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Saiba mais sobre o teste ergométrico, um exame de esforço físico utilizado na avaliação da capacidade cardiopulmonar. Este documento aborda as características do ambiente de realização do exame, os requisitos de um aparelho ergométrico adequado, as habilidades necessárias para sua realização e interpretação, além de detalhes sobre a ergoespirometria e o cicloergômetro. O médico responsável pelo exame deve apresentar conhecimentos extensos, incluindo a utilização de equipamentos sofisticados.
Tipologia: Esquemas
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Não perca as partes importantes!
2003; 80: 458-64.
Coordenador Jorge Ilha Guimarães
Editores Ricardo Stein Fábio Vilas-Boas
Participantes Flávio Galvão Antônio Cláudio Lucas da Nóbrega Renata Rodrigues Teixeira de Castro Artur Haddad Herdy William Azem Chalella Claudio Gil Soares de Araújo Fábio Sândoli de Brito
Após meses de contatos via internet, horas de busca por informações referentes ao tópico que nos coube e mui- to aprendizado, o grupo elaborador da presente normatiza- ção, em nome da Sociedade Brasileira de Cardiologia, tem a satisfação de disponibilizar aos cardiologistas brasileiros um documento sui generis. Muito embora não tenhamos a pretensão de ser dog- máticos, esperamos que os colegas utilizem as recomenda- ções contidas no texto, como fonte para uma otimização em sua rotina ergométrica e/ou ergoespirométrica.
O exercício físico faz parte do cotidiano dos seres hu- manos, desde os primórdios da sua existência. A aplicação do esforço físico, como método diagnóstico, data do início do século passado e, apesar do desenvolvimento de novas técnicas diagnósticas, ainda ocupa espaço destacado na medicina moderna. O emprego de técnicas que envolve o exercício com o objetivo de investigar a presença de sinais e sintomas de doenças ou avaliar o resultado de intervenções terapêuti- cas constitui, o que se chamaria, teste de exercício clínico. No Brasil, após quase 50 anos de uso deste teste propedêu- tico, consagrou-se o jargão “teste ergométrico”. Embora não seja esta a nomenclatura mais adequada, a tradição im- põe a manutenção do termo em epígrafe, utilizado neste do- cumento. O teste ergométrico é um procedimento não invasivo, que pode conferir informações diagnósticas e prognósti- cas, além de avaliar a capacidade individual para exercícios dinâmicos. Os aparatos disponíveis para a realização de di-
ferentes testes, que envolvem o esforço físico, apresentam características distintas, podendo variar de sistemas mais simples a equipamentos com elevado grau de sofisticação tecnológica. Independentemente do local onde o exame seja realiza- do, é fundamental que algumas premissas devam ser respei- tadas: ambiente adequado, equipamento básico, pessoal treinado e preparo e orientação do paciente, de acordo com o objetivo do exame. É fundamental, ainda, que exista pes- soal para atuar em situações de emergência. O teste ergométrico é um exame extremamente seguro, quando respeitado o julgamento clínico para a sua execu- ção. Do julgamento clínico depende, basicamente, o risco de eventos relacionado a esse exame. Segundo pesquisa reali- zada no início da década de 80, a taxa de eventos ficaria na ordem de 1 para cada 2500 testes. Entretanto, outros autores classificam o risco como sendo muito menor, ficando na or- dem de 0,8:10.000 a 1:10.000 exames. Em população de indi- víduos pós – IAM (após 7 dias do evento), a incidência de óbito ficou na taxa de 0,03% (novo IAM ou ruptura cardía- ca). Quando foram relatados os eventos não fatais, a distri- buição foi a seguinte (após testes submáximos): PCR res- suscitada ou IAM não fatal = 0,09%; arritmias ventriculares complexas = 1,4%. Cabe salientar que a taxa de eventos dobrou quando o teste realizado foi limitado por sintomas versus teste sub- máximo. Para que esse nível de segurança seja alcançado, os testes deverão ser realizados de acordo com as normas des- critas neste documento e discutidas com precisão, confor- me as Diretrizes da SBC. Ademais, o exame deverá ser reali- zado sob a supervisão de médico com as características des- critas na tabela 1. A ergoespirometria alia, à interpretação clínica e eletro- cardiográfica do teste ergométrico convencional, a análise de variáveis ventilatórias, gases expirados e oximetria. Sen- do assim, o médico responsável pela realização e interpreta- ção do teste ergoespirométrico deverá apresentar caracterís- ticas e conhecimentos mais extensos do que os necessários para a realização do teste ergométrico convencional.
