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Uma análise historiográfica da representação da guerra do vietnã no cinema, enfatizando a importância da construção de redes de significado e da mobilização da memória na discussão política da guerra. O autor aborda como o cinema discute a política externa norte-americana e o papel dos filmes na formação da memória coletiva dos estados unidos.
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Tipologia: Provas
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Dissertação apresentada como requisito para a obtenção do grau de Mestre em História pela Universidade Federal Fluminense. Área de Concentração: História Social. Linha de Pesquisa: História Cultural.
Orientadora: Prof.ª Drª Ana Maria Mauad
Niterói 2004
Muitos são os nomes que tenho que lembrar que, de uma maneira ou de outra, contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho, seja com uma palavra de carinho, seja com uma sugestão, seja com o simples fato de estarem ali ao seu lado, como amigos e “torcida” especial. Àqueles que eu não mencionar peço desculpas, vocês não foram esquecidos; simplesmente o espaço não permitiria tantas homenagens, e portanto opto pelos grandes destaques. Em primeiro lugar, agradeço a todos os meus caríssimos amigos pelos seus incentivos e pela sua alegria e companheirismo durante esses anos de luta. Em especial quero agradecer ao Ricardo, pelo entusiasmo e pela constante troca de idéias sobre os nossos temas de estudo. Ao Eduardo, pelas dicas e pela força. Ao Ângelo, pelo grande estímulo ao progresso da minha vida acadêmica. Aos meus companheiros de residência, Paulo, Roberto e meu querido irmão Ricardo, pelas conversas que estimulavam as idéias, mesmo fazendo mais barulho do que eu desejava nas horas de estudo. Aos meus companheiros de banda, Alexandre, Marcelo e Fábio, pela paciência com minha falta aos ensaios. Não posso deixar de mencionar o meu companheiro de pós-graduação e grupo de estudo Alexandre Valim, pelas sempre ótimas sugestões, tiradas como eternas cartas da manga, e pela sua empolgação com a atividade acadêmica. Minha gratidão se estende também ao Professor Ciro Cardoso, pelas valiosas indicações bibliográficas e conselhos. Ao Professor Paulo Knauss, por suas sugestões importantes ao enriquecimento do tema. Ao Professor Sidnei Munhoz, pelas dicas, bibliografias, conhecimento vasto sobre o problema da Guerra Fria e sua simplicidade mesmo sendo um expert. E claro, agradeço à Professora Ana Mauad pela orientação e capacidade de me ajudar a pôr ordem no caos, organizar as idéias e manter a calma, e pela paciência com meus deslizes. Agradeço a minha sogra Miraci por ser minha “segunda mãe”.
“My film is not a movie; it’s not about Vietnam. It is Vietnam.It’s what it was really like; it was crazy. The way we made it was very much like the way the Americans were in Vietnam. We were in the jungle, there were too many of us, we had access to too much money, too much equipment; and little by little, we went insane.” Francis Ford Coppola
Dissertação apresentada como requisito para a obtenção do grau de Mestre em História pela Universidade Federal Fluminense. Área de Concentração: História Social. Linha de Pesquisa: História Cultural.
Orientadora: Prof.ª Drª Ana Maria Mauad
Aprovada em 30 de Março de 2004.
BANCA EXAMINADORA
Profª Drª Ana Maria Mauad (Orientadora) – Universidade Federal Fluminense
Prof. Dr. Paulo Knauss de Mendonça – Universidade Federal Fluminense
Prof. Dr. Sidnei Munhoz – Universidade Estadual de Maringá
Niterói 2004
Mesquita, Luciano Pires A “Guerra do Pós-Guerra: O Cinema Norte-Americano e a Guerra do Vietnã/ Luciano Pires Mesquita. Niterói: [s.n.], 2004. 119 f., 30 cm Bibliografia – páginas 73- Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal Fluminense, 2004.
The Vietnam War had a significant impact in the United States, function of the enormous material losses and human beings suffered in the combats, and put in quarrel in U.S.A., during and mainly after the war, the actions of the North American government in its interventions in the international scene, and its reasons, justifications, objectives and consequences. This quarrel occurred, amongst other spaces, in the cultural production, special in the media and of sufficiently excellent form through the cinema. This work has as objective to investigate, from the analysis of the North American cinematographic production on the Vietnam War, of that it forms the films had argued the actions of the North American external politics during the Cold War and as the cinema if it became a place of construction of the social memory of the conflict for the North Americans. This analysis will be given through two important produced North American films on the Vietnam War: Apocalypse Now (1979) and Platoon (1986).
