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Importância de Substâncias Exóticas na História da Química, Notas de estudo de Química

Nos séculos xvii e xviii, a química emergiu como ciência das substâncias naturais e artificiais, após a chegada de produtos exóticos provenientes das explorações geográficas e colonização. O documento detalha a importância de substâncias como o vermelho de cochinilha, que levou à descoberta do azul da prússia, e outros produtos como café, perfumes, madeiras e medicamentos. O texto também menciona os papéis de importantes figuras da história da química, como garcia de orta e la condamine.

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 29/05/2010

daniele-lima-14
daniele-lima-14 🇧🇷

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O descobrimento e o nascimento da química
A química constituiu-se, nos séculos dezessete e dezoito, durante o grande
período dos descobrimentos, depois do período inaugurado pela primeira viajem de
Chistóvão Colombo ao Mundo Novo, em 1492, de Vasco da Gama à Índia, 1498, e de
Pedro Álvares Cabral ao Brasil, em 1500. Por um lado sucederam-se as explorações
geográficas por todos os azimutes (Jonh Cook, Bougainville, La Pérouse, Kotzebue,
etc.) e, por outro, a colonização e a exploração comercial.
As naus retornavam à Europa carregadas de ouro e de prata. Mas não traziam só
metais preciosos. Traziam também substâncias naturais orgânicas, também elas
preciosas; daí a sua análise, daí as aplicações diversas que marcaram os começos da
química e a tornaram, subitamente, numa ciência das substâncias da natureza e das suas
imitações artificiais.
Os navios espanhóis e portugueses transportavam todas essas mercadorias
exóticas. Foram necessários dois ou três séculos para que a civilização européia
integrasse dezenas, centenas de novos produtos de consumo, de espécies novas de
animais e de plantas, provenientes do resto do planeta, sobretudo das Índias e das
Américas. Lembremos o peru, as batatas, o milho e o tomate – para citar apenas alguns
dos numerosos alimentos que foram desde logo aclimatados à Europa.
Para além de gêneros alimentares, os negociantes também traziam madeiras de
cor para tingir estofos, como o pau brasil, que deu nome ao Brasil, ou a madeira de
Campèche. Introduziram perfumes exóticos, como o Patchuli, das Índias, perfume por
que os britânicos são doidos ainda hoje. Puseram no mercado bálsamos, como o
bálsamo de benjoim, que nós devemos, como tantos outros produtos do Oriente aos
navegadores árabes; e daí deriva o composto químico e o nome do nosso moderno
benzeno. Por que os químicos desde o século XVII, e manuais como o de Lémery,
descreviam, estudavam e analisavam todas estas novas substâncias.
Durante a mesma época, a farmacopéia da Europa enriquecia-se de poderosos
medicamentos de importação, freqüentemente de origem indiana e sul-americana. No
primeiro caso é de citar a contribuição do médico e naturalista português Garcia de
Orta, que foi viver para Gôa no século XVI. Através do seu livro “Colóquios dos
Simples e Drogas Medicinais da Índia”, obra pioneira da ciência experimental moderna,
deu a conhecer à Europa culta a riqueza e os múltiplos segredos da flora indiana. No
segundo caso, citarei somente a quinquina (ou quina), que nós devemos à condessa
espanhola Chinchón, mulher do vice-rei do Peru. E o curare que foi trazido por La
Condamine, um acadêmico francês membro da expedição de medida do meridiano
terrestre na vizinhança do equador, da decida do curso integral do Amazonas que ele fez
no regresso. Foi também La Condamine que trouxe do Brasil amostras de cauchu, o
que iniciou, após Pierre-Joseph Macquer ter encontrado solventes que o dissolviam, a
era moderna de utilização deste extraordinário material elástico.
Outra substância natural, igualmente importada da América, também ela
revolucionária para a civilização européia foi o café.
Depois desse rápido sobrevôo do impacte das viagens de descoberta na sua
metrópole de origem, gostava de aprofundar um pouco a história de um destes produtos
vindos de longe, o vermelho de cochinilha, de origem mexicana. O insecto Dactylopius
coccus vivem em cactos do gênero Opuntia. O abdômen das fêmeas contêm um
poderoso corante vermelho. Os cadáveres de dois mil insectos fornecem um grama de
vermelho de cochinilha. Desde a conquista do México que este corante foi importado
pela Europa, onde tomou lugar do carmim, proveniente do quermes, uma vez que o
vermelho de cochinilha continha uma concentração dez vezes maior do corante. Esta
importação prosseguiu pelo menos durante dois séculos.
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O descobrimento e o nascimento da química

