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Os fundamentos da nutrição animal, com foco em conceitos básicos e aplicações práticas em zootecnia. O texto explora a importância dos nutrientes, a fisiologia digestiva dos animais, a composição dos alimentos, as necessidades nutricionais, o cálculo de rações e outros aspectos relevantes para a criação de animais. O material é apresentado de forma clara e objetiva, tornando-o útil para estudantes e profissionais da área.
Tipologia: Esquemas
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Não perca as partes importantes!
Prefácio Com a reformulação da grade curricular do curso técnico em Agricultura e Zootecnia do antigo Cefet Bambui, hoje IFMG Bambuí, ocorrida em 2008, houve a criação da disciplina de Zootecnia Geral, que aborda de forma simplificada, entre outros assuntos, o processo de nutrição e alimentação dos animais. Deparamo-nos inicialmente com a dificuldade da indicação de livros que abordassem o conteúdo de forma simples e aplicada a nível médio, pois os livros de nutrição animal nacionais foram escritos para atender ao público de nível superior. Esta obra surgiu, inicialmente, como apostila didática, no ano de 2008, partindo da necessidade de se oferecer material de boa qualidade aos alunos do 1° ano do curso técnico em Agricultura e Zootecnia, apresentando de forma simples, objetiva e aplicada os principais conceitos de nutrição e alimentação dos animais. A partir do contato com os estudantes, nesses anos, percebeu-se que o material oferecia linguagem de fácil compreensão, podendo ser utilizado também por estudantes de nível superior em início de estudo. Chamamos a atenção para o fato de o assunto ser descrito de forma simples, prática e objetiva e propomos que, para estudos avançados, sejam consultadas outras literaturas. Traz, além de informações, grande quantidade de exercícios de variada complexidade, que poderão ser resolvidos pelos alunos individualmente, em grupo ou ainda com o auxílio do professor. Agradecemos à Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica e parabenizamos pela brilhante ideia de apoiar a publicação de livros didáticos para as escolas técnicas, através da série “Novos Autores da EPT”. Agradecemos também aos alunos colaboradores, que muito ajudaram para garantir maior objetividade desta obra.
CAPÍTULO 9 - Cálculo de ração manual e via programação
1 - Introdução
1.1 - Porque nutrir os animais?
A nutrição animal é a ciência que estuda o correto fornecimento dos nutrientes às células dos animais domésticos, e tem como objetivo final transformar recursos alimentares de menor valor nutricional em alimentos para o consumo humano de melhor valor biológico, tais como carne, ovos e leite, entre outros. A nutrição dos animais representa parcela significativa do agronegócio brasileiro, tendo grande importância econômica e social. No ano de 2010, foram produzidos mais de 60 milhões de toneladas de ração, estando o Brasil em posição privilegiada no cenário mundial. Esse setor da economia representa parcela significativa do agronegócio, tendo grande importância social, já que emprega milhões de trabalhadores, diretamente ou indiretamente. Normalmente, as criações de interesse zootécnico são submetidas à ambientes diferentes do seu habitat natural, nos quais são privados de sua alimentação comum, devendo, assim, receber uma alimentação adequada e de acordo com suas necessidades para crescimento, manutenção e reprodução. Assim, nesta obra objetiva-se explorar os aspectos básicos da nutrição dos animais domésticos de interesse zootécnico, ressaltando os compostos nutrientes, fisiologia digestiva animal, processo de alimentação, composição dos alimentos, necessidades nutricionais, cálculo de ração, entre outros.
carboidratos ganham bastante importância na nutrição animal por serem a forma de fornecimento de energia de mais baixo custo. São inúmeras as funções dos carboidratos no corpo animal, podendo-se destacar o fornecimento de energia e a participação na estrutura do corpo como, por exemplo, nas membranas celulares. Conforme relatado, a forma mais barata de se fornecer energia aos animais é por meio dos carboidratos. Para animais ruminantes, as plantas forrageiras contêm grandes quantidades de carboidratos que gerarão grande aporte energético para o animal; para animais não ruminantes, alimentos como milho, sorgo e mandioca serão as principais fontes de carboidratos. Os carboidratos podem ser classificados em vários grupos: a) Monossacarídeos : São moléculas formadas por apenas uma unidade de açúcar simples, sendo geradores de energia para manutenção energética e crescimento do organismo animal. O monossacarídeo mais importante é a glicose, uma hexose formada por seis átomos de carbono, conforme pode ser visualizado na figura 01. Outros exemplos de monossacarídeos são a frutose e a galactose.
Figura 01 – Fórmula estrutural da molécula de glicose
b) Dissacarídeos : São açúcares formados por duas unidades de monossacarídeos. Os mais comuns são: Sacarose: açúcar da cana, formada por uma molécula de glicose unida a uma molécula de frutose.
