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Uma revisão qualitativa sobre as teorias de gallahue, vygotsky e wallon em relação ao desenvolvimento motor, cognitivo, social e afetivo de crianças e suas implicações na educação física escolar. O autor discute as contribuições de gallahue para o desenvolvimento motor, a importância da linguagem na teoria de vygotsky e as ideias de wallon sobre o desenvolvimento motor, cognitivo e social. O texto oferece uma perspectiva sintetizada para formandos e novos graduandos do curso de educação física.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de aula
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Nome do autor
Projeto de pesquisa apresentado ao prof. ___________ como requisito parcial para a obtenção de nota na disciplina ___________ do curso de ___________ das Faculdades Integradas de Patos – FIP.
Orientador(a):
Patos Ano ano
Douglas Araújo Felipe Matheus Marlon Bruno
Trabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura em Educação Física como requisito parcial para a aprovação no referido curso. 2º semestre de 2017.
Orientador: Prof. MSc. Ronaldo Pacheco.
Brasília DF 2017
Agradeço primeiramente a Deus, por me abençoar com saúde, disposição e força para
superar as dificuldades e fazer este trabalho, aos meus pais Cleude Maria da S. Torquato
e Ronildo Torquato de Souza que sempre me incentivaram e fizeram o melhor por mim
durante todo o período de curso, ao meu professor orientador Ronaldo Pacheco e aos
demais professores da Universidade que fizeram parte dessa etapa tão importante da
minha vida e finalmente aos meus amigos Douglas Araujo Vargas e Felipe Matheus Cruz
que com muito esforço e dedicação conseguiram concluir este trabalho juntamente
comigo. Marlon Bruno.
A Deus por ter me dado saúde e forças para superar todas as dificuldades. A guerreira
que lutou incansavelmente todos os dias de sua vida para me transformar em um homem
digno, que sempre esteve ao meu lado, até mesmo nos momentos em que eu repudiei
sua ajuda, ela sem manteve solida e constante, minha companheira, amiga, minha base, obrigado mãe. Ao meu pai, que com suas mãos definhadas pelo trabalho árduo, me
mostrou como ser um homem digno e trabalhador. A minha irmã Camilla, por ser meu
exemplo de integridade e caráter, mostrando que os valores, é a principal virtude de um
ser humano. A minha irmã Maria Eduarda, pela paciência e tranquilidade em lidar com as
minhas brincadeiras. Ao meu orientador Ronaldo Pacheco, pelo suporte, dedicação e
incentivo. E por fim, aos meus companheiros Douglas Araújo Vargas e Marlon Bruno da
S. Torquato que contribuíram diretamente para a minha formação, o meu muito obrigado. Felipe Matheus.
Numa demonstração de fé, agradeço a Cristo por ter sido meu maior companheiro
durante todo o período de curso, agradeço ao meu pai Elson Vargas por sua guerrilha
diária, encorajamento, lealdade e paciência. Agradeço a minha mãe Maria Aparecida de
Araujo Vargas por toda ternura, oração e virtude de conselho. A minha tia Nires Vargas por abrir uma porta no qual passei evoluindo dia após dia. A meus irmãos, Matheus
Araujo Vargas, Charles Araujo Vargas e Laura Airam Araujo Vargas por me
complementarem. A disposição e parceria de meus amigos Felipe Matheus Cruz e Marlon
Bruno da S. Torquato. A minha parceira antes mesmo do início de curso Josiane Alves
Guedes Ribeiro. Agradeço também ao meu professor Ronaldo Pacheco pelo
compromisso assumido conosco, a disponibilidade flexível e o conhecimento passado. A
todas as dificuldades e nãos por mim recebido, apenas quero dizer que sim, está é uma etapa de recomeço.
Douglas Araujo.
Este estudo teve como objetivo analisar as teorias de Gallahue, Vygotsky e Wallon ligadas ao desenvolvimento da criança e suas repercussões na educação física escolar. Para tanto foi realizado uma revisão qualitativa sobre as ideias de Gallahue, Vygotsky e Wallon a respeito do desenvolvimento motor cognitivo afetivo e social de crianças. Conclui-se que os autores apresentam diferentes teorias que complementam em relação ao desenvolvimento humano. Para os autores o ambiente externo (meio) é fundamental para o desenvolvimento da criança, diante disso vimos que, Gallahue tem uma grande contribuição a respeito do movimento corporal e a sua relação com o desenvolvimento adequado do indivíduo em especial a criança. Já Vygotsky enfatiza que a questão social é essencial para o ser humano e o desenvolvimento de uma criança se dá a partir de uma interação com o meio. Finalizando Henri Wallon afirma que o ato motor é indispensável para um bom funcionamento da inteligência e da emoção. Diante dessas informações, podemos notar que o professor de educação física necessita conhecer de todos os ângulos possíveis as teorias e os estudos dos autores citados acima, sendo de suma importância à aplicação desse mesmo conhecimento em sala de aula.
