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O ENSINO DA LEITURA NAS ESCOLAS DE ENSINO ..., Notas de estudo de Construção

(Paulo. Freire). Page 7. RESUMO: A presente monografia atenta para o ensino da leitura nas escolas de. Ensino Fundamental II. Esta pesquisa teve por objetivos a ...

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Centro Universitário de Brasília UniCEUB
Faculdade de Ciências da Educação e Saúde FACES
LUCIANA RIBEIRO DOS SANTOS GÓIS
O ENSINO DA LEITURA NAS ESCOLAS
DE ENSINO FUNDAMENTAL II
Brasília
2012
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Centro Universitário de Brasília – UniCEUB Faculdade de Ciências da Educação e Saúde – FACES

LUCIANA RIBEIRO DOS SANTOS GÓIS

O ENSINO DA LEITURA NAS ESCOLAS

DE ENSINO FUNDAMENTAL II

Brasília 2012

Centro Universitário de Brasília – UniCEUB Faculdade de Ciências da Educação e Saúde – FACES

LUCIANA RIBEIRO DOS SANTOS GÓIS

O ENSINO DA LEITURA NAS ESCOLAS

DE ENSINO FUNDAMENTAL II

Monografia apresentada como requisito parcial para a conclusão do curso de Licenciatura em Letras do Centro Universitário de Brasília (Uniceub) – Faculdade de Ciências da Educação e Saúde – Faces. Orientada pela Professora Msc. Rosi Valéri Corrêa Araújo

Brasília 2012

Dedico este trabalho: A Deus e meu Senhor. Ao meu pai e a minha mãe (in memorian). Aos meus irmãos. Aos meus amigos e a todos que contribuíram direta e indiretamente para a realização deste trabalho.

Agradeço imensamente: A Deus, que me ajudou em todos os momentos, dando-me condições para fazer desse sonho uma realidade. Aos meus pais, que sempre lutaram pela minha educação. Aos meus irmãos, pela companhia, carinho e confiança. Ao corpo docente do Curso de Letras do UniCEUB, em especial o professor Amauri Rodrigues, que com a transmissão de seus conhecimentos, fez-me reconhecer que fiz a escolha certa. À professora Rosi Valéri, pela orientação, paciência, atenção e dedicação dispensadas a mim, durante a produção deste trabalho. À minha amiga Andrea, que sempre acreditou em mim, dizendo-me que daria tudo certo. À minha amiga Sara, companheira de todo o curso e com quem aprendi muito. Às amigas, Janaína, Jussara Maria, e Alessandra Brandão, pelo carinho E a todos aqueles, que com palavras, gestos e orações contribuíram para que eu estivesse aqui.

RESUMO: A presente monografia atenta para o ensino da leitura nas escolas de Ensino Fundamental II. Esta pesquisa teve por objetivos a investigação das estratégias de ensino utilizadas em sala de aula, o papel da escola no ensino da leitura e a resposta de aprendizagem dos alunos. A pesquisa foi desenvolvida em uma escola particular, em um município do estado de Goiás. A modalidade de pesquisa adotada para o desenvolvimento desta monografia foi a pesquisa qualitativa etnográfica, que se estruturou por meio da aplicação de um questionário aos alunos, uma entrevista com a professora desses alunos e também foram feitas anotações de campo, no período de observação das aulas. Procurou-se mostrar por meio dessa pesquisa a importância de trabalhar a leitura com uma nova perspectiva, utilizada em diversos aspectos, como o conhecimento prévio, por exemplo. Para tanto, essa pesquisa apoiou-se em alguns teóricos, entre eles, Solé (1998) e Kleiman (2011), que tratam dessa temática. Ressaltou-se, ainda, a necessidade de um ensino de leitura significativa que contribua para a formação de um leitor que possa compreender realmente aquilo que lê.

Palavras-chaves: Ensino – Leitor – Leitura

SUMÁRIO

  • INTRODUÇÃO......................................................................................................................
    1. O QUE É LEITURA...............................................................................................
      • 1.1. A LEITURA NA SALA DE AULA..............................................................
    1. A PESQUISA QUALITATIVA ETNOGRÁFICA....................................................
      • 2.1. A PESQUISA EM SALA DE AULA...........................................................
      • 2.2. METODOLOGIA.......................................................................................
    1. A PESQUISA DE CAMPO: OBSERVAÇÃO EM SALA DE AULA...................
    • ALUNOS.......................................................................................................... 31.DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS COM OS
    • PROFESSORA................................................................................................ 3.2. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DA ENTREVISTA REALIZADA COM A
    1. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................
    1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................
    1. ANEXOS...............................................................................................................

