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O banho no leito em contexto de internamento hospitalar ..., Notas de aula de Enfermagem

o banho no leito fornecido por enfermeiros foi motivo de reflexão deste estudo. ... pessoa idosa é ainda visto de modo predominante como suporte material da ...

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Amazonas
Amazonas 🇧🇷

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Não perca as partes importantes!

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O BANHO NO LEITO EM CONTEXTO DE INTERNAMENTO
HOSPITALAR.
VIVÊNCIAS DE PESSOAS IDOSAS
SUSANA ISABEL AGUIAR MARTINS
Dissertação de Mestrado em Ciências de Enfermagem
2009
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O BANHO NO LEITO EM CONTEXTO DE INTERNAMENTO

HOSPITALAR.

VIVÊNCIAS DE PESSOAS IDOSAS

SUSANA ISABEL AGUIAR MARTINS

Dissertação de Mestrado em Ciências de Enfermagem

IV

AGRADECIMENTOS

Se alguém gosta de ensinar Esse alguém sabe partilhar E fá-lo com amor e carinho Arminda Costa deu-nos coragem Fez-nos ver que a Enfermagem Ainda é um longo caminho

Com vontade de vencer Sem podermos esquecer O apoio familiar Com devoção e firmeza Levaremos com certeza Alegria a muito lar

V

“Todo o trabalho é vazio excepto onde há amor. E o que é trabalhar com amor? É pôr em todas as coisas que fazeis Um sopro do vosso espírito” Khalil Gibran

VII

RESUMO

Associado à evidência de que a população mundial se encontra envelhecida surge uma maior prevalência de doenças crónicas. Os idosos, regra geral, tornam-se dependentes da equipe de enfermagem para a satisfação de várias actividades, entre elas, o banho no leito, o qual, se por um lado propicia um contacto mais íntimo com o utente, por outro, despoleta uma gama de sentimentos positivos e negativos como consequência da exposição do corpo nu. Neste sentido, perceber como vivencia o idoso o banho no leito fornecido por enfermeiros foi motivo de reflexão deste estudo.

Os objectivos do estudo são:

 Compreender como vivencia a pessoa idosa o estar dependente e necessitar que lhe dêem banho;  Perceber como vivencia a pessoa idosa a sua intimidade;  Compreender como experiencia a pessoa idosa o toque do enfermeiro no seu corpo durante o banho;  Perceber como vivencia a pessoa idosa o desnudamento do corpo no banho;  Compreender como se sente a pessoa idosa cuidada pelos enfermeiros durante o banho. A opção metodológica do estudo situou-se no paradigma construtivista com recurso à abordagem fenomenológica.

O estudo foi realizado nos serviços Medicina I e II do Hospital de Santo espírito de Angra do Heroísmo a uma amostragem de 12 (doze) participantes.

No processo de recolha de dados seleccionámos a entrevista semi-estruturada e no tratamento dos dados utilizámos a análise de conteúdo.

Os resultados deste estudo apontam no sentido de que a vivência da intimidade da pessoa idosa no banho sofre influência da condição de género do cuidador, bem como, da experiência profissional do enfermeiro, do autocuidado no banho e dos modos de protecção da privacidade utilizados pelos enfermeiros. A maioria dos idosos não se encontra preparada para o contacto físico que o banho no leito implica e alguns nem mesmo o admitem. Neste sentido, os idosos revelam sobretudo uma gama de sentimentos negativos acompanhados de manifestações físicas genuínas quando o seu corpo nu é exposto no banho.

VIII

ABSTRACT

Related to the evidence that the worldwide population is mostly aged arises a bigger prevalence of chronic diseases. The elderly became dependent of the nursing team to satisfy some of their activities, such as the bed bath, which on the one hand provides an intimate contact with the patient, by the other one evokes several kinds of positive and negative feelings as a consequence of the exposure of the naked body. That’s why to comprehend how do elderly deal with bed bath given by a nurse was the motive of the reflexion of this study.

The aims of this study are:

  • To understand how do elderly people deal with the fact of being dependent of someone to give them bath;
  • To comprehend how do elderly people live their intimacy;
  • To recognize how do elderly experience the touch of the nurse on their body during the bath;
  • To understand how do elderly deal with the nakedness of the body during the bath;
  • To comprehend how do elderly feel about being take care by nurses during the bath.

