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Guias e Dicas
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Intensidade de Trabalho Especializado nas Exportações de Manufaturados Brasileiros, Resumos de Comércio

Este documento analisa a composição das exportações de manufaturados do brasil e sua relação com as vantagens comparativas internacionais do país. Utilizando o teorema de heckscher-ohlin, o autor estende o modelo para incluir trabalho especializado e capital humano. A análise empírica revela uma relação positiva entre o nível de desenvolvimento dos recursos humanos e a utilização intensiva de trabalho especializado nas exportações de manufaturados.

O que você vai aprender

  • Como o teorema de Heckscher-Ohlin pode ser aplicado às exportações de manufaturados do Brasil?
  • Por que a falta de trabalhadores especializados pode limitar os horizontes comerciais de países menos desenvolvidos?

Tipologia: Resumos

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Lula_85 🇧🇷

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O CORCIO DE MANUFATURAS E A PARTICI
PAÇÃO DO TRABALHO ESPECIALIZADO = O
CASO BRASILEIRO
de W i ll ia m G . T y l e r *
R ES U M O
Este trabalh o teve por ob jetiv o testar as hip ótese s implícitas na
am pliação do trabalho espec ializado do teorema de H ecksc her-O hlin
den tro do c onte xto do comércio brasileiro de p rodu tos m anufatur ados .
Em bora duas das hipó teses relativas às exportações in dustriais do
Brasil não fossem confirmadas p ela a nálise, inves tigaç ões posteriores
revelaram exp licaçõ es para este a parente parad oxo. Consideran do
esta s explicações, co nclui-se que a experiên cia brasileira nã o é inc onsis
ten te com as previsõ es de Hcck scher-O hlin. A natureza rela tivam ente
int ensiva de trabalho especializad o nas exportações de m anufatur ados
do Brasil sugere que o crescimento das exp ortações poderia ser au
me ntad o se a co mposiç ão das exportações de prod utos m anu faturados
brasileiros m uda -se para uma com posição mais consis tente com as
vantag ens c omparativa s internacionais do Brasil.
O aumento da literatura sobre a interpretação e a exteno da
teoria pura de comércio internacional de Heckscher-Ohlin, incluiu
vários testes empíricos (Leontief, 1953, 1956; Swerling, 1954; Tate-
moto e Ichimura, 1959; Stolper e Roskamp, 1961; Moroney e Walker,
1965; Keesing, 1966, 1968; Bharadwah e Bagwati, 1967; Hufbauer,
1968; Roskamp e McMeekin, 1968) Esses testes, em geral, referem-
-se a países desenvolvidos. Entretanto, para fornecer uma análise ade
quada, a experiência dos países menos desenvolvidos também precisa
ser estudada. O crescimento rápido das exportações de manufaturados
de alguns dos países em desenvolvimento, mostram a necessidade de se
*. P rofessor assistente de Econo mia na Universida de da F lórid a. O apoio
financeiro para este estu do foi forn ecido em pa rte pela A ID . Além d isto, o a utor
tam bém se sente agra decido a William Cline, J oel Bergsman, M aria Helen a Tau nay,
Taques Ho rta, Moa cyr Ficrav ante , Ne vde R amos Silva, E vera ldo da Silva e Francis
Masson por sugestõ es e assistência. Ele também agradece a Carlos v on D oellinger,
Jo hn M orral, Edm ar Bacha e A lfredo B aumgarten por co mentár ios ú teis feitos
sobre um rascun ho anterior .
Estudos Econômicos, o Paulo v 2 n<? 5 p. 129-154 outubro 1972
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Baixe Intensidade de Trabalho Especializado nas Exportações de Manufaturados Brasileiros e outras Resumos em PDF para Comércio, somente na Docsity!

O COMÉRCIO DE M ANUFATURAS E A P A R T IC I

PAÇÃO DO TRABA LHO ESPECIALIZA DO = O

CASO BRASILEIRO

de W i l l i a m G. T y l e r *

R E S U M O

Este trabalho teve por objetivo testar as hipóteses implícitas na ampliação do trabalho especializado do teorema de Heckscher-Ohlin dentro do contexto do comércio brasileiro de produtos manufaturados. Embora duas das hipóteses relativas às exportações industriais do Brasil não fossem confirmadas pela análise, investigações posteriores revelaram explicações para este aparente paradoxo. Considerando estas explicações, conclui-se que a experiência brasileira não é inconsis tente com as previsões de Hcckscher-Ohlin. A natureza relativamente intensiva de trabalho especializado nas exportações de manufaturados do Brasil sugere que o crescimento das exportações poderia ser au m entado se a com posição das exportações de produtos manufaturados brasileiros m uda-se para uma composição mais consistente com as vantagens comparativas internacionais do Brasil.