Palavras-chaves: desenvolvimento humano; desenvolvimento motor; criança; cógnito e afetivo; Gallahue; Vygotsky; Wallon.
Tudo porque a abordagem desenvolvimentista se baseia na singularidade do indivíduo e que apesar das fases de desenvolvimento motor estarem relacionadas as idades, elas não dependem da mesma. “Consequentemente, as decisões do professor com relação ao que ensinar, quando ensinar e como ensinar estão primordialmente baseadas na apropriação da atividade pelo indivíduo e somente secundariamente na apropriação da atividade por uma faixa etária” (GALLAHUE, 2008, p. 12).
Ainda de acordo com Gallahue, apropriação individual :
É o conceito chave da educação física desenvolvimentista, baseia-se na proposição central de que cada criança tem seu próprio timing e padrão de crescimento e desenvolvimento. Portanto, as atividades de movimento que as crianças executam em programas de educação física na abordagem desenvolvimentista corresponde ao seu nível de aprendizado da habilidade motora (GALLAHUE, 2008, p.12).
Isso significa dizer que a interação da tarefa de movimento com a biologia do indivíduo e as condições do ambiente de aprendizado vão causar uma mudança progressiva no comportamento motor do indivíduo. (GALLAHUE,2008, p.14). Em relação as habilidades motoras Gallahue afirma que: “ são desenvolvidas e refinadas até o ponto em que as crianças são capazes de utilizá-las com considerável facilidade e eficiência dentro de seu ambiente “ (GALLAHUE, 2008, p.15). O processo de aprendizado passará por três etapas que irão estar influenciando uma a outra. Abaixo explicaremos cada uma delas:
4.1.1 Aprendizado Cognitivo
Em relação ao aprendizado Cognitivo, Gallahue (2008, p. 18), afirma que o mesmo é uma mudança progressiva na habilidade de pensar raciocinar e agir.
Isso significa que conforme a criança se movimenta, se estimula não só a dimensão motora mas propicia uma colaboração significante para sua compreensão, consciência, entendimentos de situações que influenciarão a sua forma de agir, partindo para uma progressão de aprendizagem chamada aprendizagem conceitual.
4.1.2 Aprendizagem Conceitual
O movimento pode ser usado para aumentar a compreensão e a aplicação do aprendizado cognitivo e acadêmico. (GALLAHUE, 2008, p.18). O aprendizado cognitivo está em permanente mudança, influenciando o comportamento motor do indivíduo através de experiências designadas para fomentar a compreensão dos conceitos de movimento, conceito de habilidade conceito de aptidão física e conceito de atividade do programa de educação física desenvolvimentista (GALLAHUE, 2008, p. 18).
Se analisarmos bem o aprendizado cognitivo e conceitual como antes fora dito, formam um processo de aprendizagem que se relacionam ou seja, dependem um do outro formando um conjunto que se desencadeia num digamos “último estágio” desta consciência motora denominado Aprendizado perceptivo-motor.
4.1.3 Aprendizado perceptivo - motor
Gallahue (2008, p. 19) afirma que:
“O aprendizado é um processo que envolve tanto a maturidade quanto a experiência”.
“O aprendizado perceptivo motor envolve o estabelecimento e o refinamento de sensibilidade sensorial em relação ao mundo de um indivíduo através do movimento ”. ( GALLAHUE, 2008, p. 19).
Com base nestas explicações pode-se solidificar mais ainda a importância deste processo evolutivo de aprendizagem que facilmente só pode ser interpretado por etapas que fundamentam um bom desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo, possibilitando assim, não só uma saúde física como também uma saúde mental e social para a criança, o que é de suma importância não somente na infância com também no decorrer de sua vida até a fase adulta.
É bom lembrar que conforme é afirmado na obra “educação física desenvolvimentista para todas as crianças” (Gallahue, 2008, p19):
Há poucas pesquisas cientificas para apoiar a hipótese de que certa atividade de movimento tem impacto direto sobre o funcionamento cognitivo da criança. Como já está claro, não é que não influencia na aprendizagem cognitiva da criança, mas que simplesmente há poucos estudos na área que confirmam este fato dito pelo autor, pois hoje temos acesso a muitas brincadeiras e atividades montadas e adaptadas por profissionais da educação física que trabalham com a percepção, compreensão e socialização da criança.
