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Guias e Dicas
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Novo sindicalismo no brasil -fichamento, Notas de estudo de Serviço Social

ANTUNES, Ricardo. O novo sindicalismo no Brasil.

Tipologia: Notas de estudo

2015

Compartilhado em 16/04/2015

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jocelma-diiniiz-6 🇧🇷

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ANTUNES, Ricardo. O novo sindicalismo no Brasil.2ed. Pontes, SP, 1995.
AS PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO MOVIMENTO GREVISTA
A forma de ser das greves
“Os anos oitenta iniciaram-se num quadro de refluxo do movimento grevista (...). A luta
contra a superexploração do trabalho (estampada na ação contra arrocho salarial), contra
a legislação repressiva que regulava a ação sindical, contra o sindicalismo atrelado,
configurou ao movimento desencadeado no ABC paulista uma ação econômica de clara
significação política. Era o emergir do trabalho na cena social e política (...) introduzida
a então designada “nova política salarial”, que objetivava conter e refluir o movimento
reivindicatório.” (P.12-13).
“(...) É necessário ressaltar que a maior ocorrência de greves na indústria foi, entretanto,
suplantada pelo maior número de jornadas não trabalhadas junto aos assalariados
médios, onde as greves têm sido marcadas por maior longevidade, além de abrangerem
um amplo leque (...)” (P.14)
“Uma experiência importante deu-se durante a campanha salarial dos metalúrgicos do
ABC paulista, em abril de 1985, a chamada Operação Vaca Brava, que tinha como eixo
a luta pela redução da jornada de trabalho, em redução salarial.(...) Esse movimento
desencadeava uma ação que era imprevisível para o patronato variando de empresa para
empresa(...)” (P. 14).
“(...) o contingente do funcionalismo público foi responsável pela perda de 46 milhões
de jornadas de trabalho (...) Nesta década ocorreram também greves gerais por
categoria, que tiveram enorme importância(...)” (P.15).
“Outra categoria que realizou greves nacionais foi a dos professores universitários do
ensino público superior que através da Associação Nacional dos Docentes do Ensino
Superior (ANDES), paralisaram por diversas oportunidades as atividades docentes,
como foi o caso da greve de aproximadamente um mês, que atingiu cerca de 45 mil
trabalhadores, entre docentes e funcionários das universidades federais(...)”( P.16)
“Os anos oitenta marcaram, também, o ressurgimento das greves gerais que procuravam
assumir dimensão nacional, experiência intentada nos anos sessenta e que ressurgiu em
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ANTUNES, Ricardo. O novo sindicalismo no Brasil .2ed. Pontes, SP, 1995.

AS PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DO MOVIMENTO GREVISTA

A forma de ser das greves

“Os anos oitenta iniciaram-se num quadro de refluxo do movimento grevista (...). A luta contra a superexploração do trabalho (estampada na ação contra arrocho salarial), contra a legislação repressiva que regulava a ação sindical, contra o sindicalismo atrelado, configurou ao movimento desencadeado no ABC paulista uma ação econômica de clara significação política. Era o emergir do trabalho na cena social e política (...) introduzida a então designada “nova política salarial”, que objetivava conter e refluir o movimento reivindicatório.” (P.12-13).

“(...) É necessário ressaltar que a maior ocorrência de greves na indústria foi, entretanto, suplantada pelo maior número de jornadas não trabalhadas junto aos assalariados médios, onde as greves têm sido marcadas por maior longevidade, além de abrangerem um amplo leque (...)” (P.14)

“Uma experiência importante deu-se durante a campanha salarial dos metalúrgicos do ABC paulista, em abril de 1985, a chamada Operação Vaca Brava, que tinha como eixo a luta pela redução da jornada de trabalho, em redução salarial.(...) Esse movimento desencadeava uma ação que era imprevisível para o patronato variando de empresa para empresa(...)” (P. 14).

“(...) o contingente do funcionalismo público foi responsável pela perda de 46 milhões de jornadas de trabalho (...) Nesta década ocorreram também greves gerais por categoria, que tiveram enorme importância(...)” (P.15).