Lactose: açúcar do leite, formado pela união de uma molécula de glicose e uma de galactose. Maltose: Formada por duas moléculas de glicose. c) Polissacarídeos : São carboidratos formados por várias unidades de monossacarídeos. Os polissacarídeos mais importantes são: Amido: Carboidrato de reserva das plantas. Formado por inúmeras moléculas de glicose unidas por ligações alfa, que são ligações facilmente quebradas pelas enzimas produzidas pelos animais. As enzimas produzidas reconhecem a ligação alfa e, assim, proporcionam a quebra pela hidrólise (quebra pela água). A ação das enzimas está descrita no item 3.7. O amido é o principal carboidrato encontrado em tubérculos, como mandioca, batata, etc. O amido também é encontrado em elevadas concentrações em grãos, como no milho, alimento que normalmente representa cerca de 60% das rações para suínos e aves. Celulose: Formada por moléculas de glicose, com ligações beta (β), que não são digeridas pelas enzimas produzidas pelos animais. Os animais, principalmente os ruminantes, têm toda uma flora microbiana que auxilia na digestão desses carboidratos complexos. A celulose é importante para sustentação da estrutura vegetal, estando presente na parede celular vegetal. Outros polissacarídeos não amiláceos (PNAs): É todo um grupo de polissacarídeos diferentes do amido, sendo os mais importantes:
determinados hormônios produzidos pelo organismo animal, além de fazerem parte das membranas celulares. Além do fornecimento de energia, quando se adiciona uma fonte lipídica na ração em níveis ótimos, pode-se obter alguns benefícios , como: fornecimento de ácidos graxos essenciais (linoleico, linolênico, ômegas 3 e 6); melhoria no paladar (palatabilidade) da ração; redução do desgaste de equipamentos; favorecimento do processo de peletização; melhoria na digestibilidade geral dos nutrientes, pela redução da taxa de passagem em animais não ruminantes; possibilidade do adensamento energético, ideal para a formulação de rações de alta energia, como as fornecidas para porcas, cães e gatos. Denominamos de valor extra calórico essa melhoria no valor nutricional da ração, proporcionada pela adição da fonte lipídica. Os níveis ótimos de inclusão de uma fonte lipídica variam conforme a espécie animal. Para suínos e aves, os níveis ótimos estão situados em cerca de 2-3% de inclusão. É sempre interessante fornecer uma fonte lipídica na ração, mesmo que, muitas vezes, isso irá contribuir para seu maior custo. Os lipídeos são divididos em vários grupos e entre eles o mais importante, no contexto de nutrição animal, são os triglicerídeos, que são formados por uma molécula de glicerol unida a três moléculas de ácidos graxos, que são ácidos carboxílicos (função orgânica). Os ácidos graxos podem ter tamanhos variados, normalmente com uma cadeia de 16 a 22 carbonos. Dentro dessa cadeia, pode haver ligações duplas entre os carbonos, que são chamadas de
insaturações. Quanto maior o número de insaturações, mais líquido tende a ser o lipídeo. Gorduras pastosas em temperatura ambiente têm baixa quantidade de ácidos graxos insaturados.
Figura 02 – Representação esquemáticas de ácidos graxos saturados (a) e insaturados (b). Alguns ácidos graxos são essenciais para alguns animais, destacando-se os ácidos linoléico para aves e o ácido araquidônico para gatos. Assim, esses ácidos devem ser fornecidos por meio dos lipídeos da dieta. As fontes lipídicas (óleos e gorduras) variam muito em sua composição de ácidos graxos. O óleo de soja degomado é uma fonte adequada de ácido linoléico para a maioria dos animais, sendo indicada sua inclusão nas rações em níveis ótimos. Os óleos vegetais são ricos em ácidos graxos insaturados. Já as gorduras de origem animal, principalmente a gordura bovina, são ricas em ácidos graxos saturados.
