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NEOLOGISMO LITERÁRIO EM MIA COUTO E ONDJAKI:, Manuais, Projetos, Pesquisas de Linguística

Faculdade de Letras. Programa de Pós-graduação em Linguística, 2014. 1. As palavras na visão da MD 2. Divergência Lexical entre PB e PE 3. Neologismo 4.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Jacirema68
Jacirema68 🇧🇷

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UFRJ
Formação de palavras na língua portuguesa
sob a ótica da Morfologia Distribuída
Rejane das Neves de Souza
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Linguística,
Faculdade de Letras da Universidade Federal
do Rio de Janeiro como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre em
Letras Linguística na Área de Concentração
Linguística.
Orientador: Professora Doutora Miriam Lemle
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2014
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UFRJ

Formação de palavras na língua portuguesa sob a ótica da Morfologia Distribuída

Rejane das Neves de Souza

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Linguística, Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Letras Linguística na Área de Concentração Linguística. Orientador: Professora Doutora Miriam Lemle

Rio de Janeiro Fevereiro de 2014

Formação de palavras na língua portuguesa sob a ótica da Morfologia Distribuída

Rejane das Neves de Souza Orientador: Profª. Doutora Miriam Lemle

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Linguística, da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do Título de Mestre em Linguística.

Examinada por:


Presidente, Professora Doutora Miriam Lemle/ UFRJ, Orientador


Professor Doutor Alessandro Boechat de Medeiros/ UFRJ


Professora Doutora Silvia Regina Oliveira Cavalcante / UFRJ


Professora Doutora Ana Thereza Basílio Vieira UFRJ, Suplente


Professora Doutora Aléria Lage/ UFRJ, Suplente


Rio de Janeiro Fevereiro de 2014

RESUMO Formação de palavras na língua portuguesa sob a ótica da Morfologia Distribuída Rejane das Neves de Souza Orientadora: Profª. Drª. Miriam Lemle

Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Linguística, Faculdade de Letras, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Linguística.

RESUMO :

A propriedade particularmente interessante da teoria da Morfologia Distribuída é a extensão da sintaxe para abarcar também a estrutura das palavras. Essa extensão da sintaxe nos convida a perceber a riqueza dos processos de criar palavras novas com significados que os ouvintes ou leitores compreendem por serem calculados composicionalmente. A teoria legitima também a formação de leituras idiomáticas dentro de palavras, sendo esta a propriedade que permite variação idiomática. O fato de haver sintaxe dentro das palavras permite a criação constante de palavras novas. As palavras novas podem ser provenientes de nomes próprios, mas até mesmo nesse caso o significado da palavra como um todo prescinde da informação sobre a pessoa cujo nome constitui a raiz da palavra. A propriedade gerativa no nível da palavra é explorada na arte literária, e há escritores que se exercitam no talento de inventar palavras novas. Nesta dissertação são estudados os mecanismos de criação sintática intralexical em três escritores: Mia Couto, Ondjaki e Dias Gomes. A capacidade dos escritores de inventar neologismos e dos seus leitores de os compreenderem é a melhor prova empírica de que a proposta teórica da Morfologia Distribuída é verdadeira: há sintaxe no interior das palavras.

PALAVRAS-CHAVE : Formação de palavras na língua portuguesa, derivação, neologismo, variação lexical, arbitrariedade e composicionalidade na formação do significado, Morfologia Distribuída.

Rio de Janeiro Fevereiro de 2014

ABSTRACT Formação de palavras na língua portuguesa sob a ótica da Morfologia Distribuída

Rejane das Neves de Souza

Orientadora: Profª. Drª. Miriam Lemle

Abstract da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Linguística, Faculdade de Letras, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Linguística.