“Outra categoria que realizou greves nacionais foi a dos professores universitários do ensino público superior que através da Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior (ANDES), paralisaram por diversas oportunidades as atividades docentes, como foi o caso da greve de aproximadamente um mês, que atingiu cerca de 45 mil trabalhadores, entre docentes e funcionários das universidades federais(...)”( P.16)

“Os anos oitenta marcaram, também, o ressurgimento das greves gerais que procuravam assumir dimensão nacional, experiência intentada nos anos sessenta e que ressurgiu em

varias oportunidades ainda que muito distintas na abrangência e efetividade das mesmas(...)” (P.16)

“No dia 20 de agosto de 1987, a CUT e a CGT convocaram nova greve geral, ocorrendo uma paralisação pouco expressiva, que contou com um contingente grevista bastante inferior a greve geral(...)” (P.17).

E, recuperando-se do fracasso de 1987, nos dias 14 e 15 de março de 1989 novagreve geral foi convocada, exigindo reposição das perdas(que o plano Cruzado ao Plano Verão somavam entre 41 e 49%) e objetivando uma política econômica favorável para os trabalhadores.”(P17).

As greves com ocupação de fábricas

“Neste registro das principais tendências grevistas ocorridas nos anos oitenta vale uma menção às greves com ocupação de fábricas, que contaram com uma ação mais ofensiva dos trabalhadores(...). A greve tinha como reivindicação básica a obtenção de 40 horas semanais de trabalho, uma vez que sua jornada atingia, para trabalhadores horistas, até 60 horas de trabalho(...)”. (P.17)

“As ações tornaram-se mais intensas e agudas, sendo que os trabalhadores resistiram à invasão policial. Quando esta se efetivou, cerca de quatrocentos operários que ocupava a fábrica armaram-se com objetos vários para se defenderem do massacre policial.(...) a greve continuava fora da fábrica. Houve intensa mobilização dos parentes dos operários durante a greve.(...)”(P.18).

“Houve, anteriormente, outro momento importante de manifestação desta forma de luta, onde a ação dos trabalhadores novamente esteve presente de maneira aguda: a greve- tomada da fábrica, (...) como resposta à ação da Ford(...) que demitiu doze operários em represália à paralisação de uma hora(...) em protesto pela condenação de Lula e demais sindicalistas cassados pela Lei de Segurança Nacional. A greve-tomada da fábrica deu- se com a ocupação da Ford pelos operários, por tempo indeterminado , exigindo o fim das demissões.” (P.18)

Os significados essenciais do movimento grevista

(...) A longevidade tem sido uma das marcas distintivas da ação grevista dos funcionários públicos e dos assalariados médios.”(P.20)

“(...) Superexploração que é expressão da intensidade extenuante do trabalho, do incremento da produtividade, acrescido ainda de um prolongamento da sua jornada, síntese das formas relativa e absoluta de extração do sobre-trabalho.”(P.23) “(...) Sabe-se, desde de Marx, que a luta sindical é uma luta contra os efeitos, mas não contra as causas do sistema de salários.(...) parte incessante das “lutas de guerrilha”, das lutas diárias, contingencias, provocadas pelos abusos do capital ou pelas flutuações do mercado. Porém, na particularidade brasileira, estas lutas ganham ainda mais essencialidade porque dizem respeito à própria possibilidade de sobrevivência do trabalhador(...)”(P.24) “(...) esta causalidade econômica, motivadora de enorme volume dentre as greves desencadeadas nesta década, é constantemente permeada de significativa e imediata dimensão política.(...)”(P.25) “Na concretude grevista dos anos oitenta, a enorme onda grevista unifica como objetivo norteador a quebra das leis do arrocho. Este elo unifica os distintos e diferentes movimentos, dando-lhes uma “força social de compulsão geral” (...) Econômica na sua forma inicial de ser, política na sua significação mais profunda (...)” (P.26) “Neste universo categorial a ação espontânea e a ação sindical não são excludentes. Uma ação espontânea pode contar ou não com o apoio do organismo sindical. Uma greve deixa de ser espontânea quando seu agir é fundado numa ação política prévia e consciente(...) uma ação, no universo da imediatidade espontânea , perde este caráter quando ela se agrega um elemento qualitativo superior no plano de sua ação, dado pela ação consciente.” (P.26) O NASCIMENTO DAS CENTRAIS SINDICAIS

A criação da Central única dos Trabalhadores

“Inúmeras foram as tentativas buscadas pelo movimento sindical brasileiro ao longo de sua secular história, no sentido de se criar uma central sindical de âmbito nacional.(...) Lutando contra uma infinidade de elementos que lhes dificultava a ação, estas tentativas não conseguiram consolidar-se, quer por dificuldade imanentes à uma classe que se buscava fazer-se nos embates cotidiano contra o capitalismo, quer especialmente pela repressão feroz da origem, como se vivenciou no inicio deste século(...)”(P.27-28)