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pesquisa em sala de aula, procurando explicar os passos a serem seguidos para sua realização; e, no terceiro capítulo, abordou-se a pesquisa de campo realizada em sala de aula, relatando o período da observação, da entrevista com o professor e da aplicação do questionário aos alunos. Para a realização dessa pesquisa e para tentar responder as perguntas propostas, baseou-se especificamente na obra Estratégias de leitura, de Isabel Solé A presente monografia se justifica ao tentar encontrar novos rumos para se alcançar um ensino de qualidade, pois a aprendizagem da leitura é fundamental para a integração do aluno no mundo literário e para a formação do cidadão, mas é necessário que os professores se empenhem em seu trabalho para que possam transmitir esse conhecimento ao aluno. A leitura abre novos caminhos aos alunos, trazendo conhecimento de mundo e permitindo um posicionamento crítico diante da realidade de cada um. A prática da leitura permite que ele tenha um bom desenvolvimento cognitivo em todas as áreas, porque ler não é apenas decodificar as palavras, é ir mais além. É saber interpretar, saber reconhecer os sentidos das palavras e saber diferenciar o contexto de cada texto lido.

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CAPÍTULO I

1 O QUE É LEITURA

Quando falamos em leitura, o que nos vem à mente é a decodificação das palavras e dos signos, é o ato de ler, de atribuir sentido ao texto e a capacidade de interpretação. Sabemos que a leitura nos acompanha desde os primeiros anos de vida, quando começamos a soletrar as primeiras palavras e tentamos decifrar o que está escrito. Tentamos compreender o mundo e tudo que está à nossa volta, desde a leitura de um livro a um simples passar de olhos em uma figura ou imagem, uma propaganda, um noticiário etc. De acordo com Martins (1994, p. 23), ―a leitura se realiza a partir do diálogo do leitor com o objeto lido – seja escrito, sonoro, seja um gesto, uma imagem, um acontecimento‖. Dessa forma:

Seria preciso, então considerar a leitura como um processo de compreensão de expressões formais e simbólicas, não importando por meio de que linguagem. Assim, o ato de ler se refere tanto a algo escrito quanto a outros tipos de expressão do fazer humano, caracterizando-se também como acontecimento histórico e estabelecendo uma relação igualmente histórica entre leitor e o que é lido (MARTINS, 1994, p. 30).

A leitura é um ato que depende de estímulo e de motivação contínua. Sua prática é uma tarefa essencial para a construção do conhecimento e a formação do indivíduo, além de ser geradora de sentimento e de opinião crítica, exercendo sobre o indivíduo o poder de expandir seus horizontes. É uma atividade que em cada leitor produz um significado de acordo com a experiência e o conhecimento que cada um tenha. Segundo Paulo Freire (1998), ler não é apenas um processo de decodificação de palavras escritas. Assim:

Não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre texto e contexto (FREIRE, 1998, p.11).

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sentidos, facilitando a melhor compreensão do texto lido. Ainda segundo a autora, vários são os níveis de conhecimento que entram em jogo durante a leitura e que são imprescindíveis para o processamento textual.

[...] o conhecimento linguístico, o conhecimento textual, o conhecimento de mundo devem ser ativados durante a leitura para poder chegar ao momento de compreensão, momento esse que passa desapercebido, em que as partes discretas se juntam para fazer um significado. O mero passar de olhos não é leitura, pois a leitura implica uma atividade de procura por parte do leitor, no seu passado, de lembranças e conhecimentos, daqueles que são relevantes para a compreensão de um texto que fornece pistas e sugere caminhos (KLEIMAN, 2011, p. 26).

