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O CÓDIGO DA VINCI DAN BROWN, Resumos de Fotografia

Título Original: THE DA VINCI CODE (c) 2003 Dan Brown. Acabou de imprimir-se em Abril de 2004. Formatação, conversão em PDF e Montagem de Arte da Capa: Edu.

Tipologia: Resumos

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Pernambuco
Pernambuco 🇧🇷

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O CÓDIGO DA VINCI
DAN BROWN
A Bertrand edita O Código da Vinci, um impressionante êxito
mundial em que Dan Brown se revela um gênio criativo não só a
nível do suspense mas também da própria complexidade do enredo.
O Código Da Vinci é uma obra simultaneamente vertiginosa, inte-
ligente e intricadamente recheada de elementos científicos e de
pormenores inesperados. Das primeiras páginas à imprevisível e
surpreendente conclusão, Dan Brown, autor de outros best-sellers,
prova ser um exímio contador de histórias.
Harvard Robert Langdon, conceituado simbologista, está em
Paris para fazer uma palestra quando recebe uma notícia inespera-
da: o velho curador do Louvre foi encontrado morto no museu, e
um código indecifrável encontrado junto do cadáver.
Na tentativa de decifrar o estranho código, Langdon e uma do-
tada criptologista francesa, Sophie Neveu, descobrem, estupefatos,
uma série de pistas inscritas nas obras de Leonardo da Vinci, que o
pintor engenhosamente disfarçou.
Tudo se complica quando Langdon descobre uma surpreendente
ligação: o falecido curador estava envolvido com o Priorado de Si-
ão, uma sociedade secreta a que tinham pertencido Sir Isaac New-
ton, Botticelli, Victor Hugo e Da Vinci, entre outros.
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O CÓDIGO DA VINCI

DAN BROWN

A Bertrand edita O Código da Vinci, um impressionante êxito mundial em que Dan Brown se revela um gênio criativo não só a nível do suspense mas também da própria complexidade do enredo. O Código Da Vinci é uma obra simultaneamente vertiginosa, inte- ligente e intricadamente recheada de elementos científicos e de pormenores inesperados. Das primeiras páginas à imprevisível e surpreendente conclusão, Dan Brown, autor de outros best-sellers, prova ser um exímio contador de histórias. Harvard Robert Langdon, conceituado simbologista, está em Paris para fazer uma palestra quando recebe uma notícia inespera- da: o velho curador do Louvre foi encontrado morto no museu, e um código indecifrável encontrado junto do cadáver. Na tentativa de decifrar o estranho código, Langdon e uma do- tada criptologista francesa, Sophie Neveu, descobrem, estupefatos, uma série de pistas inscritas nas obras de Leonardo da Vinci, que o pintor engenhosamente disfarçou. Tudo se complica quando Langdon descobre uma surpreendente ligação: o falecido curador estava envolvido com o Priorado de Si- ão, uma sociedade secreta a que tinham pertencido Sir Isaac New- ton, Botticelli, Victor Hugo e Da Vinci, entre outros.

O CÓDIGO DA VINCI

2.a Edição Tradução de MÁRIO DIAS CORREIA BERTRAND EDITORA Chiado 2004 Título Original: THE DA VINCI CODE (c) 2003 Dan Brown Acabou de imprimir-se em Abril de 2004 Formatação, conversão em PDF e Montagem de Arte da Capa: Edu Lopes Julho de 2004 Software: Open Office – Source Free

Margie Watchel, André Vernet, Ken Kelleher da Anchorball Web Media, Cara Sottak, Karyn Popham, Esther Sung, Míriam Abra- mowitz, William Tunstall-Pedoe e Griffin Wooden Brown. E finalmente, num romance tão intimamente ligado ao sagrado feminino, seria imperdoável não referir as duas mulheres extraor- dinárias que tocaram a minha vida. A minha mãe, Connie Brown – colega de escrita, educadora, música e figura modelar –, e a minha mulher, Blythe – historiadora de arte, pintora, editora de primeira linha e, sem a mínima dúvida, a mulher mais espantosamente talen- tosa que alguma vez conheci.

FATO:

O Priorado de Sião.