The methodological option of the study was situated on the constructivist paradigm with resources to the phenomenological approach.

The study was performed on the services of Medicine I and II of the Hospital de Santo Espírito de Angra do Heroísmo to a sample of twelve participants.

In the process of collecting data we selected the semi-structured interview and in the data treatment we used the analysis of the content.

The results of this study show that the existence of the intimacy of the elderly people in the bath it’s influenced by the condition of gender of the caregiver, as well as by the professional experience of the nurse, of the self-care in the bath and of the means of protection of the privacy used by nurses. The majority of elderly isn’t prepared to the physic contact that the bed bath involves and some of them don’t admit it at all. That’s why elderly mainly revel negative feelings follow up by genuine physical manifestations when their naked body is exposed in the bath.

X

XIII

INDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura da População idosa inactiva, segundo o sexo, Portugal 2001. Inquérito ao emprego ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 34 Figura 2 - Proporção da população idosa (65 + anos), 1960-2050 ---------------------------------------- 39 Figura 3 - Pirâmide etária, Portugal, 1991 e 2001 -------------------------------------------------------------- 39 Figura 4 – Arquipélago dos Açores -------------------------------------------------------------------------------- 41 Figura 6 – Sentir-se nu durante o banho: vivências das pessoas idosas------------------------------- 160 Figura 7 – Ser cuidado na nudez: questões de género ----------------------------------------------------- 169 Figura 8 – Manifestações da pessoa idosa durante o banho no leito ----------------------------------- 179 Figura 9 – Modos de protecção da privacidade da pessoa idosa pelos enfermeiros ---------------- 183 Figura 10 – Prestação do banho pelos enfermeiros: vivências das pessoas idosas ---------------- 190 Figura 11 – O banho: validação das preferências do idoso ------------------------------------------------ 196 Figura 12 – O banho no leito em contexto de internamento hospitalar. Vivências de pessoas idosas ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 211