Segundo Kleiman (2011), existem três espécies de conhecimentos, destacados a seguir:  Conhecimento linguístico: é o conhecimento implícito não verbalizado e nem verbalizável, abrange desde o conhecimento a respeito de como pronunciar português, passando pelo conhecimento das regras da língua, chegando até o conhecimento a respeito do uso da língua. Desempenha um papel central no processamento do texto, permite a identificação de categorias lexicais e das funções das frases, essa identificação é que permite que o processo de leitura continue, até chegar à compreensão do texto. É um componente do conhecimento prévio sem o qual a compreensão não é possível.  Conhecimento textual: é o conjunto de noções e de conhecimentos a respeito do texto, permitindo que o leitor identifique o tipo e a estrutura do texto no momento da leitura.  Conhecimento de mundo ou enciclopédico: é a bagagem de informações do leitor, tudo que ele traz na memória, tudo que foi adquirido tanto formalmente como informalmente. Quando um leitor tem em mão um texto para ler, sua primeira expectativa é que compreenda o texto e que sua leitura alcance o sentido proposto. Kleiman (2011) afirma que quanto mais conhecimento textual o leitor obter, quanto maior a sua exposição a todo tipo de texto, será mais fácil a sua compreensão. E que para uma leitura satisfatória esses conhecimentos que formam parte do conhecimento prévio devem ser utilizados durante a leitura.

A ativação do conhecimento prévio é, então, essencial à compreensão, pois é o conhecimento que o leitor tem sobre o assunto que lhe permite fazer

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inferências necessárias para relacionar diferentes partes discretas do texto num todo coerente. Este tipo de inferência, que se dá como decorrência do conhecimento de mundo e que é motivado pelos itens lexicais no texto é um processo inconsciente do leitor proficiente (KLEIMAN, 2011, p. 25).

Nesta mesma linha de pensamento, Solé (1998) afirma que a leitura é um processo de interação entre o leitor e o texto. Esse processo conta com a presença de um leitor ativo que processa e examina o texto com o objetivo de guiar sua leitura, ou seja, sempre lemos com uma finalidade, a leitura é o processo com o qual compreendemos a linguagem escrita. Nesta compreensão intervêm tanto a forma e o conteúdo do texto, como o leitor e seus conhecimentos prévios, conhecimentos estes, que possibilitam ao leitor fazer inferências de significados que resultam em uma melhor compreensão do texto. É um processo interno, mas deve ser ensinado. Conforme indica a mesma autora, a interpretação do texto envolve determinar as ideias principais que ele contém e que, embora um autor elabore um texto para comunicar determinados conteúdos, a ideia ou as ideias principais construídas pelo leitor dependem dos seus objetivos de leitura e de seus conhecimentos prévios. Além do que já foi mencionado, é importante destacar que para uma boa leitura é imprescindível que o leitor esteja comprometido, que mantenha um posicionamento crítico e reflexivo a respeito do que lê. Desse modo, o leitor cria um processo de interação com o texto, permitindo-se ultrapassar as barreiras dos códigos e dos símbolos, dando lugar a uma relação da qual não pretende desprender-se. Pois a leitura capacita ao leitor a ampliação de conhecimentos e possibilita a evolução social do indivíduo. Assim, pode-se dizer que o processo de leitura, compreensão e interpretação de texto é uma atividade a ser praticada com o intuito de abrir o leque do conhecimento do leitor.

1.1 A LEITURA NA ESCOLA

O desejo pela leitura não nasce conosco é adquirido com o tempo e com a prática. É necessário apontar que a escola tem papel fundamental nesse contexto, é a partir dela que o indivíduo tem o primeiro contato com a produção da leitura. É dela a responsabilidade de promover condições e estratégias para que ocorra o

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utilizar essas estratégias em atividades que tenham sentido ao serem realizadas. Somente desta maneira, as crianças poderão se beneficiar da instrução recebida.

O ensino inicial da leitura deve garantir a interação significativa e funcional da criança com a língua escrita, como meio de construir os conhecimentos necessários para poder abordar as diferentes etapas da sua aprendizagem. Isso implica que o texto escrito esteja presente de forma relevante na sala de aula – nos livros, nos cartazes que anunciam determinadas atividades[...] (SOLÉ, 1998, p. 62).

