Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Neemias: Um Governador Bíblico e sua Contribuição para a Restauração de Israel, Notas de aula de Construção

Neemias, um governador persa na província de judá, consolida a restauração do povo de israel após o exílio babilónico. Sua contribuição foi decisiva na história de israel, reconstruindo a cidade e dando um novo início à vida do povo. Neemias era uma figura piedosa e religiosa, confiando em deus para realizar suas atividades. Sua piedade, no entanto, não podia ser qualificada de ingênua, pois sua política coincidia com os interesses do império persa. Neemias também era sensível aos anseios dos pobres e tomou medidas para proteger os mais fracos.

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Abelardo15
Abelardo15 🇧🇷

4.6

(58)

229 documentos

1 / 10

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
Nee m ias: O Perfil de Um Político
Ne ls on Kilpp
O A n ti go Testamento se mpre foi bastante crítico fren te ao s p ode
res políticos de su a época. S ã o po uco s os reis israelita s q ue ficaram ise n
tos de crítica. Há a lg u m as ten dên cias de retratar positivamente o rei Davi
(p.ex. 1 Sm 16s; 24;26), mas n ã o faltam textos que de staqu em os se us er
ros e pe cado s (p.ex. 2 Sm l is). M esm o que haja um a corrente bíblica
que acentue a sab edo ria de Salo m ão (p.ex. 1 Rs 3), a im p re ss ão q ue fi
cou marcada para as ger açõ e s futuras é a de qu e Salo m ã o d esv io u seu
coração de Deus por c ausa de sua s muitas m ulheres (p.ex. 1 Rs 11 ; Ne
13.26). Quem m elhor se sai nesta ava liação dos reis isra elitas parece ser
Josias (2 Rs 23.25; Jr 22.13ss), sem dú v id a por cau sa de su a s refo rm as no
âmbito do culto. Dentre o s reis d e p otências es trangeira s, somente C iro é
visto positivam ente (Is 44.28;45.1). E que com o rei persa se vinculam e x
pectativas de libertação do cative iro ba bilónico. D iante deste qua d ro ge
ral, é, no m ínimo, estranho que um livro que trata d os feitos de um g o
vernador persa na pr ov ín cia de Jud á conse guiu entrar no rol d os livros
sagr ados do A n tigo Testamento.
Um dos m otivos para esta imp ortância dada a N e e m ias foi, sem
dúvida, a situação histórica pe culiar de sua atua ção. Co m Esdras e N e e
mias con solida-se a restauração do povo de Israel em sua terra após o
exílio b ab ilónico . É a hora d a esta biliza çã o e redefiniç ão da fé de Israel e
da orige m do q ue con venc io nou -se c ham ar judaísmo. N e e m ias deu uma
contribuição decisiva num a enc ru zilha da histórica do povo. Há, no en
tanto, indícios de que Neemia s pod ia ser visto també m como o político
ideal. Para Je sus Sirac, Ne em ia s é o último ilustre da histó ria de Israel.
Enquanto que, para o autor d o Sirácida ( = Eclesiástico), os reis de Israel
levaram Je ru sa lé m e o pov o à ruína (Sir 49.4ss), Ne e m ias reconstrói a ci
da de (49.13), dan d o um nov o início à vida do povo. Q u a is teriam sido as
características deste político, que torn aram sua "l e m bra nç a " tão "gr a n
de '?
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Neemias: Um Governador Bíblico e sua Contribuição para a Restauração de Israel e outras Notas de aula em PDF para Construção, somente na Docsity!