“(...) Depois de muitos anos de resistência, e ainda sob a vigência da ditadura militar , o movimento sindical brasileiro(...) dava uma salto qualitativo importante em busca da constituição da sua central sindical.”(P.28)

“Basicamente, duas grandes tendências confluíram nesta ação: de um lado o novo sindicalismo nascente (...) atuando por dentro da estrutura sindical(...) iniciando um lento processo de mudança e transformação desta mesma estrutura sindical atrelada(...) que marcou a história sindical do país(...). Metalúrgicos, petroleiros, bancários, professores, além de inúmeros sindicatos vinculados aos trabalhadores rurais, muitas categorias aglutinaram-se em torno do novo sindicalismo .” (P.28)

“De outro lado, num trabalho árduo e persistente, nas situações mais adversas, vinham as oposições sindicais, mais refratárias à ação por dentro da estrutura sindical(...)” (P.

“(...) no universo do novo sindicalismo , encontravam-se aqueles(...) desprovidos de militância política anterior, nasciam como sindicalistas na sua ação concreta(...) aliaram-se num primeiro momento sindicalistas vinculados à esquerda tradicional, especialmente ao PCB, e até mesmo alguns segmentos vinculados ao peleguismo sindical, que buscava modernizar-se.”(P.28-29)

“No outro pólo, no universo das oposições sindicais, maior era presença de ex-militares da esquerda (...) além de um contingente expressivo oriundo da esquerda católica(...)”(P.

“(...) destas duas grandes tendências __ heterogêneas, quando contrapostas uma à outra, e muito diversas também quando examinadas na sua interioridade , uma vez que aglutinavam grupamentos vários __ que nasceu o projeto de criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT).”(P. 29)

“Papel também decisivo na criação da CUT coube ao movimento sindical rural, que vivenciou um significativo desenvolvimento nas ultimas décadas, especialmente pela ação da esquerda católica, o que conferiu ao novo sindicalismo e ao movimento das oposições sindicais a presença central do proletariado rural e dos pequenos proprietários expulsos da terra em função da concentração fundiária.(...)”(P.29)

“Sabe-se que a real independência da classe trabalhadora deve ser a mais efetiva e abrangente, tanto política frente ao Estado e aos partidos, quanto ideológica frente ao capitalismo, o que supõe, por parte da classe trabalhadora e especialmente de seus organismos de representação (...)assumiram uma postura nitidamente anticapitalista. E não é possível incorporar esta postura sem assumir o ideário e a ação socialista(...) mesmo num regime socialista, o sindicato deverá preservar, de todo modo, sua autonomia e independência (...) não poderá existir uma subordinação do primeiro em relação ao segundo(...)”(P.33)

“(...) cabe a CUT elaborar um Programa Econômico Alternativo, que tenha como eixo as classes trabalhadoras da cidade e do campo e que contemple tanto propostas imediatas de mudanças radicais no modelo econômico vigente (...) cabe a uma Central de esquerda atuar e até mesmo negociar contra a Ordem e não dentro da Ordem, levando em conta sempre os interesses centrais da classe trabalhadora” (P.34)

“(...) A Articulação Sindical, especialmente o seu pólo mais combativo, ao enfatizar a luta econômica penetra no cotidiano da classe trabalhadora, sendo um importante instrumento de ação dos trabalhadores. (...)” (P.35)

“A radicalidade do mundo do trabalho dá vida à ação da CUT. Por isso deve ser preservada e intensificada(...) para que esta Central procure obstacular os avanços das forças de direita, neo-liberais.(...) E para que se recuse fortemente também a alternativa social-democrata, que em pouco tempo a descaracteriza como Central arraigada mas aspirações cotidianas e históricas da classe trabalhadora brasileira”(P.35)

A resposta da ordem: a moderação da CGT e seus desdobramentos

“ A CGT encontra sua origem na ação da Unidade Sindical (...) emergente com o ressurgimento do novo sindicalismo e que aglutinava centralmente a esquerda tradicional(...) ligados à burocracia sindical e mesmo ao peleguismo que , com o advento do novo sindicalismo, iniciou um projeto de modernização sindical(...)” (P. 35-36)