No dia trinta do mês de abril de 1975 a cidade de Saigon no sul do Vietnã era ocupada por tropas do Vietnã do Norte, apoiados por guerrilheiros do sul, os chamados Vietcong. Enquanto entravam na cidade, funcionários e civis eram evacuados da embaixada dos Estados Unidos pelo telhado, com o auxílio de helicópteros. Estes episódios ficariam registrados, imortalizados por fotografia e por filme, transmitidos aos telejornais estadunidenses para um público entre chocado e aterrorizado. Naquele mês, os vietnamitas, após cerca de trinta anos de combates – primeiro contra os franceses e depois contra os Estados Unidos – encerravam “oficialmente” a Guerra do Vietnã, e com seu fim alcançavam o objetivo que políticos, militares e populares perseguiram por tanto tempo e a um preço na maior parte do tempo alto: o Vietnã se tornava a partir de então um país unificado, sem as divisões artificiais em norte e sul, com o nome de República Democrática do Vietnã e com um modelo político que seguia a orientação comunista. Dois anos antes, em 1973, o grosso das tropas dos Estados Unidos havia se retirado do sudeste asiático deixando ao governo do Vietnã do Sul a tarefa de defender por conta própria o enclave dos ataques do norte comunista e da guerrilha, ainda que mantivessem o apoio a seus “clientes”. Depois de praticamente dez anos de envio de tropas, bombardeios e massacres os norte-americanos realizaram com grande dificuldade a auto-imposta tarefa de “conter a ameaça comunista” na Ásia, chegando no início dos anos de 1970 apenas a um impasse que custou a vida de milhares de jovens norte-americanos e de milhões de vietnamitas nos dois lados envolvidos. O impasse, afinal, soava mais como uma derrota, ainda mais acentuada pelo triunfo comunista em 1975, e a busca de uma “paz com honra”, que figurava no discurso do governo dos Estados Unidos nos anos iniciais da década de 1970, pareceu muito mais desonrosa aos olhos de muitos, dadas as circunstâncias em que a guerra foi lutada. Terminado o envolvimento dos Estados Unidos naquela guerra o país começou a engajar-se, gradualmente, numa nova e longa guerra, não envolvendo o emprego de meios
1.1 A Guerra do Vietnã e a Cultura da Mídia O conflito do Vietnã, em sua fase norte-americana, coincidiu com o desenvolvimento dos meios audiovisuais de comunicação, com destaque para a televisão. Pode-se dizer que foi a primeira guerra amplamente televisionada, e a relativa liberdade de acesso de jornalistas ao teatro de operações muitas vezes acompanhando patrulhas e pelotões em missões de combate nas selvas vietnamitas, permitiu uma grande documentação filmada que, via de regra, chegava ao público nos EUA no noticiário noturno, quando não ao vivo (mais comum nos últimos anos da guerra). Isso trouxe duas conseqüências importantes: primeiro, a presença da mídia influiu de maneira significativa na maneira como o público via o conflito enquanto ele ocorria e, durante o período de colapso das medidas para sua solução, no começo da década de 1970, teve um papel importante no crescimento da oposição da opinião pública à guerra, ainda que não se possa dizer que isso tenha sido o fator mais decisivo.^2 Em segundo lugar isso tornou a mídia, a imagem, pontos de partida de onde a memória social da guerra foi construída. Assim a mídia, ou de maneira abrangente, a cultura da mídia, torna-se o espaço onde a memória dos eventos é elaborada e reelaborada, onde as concepções de história, política e ideologia são discutidas, criticadas ou legitimadas. Além disso, os produtos da mídia (televisão, jornal, cinema etc.) são parte fundamental do processo de formação da memória coletiva dos acontecimentos: lembrar-se de um acontecimento torna-se não conseqüência da experiência “real”, mas grandemente determinado pela lembrança do que foi visto e ouvido através dos meios de comunicação de massa, algo que foi chamado de memória “protética”, ou seja, a substituição, com a mesma força, da vivência direta do acontecimento pela experiência sensorial proporcionada pela mídia.^3 A abordagem desse trabalho, ao utilizar o cinema como fonte para enfocar o debate sobre a guerra do Vietnã, parte do princípio acima explicitado do importante papel da mídia na sociedade contemporânea. Entende, também, que a análise da guerra do Vietnã pelo cinema deve determinar de que forma essa expressão cultural atinge uma dimensão política