Sociedade secreta europeia fundada em 1099, é uma organiza- ção real. Em 1975, a Bibliothèque National de Paris descobriu um conjunto de pergaminhos, conhecidos como Les Dossiers Secrets, que identificam numerosos membros do Priorado de Sião, incluin- do Sir Isaac Newton, Botticelli, Victor Hugo e Leonardo da Vinci. A prelatura do Vaticano conhecida como Opus Dei é uma seita católica profundamente devota que tem sido objeto de controvér- sias recentes devido a acusações de lavagem ao cérebro, coerção e práticas perigosas conhecidas como "mortificação corporal". A Opus Dei acaba de construir em Nova Iorque, no nº 243 da Lexing- ton Avenue, uma Sede Nacional que custou 47 milhões de dólares. Todas as descrições de obras de arte, edifícios, documentos e ri- tuais secretos que aparecem neste romance são exatas.

PRÓLOGO

Museu do Louvre, Paris - 22:

Jacques Saunière, o conceituado conservador, atravessou a cambalear o arco abobadado da Grande Galeria. Estendeu as mãos para o quadro mais próximo, um Caravaggio. Agarrando a moldura de madeira dourada, puxou-a para si até arrancá-la da parede, e en- tão caiu de Costas, enrodilhado debaixo da grande tela. Como sabia que aconteceria, uma pesada grade de ferro desceu com estrépito ali perto, selando a entrada da galeria. O soalho de madeira estremeceu. Muito ao longe, um alarme começou a tocar. Saunière, um homem de setenta anos, deixou-se ficar estendido por um instante, a tentar recuperar o fôlego, a avaliar a situação. Ainda estou vivo, pensou. Saiu a rastejar de baixo da tela e olhou em redor, procurando no cavernoso espaço um lugar onde escon- der-se.

  • Não se mexa – disse uma voz, arrepiantemente próxima. De gatas no chão, o conservador imobilizou-se, voltando lenta- mente a cabeça. A pouco mais de quatro metros e meio de distân- cia, do outro lado da grade descida, a agigantada silhueta do seu atacante vigiava-o através das barras de ferro. Era alto e largo, com uma pele espectralmente pálida e ralos cabelos brancos. As íris dos olhos eram rosadas, com pupilas de um vermelho-escuro. O albino tirou uma pistola do casaco e apontou-a diretamente ao conserva- dor.
  • Não devia ter fugido. – O sotaque não era fácil de identificar.
  • Agora diga-me onde é que está.
  • Já lhe disse – tartamudeou Saunière, indefeso de joelhos no chão da galeria. – Não faço idéia do que está a falar!
  • Mente. – O homem estava a olhar para ele, e a única coisa que se distinguia na grande sombra densa e imóvel era o brilho dos o- lhos fantasmagóricos. – Você e os seus irmãos possuem algo que não vos pertence.

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O conservador sentiu uma vaga de adrenalina percorrer-lhe as veias. Como é possível que ele o saiba

  • Esta noite, a custódia legítima será restaurada. Diga-me onde está escondido, e viverá. – O homem apontou a arma à cabeça do conservador. – É um segredo pelo qual esteja disposto a morrer? Saunière quase não conseguia respirar. O homem inclinou um pouco a cabeça, fazendo pontaria ao longo do cano da arma. Saunière ergueu as mãos, num gesto de defesa.
  • Espere – disse, lentamente. – vou dizer-lhe o que quer saber. – Pronunciou as palavras seguintes com muito cuidado. Tinha ensai- ado aquela mentira vezes sem conta... sempre a pedir a Deus nunca se ver na necessidade de usá-la. Quando o conservador acabou de falar, o homem sorriu, satisfeito.
  • Sim, é exatamente o que os outros me disseram. Saunière en- colheu-se.
  • Os outros?
  • Encontrei-os também – informou o homem, num tom sarcás- tico. – Aos três. Confirmaram o que acaba de dizer. Não pode ser! A verdadeira identidade do conservador, bem como as dos três senescais, era quase tão sagrada como o antigo segredo que protegiam. Saunière compreendeu que os colegas ti- nham, de acordo com a regra estritamente ordenada, contado a mesma mentira antes de morrerem. Fazia parte do protocolo. O homem voltou a apontar a arma.
  • Depois de o matar, serei eu o único a conhecer a verdade. – A verdade. Numa fração de segundo, Saunière apercebeu-se do verdadeiro horror da situação. – Se eu morrer, a verdade perder-se-á para sempre. Instintivamente, tentou encontrar um refúgio. A arma explodiu, e o conservador sentiu como se um ferro em brasa lhe trespassasse o ventre quando o projétil se lhe alojou no estômago. Caiu para a frente... lutando contra a dor. Lentamente, rolou sobre si mesmo e olhou através das grades para o seu assas- sino. O homem estava a apontar-lhe à cabeça. Saunière fechou os olhos, com os pensamentos a rodopiarem num turbilhão de medo e tristeza. O clique do percussor a bater numa câmara vazia ecoou no corredor. O conservador abriu rapi-