A sala de exames deverá ser suficientemente ampla para acomodar todo o equipamento necessário à realização dos testes, além de todo o material a ser usado durante even- tuais emergências médicas. Não deverá conter mobiliário ou outros objetos desnecessários. A área livre da sala deverá
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permitir a circulação de, pelo menos, 3 pessoas, caso ocorra necessidade de acesso a situações emergenciais. Uma área reservada para o preparo do paciente também é importante, constando idealmente, com vestiário e banheiro. O laboratório deverá ser bem iluminado, limpo e com controle da temperatura ambiente (entre 18 e 22ºC) e umida- de relativa do ar (ente 50 e 70%). Esses valores devem ser obtidos através de equipamentos de refrigeração/aqueci- mento e umidificadores/desumidificadores e aferidos atra- vés de higrômetro e termômetro. Quando realizados testes com medidas simultâneas da ventilação pulmonar e de ga- ses expirados (ergoespirométricos), a pressão barométrica também deverá ser registrada. Durante testes ergoespirométricos é impossível a co- municação verbal do paciente com o examinador, sendo conveniente a utilização de um pôster apresentando a escala de Borg modificada, para a indicação manual da sensação subjetiva de cansaço. Essa peculiaridade da ergoespirome- tria deverá ser explicada ao paciente antes do início do teste. Mesmo em laboratórios onde se realizam apenas testes er- gométricos convencionais, sugerimos que a escala de Borg esteja no campo visual do paciente durante a realização do exame.
III.1 Teste ergométrico (TE) - Preferencialmente, um computador central deverá controlar o funcionamento do ergômetro (esteira ou cicloergômetro) e demais equipamen- tos periféricos (oxímetro, monitor de pressão), todos eles in- terfaceados.
Na atualidade, o TE se rende à importância do compu- tador, mas é necessário e fundamental que todo e qualquer sistema esteja devidamente adequado para a promoção de um exame fidedigno. Para tanto, existem recomendações para a especificação dos equipamentos digitais. a) Ergômetro - Os ergômetros devem ser, preferencial- mente, eletrônicos ou eletromagnéticos e dispor de interface de comunicação com o computador central, através de saída analógica ou digital, para onde deverão ser enviados dados de velocidade, inclinação, ciclos, etc. e recebido os coman- dos de variação de carga. **Esteira - *** Requisitos obrigatórios em uma esteira er- gométrica para utilização em teste de esforço: a esteira deve- rá ser controlada eletronicamente e estar apta para suportar pacientes com diferentes pesos corpóreos (pelo menos até 157,5 kg); deve oferecer a possibilidade de regulagem da ve- locidade, elevação (inclinação) e tempo de exame, obser- vando-se a velocidade mínima de 1,6 km/h e máxima de, no mínimo, 12,8 km/h, além de inclinação variando de zero até, pelo menos, 24%; a área de trabalho deve permitir tanto a caminhada quanto a corrida (a plataforma da esteira deve ter, no mínimo, 127 cm de comprimento e 40,64 cm de largu- ra); recomenda-se a presença de apoios laterais e frontal, uma vez que esses dispositivos são importantes na adapta- ção do paciente à esteira; recomenda-se que o equipamento disponibilize programação automática de velocidade, de in- clinação e do tempo de exame, com intervalos de, no mínimo, um minuto entre os estágios do exame; compensação auto- mática de velocidade em função do peso do paciente testa- do é outro requisito importante. Em outras palavras, o equi- pamento irá aplicar maior força para compensar a carga
Tabela I - Habilidades cognitivas para a realização competente de teste ergométrico A - Características necessárias à realização do exame Conhecimento das indicações apropriadas do exame. Conhecimento das contra-indicações, riscos e avaliação do risco do exame em bases individualizadas. Conhecimento das indicações e contra-indicações de outros testes funcionais e/ou de imagem. Reconhecimento precoce e tratamento correto das complicações inerentes ao exercício. Capacidade de realizar todas as manobras básicas e avançadas de reanimação cardiopulmonar e certificação em suporte avançado de vida em cardiologia pela SBC, renovada periodicamente. Conhecimento dos vários protocolos de testes de exercício e suas indicações. Conhecimento da fisiologia do exercício e das respostas hemodinâmicas e respiratórias ao exercício físico. Conhecimento das arritmias cardíacas e habilidade em reconhecer e tratar arritmias graves. Conhecimento das drogas com ação sobre os sistemas cardiovascular