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Projeto 'Crônicas literárias: Humor na escola secundária', Notas de estudo de Crescimento

Este artigo apresenta o desenvolvimento do projeto 'crônicas literárias: humor como instrumento de ensino e aprendizagem', realizado com alunos do 1º ano do ensino médio do colégio estadual rocha pombo. O projeto utilizou crônicas com fundo humorístico para despertar o gosto pela leitura, buscando novas metodologias para fazer com que a leitura venha a ter a função prazerosa. O artigo discute a importância da leitura e da escrita na formação dos alunos, enfatizando a necessidade de fazer com que a aprendizagem seja interativa e democrática.

O que você vai aprender

  • Quais foram as atividades desenvolvidas no contexto do projeto?
  • Qual foi a metodologia utilizada no Projeto 'Crônicas literárias'?
  • Quais foram as crônicas utilizadas no projeto e por que foram escolhidas?
  • Como a leitura e a escrita são importantes na formação dos alunos?
  • Como o projeto despertou o gosto pela leitura entre os alunos?

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Jacirema68
Jacirema68 🇧🇷

4.5

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1- Graduada em Letras. Professora da Rede Estadual de Ensino do Paraná, Professora PDE 2016. 2- Doutora em Letras pela Universidade Federal do Paraná. Orientadora do PDE 2016.

CRÔNICAS LITERÁRIAS: O humor como instrumento de ensino

aprendizagem.

Silvia de Souza Rey¹ Cátia Toledo Mendonça² RESUMO: Este artigo apresenta o desenvolvimento do Projeto “Crônicas literárias: Humor como instrumento de ensino aprendizagem”, desenvolvido com alunos do Primeiro Ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Rocha Pombo – Ensino Fundamental, Médio e Formação de Docentes, no Programa de Desenvolvimento Educacional PDE – 2016 da Secretaria do Estado do Paraná. O projeto teve como objetivo motivar e incentivar os alunos a vislumbrarem a leitura e também a escrita como algo prazeroso. Na metodologia foram utilizadas crônicas com fundo humorístico de diversos autores, buscando formas para despertar nos alunos o gosto pela leitura, sendo ela uma ferramenta fundamental de influência não somente da escola, mas também na vida. PALAVRAS CHAVE: Leitura. Escrita. Produção. Crônica.

INTRODUÇÃO

O processo de ensinar e aprender sempre exigiu o estabelecimento de relações entre professor e aluno. No decorrer da história da educação, a compreensão em relação a este importante elemento foi mudando a partir do crescimento da sociedade como um todo e das relações de poder que nela se colocam. Além disso, se analisarmos as influências desse processo histórico na atualidade e defendermos a necessidade de superar a participação alienada e passiva dos alunos em sala de aula, tornando-a mais consciente e interativa, com o objetivo de favorecer a aprendizagem, enxergaremos novos processos e intervenções que possibilitem novas construções vivenciadas através do ensino de forma democrática. Neste contexto Kramer (2001) argumenta que a forma de escrever precisa ser modificada:

...já é hora de pararmos de apenas ensinar a ensinar a escrita na escola, de pararmos de apenas escrever dígrafos, polissílabos, sintaxes ou sinônimos, para escrever idéias, emoções, reivindicações, poemas, cartas e tantos outros textos; enfim já é hora de começarmos a escrever e deixar escrever também na escola (p.106).

fundo humorístico. Através deste pensamos na possibilidade de repensar a leitura e a escrita de textos, buscando novas metodologias para assim despertar no aluno o gosto pela leitura, não somente como informação, mas também como uma forma de lazer e crescimento pessoal.

O projeto trouxe, além das crônicas, a elaboração de um caderno pedagógico, com textos de vários gêneros discursivos, como por exemplo, cartas, poesias e memórias, a partir desta prática de leitura implementamos atividades diversificadas de leitura, escrita, reescrita , narração e rodas de conversa.

Cafiero (2010) diz que é importante que nas aulas de leitura o aluno faça perguntas, levante hipóteses, confronte interpretações, conte o que leu e não apenas faça questionários de perguntas e respostas de localização e informação. Pensando nisso, optamos em trabalhar com algumas crônicas de diferentes autores e por serem textos de fácil compreensão, voltados para o cotidiano, onde o leitor é capaz de interagir com os acontecimentos, por diversas vezes reconhecendo-se dentro das personagens apresentadas.

