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O Estado Oligárquico e a Economia Primário-Exportadora na América Latina (Século XIX), Trabalhos de Estudos Culturais

O surgimento e desenvolvimento do estado oligárquico na américa latina durante o século xix, focando na influência da economia primário-exportadora e nas relações com os estados unidos e a europa. O texto explora as características do modelo oligárquico, a divisão em três tipos de economias e as consequências sociais e políticas desse sistema, culminando com a ascensão de movimentos de resistência e a eventual transição para novos modelos políticos.

Tipologia: Trabalhos

2021

À venda por 12/11/2024

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Entendendo que no meio do século XIX os países latinoamericanos não estavam
politicamente organizados e o caudilhismo era o sistema de governo mais presente entre
estes, a demanda de modernização veio das influências externas. Mais especificamente
dos Estados Unidos e da Europa, que viam estes Estados como a principal fonte de
abastecimento de matérias-primas.
Assim Argentina, Brasil, Chile, México e Uruguai identificaram o produto que
tinha o desenvolvimento mais satisfatório em suas terras e voltaram sua plantação quase
que inteira a este. Desta forma se deu a expansão do setor primário-exportador por volta
de 1880.
A professora Claudia Wassermann conceitua Estado Oligárquico como uma
expressão político-administrativa de um modelo econômico de acumulação capitalista
via setor primário-exportador. Tal modelo carrega características de exclusão da massa
popular dos espaços decisivos, um posicionamento totalmente eliminatório perante a
oposição democrata, intervenção política direta e/ou indireta. Além disso, se apresenta
como uma combinação de elementos liberais à essência autoritária. Ao mesmo tempo
em que se mostravam liberais em suas relações internacionais, a imagem do fazendeiro
era exaltada em âmbito nacional.
Wassermann ainda categoriza os Estados Oligárquicos em três tipos.
“[...] os países do caso 1, onde a economia se desenvolvia e se diversificava, com mão-de-obra assalariada
imigrante e desenvolvendo cedo uma indústria; os países de caso 2, que eram bastante dependentes do
mercado externo, utilizavam predominantemente a mão-de-obra escrava e eram monocultores; e os países
de caso 3, economias de tipo enclave, onde uma empresa privada se estabelecia e explorava as reservas
naturais do país.”
(FABER, P.3, 2014)
Encaixam-se na economia de tipo 1 a Argentina e o Uruguai com o cultivo de
cereais e a pecuária que recebia investimento de vários âmbitos. Esse tratamento
diferenciado foi primordial para o crescimento econômico dos países. O Chile também
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Entendendo que no meio do século XIX os países latinoamericanos não estavam politicamente organizados e o caudilhismo era o sistema de governo mais presente entre estes, a demanda de modernização veio das influências externas. Mais especificamente dos Estados Unidos e da Europa, que viam estes Estados como a principal fonte de abastecimento de matérias-primas. Assim Argentina, Brasil, Chile, México e Uruguai identificaram o produto que tinha o desenvolvimento mais satisfatório em suas terras e voltaram sua plantação quase que inteira a este. Desta forma se deu a expansão do setor primário-exportador por volta de 1880. A professora Claudia Wassermann conceitua Estado Oligárquico como uma expressão político-administrativa de um modelo econômico de acumulação capitalista via setor primário-exportador. Tal modelo carrega características de exclusão da massa popular dos espaços decisivos, um posicionamento totalmente eliminatório perante a oposição democrata, intervenção política direta e/ou indireta. Além disso, se apresenta como uma combinação de elementos liberais à essência autoritária. Ao mesmo tempo em que se mostravam liberais em suas relações internacionais, a imagem do fazendeiro era exaltada em âmbito nacional. Wassermann ainda categoriza os Estados Oligárquicos em três tipos. “[...] os países do caso 1, onde a economia se desenvolvia e se diversificava, com mão-de-obra assalariada imigrante e desenvolvendo cedo uma indústria; os países de caso 2, que eram bastante dependentes do mercado externo, utilizavam predominantemente a mão-de-obra escrava e eram monocultores; e os países de caso 3, economias de tipo enclave, onde uma empresa privada se estabelecia e explorava as reservas naturais do país.” (FABER, P.3, 2014) Encaixam-se na economia de tipo 1 a Argentina e o Uruguai com o cultivo de cereais e a pecuária que recebia investimento de vários âmbitos. Esse tratamento diferenciado foi primordial para o crescimento econômico dos países. O Chile também

pertencia a esse tipo com a exploração de minerais, porém contava com um investimento da classe burguesa chilena. Já a economia de tipo 2 criava um vínculo hierárquico entre os países e o mercado externo, que os monopolizavam. Desse nicho, Cuba, Peru e Porto Rico cultivavam cana de açúcar, Equador cultivava cacau e Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, México e Venezuela cultivavam café. Com essa monopolização estadunidense dos lucros, os países acabaram por se atrasar consideravelmente diante das outras economias. As classes sociais trabalhadoras de base se uniram contra este sistema. “Os setores médios, uma incipiente burguesia industrial, o pequeno proletariado e as massas de camponeses manifestaram-se contra a modalidade oligárquico-dependente, contra os próprios obstáculos ao desenvolvimento da sociedade burguesa.” (FABER, P.4, 2014) Por fim, o terceiro tipo atende às conhecidas repúblicas das bananas. Sidney Lens retrata muito bem essa construção e relação entre os EUA e seu protetorado, no capítulo 11 de sua obra “A fábrica do império Americano”. Faber cita a presença da United Fruit Company no Caribe e na América Central, onde estes dominavam todo o território pelo “[...]sistema de transportes, escolas, hospitais, sistema de comunicação e comissariado.” A economia desses países era totalmente instável, ao ponto de não conseguir se sustentar frente à uma crise e acabar na miséria. Chega um momento em que essa estrutura não consegue mais se manter e os camponeses, a burguesia industrial e a classe trabalhadora num geral inicia o processo de revolta contra essas oligarquias. Clamavam por participação na política, desenvolvimento industrial e uma mudança nos termos desse vínculo para que o mercado interno não fosse prejudicado da forma que já estava sendo. Influenciados pelo anarco-sindicalismo europeu e a Revolução Russa, estes grupos encontraram forças para exigir suas pautas.