O aumento da literatura sobre a interpretação e a extensão da

teoria pura de comércio internacional de Heckscher-Ohlin, incluiu

vários testes empíricos (Leontief, 1953, 1956; Swerling, 1954; Tate-

moto e Ichimura, 1959; Stolper e Roskamp, 1961; Moroney e Walker,

1965; Keesing, 1966, 1968; Bharadwah e Bagwati, 1967; Hufbauer,

1968; Roskamp e McMeekin, 1968) Esses testes, em geral, referem-

-se a países desenvolvidos. Entretanto, para fornecer uma análise ade

quada, a experiência dos países menos desenvolvidos também precisa

ser estudada. O crescimento rápido das exportações de manufaturados

de alguns dos países em desenvolvimento, mostram a necessidade de se

*. Professor assistente de Econom ia na Universidade da Flórida. O apoio financeiro para este estudo foi fornecido em parte pela A ID. Além disto, o autor também se sente agradecido a W illiam Cline, Joel Bergsman, M aria Helena Taunay, Taques H orta, M oacyr Ficravante, N evde Ramos Silva, Everaldo da Silva e Francis M asson por sugestões e assistência. Ele também agradece a Carlos von Doellinger, John M orral, Edmar Bacha e Alfredo Baum garten por comentários úteis feitos sobre um rascunho anterior.

Estudos Econômicos, São Paulo v 2 n<? 5 p. 129-154 outubro 1972

examinar a estrutura das exportações desses países. Este trabalho de

senvolve uma abordagem que utiliza o teorema de Heckscher-Ohlin

(estendendo-o ao trabalho especializado) para os dados brasileiros,

em primeiro lugar para analisar a possibilidade de se aplicar o citado

teorema num país em desenvolvimento e, em segundo lugar, para

examinar o fundamento, em termos de vantagens comparativas, do

rápido crescimento das exportações de manufaturados do Brasil1-

I

Um dos desenvolvimentos do teorema de Heckscher-Ohlin agrega

capital humano e trabalho especializado a seu quadro analítico e em

pírico. A abordagem do capital humano, sugerida por Ellworth (1954),

Becker (1962), Kenen (1965) foi usada, a fim de resolver o assim

chamado paradoxo de Leontief, argumentando que a análise de Leon-

tief identifica de forma inadequada as exportações americanas como

sendo de trabalho intensivo. Ao se reexaminar as exportações dos

EUA, de acordo com o critério de capital humano, descobre-se que

essas exportações são intensivas em capital humano e físico, fatores

em relação aos quais os Estados Unidos estão bem dotados.

Keesing (1965, 1966, 1968) prossegue neste tipo de abordagem,

seguindo uma linha diferente, examinando o conteúdo de trabalho

especializado incorporado às manufaturas americanas. Teoricamente,

a formulação de Heckscher-Ohlin pode ser ampliada pela inclusão do

trabalho especializado entre a oferta de fatores determinantes do co

mércio internacional2. Em vez de especificar o trabalho como sendo

de qualidade uniforme, a disponibilidade relativa de trabalho especia

lizado é considerada importante para determinar as vantagens com

parativas de um país no que refere a produtos negociados internacio

nalmente. Os resultados empíricos de Keesing, juntamente com os de

Yahr (1968) indicam ser persuasiva a abordagem via trabalho espe

cializado.

O argumento de que a disponibilidade de trabalho especializado

está entre as principais determinantes das vantagens comparativas in

ternas e internacionais, implica em que poderá haver um ponto de

  1. As exportações brasileiras de produtos manufaturados cresceram de m e nos de US$ 15 m ilhões em 1959 para mais de US$ 280 m ilhões em 1969. O desem penho e crescimento dessas exportações são analisadas em Tyler (1969, 1971).
  2. Keesing leva esta análise ainda um passo mais adiante, sugerindo que a abundância relativa de trabalho especializado e não especializado é a determinante principal dos padrões de comércio internacional.