ABSTRACT :

The special property of Distributed Morphology is the extension of syntax all the way down into word formation. This extension of syntax invites us into perceiving the generative processes involved in the creation of new words with meanings that hearers or readers can understand because of their semantic compositionality. The theory can license also idiomatic reading formation inside words, and this is the property that allows idiomatic variation. Because there is syntax inside words it is always possible to create new words. New words may have proper names as their roots, but even in such cases the meaning of the word as a whole does not require knowledge about the person whose name is the root of the complex word. The generative property of word-internal syntax is explored in literature, and some writers enjoy inventing new words. In this thesis word-internal syntactic mechanisms of word formation in Portuguese are studied in the works of three writers: Mia Couto, Ondjaki and Dias Gomes. Writers‟capacity to invent new words and their readers‟ capacity to understand them is the best empirical proof that Distributed Morphology‟s theoretical proposal is true: there is syntax inside words. KEYWORDS : word-internal syntax, semantic compositionality inside words, syntactic mechanisms of word formation, Distributed Morphology, compositional meaning formation and idiomatic meaning formation.

Rio de Janeiro February 2014

SUMÁRIO

  • Introdução........................................................................................................................
  • CAPÍTULO I : As palavras na visão da Morfologia Distribuída (MD)........................
  • 1.2 - Leitura Arbitrária e Leitura Composicional ...........................................................
  • Europeu........................................................................................................................... CAPÍTULO II: Divergências lexicais entre Português do Brasil e Português
  • 2.1-Exemplos de divergências lexicais entre PE e PB ..................................................
  • 2.2- Construções idiomáticas em PE e PB......................................................................
  • CAPÍTULO III: Da sintaxe para a literatura: regularidades nas criações lexicais......
  • 3-1 - O que são neologismos...........................................................................................
  • 3.2 - Análise dos neologismos sob a ótica da MD...........................................................
  • 3.2.1 - Exemplos de neologismos na obra de Mia Couto
  • 3.2.2 - Exemplos de neologismos na obra de Ondjaki
  • 3.2.3 – Exemplos de neologismos na obra de Dias Gomes.............................................
  • nomes próprios................................................................................................................ CAPÍTULO IV: Significados composicionais e significados arbitrários a partir de
  • CAPÍTULO V : Considerações Finais............................................................................
  • Referências Bibliográficas..............................................................................................
    • UFRJ/

INTRODUÇÃO

O objetivo deste estudo é contribuir para a compreensão da estrutura da sintaxe no interior de palavras na língua portuguesa, uma vez que a teoria que estamos assumindo incorpora o léxico na sintaxe. O foco deste trabalho é fazer uma análise descritiva do processo de formação de palavras na língua portuguesa. As análises serão baseadas na teoria gerativa em sua vertente denominada Morfologia Distribuída formulada por Alec Marantz (1997) e também com base na recente proposta de Hagit Borer (2003), a qual ela rotula como teoria exo-esqueletal. Segundo a teoria da Morfologia Distribuída a formação de palavras é feita pelo mesmo mecanismo sintático que forma as frases. Com isso, o vocabulário não fica armazenado em um único local da gramática, e sim distribuído em três listas, segundo se poderá ver no quadro 01 (página 10). O léxico engatado na sintaxe promove uma nova compreensão da variação linguística e da formação de palavras. Quanto à teoria de Hagit Borer, a escolha feita por ela do termo exo-esqueletal para nomear sua teoria tem o propósito de ressaltar o fato de que as leituras semânticas das palavras complexas podem ter mais (ou menos) do que a mera leitura composicional que seria proveniente das operações de „juntar‟ ( merge ) pautadas pelo esqueleto sintático. Este estudo teve inicio em um levantamento comparativo de divergências lexicais entre o Português do Brasil (PB) e o Português Europeu (PE). Prosseguindo com uma tarefa iniciada por meu colega Everton Lourenço em sua dissertação de Mestrado de 2011, faço a análise de criações lexicais nos autores luso- africanos, Mia Couto, de Moçambique, Ondjaki, de Angola e o escritor brasileiro Dias Gomes (capítulo 3). Esses dados me permitem perceber que os autores renovam o léxico pautado na gramática da língua, isto é, os autores percebem regularidades na interface sintaxe- semântica e exploram esses processos sintáticos, gerando novas palavras. O capítulo 1 deste trabalho apresentará a descrição de palavras na perspectiva da teoria da Morfologia Distribuída. No capítulo 2 farei uma descrição formal das palavras cujos significados no português do Brasil e no português europeu divergem. No capítulo 3 serão expostos e analisados os neologismos criados pelos escritores africanos Mia Couto e Ondjaki e pelo escritor brasileiro Dias Gomes. No capítulo 4 aprofundo a interface sintaxe-semântica numa análise detalhadas das leituras semânticas de adjetivos derivados de nomes próprios.