De acordo com Neves (2003), é preciso que a escola seja um espaço que promova, por meio de textos com diferentes funções sociais, o letramento do aluno, para que ele se envolva nas práticas do uso de língua – sejam de leitura, oralidade ou escrita.

Segundo as Diretrizes, o ensino de literatura deve ser pensado a partir dos pressupostos teóricos da Estética da Recepção e da Teoria do Efeito, visto que essas teorias buscam formar um leitor capaz de sentir e de expressar o que sentiu, com condições de reconhecer, nas aulas de literatura, um envolvimento de subjetividades que se expressam pela tríada obra/autor/leitor, por meio de uma interação que está presente na prática de leitura, sendo que a literatura deve ser trabalhada em sua dimensão estética. Neste contexto Cagliari (2009) enfatiza alguns pontos sobre a leitura:

(...) é possível argumentar que a leitura é um processo cognitivo, histórico, cultural e social de produção de sentidos. Isso significa dizer: o leitor – um sujeito que atua socialmente, construindo experiências e história – compreende o que está escrito a partir das relações que estabelece entre as informações do texto e seus conhecimentos de mundo. (...) Ler é atribuir sentidos. E ao compreender o texto como um todo coerente, o leitor pode ser capaz de refletir sobre ele, de criticá-lo, de saber como usá-lo em sua vida. CAFIERO, 2009, p. 132.

A leitura pode se tornar um processo de descoberta de um mundo novo, como também pode ocorrer que a leitura não passe de algo corriqueiro, sem pretensões tratando-se apenas uma atividade escolar. A leitura é a base para escrita, e por este motivo o professor precisa valorizar aquilo que o aluno produz, levando em consideração não só o que aprende na escola, mas também o que traz de sua vivência, de sua visão de mundo. O aluno necessita de tempo para construir e reconstruir o que escreve.

A proposta do projeto foi trabalhar o gênero crônica, em especial humorística, trazendo para salas de aula cenas inusitadas, divertidas e que muitas vezes trazem situações que os alunos estão vivenciando nesta época da juventude. Neste contexto, vemos que em muitas das situações contadas pelas crônicas trabalhadas, os alunos são capazes de se reconhecerem.

Considerando o aluno como sujeito, levando em consideração suas histórias de vida e situações vivenciadas por ele em seu contexto social, é possível amenizar preconceitos existentes no mundo atual, é preciso utilizar a sala de aula para unificar ideias, fazendo com que essa interação fundamente leitura e escrita de forma autêntica. Neste contexto Alves (2001) nos esclarece que:

Sabe-se que a leitura e escrita são indispensáveis a qualquer nível de escolaridade e esta, está por toda parte, sendo de suma importância para todo tipo de aprendizagem, portanto, espera-se que a leitura e escrita sejam praticadas na escola, como um tesouro inestimável, com elementos capazes de fazer com que o aluno tenha interesse em praticar a leitura, aceitando-a como uma ferramenta que em longo prazo contribuirá para o seu desenvolvimento.

(...) a realidade do aluno/aluna e do professor/ professora bem como todos os outros sujeitos do cotidiano escolar, está na escola porque estes sujeitos ai estão; o que vamos aprendendo para melhor ensinar é como encontrar meios para que as múltiplas redes sociais do aprender/ ensinar possam emergir, inventar processos, sem dúvida, mas sobretudo, no mesmo processo, fazer emergir os conhecimentos que a prática cotidiana de cada professor/ professora de cada aluno/aluna sejam coletivos, mais ou menos organizados, encontram para se fazerem um só como rede de subjetividade. ALVES (2001, p.32)

dentro deste contexto percebe-se que os alunos pouco se interessam pela leitura e lhe dedicam pouco tempo. A leitura sempre foi motivo de preocupação constante dos profissionais que atuam na educação. Geralmente, quem não lê ou lê mal também escreve com dificuldade e aprende o mundo de maneira menos expressiva.