“ A CGT reavivou, na sua origem, de maneira arquideformada, o projeto do antigo Comando Geral dos Trabalhadores(...) a esquerda tradicional buscava no velho sindicalismo, atrelado e subordinado à burocracia sindical e ao peleguismo, as bases para a sua nova ação.(...) (P.36)

“(...) a oposição à Ditadura Militar era vista como algo fundado numa postura moderada e mesmo conciliadora, ao contrário da política de confronto que pautava a ação da CUT(...) (P.37)

“(...) A corrente Sindical Classista, querendo opor-se cada vez mais à “Nova República” que ajudara a eleger(...) mantinha sua postura ambígua de adesão crítica à “Nova República”. E o sindicalismo de resultados, sob influxo do neo-liberalismo, corria por fora em busca da hegemonia(...)” (P.37)

“(...) O sindicalismo de resultados abre caminho para uma nova central que busca organizar-se sob a denominação de Força Sindical (...)Redefiniam-se assim(...) as tendências presentes no sindicalismo brasileiro(P.38)

O sindicalismo de resultados e a Força Sindical: o contra ataque do capital

“O sindicalismo de resultados nasceu, inicialmente, da confluência de duas atuações sindicais que vivenciaram trajetórias distintas que num dado momento (...)abraçam o mesmo projeto(...)” (P.38)

“A confluência da atuação destes dois líderes sindicais permitiu a formação, no Brasil, de uma nova direita no movimento sindical, distinta do velho peleguismo e perfeitamente inserida na onda neo-liberal(...)Algus dos pontos centrais do seu ideário são: reconhecimento da vitória do capitalismo e da inevitabilidade da logica do mercado; a limitação e restrição da luta sindical(...) não cabendo aos sindicatos extrapolarem este âmbito da luta; o papel da ação política cabe exclusivamente aos partidos(...) o Estado deve reduzir a sua ação, em favor de uma política privatizante(...)”(P.38)

“(...) conformaram uma feição neo-liberal e portanto burguesa, no seio do movimento sindical brasileiro(...) o que caracterizamos como sendo a nova direita no movimento sindical(...) (P.39)

“(...) A natureza da classe operária é identificada com a sua consciência contigente(...) Aquilo que é circunstancial na consciência de parcelas do operariado adquire a conformação plena de uma política mantenedora da ordem.(...)” (P.39)

“(...) além de utilizar-se de todos os elementos presentes na estrutura sindical(...) foi sempre no sentido de desestimular os confrontos, de realizar acordos individuais e isolados.(...) Este é o porquê da denominação sindicalismo de resultados(...)”(P.40)

“Sente o nosso país, diretamente, as repercussões e os impactos das mudanças tecnológicas do Primeiro Mundo. O impacto da automação da robótica, das novas técnicas de flexibilização e desregulação da produção, das novas formas de gestão da força de trabalho aqui estão presentes (...) paralelamente a esta processualidade, as nossas taxas de sindicalização, urbana e rural, aumentaram significativamente (...)” (P.

“(...) a causalidade essencial do movimento sindical (...) foi voltar-se contra os níveis intensificados de sub-remuneração da força de trabalho, cuja cotidianeidade, no mundo da produção, é marcada pela superexploração do trabalho (...)” (P.44-45) “(...) Depois de tantos anos sob a ditadura militar, o movimento sindical e grevista recolocou a classe trabalhadora na cena social e política do país (...)” (P.45) “Os graves embates sociais da década, dados por movimentos grevistas ampliados (...) exprimem esta inversão do movimento operário: a luta sindical reivindicatória esteve à frente dos próprios partidos (...) No vazio aberto pela limitação dos partidos de esquerda, o sindicato e seu instrumental nacional—a CUT—acabaram assumindo um papel político relevante (...) “(P45) “(...) o movimento sindical e grevista (...) esteve empenhado numa enorme e mesmo heroica luta de resistência (...) já sob a “Nova República”— o movimento sindical passou a ser solicitado numa dimensão até então menos presente : a dimensão ideológica (...) através do “ sindicalismo de resultados” e posteriormente da Força Sindical (...) uma tendência sindical com relativa influência definia o capitalismo como vitorioso em nosso país e abraçava um programa inteiramente convergente com ideário neo-liberal (...)” (P.46) CRISE E SINDICATOS: IMPASSES E DESAFIOS *