não há um isomorfismo entre as duas listas (Lista 1 e Lista 2). Dessa forma, a inserção lexical permite que um item de vocabulário se insira num morfema abstrato regido pelo princípio da Subespecificação dos itens de vocabulário , isto é, que as peças de vocabulário não necessitam conter todos os traços dos morfemas, mas parte deles. A última diretriz corresponde a Estrutura sintática hierárquica em toda derivação (Syntax all the way down), ou seja, os processos sintáticos vão até o interior das palavras. A lista 3 (Enciclopédia) corresponde à parte cognitiva que armazena o resultado da negociação da parte arbitrária e a parte semântica. Fixada uma definição da palavra, ela poderá retornar à sintaxe em fases posteriores, sendo seu significado incorporado fase a fase a partir da concepção armazenada na Enciclopédia. O cálculo sintático é computado na Forma Lógica e depende dos comandos semânticos codificados nos morfemas que não possuem fonologia, mas carregam alguma informação categorial e alguma informação semântica. Quadro 1- Morfologia Distribuída

1.2 Leitura arbitrária e Leitura composicional

A leitura da palavra pode ser construída de duas formas: através de uma leitura arbitrária (ou leitura idiomática) ou através de uma leitura composicional, ou seja, proveniente da associação regular entre as leituras de cada uma das peças componentes. Dentro de palavras, a parte arbitrária forma-se com [raiz + categorizador], ganhando leitura convencional e não motivada. Por exemplo, a palavra gato , formado de raiz gat mais o nominalizador, singular, masculino o , ganha uma interpretação na enciclopédia de animal felino doméstico do sexo masculino. Forma, assim, a parte arbitrária do signo.

A leitura composicional da palavra gato pode acontecer pela inserção de um morfema nominalizador inho , masculino, singular no diminutivo, formando a palavra gatinho , em que a leitura composicional corresponde a animal pequeno felino doméstico do sexo masculino. A contribuição do morfema inho implementa a noção de „pequeno‟ onde a parte arbitrária de „gato‟ somada à peça sufixal /inho/ permitirá a computação com leitura gato + pequeno.

Abreviações: n - nome a - adjetivo v – verbo p- preposição p

r - raiz

acima, altíssimo e meritíssimo. A seguir apresentarei mais alguns exemplos de palavras com idiomatizações que incidem depois da primeira camada de categorização: [[folhØ]n inha]n - calendário [[fresc]a ão]n - ônibus com ar-condicionado [[[ira]n a]v do]a - bom além da expectativa [[[correspondê]v nt]a ia]n – comunicações escritas enviadas por correio [[[[esta]v bil]a iza]v dor]n - equipamento para proteger aparelhos eletrônicos das variações de tensão na rede elétrica. [[[galØ]n inh]n ar]v - trocar frequentemente de parceiro sexual

A teoria gramatical que nos servirá de base nesta pesquisa é a que considera que a sintaxe prossegue até dentro das palavras e que leituras idiomáticas podem incidir em qualquer fase da derivação.

CAPÍTULO II

Divergências lexicais entre Português do Brasil e Português Europeu Este capítulo tem como objetivo analisar as divergências lexicais que ocorrem entre o português do Brasil (PB) e o português Europeu (PE) numa perspectiva formal. Os dados nos mostrarão onde as duas línguas poderem diferir. Por exemplo, elas podem diferir na escolha de estruturas sintáticas das palavras, nas leituras das palavras em diferentes níveis sintáticos, nas „escolhas‟ diferentes de sufixos em palavras que carregam os mesmos significados em PB e PE e outras particularidades. Os dados do PE foram baixados de jornais, revistas e blogs em sites portugueses. Nesta pesquisa, estarei comparando os dados encontrados nesses sites com dados do PB característicos do Rio de Janeiro. Em 2.1. serão mostrados os casos de divergências semânticas em palavras de mesma forma e diferentes significados em PE e PB; em 2.2 serão comentados os casos de palavras que são empregadas somente em uma das duas línguas.