CAPÍTULO UM

Robert Langdon acordou lentamente. Algures na escuridão, to- cava a campainha de um telefone – um som fraco, inusitado. Pro- curou às apalpadelas o candeeiro da mesa-de-cabeceira e acendeu- o. Examinando de olhos piscos o ambiente que o rodeava, viu um luxuoso quarto estilo renascença, com mobiliário Luís XVI, afres- cos pintados à mão nas paredes e uma colossal cama de mogno de quatro colunas.

  • Onde diabo estou eu? O roupão de banho pendurado numa das colunas da cama tinha bordadas no bolso do peito as palavras: HOTEL RITZ PARIS. Pouco a pouco, o nevoeiro começou a dissipar-se. Langdon pegou no telefone.
  • Sim?
  • Monsieur Langdon? – perguntou uma voz de homem. – Espe- ro não o ter acordado? Confuso, Langdon olhou para o relógio da mesa-de-cabeceira: marcava meia-noite e trinta e dois. Tinha dormido apenas uma ho- ra, mas sentia-se mais morto do que vivo.
  • Fala o concierge, monsieur. Peço desculpa pela intrusão, mas tem uma visita. Diz que o assunto é urgente. Langdon não estava ainda bem acordado. Uma visita? Focou os olhos no pequeno panfleto que deixara amarrotado em cima da me- sa-de-cabeceira. A UNIVERSIDADE AMERICANA DE PARIS ORGULHA- SE DE APRESENTAR UM SERÃO COM ROBERT LANGDON, PROFESSOR DE SIMBOLOGIA RELIGIOSA, UNIVERSIDA- DE DE HARVARD Langdon gemeu. A conferência daquela noite – uma palestra, com projeção de diapositivos, sobre o simbolismo pagão escondido nas pedras da Catedral de Chartres – tinha muito provavelmente e- riçado o pêlo a alguns dos membros mais conservadores do públi- co. Quase de certeza, um qualquer erudito religioso seguira-o até ao hotel disposto a dar-lhe luta.
  • Lamento – disse –, mas estou muito cansado, e...
  • Mas, monsieur – insistiu o recepcionista, baixando a voz até um murmúrio carregado de urgência. – Trata-se de um homem im- portante.

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  • Senhoras e senhores – anunciara a anfitriã diante de uma casa cheia no Pavillon Dauphine da Universidade Americana de Paris –, o nosso convidado desta noite dispensa apresentações. É autor de numerosos livros: A Simbologia das Seitas Secretas, A Arte dos Il- luminati, A Linguagem Perdida dos Ideogramas, e quando digo que é mestre em iconologia religiosa, digo-o num sentido muito li- teral. Muitos dos aqui presentes usam textos seus nas aulas. Os estudantes incluídos na assistência assentiram entusiastica- mente.
  • Tinha planeado apresentá-lo esta noite dando-vos nota do seu impressionante curriculum vitae. No entanto... – olhou risonha- mente para Langdon, que ocupava uma das cadeiras colocadas no palco – um dos membros do público acaba de facultar-me uma a- presentação muito mais, digamos... intrigante. E mostrou um exemplar da Boston Magazine. Langdon encolheu-se na cadeira. Onde diabo foi ela arranjar aquilo? A anfitriã começou a ler excertos escolhidos do estúpido artigo, e Langdon deu por si a enfiar-se cada vez mais pela cadeira abaixo. Trinta segundos mais tarde, a assistência estava a sorrir e a mu- lher não dava sinais de ir parar tão cedo.
  • "E a recusa do senhor Langdon em falar publicamente sobre o seu invulgar papel no conclave do Vaticano do ano passado contri- bui sem dúvida para aumentar-lhe a pontuação no nosso "intrigÔ- metro."
  • Querem ouvir mais? – perguntou aos assistentes. A multidão aplaudiu. Façam-na parar, por favor, suplicou Langdon silenciosamente, enquanto ela voltava a mergulhar no ar- tigo:
  • "Embora o Professor Langdon possa talvez não ser considera- do do gênero "bonitão", como alguns dos nossos nomeados mais jovens, a verdade é que não lhe falta, longe disso, o chamado en- canto acadêmico. Com quarenta e poucos anos, tem uma presença cativante, realçada por uma voz de barítono invulgarmente baixa que as alunas descrevem como "chocolate para os ouvidos"." O anfiteatro inteiro explodiu numa gargalhada. Langdon forçou um sorriso contrafeito. Sabia o que vinha a se- guir – uma ridicularia qualquer a respeito de "Harrison Ford num