FIGURA I

Q u a d r a n t e I Q u a d r a n t e I I

Q u a d r a n t e I V Q u a d r a n t e^ I I I

Admitindo-se que a disponibilidade de trabalho especializado pos

sa ser representada por um índice composto do desenvolvimento dos

recursos humanos, no ponto H sobre a bissetriz do quadrante IV, po-

de-se traçar as relações especificadas no modelo e ver que este nível

de disponibilidade de trabalho qualificado implica numa utilização in

tensiva de trabalho qualificado na exportação de produtos manufatu

rados em S e um nível de renda “per capita” em Y

Admitindo-se agora que a renda “per capita” permanece em Y,

mas que um nível mais baixo de desenvolvimento de recursos huma

nos (IT) está associado à este nível de renda. Em outras palavras,

por alguma razão (p. e. a presença de grande disponibilidade de re

cursos naturais) o país obteve um nível de renda “per capita” mais

alto dado seu desenvolvimento dos recursos naturais, do que o pre

visível pela média estabelecida empiricamente através da observação

da “cross-section” internacional. Assim, o ponto G deslocou-se para

cima e para a direita da curva no quadrante I.

Agora, a questão é determinar qual deverá ser o nível de utiliza

ção de trabalho especializado intensivo incorporado nas exportações

de produtos manufaturados do país que está associado com a disponi

bilidade de recursos humanos representados por H’ A utilização de

trabalho especializado intensivo nas exportações em S não pode mais

ser obtida, devido à mudança implícita na vantagem comparativa in

ternacional do país. Em vez disto, observa-se uma participação do

trabalho especializado intensivo nas exportações representado pelo

ponto S’ Movendo-se para o quadrante II, vê-se que com a renda

“per capita” ainda em Y, o ponto K sobre a curva não existe mais.

Em vez disto, tem-se um novo ponto, F, colocado acima e à esquerda

da curva. Assim, o ponto G é consistente com o ponto F Em outras

palavras, se um país apresenta resultados acima daqueles condizentes

com sua renda “per capita” com respeito a um nível dado de disponi

bilidade de capital humano, supor-se-á que também apresente uma

utilização de trabalho especializado incorporado a suas exportações

de produtos manufaturados menor do que a prevista com base na

renda “per capita”

Se a situação inicial fosse inversa, com a renda “per capita” da

da (Y ) associada a um desenvolvimento de recursos humanos de ní

vel mais alto (H ”), as implicações também seriam inversas. Agora,

ao invés do ponto G, tem-se o ponto J, que fica abaixo e à esquerda

da curva do quadrante I. Também se observa uma menor utilização

intensiva de trabalho especializado nas exportações de produtos ma

nufaturados em S”, o que leva ao novo ponto E no quadrante II.

Conforme se mostra no modelo, os pontos J e E são consistentes, da

II

A extensão do teorema de Heckscher-Ohlin do trabalho especiali

zado implica em várias hipóteses. No caso brasileiro ter-se-ia:

(A ) suas importações de produtos manufaturados utilizam tra

balho especializado mais intensivamente do que suas ex

portações de manufaturados;

(B) suas importações de manufaturados utilizam trabalho espe

cializado mais intensivamente do que a de países indus

triais mais desenvolvidos;

(C) suas exportações de manufaturados utilizam menos inten

sivamente trabalho especializado do que as de países indus

triais mais desenvolvidos;

(D ) suas importações líquidas (isto é, M-X) para indústrias

diferentes estão correlacionadas positivamente com as res

pectivas necessidades de trabalho especializado, de acordo

com a indústria;

(E) sua pauta de importação de manufaturados, como reflexo

da sua desvantagem comparativa internacional, está corre

lacionada positivamente com as respectivas necessidades de

trabalho especializado, de acordo com a indústria;

(F) sua pauta da exportação de manufaturados, como reflexo de

sua vantagem comparativa internacional, está correlaciona

da negativamente com as necessidades de trabalho especia

lizado da indústria;

(G) sua exportação de manufaturados para membros da Asso

ciação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC)

e para todos os países menos desenvolvidos, utiliza mais

intensivamente trabalho especializado do que suas expor

tações industriais para países desenvolvidos. Isto é consis

tente com a posição do Brasil como um país semi-indus-

trializado.

A fim de testar estas hipóteses usou-se análise de regressão, utili-

zando-se uma “cross-section” de dados industriais de 1968.