“O sindicalismo brasileiro, em especial aquele conjunto que compreende o chamdo movimento sindical combativo, vive seu momento mais difícil (...) Depois de ter presenciado significativo avanço, durante a década passada, vê-se hoje frente a desafios e impasses que conformam um quadro preocupante e critico.(...)” (P.51)

“A proporção da crise que atinge o mundo do trabalho, seus organismos sindicais e partidários, ainda não foi assimilada totalmente. As profundas transformações vivenciadas nesta ultima década atingiram centralmente os países capitalistas desenvolvidos e provocaram fortes repercussões nas nações de Terceiro Mundo, decorrentes da mundialização e globalização do capital (...)”(P.52)

“(...) Os sindicatos foram forçados a assumir uma ação cada vez mais defensiva, cada vez mais defensiva, cada vez mais atada ao imediatismo, à contingência, regredindo em

sua já limitada ação de defesa de classe no universo do capital(...) E quanto mais “revolução técnica” do capital avançava, maior era a luta para manter o mais elementar e defensivo dos direitos da classe trabalhadora, sem o qual a sua sobrevivência esta ameaçada: o direito ao trabalho , ao emprego.”(P.52)

“E nesta contextualidade adversa que se desenvolve o sindicalismo de participação em substituição ao sindicalismo de classe. Participar de tudo desde que não se questione o mercado, a legitimidade do lucro (...)” (P.52)

“Esta nova realidade arrefeceu e acuou o novo sindicalismo (...) frente à emergência de um sindicalismo neoliberal (...) e frente às próprias lacunas teóricas, políticas e ideológicas no interior da CUT. (...)” (P.53)

“(...) Neste caso, além da combatividade anterior , era necessária a articulação de uma análise aguda da realidade brasileira com uma perspectiva critica e anticapitalista(...) de modo a dotar o novo sindicalismo dos elementos necessários para resistir aos influxos externos, à avalanche do capital, ao ideário neoliberal(...)”(P.53)

“(...) o quadro hoje é agudamente critico. O sindicalismo da Força Sindical, com forte dimensão política e ideológica, preenche o campo sindical da nova direita, da preservação da ordem, da sintonia com o desenho do capital globalizado, que nos reserva o papel de país montador, sem tecnologia própria, sem capacidade científica, dependente totalmente dos recursos externos.” (P.53)

“(...) o culto à negociação, às câmaras setoriais, ao programa econômico para gerir pelo capital a sua crise, insere-se num projeto de maior fôlego, cujo oxigênio é dado pelo ideário e pela prática social democrática. É uma postura cada vez menos respaldada numa política de classe. (...)” (P.53)

“(...) A crise confronta os trabalhadores com problemas concretos e angustiantes: dispensas, perdas de empregos, fechamento de empresas, ataques aos salários e à assistência social, aceleração dos ritmos, ataques aos direitos sindicais e políticos conquistados (...)” (P.54)

A SIMBIOSE DA FORÇA SINDICAL*

“O movimento sindical brasileiro encontra-se(...) num contexto produtivo marcado por uma globalidade desigualmente estruturada , onde a velocidade das transformações tecnológicas tem como consequência imediata a nefasta exclusão de enormes contingentes de trabalhadores, intensas em países centrais e brutal nos países de terceiro mundo industrializado(...)” (P.57)

“A CUT, que se iniciou em 1983 enquanto movimento de inspiração anticapitalista e fundada num ideário com contornos socialistas(...) Arrisca-se a perder o que de mais importante conseguiu conquistar – sua expressiva base assalariada(...) com o nascimento da Força Sindical(FS), viu este quadro alterar-se (...) Efetuando uma mescla entre o velho sindicalismo atrelado e um ideário neoliberal agudamente pró-capitalista e privatizante(...)” (P.57)

“A CUT nasceu da confluência de três significativos movimentos sociais: do novo sindicalismo, que se caracterizava como um movimento mais sindicalista. Do movimento das oposições sindicais, herdeiro de setores da esquerda católica e marxista em dissidência com a esquerda tradicional, e do movimento sindical rural, também com forte presença da esquerda católica.(...)” (P.65) “(...) a Central conseguiu fincar-se em quatro segmentos decisivos da nossa classe trabalhadora: no operariado industrial , nos trabalhadores rurais , no funcionalismo público e assalariado médios e nos trabalhadores do setor de serviços (...)” (P.65) “(...)acentuaram a tendência a uma institucionalização excessiva da Central e deram um passo significativo no sentido da sua socialdemoratização.(...)é evidente que este processo favorece uma tendência crescente à burocratização da CUT(...)”(P.66) “Mas o IV CONCUT trouxe ainda desdobramentos: a demonstrada incapacidade de convivência democrática entre tendência sindicais distintasque, há anos atrás, uniram-se no propósitode criar a Central(...)”(P.65) PARA ONDE VÃO OS SINDICATOS?*