2.1 Exemplos de divergências lexicais entre PE e PB

O critério sintático a ser utilizado para a classificação dos dados lexicais será a estrutura sintática proveniente da morfologia das palavras. Veremos palavras do Português Europeu que, com a mesma forma, são utilizadas no Brasil com significados diferentes. A classificação será feita em termos de seu número de camadas e incidência da formação idiomática: (i) palavras de uma camada; (ii) palavras de duas camadas; (iii) diferente seleção de sufixo entre PE e PB; (iv) idiomatização a partir da segunda camada.

(i) Contraste semântico em palavra de uma camada Os exemplos a serem vistos a seguir são casos em que palavras com a mesma forma correspondem a diferentes significados em cada uma das duas línguas. A apresentação da informação sobre o contraste entre significados será feita da seguinte maneira: a forma da palavra, o seu significado em PE, o seu significado em PB. A camada sintática em que recai a leitura arbitrária é sempre a mesma, nestes casos: a primeira camada de categorização. A representação estrutural dessa informação pode ser dada pela notação da estrutura em árvore ou por meio de colchetes rotulados, nos quais o rótulo representa a classe da palavra (verbo- v, nome- n, adjetivo- a).

(ii) Contraste semântico em palavras com duas ou mais camadas Nestes casos, a palavra tem duas ou mais camadas e a diferença semântica entre as línguas incide depois da primeira camada de categorização. A apresentação da informação sobre o contraste entre significados de palavras com duas camadas será feita da seguinte maneira: a forma da palavra, o seu significado em PE, o seu significado em PB. Em uma das duas línguas, ou em ambas, o significado da palavra não pode ser calculado de maneira composicional. A idiomaticidade e sua localização serão descritas caso a caso para alguns dos exemplos abaixo.

sebenta – n, apostila; a, sujo de sebo viatura – n, qualquer meio de transporte; n, carro policial ou militar camisola – n, camisa larga masculina; n, camisa feminina de dormir banheiro – n, salva-vidas; n, aposento para tomar banho gelado – n, sorvete; a, com temperatura semelhante à do gelo jornaleiro – n, que trabalha por jornada; n, profissional que vende o jornal canalizador – n, bombeiro hidráulico; a, aquele que atua como um canal mulherengo – a, afeminado; a, aquele que sai com muitas mulheres investigador – n, aquele que busca vestígios ou faz pesquisas; n, profissional de investigação policial frigorífico – n, geladeira; n, grande depósito para refrigeração de carnes ventoinha – n, qualquer ventilador; n, peça utilizada para esfriar o processador do computador ou motor do carro pessegão – n, homem muito bonito; n, pêssego grande tacão – n, salto de sapato; n, taco grande filmes dobrados – n, filmes dublados;? matulão – a, indivíduo truculento;? Exemplo: sebenta

PE PB

O padrão derivacional desse nome sebenta é feito em duas etapas. A primeira etapa é a formação de um adjetivo a partir de um nome como em: pirraçapirracento ; gosmagosmento ; peçonhapeçonhento ; fedorfedorento ; fraudefraudulento ; corpo - corpulento ; puspurulento ; calorcalorento ; sonosonolento ; ferrugemferrugento ; friofriorento. A segunda etapa é a nominalização do adjetivo. O significado do nome de- adjetival pode ganhar leitura idiomática. O grau de distanciamento semântico entre o adjetivo e o nome pode variar muito. Até mesmo pode haver formação de palavra semanticamente ambígua, como por exemplo, vidente. A seguir podemos ver alguns exemplos de nomes derivados de adjetivos: um negro, um judeu, os ingleses, uma brasileira, um frescão, doces e salgados, as cruzadas, o carregador, a transportadora, um vidente, o remetente, o adoçante, um beneficiário, os aposentados. Tomemos como primeiro exemplo de formação de palavra o nome adoçante.