e respiratório e sua influência sobre o exercício físico e sobre as variáveis analisadas durante o exame. Conhecimento dos princípios e detalhes do exame, inclusive preparo do paciente (limpeza da pele e colocação de eletrodos) e mecanismo de funcionamento do equipamento utilizado, bem como suas limitações. Conhecimento dos desfechos a serem atingidos e indicações para interrupção do exame. B - Características necessárias à interpretação do exame: Certificado de Habilitação em Ergometria pelo Departamento de Ergometria da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Conhecimento da sensibilidade, especificidade e acurácia diagnóstica do exame em relação às diferentes populações. Conhecimento de como aplicar o Teorema de Bayes para interpretar os resultados do exame. Interpretação das alterações eletrocardiográficas relacionadas ao exercício e às diferentes condições patológicas. Conhecimento de condições que causem falsos-positivos, falsos-negativos e resultados inconclusivos. Avaliação clínica do paciente durante o exame. Interpretação das alterações metabólicas relacionadas ao exercício e às diferentes condições patológicas. Conhecimento do valor prognóstico do exame. Conhecimento de outros procedimentos diagnósticos e de quando indicá-los. Conhecimento do equivalente metabólico (MET) e sua relação com intensidade do esforço. Adaptado por Castro RRT, Nóbrega ACL, Vilas-Boas F e Stein R, de American College of Cardiology/ American Heart Association – Clinical competence statement on stress testing. J Am Coll Cardiol 2000;36:1441-53.
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geradas pelo fluxo através de um tubo. A relação entre fluxo e queda da pressão é analisada através da Lei de Bernoulli (o fluxo é proporcional à raiz quadrada da diferença de pres- são). Essa lei permite a medida do fluxo com o pneumotacó- grafo. Os transdutores de volume à turbina medem o fluxo bidirecional de ar na boca. Anemômetros consistem em um tubo fino com um arame aquecido em seu interior. Conforme o ar flui pelo tubo, ele esfria o arame. O volume de fluxo do ar é proporcional à quantidade de eletricidade necessária para reaquecer o arame. Análise dos gases - Os dois tipos de analisadores de oxi- gênio comumente utilizados são: paramagnético e eletroquí- mico. Na verdade, esses analisadores medem pressões par- ciais: o gás é expresso como porcentagem através da razão en- tre a pressão parcial de oxigênio e a pressão barométrica. Os analisadores eletroquímicos são os mais utilizados nos sistemas automatizados atualmente disponíveis. Geral- mente, esses sistemas utilizam uma célula de óxido de zircô- nio aquecida a temperaturas extremas. Uma corrente será gerada proporcionalmente às diferenças na pressão parcial de oxigênio em qualquer dos lados da membrana semiper- meável da célula (isto é, diferença entre o ar da sala e o ar dentro do sensor). Analisadores paramagnéticos medem alterações no campo magnético causadas por mudanças nas concentrações de oxigênio. Esse tipo de sistema é freqüentemente utilizado para medidas em campo (apare- lhos portáteis), mas seu tempo de resposta é lento, por isso esse sistema de análise não costuma ser utilizado nos siste- mas metabólicos de exercício. O dióxido de carbono, geralmente, é medido por um analisador infravermelho. Este sistema baseia-se na teoria de que o dióxido de carbono absorve energia de uma porção específica do espectro infravermelho. Assim, a luz infraver- melha passará por uma célula contendo determinada quanti- dade de dióxido de carbono, e o volume de luz transmitido é comparado com um valor constante conhecido. A diferen- ça será proporcional à pressão parcial de dióxido de carbo- no na amostra analisada. Os sensores infravermelhos para medida do dióxido de carbono são sistemas bem validados e têm tempos de resposta rápidos. Desta forma, esse é o sis- tema utilizado em praticamente todos os analisadores meta- bólicos comercialmente disponíveis.
Como os sistemas disponíveis apresentam diferentes especificações para realização da calibração, deve-se sem- pre seguir o protocolo de calibração indicado no manual do equipamento. Para garantir a exatidão dos valores medidos, o analisador deve prover meios de executar sua calibração tanto por meios automáticos, quanto por meio de misturas de gases para calibração. Para prevenir a contaminação entre pacientes, as pe- ças que entram em contato com o paciente devem ser des- cartáveis ou serem adequadamente preparadas, com a utili- zação de soluções enzimáticas desinfetantes.