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terno de tweed" – e como nessa noite julgara que seria finalmente seguro voltar a usar o seu Harris de tweed e a sua Burberry de gola alta, decidiu passar à ação.

  • Obrigado, Monique – disse, pondo-se prematuramente de pé e avançando até ao pódio. – A Boston Magazine tem claramente um dom especial para a ficção. – Voltou-se para a assistência com um sorriso embaraçado. – E se descubro qual de vocês desencantou es- te artigo, vou pedir ao consulado que o mande deportar. A assistência riu-se.
  • Bem, minha gente, como todos sabem, estou aqui esta noite para falar do poder dos símbolos... O retinir da campainha do telefone voltou a quebrar o silêncio do quarto. Com um gemido de incredulidade, Langdon pegou no auscultador.
  • Sim? Como já esperava, era o recepcionista.
  • Senhor Langdon, mais uma vez as minhas desculpas. Telefo- no-lhe para o informar de que o seu visitante vai neste momento a caminho do seu quarto. Achei que seria melhor avisá-lo. Langdon ficou de repente muito acordado.
  • Mandou alguém ao meu quarto?
  • Peço desculpa, monsieur, mas um homem como... Não tenho autoridade para impedi-lo.
  • Quem é ele exatamente? O recepcionista, porém, já tinha desligado. Quase no mesmo instante, um punho pesado bateu à porta do quarto. Sem saber muito bem o que fazer, Langdon deslizou para fora da cama, sentiu os dedos dos pés afundarem-se na espessa alcatifa. Enfiou o roupão do hotel e aproximou-se da porta.
  • Quem é?
  • Senhor Langdon? Preciso de lhe falar. – O homem falava in- glês com um sotaque cerrado, numa voz seca, autoritária. – Sou o tenente Jérôme Collet. Direction Centrale Police Judiciaire. Langdon fez uma pausa. A Polícia Judiciária? A DCPJ era mais ou menos o equivalente francês do FBI americano. Sem tirar a corrente de segurança, entreabriu a porta alguns cen- tímetros. O rosto que o encarou do outro lado era estreito como um

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pletamente diferente, e no entanto, algo no cenário tinha um toque desconcertantemente familiar. O polícia consultou o relógio.

  • O meu capitaine está à espera, monsieur. Langdon mal o ouviu. Tinha os olhos presos à fotografia.
  • Este símbolo aqui, e o modo como o corpo está tão estranha- mente...
  • Posicionado? – sugeriu o polícia. Langdon assentiu, sentindo um arrepio gelado ao erguer os o- lhos.
  • Não consigo imaginar alguém capaz de fazer isto a uma pes- soa. O rosto do polícia pareceu tornar-se ainda mais sombrio.
  • Não está a compreender, senhor Langdon. Aquilo que vê nes- sa fotografia... – Fez uma pausa. – Foi monsieur Saunière que o fez a si mesmo.