As necessidades de trabalho especializado foram estimadas uti

lizando-se tanto dados americanos quanto brasileiros. A abordagem

que usa as necessidades de trabalho especializado americanas baseia-se

nos dados fornecidos por Keesing (1968) Utilizando dados do Censo

dos EUA de 1960, Keesing estimou as necessidades de trabalho espe

cializado para cerca de 46 indústrias, de acordo com oito categorias

de especialização, a partir das quais foi calculado um índice composto

de especialização (Si) A análise foi efetuada somente com respeito ao

comércio de manufaturas. Devido a limitações dos dados, não foi pos

sível nenhuma qualificação do trabalho especializado para produtos

outros que não manufaturados. Além do mais, sé se deseja ajustar

bens, derivando suas vantagens comparativas de um conteúdo de re

curso natural fora da análise, parece preferível omitir-se da análise

produtos não manufaturados, juntamente com alguns manufaturados.

Os problemas da utilização de dados americanos tornam-se ime

diatamente patentes. O mais óbvio é o simples fato de que se está

admitindo que as funções de produção americanas e brasileiras são

idênticas, enquanto a experiência indica não ser este, provavelmente,

o caso. Apesar desta hipótese parecer bastante heróica, não é tão ina

dequada para os fins desta análise, como à primeira vista pode parecer.

O que importa é a intensidade relativa do trabalho especializado, e

parece aceitável esperar-se que a ordem de classificação da intensidade

das necessidades de trabalho especializado para diferentes indústrias

seja bastante semelhante para países diferentes. Por exemplo, o tra

balho especializado intensivo incorporado na produção de produtos

químicos, tanto nos EUA como no Brasil, é de se esperar que seja

consideravelmente superior do que o necessário na indústria têxtil de

cada um destes países. Somente no caso pouco provável de reversões

no fator, as conclusões baseadas em análises usando necessidades de

trabalho especializado dos EUA seriam consideradas inválidas

Outras desvantagens da utilização de dados dos EUA para a esti

mativa das necessidades brasileiras de trabalho especializado referem-

-se a questões de composição de produto e à possibilidade de compara

ção de dados. Primeiro, usando-se dados americanos, admite-se im

plícita a hipótese de que a composição de produto em cada indústria

dos EUA e do Brasil é a mesma. Uma segunda deficiência na utiliza

  1. O fato de tais reversões serem poucas em número e significado é sugerido por um estudo prévio, no qual a ordem de classificação das indústrias dos EUA e do Brasil eram comparadas com base na utilização intensiva de capital. Usando como medida da utilização intensiva de capital o valor adicionado por trabalhador, foram calculados índices de intensidade de capital para cada país, usando a média nacional de cada um como base. O coeficiente de correlação de Spearman foi esti mado em 0,84 (Tyler, 1970 p. 144).

importações e exportações brasileiras de manufaturados. Usando pri

meiro o índice de especialização (S*) desenvolvido a partir dos dados

do Censo brasileiro, ou cada um dos índices de especialização das 21

indústrias de manufaturados, ponderou-se a participação da indústria

no total de importações e exportações de manufaturados em 1968.

Para importações foram utilizadas as necessidades internas de trabalho

especializado nas atividades competitivas de importação. A partir dos

dados apresentados na tabela I, o índice ponderado de utilização in

tensiva de trabalho especializado para importações de manufaturados,

foi calculado como sendo 8.87, enquanto o mesmo resultado para suas

exportações industriais foi 12,9% mais baixo, isto’ é, 7. 85 Um exa

me da média ponderada dos salários revela um histórico semelhante;

os salários médios incorporados nas exportações de manufaturados fo

ram 20,6% mais baixos do que os das importações industriais

As comparações de importação e exportação de hipótese (A ) tam

bém são feitas, usando-se dados dos EUA. Os dados de importações

e exportações brasileiras foram reorganizados de acordo com a classi

ficação de 46 indústrias manufatureiras, para as quais estão disponí

veis os dados americanos de especialização. Ponderando-se as neces

sidades de trabalho especializado com a participação da importação e

exportação na indústria, foi possível, da mesma forma, calcular a uti

lização intensiva do trabalho especializado incorporado nas importa

ções e exportações de manufaturados do Brasil.

Conforme se verifica nas tabelas II e III, a utilização intensiva de

trabalho especializado nas importações alcançou o valor 0,663 como

índice, enquanto o valor correspondente de exportações de manufatu

rados foi um valor menor, 0. 34010 Usando tanto os dados brasileiros

como os americanos de trabalho especializado, a hipótese (A ) foi

confirmada.