O adjetivo adoçante se converte em nome. Hoje em dia a palavra adoçante se refere a muitos tipos de produtos usados para substituir o açúcar.

diferentes morfemas gramaticais. Nos exemplos a seguir, daremos primeiramente o significado e em seguida a forma de expressão em PE e PB, nessa ordem. As respectivas estruturas serão descritas em colchetes rotulados nas linhas seguintes.

Exemplos: SIGNIFICADOS PE PB acompanhar informações: monitor izar monitor ar [[monitor]n izar ]v [[monitor]n ar ]v

descer à terra, dito de aviões: aterr ar aterr issar [[a[terr]n]p ar ]v [[a[terr]n]p issar ]v

relacionado a imunidade: imunit ário imuno lógico [[[imun]R[it] ário ]a [[[imuno]R [lóg]R] ico ]a

causador de impacto: provocat ório provoca dor [[[[pro]pref [voca]v]v t] (^) pps ór]a io ]a [[[[pro]pref [voca]v ]v d ]pps or ]a

profissional de desenho: desenha dor desenh ista [[[[desenho]n a]v d]pps or ]n [[desenho]n ista ]n

aparecer num local determinado: compar ência comparec imento [[[[com[pare]v]v nc ]a ia ]n [[[[com[pare]v] eci]v mento ]n

em que se pode acreditar: cred ível acredit ável [[credí]v vel ]a [[acreditá]v vel ]a

ferimento na pele causado por calor: queimad ela queimad ura [[[queima]v d]pps ela ]n [[[queima]v d]pps ura]n

motorista de caminhão: caminhon ista caminhon eiro [[caminhon]n ista]n [caminhon]n eiro]n

O que estamos vendo nesses exemplos é que diferentes sufixos concatenados a mesma raiz podem conduzir a leituras idênticas. Essa convergência semântica é de se esperar a partir da constatação de que pode existir idiomatização em camadas tardias, pois assim sendo é possível chegar ao mesmo significado por caminhos morfológicos diferentes. A estrutura de provocat ório , [[[[pro]pref [voca]v]v t] (^) pps ór]a io ]a , é encontrada em muitos outros adjetivos: giratório , predatório , migratório , divisório , ilusório , provisório , satisfatório , compulsório. É encontrada também em muitos nomes com a mesma estrutura: dormitório , sanatório, auditório, conservatório, parlatório, falatório, dedicatória. Na correspondência interlinguística que estamos estudando, o sufixo ório , na verdade, uma associação dos sufixos - or com – io , alterna com o sufixo – or [[[fala]vd]pps or ]a , matad or , ofens or , produt or , predad or , divis or , etc. Vemos também alternância entre -istan e -eiron, -orn e -istan, -êncian e – menton. Qual é a propriedade da gramática que autoriza a alternância entre sufixos? Os sufixos podem alternar porque as leituras semânticas podem ganhar coloridos idiomatizados, como retornaremos a ver com mais dados a seguir. A possibilidade de idiomatização permite a convergência entre idiomatizações com diferentes sufixos.

(iv) Idiomatização em PE a partir da segunda camada A apresentação da informação sobre palavras exclusivas do PE será dada da seguinte maneira: a forma da palavra, a sua estrutura sintática com letras em negritos no sufixo sobre o qual recai a idiomatização, o seu significado em PE.

carrinha, [[ √carr + o]n inha]n - carro de porte médio para transporte

paragem, [[√par + a]v agem] n- parada de ônibus

travagem, [[√trav + a]v agem]n - estado de economia travada

bloquista, [[√bloc + o]n ista ]n - quem faz parte de um bloco político

camarária, [[√camar + a]n ária]a - relativo a câmara dos deputados

guedelhudo, [[[√gued ]R elh]n udo]a – cabeludo

despassarado, [[√des [passaro]n a]v do ]a – distraído

borrachinho, [[√borrach]n inho]n – mulher muito atraente