Neem ias: O Perfil de Um Político

Nelson Kilpp

O Antigo Testamento sem pre foi bastante crítico frente aos pode res políticos de sua época. São poucos os reis israelitas que ficaram isen tos de crítica. Há algum as tendências de retratar positivamente o rei Davi (p.ex. 1 Sm 16s; 24;26), m as não faltam textos que destaquem os seus er ros e pecados (p.ex. 2 Sm lis ). M esm o que haja um a corrente bíblica que acentue a sabedoria de Salom ão (p.ex. 1 Rs 3), a im pressão que fi cou m arcada para as gerações futuras é a de que Salom ão desviou seu coração de D eus por causa de suas muitas m ulheres (p.ex. 1 Rs 11 ; Ne 13.26). Q uem m elhor se sai nesta avaliação dos reis israelitas parece ser Josias (2 Rs 23.25; Jr 22.13ss), sem dúvida por causa de suas reform as no âmbito do culto. Dentre os reis de potências estrangeiras, somente Ciro é visto positivamente (Is 44.28;45.1). E que com o rei persa se vinculam ex pectativas de libertação do cativeiro babilónico. Diante deste quadro ge ral, é, no mínimo, estranho que um livro que trata dos feitos de um go vernador persa na província de Judá conseguiu entrar no rol dos livros sagrados do Antigo Testamento.

Um dos motivos para esta importância dada a N e e m ias foi, sem dúvida, a situação histórica peculiar de sua atuação. Com Esdras e N ee m ias consolida-se a restauração do povo de Israel em sua terra ap ós o exílio babilónico. É a hora da estabilização e redefinição da fé de Israel e da origem do que convencionou-se chamar judaísmo. N eem ias deu um a contribuição decisiva num a encruzilhada histórica do povo. Há, no en tanto, indícios de que N eem ias podia ser visto também com o o político ideal. Para Jesus Sirac, N eem ias é o último ilustre da história de Israel. Enquanto que, para o autor do Sirácida ( = Eclesiástico), os reis de Israel levaram Jerusalém e o povo à ruína (Sir 49.4ss), N ee m ias reconstrói a ci dade (49.13), dando um novo início à vida do povo. Q u ais teriam sido as características deste político, que tornaram sua "le m b ra n ç a " tão "g r a n d e '?

1 — O Israelita Piedoso

A religiosidade de N eem ias — que não faz parte do clero — é uma das características mais marcantes no livro. C ham a a atenção que a maioria das inform ações que temos a respeito de N ee m ias provêm do seu próprio punho. N a base do livro bíblico está um relatório de ativida des do próprio governador (Ne 1.1-7.72; 12.31-43; 13.4-31). Este relatório pretende ser um tipo de prestação de contas. N ão sabem os ao certo se o relatório é destinado ao imperador persa ou para ser lido diante da as sem bléia do povo judeu ou, então, para defender o autor de acusações de um grupo de oposição. Em última instância, porém, a prestação de contas é feita para Deus. Diversas vezes, em seu relatório de ativida des, N ee m ias se dirige a Javé, seu Deus, com o pedido: "Lem bra-te de m im " (5.19; 13.14,22,31; cf. 6.14; 13.29). O relato termina assim: "Lembra-te de mim, ó meu Deus, para o meu b e m ." Esta prece dá a pers pectiva para o todo do relato: N eem ias entende toda a sua atuação co mo algo que pode ser considerado por Deus em benefício do autor. M uitos luteranos pressentiriam nesta afirm ação um a tentativa de barganhar a salvação com um inventário de boas obras. N ão creio que isto faz justiça a Neem ias. Pois, como qualquer israelita piedoso, tam bém N eem ias considera tudo que consegue realizar com o realização de Deus. fc Javé que convence o imperador persa a deixar N e em ias partir para sua pátria (2.8). É o Deus do céu que faz com que os construtores da muralha de Jerusalém tenham êxito em seu trabalho (2.20;4.9). O temor a Javé é o motor da atuação de Neemias. A o saber da situação miserável em que vivem seus irmãos, os israelitas em Judá, ele chora, fica de luto e em jejum, e ora. Em oração, N eem ias repassa toda a história de culpa de seu povo, m as está confiante nas prom essas de Deus com o um dos "q u e se com prazem no te m o r'" de Javé (1.11). O s nobres que se apro veitam de seus irmãos mais pobres são acusados de não "cam inharem no temor de D e u s" (5.9). N eem ias leva a sério Pv 1.7: " O temor a Javé é o princípio da sab ed o ria." Este "te m o r" está também por trás de sua de cisão de deixar um a vida de luxo na corte para dedicar-se aos seus ir m ãos na fé. A solidariedade com os irmãos é, portanto, conseqüência deste temor. Creio que podem os falar em fé, já que o temor inclui a con fiança em Javé. Q uando N ee m ias tem que motivar os habitantes de Je rusalém a se mobilizarem para o trabalho e a não desistirem por medo, apela a que confiem em Deus (2.18;4.8).