À proporção que a humanidade evolui, os desafios tornam-se cada vez mais difíceis, portanto, devemos buscar mais ferramentas capazes de nos colocar frente às soluções, por essa razão é que surgem mais formas de explorações textuais, em especial a crônica na relação ensino-aprendizagem como instrumento de apoio. Ler é uma aventura na qual nos defrontamos com algo que não está completamente claro, nem preciso.

Soares (2000) nos aponta um valor bastante positivo e absoluto no ato de ler: a leitura traz benefícios óbvios e indiscutíveis ao indivíduo e à sociedade, pois é forma de lazer e prazer, de aquisição de conhecimentos e de enriquecimento cultural, de ampliação das condições de convívio social e de interação. Este gênero textual apresenta uma linguagem acessível, mostra-se como uma importante ferramenta para o plano pedagógico em relação ao desenvolvimento da linguagem moral e escrita na sala de aula.

Segundo Moisés (1979), a palavra crônica vem do grego “choronikos” (relativo ao tempo), do latim Crhonica que designa uma lista ou relação de acontecimentos ordenados cronologicamente. Atualmente, a crônica é um dos gêneros mais ricos da literatura brasileira, atingindo um grau de excelência a ponto de transformar-se na principal porta de entrada da literatura para boa parte do público leitor. De acordo com Melo (1985), no Brasil, a crônica é o relato poético do real, situada na fronteira entre a informação da atualidade e a narração literária, portanto, situa-se entre o jornalismo e a literatura, retratando a vida, está diante de experiências comuns. Despretensiosa, humanizada, nos ajuda a estabelecer ou restabelecer a dimensão dos acontecimentos e das pessoas, quase sempre com humor. Ela representa o encontro mais puro com a vida real e com seu cúmplice favorito – o leitor. Todavia, apesar de seu ar despreocupado, de quem está falando coisas, sem preocupar-se com a consequência, esse gênero penetra fundo no significado dos atos e sentimentos do homem, aprofundando a crítica social.

. Uma crônica de qualidade é elaborada com base nos pormenores. Assim, diversos cronistas podem discorrer sobre um mesmo tópico e ainda assim ser

criativos. Justamente porque cada autor vai considerar este assunto sob ponto de vista diferente, salientando detalhes distintos. Em seu nascimento a crônica não passava de uma narrativa de eventos da História, sempre relatados na sequência cronológica. Com Fernão Lopes, no século XVI, ela conquistou uma nova configuração, mais subjetiva e explicativa. O passo seguinte para a crônica foi ingressar no Jornalismo e, finalmente, na Literatura.

METODOLOGIA

  • Revisão do gênero textual crônica, buscando dos alunos os conhecimentos prévios a respeito desse gênero.
  • Levantamento de dados, assunto, época, estilo, autor com objetivo de despertar o interesse dos alunos.
  • Distribuição da crônica para que os alunos façam a leitura silenciosa e individual, após selecionar a ideia principal e relevante reconhecida pelo aluno.
  • Leitura individual e coletiva, trabalhando o vocabulário e a origem das palavras.
  • Discussão argumentativa sobre o conteúdo lido.

-Leitura pelo professor, observando a entonação relacionada à pontuação expressiva, possibilitando uma maior compreensão textual.

  • Construção de opinião crítica a partir de informações e análise apresentada pela crônica.

-Leitura e interpretação da crônica, informações implícitas e explícitas.

  • Incentivo aos alunos na produção de uma crônica; acompanhando a escrita, oferecendo sugestões e recursos por meios dos quais os educandos possam melhorar o seu nível de escrita.
  • Exposição das produções em um varal; sendo construído e confeccionado por uma equipe de alunos.
  • Premiação das melhores produções de crônicas selecionadas em:primeiro segundo e terceiro lugar; de acordo com alguns critérios estabelecidos pelas normas da língua portuguesa.
  • Apresentação das crônicas avaliadas através da leitura podendo ser transmitidas por meio de encenações teatrais.

Vygotsky (1998) afirma que a apropriação do conhecimento se efetiva das interações recíprocas do ser humano com o mundo considerando as condições físicas, as relações socioculturais e os fatores históricos, tendo o professor como mediador, estimulador e possibilitado das interações entre alunos e os conhecimentos previstos.