  1. Um teste semelhante, para utilização intensiva de capital, demonstra uma intensidade de capital incorporado nas im portações de manufaturados mais alta do que nas exportações. Usando um valor que não salário adicionado por empre gado, como medida de utilização intensiva de capital, os cálculos das ponderações revelaram que as atividades com petitivas de importações eram cerca de 15.7% mais intensivas em capital do que as exportações. Ao mesmo tempo, entretanto, a análise demonstrou que as manufaturas industriais brasileiras incluiam um nível de capital intensivo de cerca de 10.9% mais alto do que a média industrial nacio nal. O fenôm eno é discutido em (T yler, 1970).
  2. A divisão mais ampla entre a utilização de trabalho especializado nas importações e exportações, observadas a partir do uso de dados de trabalho espe cializado dos EU A , parece ser devida à desagregação maior existente nos dados americanos. Com os dados brasileiros, o problema de com posição de produtos é mais sério devido ao nível de agregação m aior.

T A B E L A I

CO M PO SIÇÃ O D O C O M É R C IO B R A S IL E IR O D E M A N U F A T U R A D O Sa E I N D IC A D O R E S D A IN T E N S ID A D E D E E SP E C IA L IZ A Ç Ã O D E T R A B A L H O

M i/M %

X j /X %

índice da esp ec.b Si*

M édia do Salário Anualc Cr$ 1000

Minerais não-m etálicos 1.52 (^) 4 .4 1 5.12 2. Metalúrgica (^) 1 4 .8 9 # 19.86 6 .8 6 3 .9 0 Mecânica 2 3 .5 4 17.32 9.62 4 .8 0 E lét. e equip, similares 9.52 3 .3 2 9.21 4 .2 2 Equip, de transporte (^) 11.04 2 .1 6 8 .3 8 5. Lenha e madeira (^) 0 .0 6 7.63 7 .0 0 1.9 4 Mobiliário 0.0 1 (^) .28 7.41 2 .6 5 Papel e prods, congêneres 2.75 .04 5.62 3 .4 1 Borracha (^) 0 .1 8 .43 7.44 4.0 1 Couro (^) 0 .0 6 3 .4 7 7.88 2 .5 8 Produtos químicos 21.95 (^) 10.04 9.61 (^) 4.9 1 Prods, farmacêuticos 1.27 1.17 15.30 5. Perfumes, sabonetes etc. 0 .5 5 3 .5 9 8.61 4 .1 3 Plásticos 2 .1 4 (^) .26 9 .8 0 3 .0 5 Têxteis 1 .6 8 6 .7 6 6.53 2. Vestuário e calçados (^) 0 .1 7 .39 5 .2 0 2 .3 0 Alim, e prods, similares 2.73 (^) 16.75 9 .5 9 2 .4 9 Bebidas 0 .5 1 .42 6 .8 8 3 .2 8 Fumo (^) 0 .0 1 .4 4 6.82 3 .3 6 Gráfica e publicação 0 .8 2 .05 (^) 7.67 4 .1 4 Diversos

NOTAS:

a) são apresentados dados de comércio para 1968. E stão incluídos nos m a nufaturados, produtos das Classes V, VI, V II e V III da Classificação C o mercial Brasileira (N B M ) mais diversos itens das Classes II e IV. b) o índice de especialização foi (S ^ ) calculado a partir de dados do Censo Industrial, como sendo uma relação de trabalhadores especializados para trabalhadores não especializados e é expresso em termos porcentuais. Foram utilizados dados dos cinco Estados industriais mais importantes — São Paulo, Guanabara, M inas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. c) os salários médios anuais por empregado são de 1968.

FO NTES:

As fontes incluem SEE F, Com ércio E xterior do B rasil; IB G E , Censo Industrial de I960, e outros dados não publicados, gentilmente colocados à disposição pelo IB G E.

As comparações internacionais usadas para testar as hipóteses

(B) e (C) utilizam os dados de Keesing e são apresentadas nas tabe

las II e III. A hipótese (B) parece ser confirmada pe1^ tabela II,

onde o índice de trabalho especializado incorporado às importações de

manufaturados no Brasil é consideravelmente superior ao de todos os

outros países com os quais foi comparado, exceção feita ao Japão. O

Brasil economiza seu trabalho especializado relativamente escasso, im

portando produtos relativamente intensivos em trabalho especializado.

Por outro lado, a tabela III e a hipótese (F) apresentam um

enigma. A composição das exportações do Brasil apresenta uma utili

zação intensiva de trabalho especializado, semelhante à dos países alta

mente desenvolvidos, classificando-se entre a França e a Áustria.

Para um país com uma renda “per capita” baixa como o Brasil, suas

exportações de manufaturados parecem utilizar trabalho especializado

intensivamente, colocando-se consideravelmente fora da linha de regres

são estimada.