A partir deste ponto passamos para outros três fatores importantes para a criança e sua convivência chamados domínio afetivo, autoconceito e socialização positiva. No domínio afetivo Gallahue (2008 p.20) afirma que este se trata de um aprendizado envolvendo o aumento de habilidades da criança para agir, interagir e reagir de forma eficaz com as demais pessoas e consigo mesma, sendo descrito como um desenvolvimento sócio emocional de vital importância para a criança, que colaborara para o seu sucesso como pessoa isto fica facilmente entendível com esta aplicação do autor sobre o assunto:
“Quando o indivíduo tem noção de que suas esperanças, sonhos e aspirações não são controladas pelo destino ou sorte, mas estão na sua grande maioria sob o seu controle, há melhorias na noção de si próprio e consequentemente no crescimento afetivo”. ( GALLAHUE, 2008, p. 20)
Deste modo passamos então para o autoconceito dito por Gallahue (2008, p.20), que as crianças por serem ativas e enérgicas utilizam jogos e o movimento como maneira de aprenderem mais sobre si mesmas tendo assim uma maior noção de seu corpo caracterizando então um autoconceito, ou seja se entendendo melhor, compreendendo suas capacidades e seus limites_._ Ainda nesta perspectiva se encontra a socialização positiva, que representa a boa disposição da criança para trabalhar cooperativamente, sendo que isto irá depender de
desenvolvimento proximal que trabalha com a possibilidade da criança através de um a gente poder potencializar suas capacidades.
Partindo para o esquema multidimensional temos a seguinte explicação:
Isto é, a habilidade de movimento realizada no mundo real pode ser observada sob seus aspectos musculares (grosso/fino), temporal (discreto, em série ou contínuo), do meio ambiente (aberto e fechado), funcional (estabilidade, de locomoção ou manipulação) e de desenvolvimento (reflexivo, rudimentar, fundamental ou especializado). (GALLAHUE,2002. p. 110).
Esta fase traz consigo todo um processo envolvendo a combinação de habilidades motoras afim de potencializar ao máximo seus benefícios ao indivíduo a longo prazo ao mesmo tempo em que o capacita para a vivência exigida pelo momento em que vive, de acordo com aspectos já ditos antes neste documento que falam da importância do desenvolvimento do indivíduo como alguém que necessita de um bem-estar motor, cognitivo, afetivo e social. Basicamente pode-se até aqui entender este processo de aquisição de habilidades motoras como um principal e fundamental meio para uma evolução saudável do indivíduo como ser que se movimenta, sente, pensa e socializa, que necessita estar bem compreendido em si para poder não somente evoluir em outros aspectos em sociedade como também para se manter na mesma com suas capacidades adquiridas no decorrer deste processo de desenvolvimento motor, que visa aumentar a eficiência do movimento atendendo todas as necessidades do ser humano exigidas diariamente. Podemos com isso atribuir a utilidade da educação física nas escolas como um agente brilhante para que a criança possa crescer de forma saudável, pois fica-se claro o quão complexo é o processo de desenvolvimento motor para que não haja um trabalho aplicado nestes indivíduos que possa ajuda-los a evoluir quanto a isto e serem melhor inseridos em variados contextos.
4.2 Vygotsky e a linguagem.
Segundo RABELLO; PASSOS, (2010). Vygotsky enfatizava o processo histórico- social e o papel da linguagem no desenvolvimento do indivíduo. Sua questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio.
Na sua teoria, o sujeito é interativo, pois adquire conhecimentos a partir de relações intra e interpessoais e de troca com o meio, a partir de um processo denominado mediação.
RABELLO; PASSOS, (2010.) Afirma que Vygotsky acredita que as características individuais e até mesmo suas atitudes individuais estão impregnadas de trocas com o coletivo, ou seja, mesmo o que tomamos por mais individual de um ser humano foi construído a partir de sua relação com o indivíduo.
Para Vygotsky (1988), o desenvolvimento – principalmente o psicológico/mental (que é promovido pela convivência social, pelo processo de socialização, além das maturações orgânicas) – depende da aprendizagem na medida em que se dá por processos de internalização de conceitos, que são promovidos pela aprendizagem social, principalmente aquela planejada no meio escolar.