“A última década vivenciou, nos países de capitalismo avançado, profundas transformações no mundo do trabalho, com repercussões diretas nas suas formas tradicionais de representação, dadas pelos sindicatos e partidos.(...) foi a mais aguda crise deste século, que atingiu de maneira avassaladora o mundo da materialidade e da subjetividade do ser-que-vive-do-seu-trabalho. (...)”(P.69)

“(...)Paralelamente ao definhamento do operariado industrial tradicional vivenciou-se uma explosão do assalariamento no setor de serviços. Desproletarização nas fábricas e terceirização do trabalho(...) atingem também o padrão taylorista e fordista, dominantes do século(...) experimenta-se a desconcentração de grandes unidades produtivas e flexionam-se os direitos e conquistas (árduas) dos trabalhadores(...)” (P.69)

“(...) Os seus organismos tradicionais, como os sindicatos, estão aturdidos e na defensiva, na retranca e com vários pontos vulneráveis. Entre o estrago bárbaro do stalinismo e a onda neoliberal, abandonam as perspectivas de emancipação do trabalho(...) Distanciam-se dos movimentos autônomos de classe e subordinaram-se política e ideologicamente, aos valores existentes na sociabilidade regida pelo mercado(...)”(P.70)

A PRAÇA DA GREVE “O país tem sido sacudido por um significativo movimento grevista(...) deu-se a eclosão de mais de 1.800 greves(...)” (P.73) “(...) origem da palavra greve(...) se origina da expressão place de greve , local onde os trabalhadores parienses sem trabalho costumavam reunir-se, no século passado(...) desde o inicio do século XIX que o termo começou a designar o cessar voluntario do trabalho visando melhores condições.(P.73)

A GREVE NA FORD EM 1990*

“A greve na Ford,(...) uma das mais longas da historia das paralisações operarias recentes em nosso país, tem sido repudiada por muitos, que jogam a responsabilidade sobre os trabalhadores(...) (P.75)

“(...) o operariado brasileiro (...) ao contrario de um mercado segmentado, vive, em decorrência da pressão crescente dos contingentes desempregados, uma instabilidade crônica no emprego. Ao contrario de relações e condições mais favoráveis, o universo do trabalho vive, aqui, sob o signo da diversidade. (...)” (P.76)

“O operariado brasileiro não aceita mais esta situação(...) Com esse salário(...) vive uma violência cotidiana(...) sob o ritmo infernal da máquina ou sob a escassez gritante do consumo básico(...)” (P.77)

“ A situação do movimento sindical (...) vive uma conjuntura que o coloca na ação a mais defensiva(...) a greve dos “golas vermelhas”, cor que os específica em seus uniformes de trabalho(...) Para quebrar a solidariedade operaria que se constitui entre aqueles que estavam em greve, cujos salários eram cotizados e pagos pelo conjunto dos operários não-grevistas, a Ford cortou o salário de todos os trabalhadores(...)” (P.77)

A EXPLOSÃO DA SIDERÚGICA

“(...) a companhia Siderúrgica Nacional voltou a estar na cena política do país(...) montada para ser o paraíso (militarizado) do trabalho, com as “benesses sociais” do paternalismo varguista, sob gerência de militares respeitadores da lei, da ordem e da hierarquia no mundo perverso da produção(...)” (P.79)

“(...) em cada greve, tem-se a denúncia e o combate ao arrocho (...) passaram a ser enfrentadas diretamente pelos baionetas. A cada greve na CSN (...) iam as tropas verdes para, a pretexto de “preservar o patrimônio”, tentar obstar as greves.(...)” (P.80)

“(...) A violência e a barbárie, entretanto, lá continuam impunes(...) Perseguições, ameaças, ocorreram todos os dias, contra aqueles que procuram manter a luta sindical, a resistência fabril, a recusa do trabalho em vergar-se à perversidade do capital.(...)” (P.

