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NEOPLASIAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO
CÂNCER DE ESÔFAGO
- O câncer de esôfago geralmente se desenvolve em pessoas entre 50 e 70 anos de idade.
- A proporção geral de homens para mulheres é de 3:
- Existem dois tipos histológicos:
↪ Carcinoma de células escamosas
↪ Adenocarcinoma
Manifestações clínicas → Doença agressiva: ausência de serosa na parede esofágica, maioria com diagnóstico em fase avançada → Disfagia progressiva (alimentos sólidos → líquidos) e emagrecimento → Tosse ao engolir (se fístula traqueoesofágica) → Dor no peito ou nas costas (se extensão para mediastino) → Rouquidão (se envolvimento do nervo laríngeo recorrente) → Linfadenopatia supraclavicular ou cervical / hepatomegalia (se doença metastática) Diagnóstico Endoscopia digestiva alta ✓ A endoscopia com biópsia estabelece o diagnóstico de câncer esofágico com alto grau de confiabilidade ✓ Em casos de disseminação submucosa do tumor, as biópsias da mucosa podem não ser diagnósticas
Dois tipos de início: na mucosa (mais comum, posteriormente evolui para a luz e submucosa) e na submucosa. Rastreamento
1. Carcinoma de células escamosas de esôfago Em regiões de alta incidência, há evidências de que o rastreamento endoscópico com cromoscopia (lugol) seja adequado e útil (+ em grupo de alto risco). Grupos prioritários para rastreamento:
− Alto consumo de álcool e tabaco
− Desnutrição
− Doenças esofágicas crônicas
− História familiar de câncer de esôfago
2. Adenocarcinoma de esôfago
- EB sem displasia Conduta: EDA de vigilância a cada 3 a 5 anos Alternativa: ablação endoscópica em pacientes que não conseguem realizar acompanhamento periódico.
- EB Displasia de baixo grau Conduta:
− Diagnóstico deve ser confirmado por patologista gastrointestinal experiente
(diferenciar de inflamação, muito parecido)
− Repetir EDA em 6 meses para confirmação para confirmar displasia de baixo
grau
− Mesmo após regressão da displasia, manter EDA anual
− Considerar ressecção ou ablação endoscópica do segmento displásico
(esôfago de Barrett)
- EB Displasia de alto grau Conduta: o diagnóstico também deve ser confirmado por patologista GI (diferenciar de baixo grau) Tratamento endoscópico indicado:
↪ Ressecção endoscópica ou
↪ Ablação térmica (ex: radiofrequência)
Se não for feita ablação (erradicação do Esôfago de Barrett), realizar EDA a cada 3 meses. Cirurgia (esofagectomia): indicada em caso de falha da terapia endoscópica.
CÂNCER GÁSTRICO
- 2ª causa mais comum de morte por câncer no mundo
- Geralmente localizado no estômago distal
- Sua incidência vem diminuindo rapidamente nas últimas décadas, especialmente nos países ocidentais, o que pode ser atribuído a:
↪ Mudanças na dieta (aumento do consumo de frutas/verduras)
↪ Amplo acesso a refrigeração de alimentos (substituição da salga e da
defumação pela refrigeração, o que diminui a exposição a carcinógenos alimentares, ex.: nitritos e nitratos, classificados como carcinógenos do grupo
↪ Diminuição das taxas de infecção por Helicobacter pylori (principal fator de
risco para câncer gástrico distal, classificado como carcinógeno tipo 1)
- Apesar da queda nos tumores do estômago distal, houve aumento da incidência de tumores da cárdia gástrica (região de transição entre esôfago e estômago) **Tipos histológicos
- Tipo Intestinal** → Mais comum (70–80% dos casos de CA gástrico) → Forma estruturas glandulares (semelhança com adenocarcinomas intestinais) → Afeta mais homens (2:1) → Predomina em idosos (idade média: 63 anos) → Localização típica: pequena curvatura gástrica Fatores de risco:
↪ Infecção por Helicobacter pylori
↪ Gastrite atrófica auto-imune / anemia perniciosa (paciente não absorve B12)
↪ História de ressecção gástrica parcial há mais de 15 anos
↪ Tabagismo
↪ Dietas ricas em nitratos ou sal e com baixo teor de vitamina C
Fisiopatologia:
↪ Evolui por meio de progressão multietapas: gastrite crônica → metaplasia
intestinal → displasia → adenocarcinoma
↪ Presença de H. pylori pode aumentar o risco relativo em até 20x
↪ Identificar lesões pré-
malignas melhora o prognostico
2. Tipo difuso → Responsável por 20–30% dos casos de CA gástrico → Pouco diferenciado → Células em anel de sinete (núcleo deslocado pela mucina) → Não forma glândulas → Acomete homens e mulheres igualmente → Mais comum em jovens → Pior prognóstico comparado ao tipo intestinal → Não está relacionado ao H. pylori Etiologia genética:
↪ Associado a mutações em caderina-E (CDH1)
↪ Relacionado a formas hereditárias de câncer gástrico difuso
Forma clínica grave: pode evoluir com linite plástica;
↪ Espessamento difuso da parede gástrica
↪ Rígida e sem distensibilidade
↪ Infiltração maligna intensa
Manifestações clínicas: Geralmente assintomático até doença avançada.