RABELLO; PASSOS, (2010) diz que para Vygotsky não é suficiente ter todo o aparato biológico da espécie para realizar uma tarefa se o indivíduo não participa de ambientes e práticas específicas que propiciem esta aprendizagem
Essa interação e sua relação com a imbricação entre os processos de ensino e aprendizagem podem ser melhor compreendidos quando nos remetemos ao conceito de ZDP. A Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), é a distância entre o nível de desenvolvimento real, ou seja, determinado pela capacidade de resolver problemas independentemente, e o nível de desenvolvimento proximal, demarcado pela capacidade de solucionar problemas com ajuda de um parceiro mais experiente. São as aprendizagens que ocorrem na ZDP que fazem com que a criança se desenvolva ainda mais, ou seja, desenvolvimento com aprendizagem na ZDP leva a mais desenvolvimento, para Vygotsky, tais processos são indissociáveis. (RABELLO; PASSOS, 2010).
O processo de aprendizagem deve ser olhado por uma ótica prospectiva, ou seja, não se deve focalizar o que a criança aprendeu, mas sim o que ela está aprendendo. Em nossas práticas pedagógicas, sempre procuramos prever em que tal ou qual aprendizado poderá ser útil àquela criança, não somente no momento em que é ministrado, mas para além dele. É um processo de transformação constante na trajetória das crianças. As implicações desta relação entre ensino e aprendizagem para o ensino escolar estão no fato de que este ensino deve se concentrar no que a criança está aprendendo, e não no que já aprendeu. Vygotsky firma está hipótese no seu conceito de zona de desenvolvimento proximal (ZDP). (FIOCRUZ, C, 2004).
4.2.1 O brincar para Vygotsky
Segundo AGUIAR; SIMÃO, (2007) Vygotsky, para entendermos o desenvolvimento da criança, é necessário levar em conta as necessidades dela e os incentivos que são eficazes para colocá-las em ação. O seu avanço está ligado a uma mudança nas motivações e incentivos, por exemplo: aquilo que é de interesse para um bebê não o é para uma criança um pouco maior.
Para Vygotsky (1998), a imaginação surge originalmente da ação. Assim, podemos inverter a velha frase que afirma que o brincar da criança é a imaginação em ação. A situação imaginária de qualquer brincar está incutida de normas de comportamento. Dessa forma, é possível concluir que não existe brinquedo sem regras, mesmo que não sejam as regras estabelecidas a priori; o brincar está envolvido em regras da sociedade. (AGUIAR; SIMÃO, 2007.)
A criança se torna menos dependente da sua percepção e da situação que a afeta de imediato, passando a dirigir seu comportamento também por meio do significado dessa situação: “a criança vê um objeto, mas age de maneira diferente em relação àquilo que vê. Assim, é alcançada uma condição em que a criança começa a agir independentemente daquilo que vê (VYGOTSKY, 1998, p. 127).
AGUIAR; SIMÃO, (2007) afirma que Vygotsky fala ainda que a criança experimenta a subordinação às regras ao renunciar a algo que deseja, e é essa renúncia de agir sob impulsos imediatos que mediará o alcance do prazer na brincadeira.
A ação imaginária contribui no desenvolvimento das regras de conduta social, onde as crianças, através da imitação, representam papéis e valores necessários à participação da mesma vida social por elas internalizadas durante as brincadeiras em que imitam comportamentos adultos. (VYGOTSKY, 1989; P.53).
Para este autor, existem três níveis de desenvolvimento na infância, que são: o nível de desenvolvimento real, o nível de desenvolvimento potencial e a zona de desenvolvimento proximal. Segundo Vygotsky (1989), os três níveis caracterizam-se da seguinte forma: Nível de desenvolvimento real: são todas as atividades que a criança já consegue fazer sozinha sem necessitar da ajuda de alguém;
Nível de desenvolvimento potencial: é o que a criança consegue fazer só com ajuda. Aqui, o resultado da ação é influenciado por outras pessoas;
Zona de desenvolvimento proximal: é a distância entre os dois níveis, ou seja, entre o nível de desenvolvimento real (o que a criança consegue fazer sozinha) e o nível de desenvolvimento potencial (o que a criança consegue realizar com a ajuda de outras pessoas para resolver problemas). Este nível de desenvolvimento está em constante transformação, pois o que a criança hoje é capaz de fazer com a ajuda de outra, amanhã conseguirá fazer sozinha, transformando depois este nível num nível de desenvolvimento real (BARANITA. 2012). O brinquedo é um mundo imaginário onde a criança pode realizar seus desejos. O ato de brincar é uma importante fonte de promoção de desenvolvimento, sendo muito valorizado na zona proximal, neste caso em especial as brincadeiras de ‘faz de conta’.