A ÚLTIMA DÉCADA: O QUE MUDOU NO SINDICALISMO BRASILEIRO

“(...) nesta contextualidade que inicialmente se constituíram as duas principais centrais sindicais existentes em nosso país, a CUT e a CGT. A primeira, portadora de um sindicalismo mais combativo e classista e a CGT, eivada de uma dimensão mais conciliadora e moderada (...)” (P.83)

“(...) significado dos principais movimentos grevistas que tiveram uma dimensão mais ampliada: as greves gerais (...) todas contrapondo-se à política econômica fundada no arrocho salarial e reivindicando o ressarcimento das crescentes e constantes perdas salariais.(...) centravam sua ação na luta contra exploração intensificada do trabalho (...)” (P.84)

como destaca algumas conquistas na regulamentação do trabalho, alguns benefícios como: direito de greve, aposentadoria, férias, dentre outros.

No Brasil, destaca o espaço conquistado pelo sindicalismo e a força que classe trabalhadora tinha na década de 80, em busca de seus direitos. As características do sindicalismo brasileiro são diferenciadas, em virtude de ser um país em desenvolvimento e com industrialização tardia, mas este veio contribuir positivamente para que Brasil perpassasse por esta década, evidenciando a capacidade de mobilizações desafiadora com contraste de redemocratização política, em prol do fim da ditadura militar, a ascensão de novos sindicatos e o grande poder de organização, da classe operária.

Com o agraciamento da CF\88 que incentivou o aparecimento de novos sindicatos, como a criação da Central Única dos Trabalhadores – CUT, em 1983, vista como marco histórico do sindicalismo brasileiro, sendo considerada a mais poderosa em número de entidades a ela filiadas sendo instigante o processo de mobilização dos trabalhadores.

Evidencia que mesmo sob a Ditadura Militar, a classe trabalhadora unia-se em busca de seus direitos, mesmo que precisasse agir\responder aos ataques do capital com violência, isso ocorre, por exemplo, com a tomada da fábrica Ford, onde o trabalhador consegue domina-la e ocupar o espaço da mesma.

Destaca a cooptação de muitos sindicatos ao Estado como forma de apaziguar e\ou buscar formas de negociações para evitar a quebra dos equipamentos industriais, e ocupação das fábricas evitando a produção e a consequente perda de capital.

Demonstra a fúria do proletariado ao atentar-se para a exploração e violência vivida cotidianamente, com a superexploração do trabalho, salários baixos, inflação alta, fracasso do plano Collor, ausência do Estado dentre outras, mostrando um cenário de extrema miséria em país importador de mercadorias externas.

Enfatiza a transição do modelo de produção binômio fordista\taylorista, na produção em massa e serie provido de um trabalho árduo e repetitivo cronometrado para atingir o auge de produção e ganho de mais-valia absoluta e relativa.

Mostra a pluralismo partidário, a intensificação dos sindicatos que abrangem as diversas categorias tanto de caráter rural como urbano característica principalmente da

CUT, que possuía maior numero de trabalhadores com ideias classistas, comunistas, socialistas na busca da igualdade, melhores condições de trabalho e salários condizentes.

Assim mesmo diante de tantos avanços, veio as contradições, provinda da onda neoliberal, a contra reforma fazendo regredir as conquistas, com a cooptação dos coordenadores dos sindicatos, com predomínio do peleguismo, (pessoas filiadas a classe opressora que redirecionava a verdadeira finalidade sindical) , mobilizações por categoria na porta das fábricas, de forma fragmentada sofrendo assim uma desconfiguração do sindicalismo tendendo decair nos anos seguintes, descaracterizando e enfraquecendo a classe que vive do trabalho, que era violentada corriqueiramente, que fosse pelo salário ou pela busca da subsistência.

Diante de todo contexto exposto, é notório que na década de 80 o Brasil foi palco de muitas lutas, principalmente provinda da classe trabalhadora, algumas fracassadas e outras vitoriosos, como no caso da conquista da Carta Magna de 1988, que houve contradições com ascensão do neoliberalismo, as dificuldades para inserir uma Central que reconhecesse e lutasse pelos seus ideias trabalhistas , tendo com foco principal a luta contra o arrocho salarial e a exploração do trabalho, na busca da mais- valia, que circulava apenas nas mãos da classe dominante, onde esta além de ser detentora dos meios de produção tinha apoio do Estado, onde este era\é o “gabinete” da burguesia, União esta que se desresponsabiliza , repassando sua responsabilidade estatal para o terceiro setor, que englobava as demandas estatais, mostrando-se assim um país com muitas contradições provindo do sistema que o rege.