N eem ias é um dos descendentes dos exilados ò Babilônia por Na- bucodonosor em 597 ou 587 a.C. que não regressaram à pátria depois do

Ihia das unidades administrativas menores, as províncias, além da taxa para o rei, também a taxa para o sustento da própria satrapia. O s gover nadores das províncias, responsáveis pela cobrança dos tributos ao rei e à satrapia dos proprietários de sua província, acresciam aos tributos devi dos ainda os custos do governador e da administração provincial. Ne 5.15 dá uma idéia do que significa o "p ã o do gove rnad or": 40 siclos de prata por dia. Na estrutura do Império Persa a tributação tinha, portanto, efeito de avalanche. O povo p a ga va três níveis de governo: o governa dor, o sátrapa e o rei. Para que o recolhimento dos tributos não estancas se, o imperador tinha que ter gente de confiança tanto na satrapia quan to na província.

A necessidade de funcionários leais ao império tornou-se ainda m ais imperiosa na época de Artaxerxes I. Diversos motivos levaram a is so. Um a vez, Artaxerxes optou, em continuidade com o estilo de seu pai, Xerxes, por manter uma corte de muito luxo e de muitos gastos. Além disso, adotou uma política econôm ica de acum ular ouro e prata em seus cofres reais, tornando o vil metal cada vez m ais escasso nas províncias e, portanto, cada vez m ais caro. Esse dinheiro era, em boa parte, gasto nas freqüentes guerras do império com as cidades gre gas que am eaçavam a hegem onia persa no comércio do M a r Mediterrâneo.Politicamente, o Im pério Persa com eçava a desm oronar na época de Artaxerxes. O enfra quecimento por causa dos constantes conflitos com os gre gos induzia muitas satrapias do império a tirarem proveito desta fraqueza. H avia ten tativas de conquistar a autonom ia política e econômica. A satrapia do Egito, vizinha à do Além -Rio, sublevou-se diversas vezes, muitas delas com o apoio de Atenas, contra o império, recusando-se a pagar o tributo. Também o sátrapa de Além -Rio, o general M egabisos, iniciou um movi mento de independência em 449, por causa de divergências políticas com a mãe do imperador. A pesar de M a g a b iso s ter voltado atrás depois de alguns anos, reafirm ando sua lealdade ao governo central, era de su ma importância para este ter um súdito leal na recém-criada província de Judá, que estaria sob a administração de um ex-revoltoso. O projeto de N eem ias — reconstruir os m uros e a cidade de Jerusalém — coincidia, pois, de certa forma, com os interesses do império. Sabem os, p.ex., de N e 5.4, que os judaítas pagavam , mesm o que com dificuldades, direiti- nho o tributo ao rei persa. Volta a pergunta: Será que N eem ias não foi necessário para que a estrutura de tributação do Império Persa continuas se funcionando a contento do governo central? O u seja: a integridade pessoal e a autenticidade da fé de N eem ias não teriam sido responsáveis por uma ingenuidade política?

À primeira vista, parece que sim. Há, no entanto, muitos indícios nos textos que mostram não poderm os qualificar de ingênua a política de Neemias. Pelo contrário, temos a impressão de que N e e m ias veio muito bem preparado para a sua tarefa, tendo uma visão bem clara não so mente dos possíveis conflitos que teria, m as também da importância de sua missão a curto e longo prazo. Além de piedoso, N e e m ias foi, a meu ver, também muito inteligente. O político que, à primeira vista, parece ser ingênuo com o a pom ba é astuto com o a serpente (cf. Mt 10.16).

