danças, a qual fiz parte de uma delas. Em 2003 tivemos que voltar para Brasília, mas dessa vez minha irmã do meio também optou por morar com meu pai em São Paulo, então viemos para cá apenas eu e minha mãe. Voltei para o Colégio Presbiteriano Mackenzie, que agora estava com o ensino mais puxado, bem diferente do que me lembrava. Devido a meu desinteresse pelas matérias acabei reprovando o primeiro ano do Ensino Médio, onde refiz no próprio Mackenzie e passei a ser mais estudiosa, mas com o maior sofrimento. Um grande amigo me ajudava com os estudos, mas era sempre assim: meia hora de estudos, meia hora de diversão. Não conseguia prestar atenção ou me concentrar se ficasse mais que isso estudando. No ano de 2006 minha irmã do meio teve um grande problema de saúde, que ela enfrenta até hoje, então ela acabou voltando para Brasília. A situação dela era tão delicada que quase reprovei o ano novamente e minha mãe quase teve seu negócio falido. Foi uma fase bem difícil, mas me lembro de sentar com a minha irmã e montarmos quebra cabeças, de colocar jogos para ela sorrir. Era como se involuntariamente estivesse fazendo algo que iria aprender quando entrei na faculdade. Sempre gostei muito da escola e sempre falava que não queria sair de lá, mas que não gostava de nenhuma matéria para ser professora. Foi no terceiro ano do Ensino Médio, através de aulas de orientação profissional que era ministrada por uma pedagoga formada pela UnB, que descobri a pedagogia e sua forma de trabalhar. A partir dali meu desejo era fazer Pedagogia na UnB. Assim que me formei, em 2008, entrei para um cursinho de pré-vestibular, o Exatas. Fiquei apenas um semestre lá, onde consegui entrar pelo vestibular
tradicional no meio do ano. Minhas expectativas não eram grandes, apenas estava feliz de estar ali. No primeiro semestre fiz algumas matérias que me marcaram positivamente e negativamente, o que foi um choque para mim, pois haviam alguns professores bem tradicionais e nada tolerantes, o que achava estranho já que estávamos na Faculdade de Educação. A matéria que me marcou no primeiro semestre na UnB certamente foi a de Oficina Vivencial, pois sem saber, ela era a aula que hoje considero praticamente perfeita: muito carinho, muito diálogo, muitos jogos e brincadeiras, trabalhos, mas acima de tudo uma relação excelente de professor-aluno. Foi através da matéria de Educando com Necessidades Educacionais Especiais que descobri o que significava aquele livro que meu pai havia me dado. O tal livro “No mundo da lua” trata sobre o TDAH. Houve uma grande descoberta da minha vida através dessa matéria e da leitura do livro. Entendi meus fracassos, meus acertos e minhas dificuldades. O segundo semestre foi um pouco perturbador, pois peguei matérias muito teóricas, com muitas leituras e eu tinha muita dificuldade com isso. A principal matéria que sofri para concluir com sucesso foi a de Pesquisa em Educação 1. Essa matéria era ofertada no segundo semestre, porém creio que o mais correto seria oferta-la mais pra frente, quando o aluno está mais próximo da monografia. Na época não tinha tanta maturidade para entender a seriedade do assunto, então fiz de forma sofrida. O terceiro semestre foi um marco positivo e maravilhoso para mim. Na época tinha ouvido falar da classe hospitalar e me apaixonei pelo tema, queria trabalhar na área. Também peguei meu primeiro Projeto 3 e na hora da escolha, não tive dúvida: Lúdico! Ambas as matérias eram com a mesma professora, a super animada e maravilhosa professora Carla Castro. A primeira matéria tinha muitas leituras, eram temas sérios, mas por a Carla também ser da área do lúdico, as aulas eram sempre divertidas, com músicas, teatrinhos e leituras dinâmicas. Foi a primeira matéria que li com amor e prazer, apesar da dificuldade de sempre. Estava pronta para entrar nos hospitais e mudar todas as coisas, porém em uma aula a professora nos explicou que se um aluno da oitava série do Ensino Fundamental entrar no hospital e precisar de um ensino de matemática éramos nós que teríamos que ajuda- lo. Foi ali que desisti. Pensei que trabalharíamos apenas com as crianças da nossa formação (educação infantil e ensino fundamental) e matemática, para mim, até hoje é motivo de desespero. Foi muito triste essa decepção, pois de começo eu detestava
Educação. Ambas as matérias tratavam de assuntos diferentes do cotidiano e gostei muito de debater os temas estudados. Na mesma época realizei meu Projeto 4, fase 2 em um Jardim de Infância que fica no final da asa sul. Diferentemente do meu primeiro estágio, a coordenação era bem desorganizada, eles cometiam vários erros como por exemplo quando esqueceram de avisar a Professora que eu ficaria na turma dela e por esse motivo não fui muito bem recebida no meu primeiro dia de aula. Porém, nesse estágio eu realmente tinha que elaborar as regências das aulas e executá-las. do que observar, mas a professora a frente da turma não me deixava dar aulas, ela dizia que era apenas para eu ensinar sobre frutas. Apesar de decepcionada com tudo daquela escola, havia algo que me motivava, era que na turma havia um aluno surdo e sempre tive curiosidade para trabalhar com esse tipo de necessidade especial. Enquanto a professora se ocupava com os demais alunos, eu me ocupava com ele e a maioria das minhas aulas era direcionada para ele. O lado bom desse estágio é que pude colocar em prática o que havia aprendido na aula de LIBRAS. No meu oitavo semestre (1o^ /2012) tive vários problemas pessoais que afetaram meus estudos e meu desenvolvimento ao longo do semestre, ocasionando trancamento de algumas disciplinas. O meu nono semestre que era para ter sido feito no segundo semestre de dois mil e doze acabou ficando para frente, pois tranquei a faculdade devido a problemas pessoais. No primeiro semestre de dois mil e treze comecei meu nono semestre e tive a oportunidade de participar de três disciplinas com temáticas bem diferentes, sendo elas Fundamentos da Arte na Educação, Computadores na Educação e por fim Seminário Final de curso. A primeira matéria era bem divertida, tínhamos a parte teórica e a parte prática, que era a minha favorita. Literalmente colocávamos a mão na massa, pintando, desenhando e criando. Essa matéria foi ótima para incentivar minha criatividade diante das aulas que um dia darei a meus alunos. A segunda matéria era excelente, falava de recursos tecnológicos para educação e em todo o tempo as aulas estavam ligadas com meu tema favorito: o lúdico. Foram aulas muito gostosas, divertidas e onde participei bastante das discussões. A última matéria, a de Seminário, foi um pouco difícil para concluir. Tenho extrema dificuldade com teoria, então para mim foi um sofrimento poder terminar meu pré-projeto, mas graças a professora Sinara tudo deu certo. Quem dera que tivéssemos mais professores como ela!