- Dor epigástrica, anorexia, saciedade precoce, emagrecimento.
- Sangramento gastrointestinal agudo (hematêmese ou melena) se lesões ulcerativas.
- Vômito pós-prandial se obstrução pilórica. Achados de disseminação metastática: Linfonodo de Virchow (supraclavicular esquerdo), Nódulo Irmã Maria José (umbilical subcutâneo), Prateleira de Blumer (massa palpável no toque retal por metástase para o fundo de saco de Douglas). Diagnóstico: Endoscopia Digestiva Alta com biópsias de lesões suspeitas é altamente sensível. Difícil obter espécimes adequados em lesões do tipo infiltrativo (linite plástica). Rastreamento: Programas de rastreamento em massa são custo-efetivos em países de alta incidência (Japão, Chile), mas não em países de baixa incidência para pessoas assintomáticas. → Diretriz europeia sugere vigilância endoscópica com biópsias a cada 3 anos para pacientes com metaplasia intestinal gástrica incompleta, gastrite atrófica difusa ou gastrite persistente por Helicobacter pylori.
Pacientes de Alto Risco
- História Familiar de CCR: Iniciar aos 40 anos ou 10 anos antes da idade do familiar que teve CCR.
- Doença Inflamatória Intestinal (DII): Rastreamento com colonoscopia, iniciando 7-8 anos após o diagnóstico ou imediatamente em casos de colangite esclerosante. Devem ser realizadas múltiplas biópsias de todos os segmentos do cólon, com intervalos menores de rastreamento. CARCINOMA HEPATOCELULAR É a neoplasia maligna hepática mais comum. 1. Fatores de Risco: Hepatite B crônica (com ou sem cirrose), cirrose hepática de qualquer etiologia (85% dos casos), hepatite C, coinfecção com VHD, DHGNA (Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica), hemocromatose, obesidade, tabagismo, álcool. 2. Manifestações Clínicas: Emagrecimento, astenia, descompensação de cirrose hepática, ascite sanguinolenta, presença de som de atrito sobre o tumor à ausculta. 3. Rastreamento
- Laboratório: Alfafetoproteína.
- Imagem: Ecografia de abdome (sensibilidade de 63%, baixo custo), Tomografia de abdome com contraste, Ressonância Magnética de abdome com contraste.
- Indicação: Pacientes com cirrose hepática e pacientes com hepatite B crônica.
- Exames e Intervalos: Ecografia de abdome superior e alfafetoproteína a cada 6 meses. COLANGIOCARCINOMA Neoplasia maligna das vias biliares que se origina no epitélio dos ductos hepáticos. 1. Fatores de Risco: Colangite esclerosante primária, cistos de colédoco, litíase biliar, toxinas e infestações parasitárias. 2. Classificação: Perihilar, intrapancreático, distal. 3. Manifestações Clínicas: Fadiga, perda de peso, dor abdominal, icterícia colestática. Se for distal à confluência do ducto cístico, pode causar icterícia com vesícula palpável e indolor ( Sinal de Courvoisier-Terrier ). 4. Diagnóstico: Ecografia de abdome, Tomografia computadorizada de abdome, Ressonância Magnética de abdome (colangiorressonância), Ecoendoscopia.
CÂNCER DE PÂNCREAS
Neoplasia maligna que se origina dos ductos pancreáticos, caracterizada por ser um tumor muito agressivo, frequentemente metastático ao diagnóstico, com prognóstico de cerca de 1 ano após o diagnóstico.
1. Localização Mais Comum: Cabeça do pâncreas (causando icterícia colestática). 2. Fatores de Risco: Tabagismo, pancreatite crônica, diabetes, idade >50 anos. 3. Manifestações Clínicas: Dor abdominal com irradiação para o dorso, perda de peso, icterícia colestática + vesícula biliar palpável e não dolorosa (Sinal de Courvoisier-Terrier). 4. Diagnóstico
- Laboratorial: Marcador tumoral CA 19-9 (sensibilidade 70%, especificidade 87%) – não é útil para detecção precoce.
- Imagem: Tomografia computadorizada de abdome, Ressonância Magnética, Ecoendoscopia. 5. Rastreamento
- Indicação: Pelo menos dois parentes de 1º grau com câncer pancreático; apresentar síndrome genética associada a aumento do risco de câncer de pâncreas.
- Exames e Início: Rastreamento com ecoendoscopia, TC e RNM deve ser considerado a partir dos 40-45 anos ou 10 anos antes da idade em que o câncer pancreático foi diagnosticado pela primeira vez em um membro da família.