(^2) Hallin, Daniel C. The “Uncensored War” – The Media and Vietnam. Berkeley, University of California Press, 1986. (211-215) 3 Burgoyne, Robert. A Nação do Filme. Brasília, Editora da UnB, 2002. (páginas 145-147)
significativa no contexto histórico de sua produção, ou seja, da inserção do cinema na cultura política no momento de sua produção. Isso só pode ser verificado através da análise da importância do cinema no debate sobre a guerra e de que forma e quando esse campo da cultura se torna relevante na discussão nos Estados Unidos a respeito do Vietnã. Para isso, dentro dos diversos temas que são debatidos em torno da questão da guerra do Vietnã, escolhi analisar como os filmes discutem o papel dos Estados Unidos no mundo através de sua política externa, por duas razões: no meio acadêmico, esse é o campo onde surgem grandes controvérsias, em especial no que diz respeito ao período após a Segunda Guerra Mundial com a Guerra Fria, que tem no Vietnã um caso emblemático para o entendimento das políticas norte-americanas no plano internacional. Em segundo lugar, uma vez que a guerra do Vietnã pode ser entendida como um divisor de águas na história dos Estados Unidos quanto às suas concepções políticas, militares e diplomáticas, o tema emerge em atualidade para o entendimento da história recente dos Estados Unidos e para a comparação com o momento atual no que tange às diferenças existentes entre a política externa daquele país hoje e no período da guerra no sudeste asiático. Dessa forma, enfocarei a guerra do Vietnã no cinema através da forma como ele discute a política externa norte-americana por dois caminhos: através da construção nos filmes das redes de significação da guerra e pela forma como são mobilizados os elementos da memória do conflito para a discussão do tema na tela.
1.2 Um Panorama do Cinema Sobre a Guerra do Vietnã Uma pesquisa inicial foi feita sobre a filmografia norte-americana sobre a Guerra do Vietnã, para explicitar quando e como, no universo da indústria cinematográfica dos EUA, este tema emergiu considerado de interesse para ser filmado, traçando as relações existentes com as demandas políticas e culturais do contexto em que tais filmes foram produzidos. A primeira tarefa foi fazer um levantamento dessa produção cinematográfica, 4 apontando, cronologicamente, quando surgem lançamentos dos filmes, destacando, assim, os períodos de maior ocorrência. O período verificado cobre os anos do conflito,
(^4) Ver o levantamento no Anexo 1, página 77.
Guerra Mundial, respectivamente), representaram críticas à intervenção norte-americana e as abordagens mais agressivas do militarismo e da política externa.^5 Passado o já mencionado momento após o fim da guerra de “silêncio” generalizado nos Estados Unidos no que dizia respeito ao Vietnã, o tema logo volta à baila no fim da década de 1970 e aparece de diversas maneiras na produção cultural. Aqui, o cinema passa a produzir filmes que, ao contrário dos filmes do período da intervenção, debatiam frontalmente o tema. Podemos destacar filmes como The Deer Hunter (O Franco Atirador), Coming Home (Amargo Regresso) e Apocalypse Now. Geralmente os filmes desse período têm como característica apostar na idéia da vitimização dos que se envolveram numa guerra