Na brincadeira faz-de-conta, os objetos perdem a sua força determinadora sobre o comportamento da criança, que começa a agir independentemente daquilo que ela vê. Uma colher se transforma em um avião, um cabo de vassoura em um cavalo. Na brincadeira a criança aprende a comportar-se não somente pela percepção imediata dos objetos, ou pela situação que a afeta de imediato, mas pelo significado desta ação. O jogo fornece um estágio de transição em direção à representação, desde que um objeto seja um pivô da separação entre o significado e o objeto real. (VYGOTSKY, 1989; p.67)
Vygotsky afirma que “aquilo que é zona de desenvolvimento proximal hoje será o nível de desenvolvimento real amanhã – ou seja, aquilo que uma criança pode fazer com assistência hoje, ela será capaz de fazer sozinha amanhã” (VIGOTSKY, 1989, p. 98).
4.3 Wallon e a psicomotricidade
Segundo Wallon (1971), o desenvolvimento tem seu início na relação do organismo do bebê recém-nascido, essencialmente reflexos e movimentos impulsivos, também chamados descargas motoras, com o meio humano que as interpreta. Nesta fase distingue-se apenas estados de bem-estar ou desconforto. São as reações do ambiente humano, representado pela mãe, motivadas pela interpretação da mímica do bebê que permitem distinguir as emoções básicas. Essa mímica não é casual, mas um recurso biológico da espécie, essencialmente social, que faz do bebê um ser capaz de produzir, no ambiente humano, ainda representado pela mãe, um efeito mobilizador para sobreviver.
O que permite à inteligência essa transferência do plano motor para o plano especulativo não é evidentemente explicável no desenvolvimento do indivíduo [...], mas nele pode ser identificada [a transferência] [...], são as aptidões da espécie que estão em jogo, em especial as que fazem do homem um ser essencialmente social. (WALLON, 1980 p.131).
Wallon (1975) afirma que, o desenvolvimento das funções depende da maturação do indivíduo juntamente com os exercícios capazes de desenvolvê-los. Na parte sensório motor a criança realiza diferentes ações entre as percepções e os movimentos. Esta relação seria de forma mais simples o ato do reflexo, ou seja, existe um estimulo para cada movimento. Com o tempo as ações reflexas são inibidas e a criança se torna capaz de realizar exercícios sensório-motores que tem como base ligar o efeito perceptível aos movimentos próprios.
Para Wallon (2010, apud GRATIOT, p.34):
O surgimento de uma nova etapa do desenvolvimento implica na incorporação dinâmica das condições anteriores, ampliando-as e ressignificando-as. A criança atravessa diferentes estágios que oscilam entre momentos de maior interiorização e outros mais voltados para o exterior, sendo possível demarcar alguns deles ao longo do desenvolvimento infantil.
De acordo com a citação supra, Wallon separou as fases do desenvolvimento em cinco estágios, sendo eles:
Estágio 1 – Impulsivo (0 a 3 meses)
Emocional (3 meses 1 ano)
O início da vida de uma criança tem uma predominância afetiva, e através dessa afetividade a criança irá estabelecer suas primeiras relações sociais e com o ambiente. Os movimentos do recém-nascido inicialmente são desastrosos, porém, gradualmente suas relações são estabelecidas, permitindo que a criança supere a bagunça gestual e alcance as emoções diferenciadas.
Estágio 2 - Sensório-motor (12 a 18 meses)
Projetivo (3 anos)
O segundo estágio se estende até os 3 anos de idade, e nesse tempo a inteligência e as relações exteriores são predominantes. Nessa fase a criança é incapaz de separar os campos funcionais, sendo assim o pensamento automaticamente é projetado em atos motores. Também é favorecido nessa fase os aspectos discursivos que por meio da imitação a criança obtêm a aquisição da linguagem.
Estágio 3 – Personalismo (3 a 6 anos)
Crise de Oposição (3 a 4 anos) Idade de graça (4 a 5 anos) Imitação (5 a 6 anos)
Quadro 1- Comparação das Fases Motoras.
AUTOR FAIXA ETÁRIA FASE MOTORA CARACTERÍSCAS
7 a 13 anos
a partir dos 14 anos
Refinação e acoplamentos dos movimentos.