Ainda segundo a autora, as estratégias ensinadas devem permitir que o aluno planeje a tarefa geral de sua leitura, auxiliando no processo de formação de leitores autônomos, tornando-os capazes de enfrentar, de forma inteligente, os diversos tipos de textos, que, na maioria das vezes, podem ser considerados difíceis por não fazerem parte da sua realidade, ou por terem sido mal escritos e por não serem nada criativos. Desse modo,

Formar leitores autônomos também significa formar leitores que sejam capazes de aprender a partir dos textos. Para isso, quem lê deve ser capaz de interrogar-se sobre sua compreensão, estabelecer relações entre o que lê e o que faz parte de seu acervo pessoal, questionar seu conhecimento e modificá-lo, estabelecer generalizações que permitam transferir o que foi aprendido para outros contextos diferentes‖. (SOLÉ, 1998, p. 72).

Nesse contexto, seria interessante lembrar que a aprendizagem da leitura na escola é fundamental para a integração do aluno no mundo literário e para a formação do cidadão, é da escola o papel de transmitir esse conhecimento, porém, um ensino de leitura mal aplicado pode causar danos ao processo de interação entre aluno e leitura. É importante ressaltar que o ensino da leitura muito bem aplicado em sala de aula contribui muito no que diz respeito às séries futuras do currículo escolar do aluno, tanto Ensino Médio quanto Ensino Superior. É imprescindível que se tenha uma boa formação no ensino fundamental, para que, ao ingressar no ensino médio, o aluno sinta-se preparado para o novo nível e não sinta dificuldades ao realizar as leituras exigidas nas disciplinas. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), se o objetivo da escola é formar cidadãos capazes de compreender os diferentes tipos de textos com os quais se deparam no decorrer de suas vidas, seja no ambiente escolar ou fora

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dele, torna-se necessário que a atividade de leitura tenha sentido para o aluno.

Formar leitores é algo que requer, portanto, condições favoráveis para a prática de leitura – que não se restringem apenas aos recursos materiais disponíveis, pois, na verdade, o uso que se faz dos livros e demais materiais impressos é o aspecto mais determinante para o desenvolvimento da prática e do gosto pela leitura (Parâmetros Curriculares Nacionais: Secretaria de Educação Fundamental – Brasília, 1997, p.58).

Nesse sentido, o educador precisa ter em mente que ensinar a ler não é apenas ensinar a decodificar as letras e as palavras, é formar leitores capazes. É dele o papel de conduzir a aula, proporcionando situações de leituras diversificadas, ajudando os alunos a interrogarem o escrito: como a procura de sentidos e de hipóteses, a partir de indícios e de verificação, ajudando a elucidar suas próprias estratégias, facilitando, assim, a interação e a participação. Dessa forma, despertando o prazer pela leitura. Cabe ao educador estimular o aluno a ter o desejo pela leitura, trabalhando de diversas formas e usando diversas estratégias, colocando-se na condição de parceiro e servindo como modelo, passando segurança, de maneira que o aluno veja no professor o perfil de um bom leitor e perceba a importância da leitura na vida do indivíduo, seja na escola ou fora dela. Portanto:

Para tornar os alunos bons leitores – para desenvolver, muito mais do que a capacidade de ler, o gosto e o compromisso com a leitura -, a escola terá de mobilizá-los internamente, pois aprender a ler (e também ler para aprender) requer esforço. Precisará fazê-los achar que a leitura é algo interessante e desafiador, algo que, conquistado plenamente, dará autonomia e independência. Precisará torná-los confiantes, condição para poderem se desafiar a ―aprender fazendo. Uma prática de leitura que não desperte e cultive o desejo de ler não é uma prática pedagógica eficiente (Parâmetros Curriculares Nacionais: Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília, 1997, p.58).

Para Zilberman (1995), a área da leitura ocupa um lugar de destaque no aprendizado, sua prática ocupa toda a carreira escolar do aluno. Se estimulada e exercitada com maior atenção pelos professores, intervém em todos os setores intelectuais que dependem para a difusão do livro, repercutindo especialmente na manifestação escrita e oral do estudante. Desse modo, em concordância com Zilberman, o que se defende é que a leitura deve ser ensinada e desenvolvida entre os alunos, pois trata-se de um