mal conduzida, explorando o drama do veterano de guerra como um desajustado social. A década seguinte, de 1980, vê aumentar o número de produções cinematográficas sobre a guerra, que acompanham o aumento das discussões, nos meios políticos e acadêmicos, que revisitavam o tema. Foi um período marcado nos Estados Unidos pelo grande interesse no passado principalmente através do que se pode chamar de formas “não- oficiais” de rememoração, em que além dos filmes e dos programas televisivos destacam-se o surgimento dos parques “temáticos” históricos, dos monumentos alusivos a eventos do passado (o monumento aos mortos no Vietnã em Washington é emblemático do caso), das referências ao passado na formas de comunicação de massa como a música popular e a publicidade.^6 Investigando que tipo de produção cinematográfica prevaleceu neste período, percebe-se que grande parte dos filmes se relaciona com uma visão mais conservadora sobre o conflito, e que nos anos de 1980 se tornaria a versão oficial sobre a guerra do Vietnã, com a ascensão de Ronald Reagan à presidência.^7 O curioso é que boa parte destes filmes tem seus roteiros ambientados num tempo após a guerra, e trabalham com a idéia de um retorno ao campo de ação para resolver “negócios inacabados”.^8 Esse argumento se relaciona com o problema dos cerca de 2.500 desaparecidos em ação que, segundo se especulava, ainda estariam presos em campos de concentração (ao menos uma parte deles) e por essa razão deveriam ser organizadas missões de resgate. Tais
(^5) Kellner, Douglas. “ Por um Estudo Cultural, Multicultural e Multiperspectívico”. In: _______. A Cultura da Mídia. 6 Bauru, EDUSC, 1998. 7 Burgoyne, Robert.^ A Nação do Filme.^ Brasília, Editora da UnB, 2002. (páginas 15-16) (^8) Idem, Ibidem. Kellner,^ op. cit, página 154.
roteiros, com poucas variações se repetem várias vezes, e seus mais famosos representantes são Uncommon Valor (De Volta Para o Inferno), e duas trilogias: Missing in Action, cujo papel principal era encarnado por Chuck Norris, e a seqüência de filmes Rambo , com Sylvester Stallone como personagem-título, em especial os dois primeiros filmes, o primeiro focando as dificuldades de adaptação à vida civil de um veterano de guerra e a discriminação infligida pela sociedade e o segundo explorando o tema do resgate de prisioneiros. Estes filmes na verdade tentavam “resgatar” o orgulho patriótico estadunidense e a imagem positiva do seu poderio militar, redimindo um passado recente e duro que pesava sobre a memória nacional através da reabilitação da imagem do veterano como herói. Além disso, endossavam a crítica conservadora às decisões tomadas pelo governo que levaram ao fim da intervenção norte-americana e às visões liberais do problema do Vietnã, vistas como covardes, derrotistas, argumentando que o uso da força e o intervencionismo não deveriam ter sido contidos. Sob outro ponto de vista surgem importantes filmes que discutiam a guerra em si, sua brutalidade e sua inutilidade, apresentando uma visão do conflito como um grande erro, que trouxera a tragédia para as vidas da geração de jovens que nele se envolveu. Essas produções, reconstruindo a memória sobre a guerra fazem, assim, sua denúncia. Como exemplos deste caso cito filmes como Platoon, Full Metal Jacket (Nascido para Matar), Born on The Fourth of July (Nascido em 4 de Julho), Casualties of War (Pecados de Guerra), entre outros. Ainda que o número de produções tenha reduzido na década de 1990, o tema do Vietnã permaneceu importante, embora tendo que dividir espaços com filmes que enfocavam outras questões, destacadamente a revalorização do tema da Segunda Guerra Mundial e as visões sobre outros “inimigos” norte-americanos, como os árabes e o terrorismo, na esteira do encerramento da Guerra Fria e da rivalidade com a então extinta URSS.