T A B E L A III

EU A D E 1960, P A R A 46 IN D Ú S T R IA S M A N U F A T U R E IR A S a PO R C LA SSE D E E SP E C IA L IZ A Ç Ã O P A R A A P R O D U Ç Ã O D E E X P O R TAÇÕ ES D E 15 P A ÍSE S, U SA N D O C O M B IN A Ç Õ E S D E T R A B A L H O D O S EU A D E 1960, P A R A 46 IN D Ú S T R IA S M A N U F A T U R E IR A S

I II III IV V VI V II V III índice

Estados Unidos S .02^ 2 .8 9^ 2 .7 4 4 .8 5^ 8 .3 8^ 14.96^ 15.73^ 45.42^. Suécia 3 .5 3 2 .3 4 2.23^ 4.41 8.92^ 18.87^ 13.73 4 5.96. Alemanha 3 .8 9 2 .4 8 2.33 4 .6 9 8 .4 4 15.84 14.54 4 7 .7 9. Reino Unido 3 .7 7 2 .2 9 2.3 6 4 .7 9 7.20 15.01 14.91 4 9 .6 8. Suíça 3 .5 0 2 .3 9 2 .1 8 5.2 9 7.76 12.66 15.65 50.56. Canadá 4 .1 7 2.33 2.43 4 .7 6 5 .3 9 16.45 14.70 4 9.76 467 Holanda 3.62 2 .3 9 2.31 4 .6 3 5 .0 4 15.62^ 14.50 51.87. França 3 .1 5 1.92 2.15 4 .5 8 5.28 15.55 14.14 53.24. Brasil 3 .2 5 2 .0 4 2.11 4 .8 6 3.81 15.35 13.84 54.70. Áustria 2.76 1.76 1.91 4 .1 5^ 5.71^ 15.97^ 12.87^ 54.87^. Bélgica (^) 2.83 1.71 1.98 3 .8 6 (^) 4 .6 7 17.35 12.75 54.85. Itália 2.75 1.75 1.97 4 .3 3 4 .3 2 12.78 13.24 58.86^. Japão 2 .4 8 1.66 1.78 3 .9 6 4 .5 6 15.15 12.04 58.38. índia (^) 0 .7 1 0 .5 8 1.06 (^) 3 .4 7 1.33 11.13 9.62 72.09. H ong K ong (^) 0 .6 9 0 .4 9 1.13 3 .7 5 (^) 1 .34 8 .4 8 10.39 73.73.

Voltando novamente ao modelo apresentado acima, que se re

fere ao desenvolvimento dos recursos humanos, à intensidade de

trabalho especializado nas exportações e à renda “per capita”, a

posição do Brasil toma-se ainda mais paradoxal. Conforme se de

monstra no modelo, se um país tivesse uma renda “per capita” su

perior à prevista, dado um certo nível de desenvolvimento de re

cursos humanos, seguir-se-ia que a intensidade de trabalho espe

cializado incorporado a suas exportações de produtos manufaturados

seria menor do que se o nível previsto fora aquele nível de renda

“per capita” Nos termos do modelo, o ponto G é consistente com

o ponto F Da mesma forma, um país rico em recursos humanos

em relação ao seu nível de renda “per capita”, deveria apresentar

uma intensidade maior de trabalho especializado nas exportações

do que o previsto pela “cross-section” internacional. Entretanto,

observou-se que o nível de desenvolvimento de recursos humanos

do Brasil é menor do que o previsto pela “cross-section” interna

cional. De acordo com a análise feita por Harbison e Myers

(1964), o Brasil está consideravelmente fora da linha de regressão

entre o PNB “per capita” e um índice composto do desenvolvi

mento de recursos humanos. Conforme o modelo, a posição do

Brasil está num ponto acilma e à direita da linha desenhada no

quadrante I. Por outro lado, a utilização intensiva de trabalho es

pecializado nas exportações é significativamente mais alta do que o

nível previsto por sua renda “per capita” Colocando as posições

no gráfico, verifica-se que o Brasil ocupa pontos mutuamente in-

consilstentes, como os representados pelos pontos G e E. Dito por

outras palavras, isto significa que o desenvolvimento dos recursos

humanos do Brasil é inconsistente com a utilização intensiva de tra

balho especializado observada, incorporada nas exportações de seus

produtos manufaturados. À luz da aparente escassez de recursos

de trabalho qualificado, os resultados da comparação internacional

da utilização intensiva de trabalho especializado nas exportações

parece tornar o paradoxo mais completo. O fracasso da hipótese

(C) derivada de Heckscher-Ohlin, a ser confirmada por dados

brasileiros,, será sujeito a verificação mais adiante.