Novos padrões de movimentos.
GALLAHUE
Correr, Saltar, Lançar, Receber, Chutar e etc.
Movimentos especializados
1 a 2 anos
4 meses a 1 ano Movimentos reflexos Agarrar, Sugar e etc.
Movimentos rudimentares Ficar de pé, engatinhar, caminhar e etc.
2 a 7 anos Movimentos fundamentais
WALLON
Neste estágio o carater afetivo é acentuado, fazendo com que o adolescente entre em conflito com o ambiente externo e interno.
a partir dos 11 anos Adolescência
3 a 6 anos
Personalismo, crise de oposição, idade de graça, imitação
Nessa fase é formada a personalidade e a alto conciência, através das imitações motoras e posturas sociais.
A criança começa a ter pensamentos abistratos e o raciocinio simbólico, estimulando a memória voluntária, raciocínio associativo e a atenção.
6 a 11 anos Categorial
3 meses a 1 ano
fase que a inteligencia e as relações exteriores são predominantes. A criança não separa os campos funcionais, transformando pensamento em ato motor automaticamente.
1 a 3 anos Sensório-motor/projetivo
A predominância desssa fase é afetiva, fazendo com que a criança estabeleça suas primeiras relações, sociais e com o meio ambiente.
Emocional
Fonte: Elaborado por autores.
Vygotsky em suas teorias não separa o desenvolvimento da criança por fases motoras e faixas etárias como Gallahue e Wallon, porém é possível encontrar relações de suas teorias com as faixas etárias e fases motoras do quadro acima. A fase motora emocional abordada por Wallon se assemelha as teorias de Vygotsky, pois trata da fase inicial da relação com o ambiente, relação essa que para ele é algo essencial no desenvolvimento humano.
5.1 Método
Foi feita uma revisão integrativa da literatura que trata das teorias do Desenvolvimento humano no que diz respeito aos aspectos motor, cognitivo e afetivo social. O trabalho teve como foco os autores, Vygotsky, Wallon e Gallahue pela contribuição que cada um traz para essa área de estudo.
6. Considerações Finais
Portanto, diante dos argumentos apresentados, os autores defendem diferentes teorias, porém em determinado momento essas mesmas se complementam deixando claro que o desenvolvimento motor está relacionado também ao desenvolvimento cognitivo, afetivo e social, podendo ser potencializado a partir da influência dos agentes socializadores. Para os autores o ambiente externo (meio) é fundamental para o desenvolvimento da criança. Diante disso vemos que, Gallahue é um autor que como alguns outros decidiu estudar o desenvolvimento humano percebendo e descobrindo a grande contribuição que o movimento corporal tem para o bom desenvolvimento do indivíduo em especial a criança, relacionando a questão do movimento aos conceitos cognitivos e afetivos que também permeiam o amadurecimento do indivíduo, dizendo que estes estão relacionados a capacidade de compreensão que a pessoa tem de si e do meio em que vive através do movimento e o saber movimentar-se. Nesta perspectiva Gallahue desenvolveu então um modelo bastante utilizado para a explicação das fases de desenvolvimento motor da criança que embora traga a especificação de movimentos acoplada a faixas etárias não necessariamente quer dizer que todo indivíduo esteja encaixado nelas pelo fato do processo de maturação e desenvolvimento motor poder diferir de um indivíduo para outro. Já Vygotsky deixa claro que a questão social é essencial para o ser humano, e o desenvolvimento de uma criança se dá a partir de uma interação com o meio, segundo sua teoria, todo aparato biológico da espécie não é suficiente para o desenvolvimento humano se não houver tarefas que estabeleçam uma relação com o ambiente deixando evidente em suas teorias que o ser humano tem que ser interativo e afetivo para adquirir o conhecimento interpessoal e de troca com o meio. Por último, temos Henri Wallon, que diante de seus estudos formulou a separação do desenvolvimento humano em fases, sendo o primeiro estágio emocional, onde a criança tem uma predominância afetiva seguida da sensório motor estimulado pelo ambiente externo. Para Wallon a parte afetiva, emocional e sensório motor depende uma da outra para que ocorra o desenvolvimento correto da criança enfatizando também que o ato motor é indispensável para um bom funcionamento da inteligência e da emoção. Diante de todas essas informações, podemos afirmar que o professor de Educação Física necessita conhecer de todos os ângulos possíveis as teorias e os estudos dos autores citados a cima, sendo de suma importância à aplicação desse mesmo conhecimento em sala de aula.