1.3 O Cinema como Fonte Para o Estudo da Guerra do Vietnã Um problema de grande importância consiste em definir que ângulos de abordagem utilizar a fim de compreender os filmes sobre a guerra do Vietnã e otimizar o seu valor
Para além do problema de uma excessiva liberdade na adaptação de acontecimentos históricos na grande tela, é necessário especificar a que “verdades” tais filmes fazem referência. Acredito que uma análise dos filmes da Guerra do Vietnã, assim como de outros filmes históricos, deve levar em consideração as imprecisões, o caráter datado ou obsolescência de tais filmes. Em outras palavras, considero insuficiente nas análises de filmes supervalorizar a questão da representação precisa da verdade sobre o acontecimento filmado. Isto porque partilho da visão do filme como um produto cultural inscrito num dado contexto sociocultural e que, portanto, constrói sua representação do acontecimento histórico a partir dos referentes de seu tempo; o filme, não só o histórico, agrega “um conjunto de representações que remetem direta ou indiretamente ao período e à sociedade em que a obra cinematográfica surgiu”.^11 Isso significa que a análise de filmes só será completa se o historiador perceber, nas configurações do texto fílmico, as referências às questões e demandas do período em que foi produzido; tal é, aliás, a mais rica possibilidade do uso do filme como fonte histórica. Outro aspecto a considerar, e que afasta a análise ainda mais de uma idéia de que o filme histórico legítimo deve conter o acontecimento de forma precisamente “verdadeira”, é o caráter seletivo da representação fílmica, e que corresponde ao ponto de vista em que se baseia a abordagem do tema da película:
Os filmes operam necessariamente eleições daquilo que mostram ou omitem, do que detectam ou minimizam, de como expõem as coisas; organizam os elementos entre si, recortam tanto no real como no imaginário de cada época, constroem um mundo ficcional cujas relações com o mundo real existem, mas são complexas, em nada diretas. O filme pode trazer inscrito em si mesmo a intenção (...) de ser uma afirmação ou, ao contrário, uma rejeição do mundo e da sociedade em que nasceu (...), um ponto de vista sobre certos aspectos desse mundo, dessa sociedade... 12
(^11) Cardoso, Ciro Flamarion. “Análisis Semiótico de Películas: Un Método Para Historiadores”. In: Ensayos. San José, Editorial de La Universidad de Costa Rica, ________, página 62. 12 “Las películas operan necesariamente elecciones de lo que muestran u omiten, de lo que subrayan o minimizan, de cómo exponen las cosas; organizan los elementos entre sí, recortan en lo real tanto como en el
Utilizar o cinema como fonte para estudar a questão da política externa norte- americana e a inserção imperialista dos Estados Unidos no mundo implica estudar as representações do problema contidas nos filmes. Entender o filme como representação implica percebê-lo não como um mero reflexo do contexto em que foi produzido, mas como um veículo que constrói e apresenta seus códigos da realidade através dos elementos da cultura da qual faz parte, por meio de sistemas de significação próprios. Dessa maneira, pode-se dizer que o filme analisa, renova e reproduz a cultura em que está inscrito e ao mesmo tempo é produzido por essa cultura.^13 Isso equivale a dizer que uma análise do cinema mais próxima do melhor deve privilegiar as relações entre o filme pensado como um texto e o contexto de sua produção. Na leitura do filme do Vietnã como um texto se buscaria, assim, determinar as relações existentes entre os filmes sobre a guerra e o ambiente cultural em que foram produzidos, com destaque especial às suas relações com o debate político nos Estados Unidos que tentava dar conta dos significados da guerra para aquele país. Nesse esforço de análise, não pode ser esquecido o relevante papel da ideologia que circunscreve e permeia os textos fílmicos e seus contextos de produção. Essa ideologia passa pelas disputas entre os diferentes grupos políticos norte-americanos, dos liberais aos conservadores, da direita à esquerda, em torno do projeto de nação americana como potência internacional e seu papel e influência nos destinos do mundo, que com relação ao conflito do Vietnã significa construir uma leitura de seu “legado”. Significa favorecer determinadas leituras em detrimento de outras, do maior patrimônio político da guerra após o seu final: a memória. Assim, a leitura dos filmes como fontes, como documentos , implica pensá-los também como monumentos , elementos que trabalham com a memória da guerra a fim de acentuar o que deve ser mobilizado como lembrança pela sociedade, ao mesmo tempo omitindo ou desprezando outros pontos de vista. Isso quer dizer que na análise dos filmes em geral e dos filmes sobre a guerra do Vietnã não podemos nos ater ao caráter meramente
imaginario de cada época, construyen un mundo ficcional cuyas relaciones con el mundo real existen, pero son complejas, para nada directas. La película puede traer inscrita en sí misma la intención (…) de ser una afirmación o, por el contrario, un rechazo del mundo y de la sociedad en que nació (…) un punto de vista sobre 13 ciertos aspectos de ese mundo, de esa sociedad…” In: Idem, página 63. Turner, Graeme. “Cinema, Cultura e Ideologia”. In: _________. Cinema como Prática Social. São Paulo, Summus Editorial, 1997. (páginas 128-129)