A oportunidade de trabalhar com os alunos do 1º ano do Ensino Médio foi gratificante e cativante, mesmo diante de tanta competitividade, alguns com seus melhores celulares e outros não; porém diante de tanta humildade, de tanta generosidade iniciamos o nosso trabalho coletivamente, no qual até eu mesma (professora) tive a oportunidade de aprender mais com esta nova geração.com. Percebi orgulho, a alegria nos alunos em poder ensinar e aprender ao mesmo tempo com seu colega e professora a todo o momento. Esta etapa foi a mais importante e significante desta fase, pois a cada encontro que nos reuníamos para dar continuidade ao trabalho era divertido, fascinante, víamos emoção e satisfação em estarmos partilhando nossas particularidades, nossa vivência. A conseqüência destes encontros era de muitas vezes nos emocionarmos e recordarmos nossas próprias histórias e isso enriquecia o trabalho e também dava uma sensação de compreensão, a solidariedade tomava conta da nossa equipe, pois tendo o conhecimento das dificuldades e das necessidades de cada aluno através de um projeto parecia que num toque de mágica toda a sua história era o ponto de partida de nossa aula.

Ideias novas iam surgindo e acrescentando em nosso trabalho. Foi uma construção dia após dia, e cada um dava o seu melhor, era que nos fazia crescer como alunos e,principalmente, como seres humanos,o único com a capacidade de melhorar, inovar, recomeçar e transformar a sua realidade, compreendendo a sociedade e participando dela como cidadão, servindo de exemplo e motivando seus colegas de classe a se interessarem pelos estudos, aproveitando da capacidade de transformar informações disponíveis em subsidio para seu próprio crescimento.

Enfim, o mundo do aluno ficará mais rico e divertido e ele terá capacidade de ler e escrever melhor, com base em seu conhecimento adquirido e aprimorado do período dedicado aos estudos, socializando a realidade em um texto cômico, fazendo parte do seu crescimento pessoal, atribuindo para a sua formação, tornando-o crítico e consciente de sua função dentro da sociedade através de textos

escritos. Vygotsky (1998) afirma que, “a apropriação do conhecimento se efetiva das interações recíprocas do ser humano com o mundo” e essas interações, sendo mediadas adequadamente pelo professor, tendem a trazer resultados significativos no processo educacional.

Todo este sucesso no trabalho foi a participação não só dos alunos, como também a dos seus familiares envolvidos; pais e em especial alguns avós fizeram parte das pesquisas, inclusive sendo eles principais personagens das pesquisas realizadas pelos netos (alunos) e consequentemente suas cenas serviram para a elaboração/criação do seu trabalho escrito, isto é, uma crônica literária humorística divulgando as cenas vividas pelos seus avós em tempo de juventude.

Não se pode deixar de mencionar a colaboração incansável da equipe pedagógica, como também o incentivo através de novas sugestões para a realização das atividades inclusive em todos os problemas ocorridos inesperadamente, desde o espaço físico até a parte elétrica e tecnológica quando necessárias.

Todo trabalho se instaura a partir do momento em que seu agente antecipa mentalmente a finalidade da ação. Consequentemente, o trabalho não é qualquer tipo de atividade, mas uma ação adequada a finalidade. É, pois, uma ação intencional. A divulgação deste trabalho para os profissionais da educação foi no período da Formação Continuada, no qual se proporcionou aos professores e funcionários um momento de descontração, risos quando nós nos víamos a cada cena presenciada através dos vídeos contendo situações engraçadas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho desenvolvido com os alunos do 1° ano do Ensino Médio teve como objetivo estimular a leitura e a escrita de crônicas diversas criando estímulo e hábito de leitura.

Assim sendo os alunos puderam conhecer textos que mostravam situações engraçadas, vivenciadas no cotidiano, muitas delas identificadas pelo aluno em sua própria história.

Foram desenvolvidas diversas atividades em grupo e também individuais, buscando ampliar a capacidade de ler e escrever de nossos alunos, sendo estes

PINTO, Manoel da Costa (org). Antologia de Crônicas: crônica brasileira, contemporânea. São Paulo: Moderna, 2005.

SABINO, Fernando. A companheira de viagem. 2 ed. Rio de Janeiro: Sabiá, 1972.

VYGOTSKY, L. S.; COLE, M. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.