XIV

  • 0 – INTRODUÇÃO INDICE
  • PARTE I – DO ENVELHECER AO SER IDOSO E NECESSITAR DE CUIDADOS
  • CAPÍTULO I – ENVELHECIMENTO, DEPENDÊNCIA E HOSPITALIZAÇÃO
  • 1- CONCEITO DE ENVELHECIMENTO - 1.1- MODOS DE OLHAR O ENVELHECIMENTO - 1.1.1- Envelhecimento biológico - 1.1.2- Envelhecimento neuropsicológico - 1.1.3- Envelhecimento social
  • 2 – O IDOSO E A DEPENDÊNCIA
  • 3 – O IDOSO E A HOSPITALIZAÇÃO
  • CAPÍTULO II – CORPO E ENVELHECIMENTO
  • 1 – CORPO E CORPOREIDADE - 1.1 – O CORPO ENVELHECIDO........................................................................................... - 1.2 – O CORPO DOENTE - 1.3 – O CORPO DESNUDADO - 1.4- O CORPO NO DOMÍNIO DOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM
  • CAPÍTULO III – DO CUIDAR NA INTIMIDADE À INTIMIDADE NO CUIDAR
    • CUIDAR A INTIMIDADE DO UTENTE 1 – O CUIDAR NA INTIMIDADE: ESTRATÉGIAS UTILIZADAS PELO ENFERMEIRO NO
      • 1.1 – CUIDADOS DE HIGIENE: O BANHO NO LEITO
      • 1.2 – O PUDOR....................................................................................................................
  • 2- A PRESENÇA DOS SENTIDOS NO CUIDAR A INTIMIDADE - 2.1- O OLHAR - 2.2- A ESCUTA - 2.3 - O TOQUE..................................................................................................................... - 2.4 – O OLFACTO................................................................................................................
  • PARTE II – O PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO
  • 1 – PROBLEMÁTICA E OBJECTIVOS: QUESTÕES ORIENTADORAS
  • 2- OPÇÃO METODOLÓGICA - 2.1- TIPO DE ESTUDO - 2.2 - PARTICIPANTES E AMOSTRAGEM - 2.3 – CONTEXTO DO ESTUDO - 2.4 – PROCESSO DE COLHEITA DE DADOS - 2.5 - CONSIDERAÇÕES ÉTICAS NO TRABALHO DE CAMPO - 2.6 – PROCEDIMENTOS NA ANÁLISE DE DADOS
  • PARTE III – BANHO NO LEITO: DO SENTIR-SE NU AO SER DESNUDADO XI
  • 0- APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
  • 1- VIVER E SENTIR-SE DEPENDENTE
  • 2- SENTIR-SE NU DURANTE O BANHO: VIVÊNCIAS DAS PESSOAS IDOSAS - 2.1- PAPEL DAS EXPERIÊNCIAS JÁ VIVIDAS............................................................................... - 2.2- SER CUIDADO NA NUDEZ: QUESTÕES DE GÉNERO - 2.4 - SENTIMENTOS DAS PESSOAS IDOSAS FACE À NUDEZ DURANTE O BANHO - 2.5 - MANIFESTAÇÕES DA PESSOA IDOSA DURANTE O BANHO - 2.6 - O BANHO COMO PROMOÇÃO DA AUTONOMIA DO IDOSO
  • 3- O MOMENTO DO BANHO: INTERFERÊNCIAS E VIVÊNCIAS - 3.1- MODOS DE PROTECÇÃO DA PRIVACIDADE DA PESSOA IDOSA PELOS ENFERMEIROS - 3.2- INVASÃO DA PRIVACIDADE DA PESSOA IDOSA
  • 4- PRESTAÇÃO DO BANHO PELOS ENFERMEIROS: VIVÊNCIAS DAS PESSOAS IDOSAS - 4.1- COMO LIDAM OS IDOSOS COM OS PROCEDIMENTOS DO BANHO - 4.2- O SENTIMENTO DE RESPEITO - 4.3- APELO DOS IDOSOS À MELHORIA DAS CONDIÇÕES LOGÍSTICAS - 4.4- INSTRUMENTOS UTILIZADOS NO BANHO: SUA INTERPRETAÇÃO PELOS IDOSOS
  • 5- VIVÊNCIAS DE COMUNICAÇÃO ENFERMEIRO/PESSOA IDOSA DURANTE O BANHO - 5.1- O BANHO: VALIDAÇÃO DAS PREFERÊNCIAS DO DOENTE - 5.2- O BANHO: SENTIMENTOS NEGATIVOS VERBALIZADOS PELOS IDOSOS - 5.3- VIVÊNCIAS DO HUMOR DURANTE O BANHO - 6.1- SENTIMENTOS VERBALIZADOS SOBRE A UTILIZAÇÃO DE LUVAS NO BANHO - 6.2- SENTIMENTOS VERBALIZADOS SOBRE A REALIZAÇÃO DA MASSAGEM
  • 7- SENTIMENTOS DA PESSOA IDOSA FACE AO ENFERMEIRO DURANTE O BANHO
  • PARTE IV – CONCLUSÕES E SUGESTÕES
  • 1- CONCLUSÕES E SUGESTÕES
  • 2 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
    • ANEXOS
      • ANEXO I
      • HEROÍSMO PARA OBSERVAÇÃO DO BANHO NO LEITO PEDIDO AO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO HOSPITAL DE SANTO ESPÍRITO DE ANGRA DO
      • ANEXO II
      • OBSERVAÇÃO DO BANHO NO LEITO........................................................................................... AUTORIZAÇÃO CONCEDIDA PELO HOSPITAL DE SANTO ESPÍRITO DE ANGRA DO HEROÍSMO PARA
      • ANEXO III
      • SANTO ESPÍRITO DE ANGRA DO HEROÍSMO PEDIDO PARA REALIZAÇÃO DE ENTREVISTAS AO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO HOSPITAL DE
      • ANEXO IV.............................................................................................................................
  • HEROÍSMO – REALIZAÇÃO DE ENTREVISTAS.............................................................................. RESPOSTA DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO HOSPITAL DE SANTO ESPÍRITO DE ANGRA DO
  • ANEXO V
  • CONSENTIMENTO INFORMADO
  • ANEXO VI
  • GUIÃO DE ENTREVISTA
  • ANEXO VII
  • TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA
  • ANEXO VIII
  • MATRIZ GLOBAL DE CODIFICAÇÃO DE DADOS
  • ANEXO IX
  • ESPÍRITO DE ANGRA DO HEROÍSMO PEDIDO DE DADOS ESTATÍSTICOS AO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO HOSPITAL DE SANTO
  • Tabela 1 - Pessoas com idade > 65 anos R.A.A. --------------------------------------------------------------- INDICE DE TABELAS
  • Tabela 2 - Estimativas da população com > 65 anos (1991-1997) -----------------------------------------
  • Tabela 3 - Pessoas com idade > 65 anos - Censos 2001 ----------------------------------------------------
  • Tabela 4 - Índice de envelhecimento ------------------------------------------------------------------------------
  • Tabela 5 - Índice de dependência dos idosos (2006) ----------------------------------------------------------
  • Tabela 6 - Caracterização dos participantes do estudo -----------------------------------------------------
  • Tabela 7 - Movimento do internamento nos serviços Medicina - 2008 ----------------------------------
  • Tabela 8 - Distribuição de doentes saídos > 65 anos - 2008 ----------------------------------------------
  • Tabela 9 – Síntese das categorias e subcategorias que emergiram da análise ----------------------
  • Tabela 10 – Sentimentos das pessoas idosas face à nudez durante o banho ------------------------
  • Tabela 11 – Invasão da privacidade da pessoa idosa -------------------------------------------------------