A química constituiu-se, nos séculos dezessete e dezoito, durante o grande período dos descobrimentos, depois do período inaugurado pela primeira viajem de Chistóvão Colombo ao Mundo Novo, em 1492, de Vasco da Gama à Índia, 1498, e de Pedro Álvares Cabral ao Brasil, em 1500. Por um lado sucederam-se as explorações geográficas por todos os azimutes (Jonh Cook, Bougainville, La Pérouse, Kotzebue, etc.) e, por outro, a colonização e a exploração comercial. As naus retornavam à Europa carregadas de ouro e de prata. Mas não traziam só metais preciosos. Traziam também substâncias naturais orgânicas, também elas preciosas; daí a sua análise, daí as aplicações diversas que marcaram os começos da química e a tornaram, subitamente, numa ciência das substâncias da natureza e das suas imitações artificiais. Os navios espanhóis e portugueses transportavam todas essas mercadorias exóticas. Foram necessários dois ou três séculos para que a civilização européia integrasse dezenas, centenas de novos produtos de consumo, de espécies novas de animais e de plantas, provenientes do resto do planeta, sobretudo das Índias e das Américas. Lembremos o peru, as batatas, o milho e o tomate – para citar apenas alguns dos numerosos alimentos que foram desde logo aclimatados à Europa. Para além de gêneros alimentares, os negociantes também traziam madeiras de cor para tingir estofos, como o pau brasil, que deu nome ao Brasil, ou a madeira de Campèche. Introduziram perfumes exóticos, como o Patchuli, das Índias, perfume por que os britânicos são doidos ainda hoje. Puseram no mercado bálsamos, como o bálsamo de benjoim, que nós devemos, como tantos outros produtos do Oriente aos navegadores árabes; e daí deriva o composto químico e o nome do nosso moderno benzeno. Por que os químicos desde o século XVII, e manuais como o de Lémery, descreviam, estudavam e analisavam todas estas novas substâncias. Durante a mesma época, a farmacopéia da Europa enriquecia-se de poderosos medicamentos de importação, freqüentemente de origem indiana e sul-americana. No primeiro caso é de citar a contribuição do médico e naturalista português Garcia de Orta, que foi viver para Gôa no século XVI. Através do seu livro “Colóquios dos Simples e Drogas Medicinais da Índia”, obra pioneira da ciência experimental moderna, deu a conhecer à Europa culta a riqueza e os múltiplos segredos da flora indiana. No segundo caso, citarei somente a quinquina (ou quina), que nós devemos à condessa espanhola Chinchón, mulher do vice-rei do Peru. E o curare que foi trazido por La Condamine, um acadêmico francês membro da expedição de medida do meridiano terrestre na vizinhança do equador, da decida do curso integral do Amazonas que ele fez no regresso. Foi também La Condamine que trouxe do Brasil amostras de cauchu, o que iniciou, após Pierre-Joseph Macquer ter encontrado solventes que o dissolviam, a era moderna de utilização deste extraordinário material elástico. Outra substância natural, igualmente importada da América, também ela revolucionária para a civilização européia foi o café. Depois desse rápido sobrevôo do impacte das viagens de descoberta na sua metrópole de origem, gostava de aprofundar um pouco a história de um destes produtos vindos de longe, o vermelho de cochinilha, de origem mexicana. O insecto Dactylopius coccus vivem em cactos do gênero Opuntia. O abdômen das fêmeas contêm um poderoso corante vermelho. Os cadáveres de dois mil insectos fornecem um grama de vermelho de cochinilha. Desde a conquista do México que este corante foi importado pela Europa, onde tomou lugar do carmim, proveniente do quermes, uma vez que o vermelho de cochinilha continha uma concentração dez vezes maior do corante. Esta importação prosseguiu pelo menos durante dois séculos.

Em 1710, Herr Diesbach , um fabricante berlinense de corantes, manipulava o vermelho de cochinilha. Com o fim, assim parece, de o purificar decidiu precipitá-lo. Para isso, juntou potassa. E ficou estupefacto com o resultado que observou, o vermelho tinha se metamorfoseado de azul intenso. Diesbach acabara de descobrir o azul da prússia. Diesbach tentou compreender a razão desta descoberta fortuita e interrogou o seu fornecedor e potassa. Apercebeu-se que esta estava contaminada com vitríolo de marte, isto é, sulfato de ferro. Ele conservou seu procedimento secreto ate 1724, ano em que Woodward descobriu uma outra via de acesso ao mesmo azul da prússia. Woodward fez deflagrar quatro onças de salitre com quatro onças de tártaro. Depois misturou o produto. Que se supõe ser carbonato de potássio, com quatro onças de sangue de boi. Após calcinação adição de duas onças de vitríolo verde e de oito onças de alunite em solução alcalina, isolou o cobiçado precipitado azul. No mesmo ano de 1724, Brown também conseguiu fabricar o azul da Prússia substituindo o sangue por carne. No ano seguinte, em 1725 Geoffroy preparou o azul da Prússia a partir, quer de lã, quer de cornos de veado. Em 1752, Macquer, observou azulamento do ferro em contato com uma solução alcalina, devido a uma substancia trazida ou retirada pela base. Nos anos 1780, Guyton de Morveau, e independentemente, Carl Scheele, constataram a formação de um ácido quando tratavam o azul da Prússia com ácidos, que foi desde logo denominado ácido prússico. Em 1815, Gay-Lussac conseguiu identificar o ácido prússico com aquilo a que chamamos desde então de ácido cianídrico. Finalmente em 1936 Keggin e Miles determinaram por meio de raios X a estrutura cristalográfica do azul da Prússia e de complexos similares. Estes compostos tem uma estrutura cúbica, na qual os vértices adjacentes são átomos alternativamente de ferro II e ferro III, sendo as arestas ocupadas por grupos cianeto, em quanto que íons potássio e moléculas de água alternam nos centros dos cubos.

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