CAPÍTULO DOIS

A quilômetro e meio dali, Silas, o corpulento albino, atravessou a coxear o portão de uma luxuosa mansão de arenito castanho- avermelhado situada na Rua La Bruyère. O cilício que usava em torno da coxa esquerda cortava-lhe a carne, mas apesar disso a al- ma dele cantava de satisfação por servir o Senhor. Abençoada seja a dor. Os olhos avermelhados inspecionaram o vestíbulo quando en- trou na residência. Deserta. Subiu silenciosamente as escadas, para não acordar nenhum dos outros numerários. A porta do quarto es- tava aberta: as fechaduras eram proibidas naquela casa. Entrou, fe- chando-a atrás de si. O quarto era espartano: soalho de madeira, uma cômoda de pi- nho, num canto uma lona estendida que lhe servia de cama. Estava ali de visita, naquela semana, mas havia já muitos anos que, pela graça de Deus, dispunha de um santuário semelhante em Nova Ior- que. O Senhor proporcionou-me abrigo e um objetivo na vida. Naquela noite, Silas sentia que começara, por fim, a pagar a sua dívida. Dirigindo-se rapidamente à cômoda, pegou no celular que deixara escondido na última gaveta e fez uma chamada.

  • Sim? – disse uma voz de homem.
  • Voltei, Professor.
  • Fala – ordenou a voz, com uma nota de satisfação.
  • Estão todos mortos. Os três senescais.... e o próprio Grão- Mestre. Houve uma pausa momentânea, como que para uma curta pre- ce.
  • Assumo, portanto, que tens a informação?
  • Todos disseram o mesmo. Independentemente.
  • E acreditaste neles?
  • A concordância foi demasiada para ser coincidência. Uma expiração excitada.
  • Ótimo. Tinha receado que a reputação de secretismo da ir- mandade prevalecesse.
  • A perspectiva da morte é uma motivação poderosa.
  • Diz-me então, meu discípulo, o que devo saber. Silas sabia que a informação que extorquira às suas vítimas ia constituir uma surpresa.

O Código da Vinci 19

Uma hora, disse para si mesmo, grato por o Professor lhe ter dado tempo para cumprir a necessária penitência antes de entrar na casa de Deus. Tenho de purgar a minha alma dos pecados de hoje. Os pecados que cometera naquele dia tinham sido santos no seu objetivo. Havia séculos que o direito sagrado sancionava a guerra contra os inimigos de Deus. O perdão estava garantido. Mesmo assim, Silas bem o sabia, a absolvição exigia sacrifício. Depois de fechar as portadas da janela, despiu-se completamente e ajoelhou no centro do quarto. Baixando os olhos, examinou o cruel cilício apertado à volta da coxa. Todos os verdadeiros seguidores do Caminho usavam aquele artefato – uma correia de couro eriçada de farpas metálicas que lhe trespassavam a pele, numa constante recordação dos sofrimentos de Cristo. Além disso, a dor que cau- sava ajudava também a dominar os desejos da carne. Apesar de ter já usado o seu cilício mais do que as duas horas exigidas, Silas sabia que aquele não era um dia como os outros. Pegou na ponta da correia e apertou a fivela mais um furo, estre- meceu quando as farpas se lhe cravaram ainda mais profundamente na carne. Deixando escapar lentamente o ar contido nos pulmões, saboreou o ritual purificador do seu próprio sofrimento. Abençoada seja a dor, murmurou, repetindo a manta sagrada do padre Josemaría Escrivá – o Professor dos Professores. Embora Escrivã tivesse morrido em 1975, a sua sabedoria perdurava, as su- as palavras continuavam a ser murmuradas por milhares de fiéis em todo o mundo enquanto ajoelhavam no chão e cumpriam a sa- grada pratica conhecida como "mortificação corporal". Silas voltou a sua atenção para a corda cheia de nós cuidadosa- mente enrolada no chão a seu lado. A Disciplina. Os nós estavam cobertos de sangue seco. Ansiando os efeitos depuradores da sua própria agonia, murmurou uma rápida oração. Então, pegando nu- ma ponta da corda, fechou os olhos e fê-la rodopiar com força por cima do ombro, sentindo os nós baterem-lhe nas costas. Continuou a flagelar-se, golpeando a pele, uma e outra vez. Castigo corpus meum. Finalmente, sentiu o sangue começar a correr.