O banho no leito em contexto de internamento hospitalar. Vivências de pessoas idosas

16

0 – INTRODUÇÃO

A sociedade actual caracteriza-se pelo envelhecimento demográfico, em consequência do aumento dos níveis de esperança média de vida e do declínio da natalidade (Instituto nacional de estatística [INE], 2002). Os progressos da medicina e a melhoria das condições socioeconómicas contribuíram para o aumento da longevidade da população, à qual se associa uma maior prevalência de doenças crónicas e dependência nas actividades de vida diária (Sequeira, 2007). Os idosos, regra geral, apresentam perda de autonomia, encontram-se muitas vezes acamados, com patologias múltiplas, necessitando de internamentos cada vez mais exigentes em cuidados (Pereira, Ducla-Soares e Abecasis, 2002) e dependendo da equipa de enfermagem, para suprir várias necessidades.

Em contexto de internamento hospitalar, a privacidade do utente reside no próprio enfermeiro que, em consequência da dependência, expõe invariavelmente a intimidade do utente. De acordo com Pupulim e Sawada (2005), a enfermagem é a profissão que mais expõe, toca e manuseia o corpo do indivíduo durante o internamento. Este constante envolvimento do enfermeiro nos aspectos mais íntimos da vida das pessoas despoleta uma atenção significativa pela compreensão da dimensão do corpo, veículo de encontro e alvo de cuidados. Este fenómeno, insuficientemente estudado tem de ser compreendido pelos enfermeiros, na medida em que preservar o respeito pela intimidade do utente é um imperativo ético no estabelecer de uma qualquer relação terapêutica de confiança.

Os cuidados de higiene são o momento propício para o estabelecimento de um contacto mais íntimo com o doente, cujo corpo desnudado fica exposto aos olhos dos profissionais, sentindo-se desprotegido e com manifestações e expressões físicas e emocionais mais genuínas. Perceber como vivencia a pessoa idosa o momento do banho no leito fornecido por enfermeiros foi, desde sempre, motivo de reflexão, tendo vindo a determinar a selecção do tema deste estudo, pois como sugerem Polit, Beck e Hungler (2004), a génese de um problema de investigação resulta de uma situação incompreendida, inquietante ou perturbadora para o investigador. Adoptou-se a experiência da pessoa idosa pois, de acordo com De La Cuesta (1997), diversos autores e investigadores de enfermagem defendem que a participação dos utilizadores na definição de cuidados é reveladora de referentes essenciais para a construção do

O banho no leito em contexto de internamento hospitalar. Vivências de pessoas idosas

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processo de cuidados. Carvalhais (2007) também é da opinião que os usuários devem ter cada vez mais um papel activo na melhoria da qualidade dos cuidados.