2.3 - Proteínas
As proteínas são macromoléculas orgânicas compostas de C, H, O, N, S e P, que estão associadas à constituição dos tecidos animais, como, por exemplo, pele, pêlos, chifres, músculos, etc. Essas macromoléculas são compostas por 23 diferentes aminoácidos. O que diferencia uma proteína de outra é o balanço (quantidade) de cada um dos aminoácidos que a constituem. Podemos comparar os aminoácidos como as letras de uma palavra maior
2.4 - Minerais
Os minerais são nutrientes extremamente importantes para o organismo animal, pois participam da estrutura, funcionamento celular, manutenção da pressão osmótica, transporte de substâncias, transmissão de impulsos nervosos, catalisadores de reações enzimáticas, entre outras funções. Podem ser divididos em duas grandes categorias: macrominerais e microminerais. Os macrominerais são necessários ao corpo em grandes quantidades e normalmente estão associados à estruturação e ao equilíbrio osmótico do corpo. Os macrominerais são: Cálcio: importante para a correta formação dos ossos, contração muscular, sendo encontrado em alta concentração no leite. A principal fonte de cálcio utilizada na formulação de rações para os animais é o calcário calcítico. Fósforo: importante para a formação óssea e transferência da energia gerada no processo de metabolismo. A principal fonte de fósforo utilizada na formulação de rações para animais é o fosfato bicálcico, que também fornece cálcio e disponibiliza todo o fósforo para ser utilizado pelo animal. Outra fonte de fósforo muito utilizada é a farinha de carne e ossos, que também é rica em proteína bruta. Sódio/Cloro/Potássio: importantes para manutenção do equilíbrio osmótico entre os fluidos celulares. As principais fontes para os animais são o cloreto de sódio e cloreto de potássio. Enxofre: faz parte da estrutura de algumas proteínas, sendo importante para a formação das cartilagens. Os alimentos tradicionais já contêm grande quantidade de enxofre. Caso haja
necessidade para animais ruminantes, poderá ser utilizada, como fonte, a flor de enxofre. Magnésio: importante para a formação óssea. A principal fonte para as rações animais é o sulfato de magnésio. Os microminerais são exigidos em pequenas quantidades pelo animal, normalmente em mg/kg (ou ppm) ou em μg/kg (ou ppb). Na fabricação das rações animais, os microminerais são normalmente adicionados sob a forma de pré-mistura mineral (premix mineral), que é uma mistura de fontes microminerais que contêm níveis adequados dos principais microminerais para cada espécie animal. A quantidade de premix a ser adicionada na ração é indicada pelo fabricante e está descrita na embalagem do produto. Normalmente são utilizados níveis de 0,1; 0,2 ou 0,5% da ração. As fontes microminerais também podem ser parte integrante de um sal mineral. Se adicionados corretamente, dificilmente será observada carência de microminerais nos animais. Os microminerais mais importantes são: Ferro: faz parte da hemoglobina presente no sangue (60 a 70% do total de ferro no organismo), sendo essencial para o transporte de oxigênio. A principal fonte na alimentação animal é o sulfato ferroso (O ferro +2^ tem alta solubilidade). Selênio: protege a célula, tendo função antioxidante. A principal fonte inorgânica é o selenito de sódio. Atualmente encontra-se no mercado fontes orgânicas de selênio que são mais biodisponíveis para utilização pelo animal. Cobre: importante para o metabolismo celular. A principal fonte utilizada é o sulfato de cobre. Manganês: necessário para o desenvolvimento ósseo, além de agir como ativador de algumas enzimas. A principal fonte é o sulfato de manganês.
algumas reações ocorram. Pode-se dividir as vitaminas em dois grandes grupos: as lipossolúveis e as hidrossolúveis. As vitaminas lipossolúveis são: Vitamina A: presente em vários processos metabólicos dos organismos, entre os quais a reprodução, visão e ação protetora na pele e mucosa. Vitamina D: necessária para o eficiente metabolismo de cálcio e fósforo. A maior parte dos animais produz a substância precursora da vitamina D, sendo essa convertida a partir da luz. Vitamina E: possui ação antioxidante, protegendo a célula contra as ações dos radicais livres. Vitamina K: participa do processo de coagulação sanguínea. Já as vitaminas hidrossolúveis são: Vitamina C: antioxidante, trabalha em conjunto com a vitamina E e selênio. Vitaminas do complexo B: são várias vitaminas que, em geral, participam do metabolismo celular. Para fabricar uma ração, utiliza-se premix vitamínico que contém as quantidades necessárias de vitaminas para a espécie animal. Grandes fábricas podem fabricar seu próprio premix. Caso a ração seja formulada de maneira adequada, dificilmente serão observadas carências de vitaminas nos animais. Existem também no mercado vários suplementos vitamínicos para as diversas categorias animais, sendo esses fornecidos diretamente pela boca ou até mesmo injetáveis. É muito comum utilizar um só premix para fornecimento das vitaminas e minerais. O nível de inclusão é determinado pelo fabricante desse suplemento.
2.6 - Água
Muitas vezes esquecida, na classificação de nutriente, a água é essencial à vida e pode ser considerada como um dos nutrientes mais críticos na nutrição animal. A privação da água para o animal é mais grave do que a falta de carboidratos, proteínas ou outros nutrientes. É considerada solvente universal, por dissolver grande parte das substâncias, além de participar de todas as reações químicas que ocorrem no organismo, pois as substâncias estão solubilizadas nela. Tendo em vista as muitas funções que exerce, a água pode ser considerada o nutriente essencial mais importante para os animais. A água é o maior constituinte do corpo, e a manutenção estável de sua quantidade é rigidamente controlada nos mamíferos e aves. Além de garantir o meio aquoso necessário para ocorrência das reações químicas, a água participa do processo de termorregulação (controle da temperatura, pois recebe grande quantidade de calor e não deixa a temperatura do corpo aumentar), participa do equilíbrio ácido- base do organismo (controle do pH celular), é essencial para a excreção de resíduos, transporte de substâncias e nutrientes no interior do organismo. Para os animais, existem três fontes principais de água: Água de bebida: ingerida de forma direta pelos animais Água coloidal: está contida e presa nos alimentos. Uma ração possui cerca de 10% desse componente. Essa água dificilmente é utilizada pelo animal. Água metabólica: produzida pelo metabolismo celular final, sendo importante para animais hibernantes. A água deve ser fornecida à vontade aos animais, sempre numa temperatura agradável. Deve ser preferencialmente potável, sem qualquer tipo de contaminação. Caso se tenha somente água de