3 — O Político Astuto

A o chegar em Jerusalém em 445 a.C., N eem ias tem um a só idéia: a de reconstruir a m uralha de Jerusalém. Ora, na época m uralhas signifi cam segurança e proteção para os que habitam dentro delas. N a época de Neem ias, um a cidade m urada é o primeiro passo para a independên cia política e, a m édio prazo, também econômica. N ão é por acaso que os governadores das províncias vizinhas, Sanballat de Sam aria, Tobias de Am on e G ósen da Arábia, vêem na construção do muro algo "p e rig o so". Em primeiro lugar, ele significava que Judá tinha condições de ser uma província, já que se podia defender em caso de necessidade. Esta seria, é claro, um a independência relativa, pois a província de Judá e a cidade de Jerusalém continuariam sob a administração persa através da satrapia de Além -Rio. M a s uma autonom ia frente às províncias vizinhas era um passo importante num a época em que todo o Império Persa co m eçava a desm oronar, mas ainda não tinha perdido toda a sua força.

Parece-me que alguém que conhecia a política persa com o N eem ias não podia deixar de ver que era hora de dar pequenos passos para, no futu ro, saber cam inhar sozinho. O u seja: os desgastantes e intermináveis conflitos com os gregos e as constantes tentativas de diversas satrapias de derrubar o jugo persa form avam um quadro político favorável pára começar a construir, com a benevolência do império, um a independên cia, mesm o que relativa, para estar preparado quando da ruína do siste ma imperial.

A relativa autonom ia política de Jerusalém /Judá terá conseqüên cias econômicas. A província de Sam aria, à qual os judaítas estavam su jeitos até então, não m ais poderia contar com os tributos da província de Judá. Além disto, as relações com erciais estavam sujeitas a serem m odi ficadas. Sab em os que Tobias e Sanballat tinham negócios com parte da

N ee m ias é determinado enquanto o projeto básico de liberdade está em jogo. Em outras circunstâncias, no entanto, N eem ias é m ais libe ral que Esdras. Uns quinze anos antes de Neem ias, Esdras havia ordena do a dissolução de matrimônios mistos, isto é, todos os israelitas que ti vessem casado com m ulheres não judias tinham que expulsá-las de casa juntamente com seus filhos (Ed 10). N eem ias também se irrita com os ju deus que se haviam casado com m ulheres amonitas, asdoditas e moabi- tas, cujos filhos já não entendiam mais a língua paterna. Ele chegou a bater em a lgu n s destes filhos. M a s ele não im põe um a separação de ca sais. A p e n a s adm oesta os pais a evitarem, no futuro, estes casam entos (Ne 13.23ss). Esta proibição é, para nós hoje, algo absurdo. M a s em com paração com Esdras, N eem ias tem um a posição m enos rígida. O s leigos sabem, muitas vezes, ser mais tolerantes que o clero.

Até agora quisem os mostrar que, sob a aparente ingenuidade de Neemias, há um plano ousado de autonom ia política e econômica. Este plano básico é viável, na época, somente se Jerusalém puder oferecer proteção aos habitantes da província. Com isto, no entanto, ain d a não m encionam os um a das características principais do político Neem ias: a sua sensibilidade aos anseios do povo.

4 — O Político Sensível

Pode parecer contraditório que N eem ias fosse, ao mesm o tempo, determinado na execução de seu projeto e sensível aos problem as que afligiam os judaítas. A s duas características estão, no entanto, bem jun tas em duas oportunidades: por ocasião da grande queixa do povo con tra os seus "ir m ã o s " nobres (Ne 5) e na questão da regulam entação do sábado (13.15ss).