IV.1. Teste Ergométrico - Para a realização de teste er- gométrico, o cardiologista deve buscar possuir as habilida- des descritas na tabela 1, parte A. Para interpretar os resul- tados, é necessário ainda o conhecimento da parte B, da mesma tabela.
IV. 2. Teste ergoespirométrico - Por envolver maior complexidade das variáveis e parâmetros a serem analisa- dos e interpretados, bem como maior sofisticação tecnoló- gica dos equipamentos utilizados, para obter competência clínica para realização de testes ergoespirométricos uma ga- ma extra de habilidades precisa ser desenvolvida. De um modo geral, todas as habilidades necessárias para a realiza- ção do teste ergométrico também são necessárias para a realização do teste ergoespirométrico, acrescidas de algu- mas outras, conforme o descrito na tabela II.
V.1. Teste ergométrico - Diversos médicos adquirem o conhecimento necessário para a realização de testes ergo- métricos durante treinamento informal, com outros colegas ou em cursos específicos de curta duração. Dessa forma, é fundamental a definição de normas de treinamento mínimo, que sejam seguidas por todos os serviços que se propõem a habilitar o cardiologista nessa área. a) Disponibilização de
Tabela II. Habilidades para a realização competente de teste ergoespirométrico. A - Características necessárias à realização do exame Todas as existentes na tabela 1, item A, acrescidas de: Conhecimento dos procedimentos de calibração do equipamento e manipulação de gases. Conhecimento das técnicas de realização de espirometria simples. Habilidade para reconhecer problemas técnicos na coleta de dados respiratórios (vazamento de gases, entupimento de linhas, monitorização adequada). B - Características necessárias à interpretação do exame: Todas as descritas na tabela 1, item B, acrescidas de: Conhecimento aprofundado de fisiologia respiratória, cardiovascular e circulatória e da interação entre os três sistemas. Conhecimento de interpretação de espirometria simples. Conhecimento do metabolismo de substratos energéticos em diferentes condições (saúde e doença, repouso e exercício). Conhecimento aprofundado de fisiopatologia da limitação funcional na saúde e na doença, para permitir identificação dos mecanismos limitantes do exercício. Conhecimento sobre o efeito de intervenções terapêuticas sobre as variáveis analisadas no teste. Conhecimento da interpretação das variáveis dispostas sob a forma tabular e gráfica, incluindo todas as variáveis e parâmetros obtidos direta e indiretamente.
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laboratório adequado, conforme as normas da SBC para la- boratórios de ergometria. b) Profissional orientador com habilitação em Ergometria pelo SBC/DERC. c) Realização de 50 testes ergométricos, sob supervisão, incluindo todas os itens descritos na tabela 1. d)Certificação em suporte avan- çado de vida em cardiologia (SAVC). e) Emissão de certifica- do de conclusão de treinamento pelo profissional responsá- vel, acreditado pelo SBC/DERC.
V.2. Teste ergoespirométrico - De forma semelhante ao que acontece com o teste ergométrico, com o agravante de não fazer parte da grande maioria dos programas de residên- cia médica, a competência clínica para realização de testes ergoespirométricos costuma ser alcançada através de está- gios em serviços com grande volume. O aspecto principal que deve ser atentado por aqueles que buscam treinamento formal nessa área é o perfil da cli- entela avaliada no serviço onde pretende ser treinado. Exis- te grande variabilidade nos formatos dos programas de trei- namento, que enfatizam aplicações especializadas desse método, dependendo da característica da clientela do ser- viço onde se insere o programa. Alguns serviços tendem a atender predominantemente atletas, outros cardiopatas, outros indivíduos normais e outros, ainda, pneumopatas. O ideal seria um treinamento em todos as populações ou, pre- dominantemente, na população em que o cardiologista pre- tende atuar. Dessa forma, é fundamental a definição de normas de treinamento mínimo, que sejam seguidas por todos os ser- viços que se propõem a habilitar o cardiologista nessa área do conhecimento. Além das normas descritas para ergome- tria, é preciso:
Para manter sua competência nesta área, recomenda- mos que o médico realize um mínimo de 100 exames ergomé- tricos convencionais e 50 exames ergoespirométricos por ano. Além disso, também é recomendável a realização de um curso de suporte avançado de vida em cardiologia com atualizações periódicas.