Os resultados da análise de regressão por “cross-section” para

testar esta hipótese, são apresentadas na tabela IV As necessida

des de trabalho industrial especializado foram usadas numa tentati

va de explicar diversas variáveis dependentes do comércio. Em

todos os casos, os R2 são tão baixos que precisamos procurar em

outra parte os determinantes da composição do comércio brasileiro.

Além disso, os níveis de significância estatística são muito baixos.

Mesmo assim um exame dos sinais e coeficientes lança alguma luz

sobre a hipótese a testar.

Para se examinar a hipótese (D ) utiliza-se análise de regres

são e um teste não paramétrico. Conforme pode ser visto na equa

ção de regressão (1) da tabela IV, e no coeficiente de Spearman

correspondente, há um grande ajustamento entre as importações lí

quidas industriais expressas sob forma de porcentagem do total do

comércio de produtos manufaturados e as especializações do traba

lho. Deve-se notar que este ajustamento demonstra o alto grau de

correlação existente.

A hipótese (E ) é confirmada pelas equações de regressão

(2) e (3) Em (2) fez-se a regressão entre a composição da

porcentagem de importações e o índice de especialização de traba

lho calculado a partir de dados americanos, enquanto em (3) se

utilizou o índice de especialização com base nos dados brasile:ros.

A disponibilidade dos dados da produção industrial brasi'eira de

1968 para as 21 indústrias permitiu relacionar a composição do

comércio com a estrutura indusfrial interna. A partir daí, as va

riáveis dependentes em (3) e (5) foram ajustadas para levarem

em consideração a composição do produto brasileiro

O coeficiente negativo previsto da hipótese (F) não é apre

sentado em (4) e (5) Esta falha de (F), se verificada, coincidiu

e é consistente com a não confirmação paradoxal da hipótese (C)

Assim, os resultados de (4) e (5), juntamente com o fracasso obser

vado em (C), a ser verificadoi, não são imediatamente cons stentes

com Heckscher-Ohlin. Se o Brasil tem relativa falta de disponibi

lidades de traba^o especializado então porque exporta produtos in

dustriais que incorporam níveis relativamente altos de traba’ho es

pecializado escasso?

Parte da explicação deste paradoxo está na hipótese (G),

relativa ao destino das exportações dos produtos manufaturados do

Brasil. Em 1968 as exportações para os países da ALALC, para

os países desenvolvidos e para todos os países menos desenvolvidos,

respondiam por 37. 5%, 58. 8% e 42. 2%, respectivamente, do to

tal das exportações industriais brasileiras. Embora haja falta de re

cursos de trabalho especializado no Brasil, com relação aos países

desenvolvidos, sua posição frente a frente com os países da ALALC

e outros países menos desenvolvidosi, pode ser opos'a devido ao

amplo, moderno e altamente diversificado setor industrial do Brasil.

  1. Este procedimento foi im possível devido à incompatibilidade da clas sificação industrial dos EU A e do Brasil. Um a variável dependente ainda me7hor especificada teria relacionado as exportações de m anufaturados bra sileiros por indústrias ccm o comércio mundial total daqueles produtos in dustriais. Lim itações eslatísticas, infelizmente, impediram a utilização de tal m edida.

Disparidades Regionais da Renda Brasileira

Na medida em que as disparidades regionais de renda no Bra

sil são maiores do que as de outros países13, torna-se justificável

examinar a renda “per capita” regional (juntamente com as dispo

nibilidades de trabalho especializado) e o padrão regional da produ

ção de manufaturados para a exportação. Embora sua renda “per

capita” (cerca de US$ 320 em 1968) classifique o Brasil como

país menos desenvolvido, os dados agregados enganam. Em 1968

os Estados da Guanabara e São Paulo, com rendas “per capita”

de cerca US$ 833 e US$ 600 possuiam níveis de renda iguais a al

guns países desenvolvidos14. Juntos, estes dois Estados respondem por

mais de dois terços da produção industrial do Brasil, em 1968. Foi

estimado que sua participação no total de exportações de produtos

manufaturados foi, a grosso modo, o mesmo (Tyler, 1969, p. 51)