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CAPÍTULO II

2 A PESQUISA QUALITATIVA ETNOGRÁFICA

2.1 A PESQUISA EM SALA DE AULA

A pesquisa em sala de aula insere-se no campo da pesquisa social e pode ser construída de acordo com um paradigma quantitativo^2 , que deriva do positivismo^3 ou com o paradigma qualitativo^4 , que provém do interpretativismo^5. Ambos são as duas principais tradições no desenvolvimento da pesquisa social. O positivismo privilegia a razão analítica, buscando explicações causais por meio de relações lineares entre fenômenos, enquanto que o interpretativismo busca a interpretação dos significados culturais. A pesquisa quantitativa estruturou-se no positivismo de Auguste Comte^6 , no século XX. Esse tipo de pesquisa procura estabelecer relações de causa e consequência entre um fenômeno antecedente, que é a variável explicação, também chamada de variável independente; e uma consequente, que é a variável dependente. Já a pesquisa qualitativa surgiu com o interpretativismo, que se iniciou nos anos de 1920, com um grupo de pensadores que se reuniram na Escola de Frankfurt e apresentaram as primeiras críticas sistemáticas ao positivismo de Comte. Para Comte, as ciências sociais e humanas deveriam usar os mesmos métodos e os mesmos princípios epistemológicos que guiam a pesquisa das ciências exatas. No início do século XX, os críticos de Comte argumentavam que a compreensão das ciências sociais não poderia negligenciar o contexto sócio- histórico. Surgiu a emergência de um paradigma alternativo para se fazer ciência e

(^2) A validade do conhecimento depende da forma de como se procede a observação, isto é, diferentes observadores perante os mesmos dados devem chegar às mesmas conclusões, garantindo, dessa forma, a objetividade.. 3 Linha teórica da Sociologia que atribui fatores humanos nas explicações de diversos assuntos, contrariando o primado da razão, da teologia e da metafísica. 4 Substituir as noções de explicação, previsão e controle do paradigma quantitativo pelas de compreensão, significado e ação. A informação é analisada de forma indutiva e não é utilizada para verificar hipótese. 5 Defende a ideia de que a ação humana é radicalmente subjetiva, isto é, o comportamento humano não pode ser descrito e nem explicado com bases em suas características exteriores e objetivas. 6 Filósofo francês, fundador da sociologia e do positivismo.

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deu-se, então, ao interpretativismo.

Segundo o paradigma interpretativista, surgido como uma alternativa ao positivismo, não há como observar o mundo independentemente das práticas sociais e significados vigentes. Ademais, e principalmente, a capacidade de compreensão do observador está enraizada em seus próprios significados, pois ele (ou ela) não é um relator passivo, mas um agente ativo (BORTONI-RICARDO, 2008 p.32).

No interpretativismo, podemos encontrar um conjunto de métodos e práticas empregados na pesquisa qualitativa, tais como: pesquisa etnográfica, observação participante, estudo de caso, dentre outros.

O interpretativismo é uma boa denominação geral porque todos esses métodos têm em comum um compromisso com a interpretação das ações e com o significado que as pessoas conferem a essas ações na vida social (ERICKSON, 1990 apud BORTONI-RICARDO, 2008).

Ainda segundo Bortoni-Ricardo (2008), a pesquisa qualitativa não se propõe a testar as relações de causa e consequência entre fenômenos, mas procura entender e interpretar fenômenos sociais inseridos em um contexto, isto é, aquela na qual o pesquisador busca obter resultados por meio de investigação, é exploratória e pode assumir várias formas, dentre elas a etnográfica.

[...] na pesquisa qualitativa, não se procura observar a influência de uma variável em outra. O pesquisador está interessado em um processo que ocorre em determinado ambiente e quer saber como atores sociais envolvidos nesse processo o percebem, ou seja: como interpretam (BORTONI-RICARDO, 2008, p. 34).

O termo etnografia foi cunhado por antropólogos no final do século XX para se referirem à monografias que vinham sendo escritas a respeito de modos de vida de povos até então desconhecidos na cultura ocidental. Desde então, tem sido um método muito eficaz na investigação de fatos em instituições públicas dentre as quais a escola. Dessa forma:

O objetivo da pesquisa qualitativa em sala de aula, em especial a etnografia, é o desvelamento do que está dentro da ―caixa preta‖ no dia-a- dia dos ambientes escolares, identificando processos que, por serem rotineiros, tornam-se ―invisíveis‖ para os atores que deles participam‖. (BORTONI-RICARDO, 2008, p. 49).