VII.1. Equipamentos para a execução do Teste Ergomé- trico - Desde 1959, quando, pela primeira vez, um computa- dor foi utilizado para análise eletrocardiográfica, sistemas cada vez mais sofisticados têm surgido no mercado. No que diz respeito à análise do traçado eletrocardiográfico pro- priamente dito, os dados têm sido obtidos de forma digital.
Isso é especialmente importante em relação às medidas de duração e amplitude dos diversos intervalos, ondas e seg- mentos. O uso do computador durante TE constitui ferra- menta indispensável, possibilitando o estudo de variáveis de difícil obtenção manual e/ou visual. Os sistemas compu- tadorizados também melhoram significativamente o sinal eletrocardiográfico quanto ao ruído por interferência da rede elétrica, atividade muscular e oscilações da linha de base, uma vez que filtros digitais foram desenvolvidos e uti- lizados com esse fim. Na análise automática do eletrocardiograma de repou- so, os sistemas existentes são confiáveis, embora sejam passíveis de incorreções, principalmente quando existem alterações da repolarização ventricular, necessitando sem- pre de reavaliação por cardiologista experiente. No que diz respeito à análise automática realizada durante o TE, tal prá- tica não deve ser desvinculada da avaliação visual do traça- do, sendo recomendável que o ergometrista executor pro- cure otimizar sua impressão através da sinergia entre os dois métodos de análise. Uma das principais indicações do TE relaciona-se ao diagnóstico da doença arterial coronariana (DAC). A análi- se computadorizada, através da instituição de diversos índi- ces e escores, não se mostrou devidamente eficiente em ter- mos de incremento na sensibilidade e especificidade quan- do comparada à análise visual. Entretanto, entre os escores computadorizados, aqueles que incluem variáveis clínicas possuem maior poder diagnóstico e prognóstico em porta- dores de DAC do que os que se baseiam apenas em variá- veis eletrocardiográficas. Para a execução do teste ergométrico convencional ou do teste cardiopulmonar, faz-se necessária a presença de um eletrocardiógrafo. Esse equipamento é classificado junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) como “equipamento correlato”. Sua certificação junto àquele ór- gão, tanto quanto à qualidade do produto, bem como à con- formidade do seu processo de produção, é obrigatória. O eletrocardiógrafo deve possuir as seguintes características, entre imprescindíveis e desejáveis:
VII.1.1. Quanto às suas características técnicas - a) Quanto às derivações eletrocardiográficas: Para monito- rização e registro do ECG durante o teste ergométrico, reco- menda-se que, quando o teste for utilizado para fins de diag- nóstico ou prognóstico, sejam empregadas, no mínimo, 3 derivações, simultâneas, em tempo real, uma vez que o uso de 1 derivação (CM5 ou CC5) pode ser menos sensível na identificação de distúrbios do ritmo e/ou da condução. As combinações mais freqüentemente utilizadas são: 3 derivações – normalmente sendo utilizadas CM5, D2M e V2M; 12 derivações – quando são utilizadas as 12 derivações clássicas (DI, DII, DIII, aVR, aVL, aVF, V1 a V6), posicionadas segundo sugerido por Mason-Likar; 13 derivações – quando são utilizadas as 12 derivações clássicas mais a derivação CM5, com um 11º eletrodo localizado no manúbrio; 16 deriva- ções, em que são utilizadas as 13 derivações anteriores mais
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que diz respeito aos resultados do TE, as exigências e neces- sidades do programa de computador são exatamente as mes- mas do item anterior. O programa de computador para a ergoespirometria deve ser capaz de ordenar a grande quanti- dade de informações coletada e mostrar, em tempo real e de forma integrada, todos os dados de maneira a possibilitar a condução e o diagnóstico da ergoespirometria.