Ajustando as disparidades de rendas regionais por intermédio da

origem geográfica da produção industrial e das exportações do

Brasil, a utilização intensiva de trabalho especializado incorporado

nas exportações de produtos manufaturados do Brasil aparece mais

próximo daquele previsto pelo critério da renda. Em termos do

modelo apresentado na figura I, a posição do Brasil desloca-se,

digamos, do ponto E para o ponto E’ O Brasil entretanto, ainda

permanece abaixo da linha de regressão estimada

  1. O fato das disparidades regionais de renda no Brasil serem maiores do que a de outros países listados na tabela III, é algo que precisa ser adm itido. Se realmente esta suposição é correta, naturalmente é uma ques tão que pode ser demonstrada em piricamente. Porém, algumas verificações em píricas revelam que a hipótese parece ser razoável. N os Estados Unidos, o Estado mais rico tem uma renda “per capita” duas vezes maior do que a do Estado mais pobre, enquanto no Brasil, o diferencial correspondente é de quase nove vezes.
  2. As estim ativas da renda per capita” estadual foram baseadas nos dados de renda nacional da Fundação Getúlio Vargas e em estim ativas de po pulação existentes no Anuário E statístico, 1969, do IB G E. As conversões do dólar foram feitas pelos índices do câmbio o fid a l. Em 1963, a renda “per capita” no Japão era de US$ 631; na Itália U S$ 841, e na Áustria U S$ 949. Os números do P N B “per capita” foram obtidos de — N ações Unidas, A nuá rio de Contas Nacionais 1967 (N o v a York, N ações Unidas, 1968) pp. 828-31.
  3. Por razões semelhantes poder-se-ia também considerar a relação entre disponibilidade de trabalho especializado e renda “per capita” (quadrante I, do m odelo) à luz das disparidades regionais de renda. Se forem feitos ajus tes para o desenvolvim ento de recursos humanos, de acordo com as diferentes regiões no Brasil, pode-se encontrar uma redução nos desvios da linha de regressão estim ada no estudo de Harbison e M yers. Isto serviria para expli car a inconsistência que foi observada.

CONTEÚDO DE RECURSOS NATURAIS

É evidente que o Brasil obtém vantagens comparativas em vá

rias de suas exportações de manufaturados devido às disponibilida

des de recursos naturais. As exportações brasileiras de certos pro

dutos químicos, por exemplo, u ilizam intensivamente recursos na

turais, mas também necessitam de grandes quantidades de capital e

trabalho especializado para se processarem. Um exame da relação

entre as exportações e o trabalho especializado precisaria ser ajus

tado pela participação de recursos naturais. Para fazer este ajuste,

foram eliminadas arbitrariamente da “cross-section” diversas indús

trias, que se pensou derivarem sua vantagem competitiva de seus

altos níveis de utilização intensiva de recursos naturais16 Na aná

lise de regressão, a variável dependente tomou-se, assim, a partici

pação das exportações de cada uma das indústrias remanescentes,

baseadas em recursos não naturais e expressas como o total das

exportações daquelas indústrias. Ajustando-se de acordo com a par

ticipação de recurso natural, a equação de regressão (12), na

tabela IV indicou o coeficiente negativo previsto na hipótese (F)

As equações de regressão (13), (14) e (15) combinam o

ajuste dos recursos naturais com os ajustes feitos de acordo com o

destino do mercado. Existe uma associação negativa para as ex-

por.ações industriais de recursos não naturais (NNRX’s) para paí

ses desenvolvidos, enquanto o relacionamento é positivo para ex

portações semelhantes destinadas à ALALC e a todos os países

menos desenvolvidos. Estes resultados são consistentes com Heck-

scher-Ohün.

Eficiência Relativa Entre Indústrias Brasileiras

O desenvolvimento, industrial brasileiro originou uma ampla ga

ma de níveis de eficiência dentro do setor industrial. Além disso,

a experiência bem suced:‘da da transferência de tecnologia e da

adaptação de técnicas às condições do meio local apresentaram gran

des diferenças. Diferenças na eficiência relativa intema podem criar

diferenças nos custos comparativos, derrubando o pressuposto que

países com baixos salários necessariamente produzirão bens que uti

lizam intensivamente trabalho mais barato. Se as atividades manu-

fatoras de trabalho especiaUzado e capital intensivo mostrarem ser

  1. Com a utilização dos coeficienies de especialização americanos, 10 das 46 indústrias foram postas de lado. Eram elas as de borracha, algumas quí micas, produtos de madeira diversos, papel e papelão, coui^o, produtos de couro, produtos de papel, produtos de madeira, refinação de petróleo e fum o.