Para Quivy e Campenhoudt (1998:44), a melhor maneira de começar um trabalho de investigação “consiste em esforçar-se por enunciar o projecto sob a forma de uma pergunta de partida” que advém de outras que consideramos orientadoras. Através dela, “o investigador tenta exprimir o mais exactamente possível aquilo que procura saber, elucidar, compreender melhor” (ibidem, p.32). Sendo assim, definiram-se as seguintes perguntas de investigação:

 Compreender como vivencia a pessoa idosa o estar dependente e necessitar que lhe dêem banho;  Perceber como vivencia a pessoa idosa a sua intimidade;  Compreender como experiencia a pessoa idosa o toque do enfermeiro no seu corpo durante o banho;  Perceber como vivencia a pessoa idosa o desnudamento do corpo no banho;  Compreender como se sente a pessoa idosa cuidada pelos enfermeiros durante o banho.

A pergunta de partida do estudo é:

Como vivem as pessoas idosas dependentes a sua intimidade durante o banho no leito realizado por um enfermeiro?

O banho no leito, segundo Ogasawara (1989), “é muito mais que um procedimento básico de enfermagem, é uma necessidade humana essencial para pessoas que precisam de repouso absoluto, ou cuja mobilidade/locomoção estejam afectadas” ( in Dias et al , s/d). Deste modo, a relevância prática deste estudo assenta, principalmente, na melhoria dos cuidados de enfermagem prestados à pessoa idosa, nomeadamente, no momento do banho no leito, promovendo a preservação da sua privacidade e intimidade. Este conhecimento é essencial para que os enfermeiros possam desenvolver cuidados mais holísticos e humanizados, tendo sido elaborado um plano lógico, criado pelo investigador, com vista a obter respostas válidas às questões da investigação colocadas (Fortin, 1999).

O estudo desenvolveu-se nos serviços Medicina I e II do Hospital de Santo Espírito de Angra do Heroísmo a uma amostragem de utentes dependentes no banho. O tamanho da amostragem será determinado pelo momento em que a saturação de dados seja alcançada.

PARTE I – DO ENVELHECER AO SER IDOSO E

NECESSITAR DE CUIDADOS

O banho no leito em contexto de internamento hospitalar: Vivências de pessoas idosas

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CAPÍTULO I – ENVELHECIMENTO, DEPENDÊNCIA E HOSPITALIZAÇÃO
1- CONCEITO DE ENVELHECIMENTO

O envelhecimento da população é uma realidade inevitável, é a consequência mais visível das profundas alterações demográficas que caracterizam a segunda metade do séc. XX, estando a tornar-se um dos problemas mais importantes nas sociedades contemporâneas. Tanto os países desenvolvidos, como os países em vias de desenvolvimento, têm vindo a defrontar-se com esse problema. A população envelheceu rapidamente e o número de pessoas idosas não deixa de aumentar. Esta situação despoletou, nas últimas décadas, variadas investigações com o intuito de melhor explicar e definir o envelhecimento humano.

O envelhecimento é um fenómeno universal, mas uma realidade bem visível no nosso século. A constatação de que é universal deriva do facto de ser um processo que tem início com o nascimento, desenrola-se durante toda a fase de crescimento do indivíduo e culmina com a morte, exigindo necessariamente, aprendizagens, adaptações, participações e eventualmente necessidade de ajuda.

Da mesma forma que os Homens nascem e crescem, também envelhecem e morrem. “Na sequência mesma deste princípio, a velhice também é «natural» no sentido em que subjuga todos os Homens a um único princípio de vida que faz tábua rasa das idiossincrasias biográficas: independentemente do seu percurso de vida, os Homens envelhecem todos, tal como todos morrem” (Viegas & Gomes, 2007:61-62).

Berger e Mailloux-Poirier (1995) definem envelhecimento como um processo multifactorial que leva a uma deterioração fisiológica do organismo, sendo a característica mais evidente do mesmo, a diminuição da capacidade de adaptação do organismo face às alterações do meio ambiente. Naturalmente, que esta diminuição da capacidade de adaptação ao meio em que se vive e às agressões da vida, associada à ideia de doenças, sofrimento e morte acentua-se com o avançar da idade e com o surgimento de doenças crónicas. Na opinião de Paúl e Fonseca (2005:38) “(…) a adaptação implica a compensação de perdas através do recurso a novas estratégias de pensamento e a novas estratégias de resolução de problemas, que reflectem bem a experiência de vida de cada um”, mas, em contrapartida, e indo de encontro com Berger e Mailloux-Poirier (1995:165) “A velhice é uma «situação de crise», um ponto de viragem na existência em