a) Recursos - O programa de computador para a ergoespirometria deve possuir, minimamente, os seguintes recursos: a) Todos os recursos do programa de teste ergo- métrico convencional; b) Capacidade de receber os dados oriundos do analisador de gases e de calcular as variáveis necessárias ao TECP, a saber: Ventilação em BTPS;VO 2 ; o VCO 2 ; Pulso de oxigênio, VO 2 / FC; Potência em Watts; Equi- valentes respiratórios de O 2 e CO 2 ; Quociente respiratório; Frações expiradas de O 2 e CO 2 ; Escala de percepção de es- forço de Borg; c) Visualização dos dados sob a forma numé- rica e gráfica; d) Possibilidade de marcação do limiar anaeró- bio, do ponto de compensação respiratória e do esforço má- ximo; e) Capacidade de receber, em tempo real, os dados do oxímetro de pulso e de sua apresentação de forma numérica e forma gráfica; f) Cálculos e apresentação de resultados da ergoespirometria de forma ordenada e clara; g) Relatórios contendo os resultados numéricos e gráficos das variáveis da ergoespirometria; h) Laudo orientado para ergoespiro- metria, com biblioteca de frases e em português. O programa de computador para ergoespirometria deve obedecer aos mesmos requisitos de flexibilidade, con- fiabilidade e suporte técnico exigidos do programa para TE.
As seguintes recomendações devem ser obtidas pelo paciente junto ao médico assistente: a) motivo do teste ergo- métrico; b) decidir sobre a suspensão ou manutenção da me- dicação vigente. Na primeira condição, designar ao labora- tório o tempo necessário para suspensão de medicamentos. Observação: Considerando-se que o fenômeno de re- bote pode ser evidenciado na suspensão abrupta dos beta- bloqueadores e de alguns agentes anti-hipertensivos, sa- lienta-se a necessidade de retirada gradual dos fármacos antes do exame. O preparo da pele do paciente, antes da aplicação dos eletrodos é ponto fundamental para garantir a qualidade do exame. Os eletrodos de cloreto de prata-prata (“silver-silver chloride”) são recomendados em função de sua capacidade
de minimizar os artefatos gerados pelo exercício. Os cabos do eletrocardiógrafo deverão ser leves e poderão ser fixa- dos junto ao paciente, minimizando os artefatos.
Apesar de seguro, o teste ergométrico apresenta ris- cos potenciais, ainda que raros, conforme já discutido. Todo o laboratório de exercício deverá ter um plano de emer- gência estabelecido, baseado nos protocolos universal- mente aceitos da “American Heart Association” para su- porte de vida básico e avançado. Até mesmo a forma como serão removidos pacientes instáveis para um hospital ade- quado deverá estar prevista nesse plano. Todos os profis- sionais alocados no laboratório de exercício devem estar adequadamente treinados para situações de emergência. As tabelas 4 e 5 listam os equipamentos e medicações de emergência indispensáveis em qualquer laboratório de exercício.
Os registros devem obedecer a uma seqüência lógica com a obtenção dos seguintes traçados: repouso; durante cada estágio de exercício ou a critério médico; recuperação; na presença de arritmias, documentando e relatando sua pro- vável origem, complexidade, freqüência e momento de apa- recimento, assim como quando de distúrbios da condução.
Tabela IV- Equipamento de emergência indispensável no laboratório de exercício Cardioversor/desfibrilador portátil Cilindro de oxigênio Máscara de venturi Cânula nasal, máscara para macronebulização Laringoscópio (cabo e pelo menos uma lâmina curva e uma lâmina reta) Mandril Tubos para intubação orotraqueal de diferentes tamanhos Ambu Escalpes, jelcos, siringas e agulhas para administração de medicamentos Esparadrapo Aspirador (portátil) Equipamentos de proteção individual (luvas, óculos, etc)
Quadro I - Tempo de suspensão de medicamentos para realização do TE, quando a finalidade é diagnóstica. Medicação Dias de suspensão prévia Amiodarona 30 Betabloqueadores De 4 a 8 Bloqueadores dos canais de cálcio De 1a 4 Digoxina De 7 a 10 Nitrato 1
Tabela V- Medicações indispensáveis no laboratório de exercício Adenosina Amiodarona Atropina Adrenalina Procainamida Verapamil Dopamina Dobutamina Lidocaína Nitroglicerina (sublingual ou spray) Broncodilatadores Soro fisiológico a 0,9% Solução de glicose a 25% ou 50%
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Devem ser observados e anotados sinais e sintomas do paciente, tais como palidez, tontura, sudorese, estafa físi- ca e dispnéia, relacionando-os à condição hemodinâmica e à resposta eletrocardiográfica frente ao esforço. Há necessi-
dade de caracterização pormenorizada do sintoma dor torá- cica, avaliando seu modo de aparecimento, momento, inten- sidade, evolução, caráter, fenômenos associados e irradia- ção. As auscultas cardíaca e pulmonar, além de obrigatórias no exame clínico inicial, devem ser, obrigatoriamente, repeti- das no pós-esforço imediato.