No meu décimo e último semestre, posso dizer que ao olhar para trás, minha vida sempre me levou para a ludicidade. Sempre gostei das aulas mais interativas, de jogos, meus amigos eram mais ativos nesse sentido, os professores que me marcaram tinham essas características, e até as aulas que dei eram dessa forma. O lúdico para mim não é apenas uma brincadeira, é algo que levo a sério, algo como um modo de vida, onde enfrentei muitas dificuldades usando-o como recurso para superação. Posso dizer que outro fator que me influenciou muito para que tenha todo esse carinho e essa fé na ludicidade é o Acampamento dos Pumas, que até hoje fui seis vezes como acampante e pretendo ir outras vezes como monitora. Sempre gostei de lá, pois as brincadeiras ensinavam coisas básicas do dia a dia: orar antes de comer, ou jogos de sobrevivência que nos obrigava a dividir os alimentos igualmente entre todos, ou saber perder e saber ganhar. Eram coisas básicas, mas que tinham um potencial imenso. Por fim, concluo dizendo que desde pequena o lúdico esteve na minha vida, ele sempre me inspirou, tive contato desde pequena com as brincadeiras, com professores que davam as famosas “aulas divertidas”, ao fazer os estágios pude oferecer a meus alunos às mesmas oportunidades, saindo da sala de aula e indo pesquisar o real, como em uma aula de animais, onde levei meus alunos para observar as cigarras nas árvores e as formigas em suas casinhas. Hoje enxergo a ludicidade como uma filosofia de vida e pretendo levar adiante como pedagoga formada pela Universidade de Brasília.
De acordo com o delineamento traçado na pesquisa, foram estabelecidos os seguintes objetivos de estudo a ser realizado, sendo que os tais nortearam a metodologia e os procedimentos da pesquisa. Sendo o objetivo geral o de analisar a influência do lúdico nas práticas pedagógicas para crianças de 0 a 5 anos como promotora de aprendizagem na perspectiva dos professores. Os objetivos específicos foram os de identificar os jogos/brincadeiras utilizados pelos professores na educação infantil, verificar a importância do jogo/brincadeira na aprendizagem da criança e contextualizar a educação infantil. A metodologia escolhida para esse trabalho foi a descritiva, utilizando o questionário como coleta de dados. Desta forma, a intenção deste trabalho final de curso é mostrar o lúdico como recurso pedagógico no desenvolvimento da aprendizagem de alunos da Educação Infantil. Sendo assim, o profissional da educação, de um modo geral, poderá rever sua práxis pedagógica ao utilizar jogos e brincadeiras no contexto escolar, sempre valorizando as habilidades e a individualidade de seus alunos.
1.1 – História
Quando falamos de infância, nos referimos a um conceito muito atual, e por isso, para que possamos explicar como chegamos até ele, é preciso que expliquemos todo o caminho que foi percorrido. Por essa razão, optou-se por adotar as informações contidas no livro História da criança e da família de Philippe Ariès (1978). O livro baseia-se, em parte, na história da criança e da família através da arte, mais especificadamente, das pinturas. Por essa razão, algumas partes do histórico aqui tratado se referirão às obras de arte da época. Até por volta do século XII, a arte medieval desconhecia a infância ou não tentava representa-la. Naquela época a criança era retratada e tratada como um pequeno adulto, e embora exibisse mais sentimento ao retratar a infância, o século XII continuou fiel a esse procedimento. Os homens dos séculos X e XI não tinham interesse pela imagem da infância, para eles essa era apenas uma fase de transição, onde brevemente ela se tornaria um pequeno adulto, sem muita afeição. É por volta do século XII que surgem algumas pinturas que retratam tipos de crianças um pouco mais próximas do sentimento moderno. Dessa vez podíamos observar que ao invés de pequenos adultos, as pinturas mostravam algo como pequenos “adolescentes” (a fase após a infância). Essas crianças adolescentes tinham a idade correspondente para serem educadas para ajudar à missa. Passamos então para o tipo de criança que seria o modelo e ancestral de todas as crianças pequenas da história da arte: o menino Jesus, ou a Virgem Maria menina, pois a infância aqui se ligava a maternidade da Virgem. Vemos então o foco da infância passar pelo mistério que envolvia a maternidade da Virgem e ao culto de Maria, e com isso a tenra infância ingressou no mundo das representações. Durante os séculos XIV e XV vemos esses tipos medievais evoluírem, era possível a partir de então observar pinturas onde Jesus era sublinhado com aspectos graciosos, ternos e ingênuos da primeira infância, onde ela procurava o seio da mãe ou brincava com os brinquedos tradicionais.