Durante a construção dos muros de Jerusalém, ou logo ap ós a conclusão dos mesmos, as cam adas da população pobre, provavelm ente lideradas por mulheres, se revoltam contra um a situação insustentável. A lgu n s são obrigados a penhorar filhos e filhas para receberem trigo p a ra sobreviver. Outros em penham seus campos, vinhas ou casas pelo m es mo motivo. Um outro grupo tem que penhorar sua propriedade por um empréstimo em dinheiro para pagar o tributo do rei (5.1-4). A queixa dirige-se contra um a classe de judeus que se aproveitava da m iséria de seus "irm ã o s". A situação é conhecida. Durante um a seca ou m esm o por causa de um a tributação muito alta, pode ocorrer que uma fam ília não tenha o suficiente para sobreviver até a próxim a colheita. Ela recorre,

então, a pessoas m elhor situadas para fazer um empréstimo em dinheiro ou em grãos até a próxim a safra. Além de ter que pagar os devidos juros, esta fam ília vai ter que deixar um penhor com o credor. Este penhor po diam ser filhos ou filhas. Neste caso o credor podia usufruir gratuitamen te do trabalho destas pessoas enquanto não fosse saldada a dívida. Em caso de o penhor ser um pedaço de terra, o antigo proprietário se torna va, provavelmente, arrendatário de sua própria terra, ou seja, a sua dívi da inicial era acrescida de um a percentagem da produção do campo, vi nha ou olival, que devia ser entregue ao credor até que a dívida inicial fosse completamente saldada. Evidentemente que é muito difícil escapar deste círculo vicioso. O endividado geralm ente se e ndividava cada vez mais, em pobrecia cada vez mais. O s penhores não voltavam a o s proprie tários originais ou, no caso de filhos, às suas famílias. O s filhos e as filhas podiam, então, ser vendidos com o escravos a preços de mercado. A s fi lhas podiam ser maltratadas. O s antigos proprietários tornavam -se arren datários ou diaristas. De outro lado, uma classe econom icam ente forte tornava-se, aos poucos, cada vez mais rica. N eem ias e seus com panhei ros também faziam parte desta elite que emprestava dinheiro aos "ir m ã o s" pòbres. O descontentamento era tão generalizado que parece ter-se ca nalizado em um movimento. Talvez houvesse um a dem onstração públi ca, liderada por m ulheres enquanto os hom ens estavam construindo os m uros da cidade. De qualquer forma, N eem ias notou que a situação era tão grave que podia até am eaçar o seu projeto. N ão se pode construir um a com unidade livre e estável quando há diferenças sociais tão fla grantes. A autonom ia política e econôm ica alm ejada beneficiaria ape nas uma elite que, aliás, nem sempre era confiável, com o vim os acima. Além disto, a situação entrava em conflito com a fé israelita. O nde está a solidariedade de irm ão? Juntamente com outros exilados de posses, N eem ias parece ter com prado de volta israelitas que se haviam vendido, por necessidade, a outros povos como escravos. Agora, N eem ias é obri gad o a reconhecer que esta atitude piedosa está em flagrante contradi ção com a realidade e com a ética da nobreza judaíta. De um lado, com prar de volta "ir m ã o s " judeus escravizados; de outro lado, permitir que "irm ã o s " sejam vendidos com o escravos. O povo consegue abrir os olhos de Neemias. Por tudo isto, N eem ias compra a briga. Q uand o a simples adm oestação da elite econôm ica não dá resultado, ele convoca uma as sem bléia do povo "c o n tra " a m esm a (5.7) e consegue o perdão das dívi das e a restituição dos penhores. Talvez as desavenças posteriores de N eem ias com os setores da nobreza judaíta tenham surgido deste seu po sicionamento em favor dos pobres.

Bibliografia

CLINES, D.J.A. Ezra, Nehem iah, Esther. New Century Bible Commentary. G rand Rapids/London, 1984. FENSHAM, F.C. The Books of Ezra and Nehem iah. The N ew International Commentary on the O ld Testament. G rand Rapids, 1982/83. KELLERMANN, U.Nehem ia. Quellen, Überlieferung und Geschichte. Bei hefte zur Zeitschrift für die alttestamentliche Wissenschaft. Vol. 102. Berlin, 1967. KIPPENBERG, H.G. Religião e Formação de Classes na A ntiga Judêia. Es tudo sociorreligioso sobre a relação entre tradição e evolução so cial. Coleção Bíblia e Sociologia. Vol.4. Paulinas, São Paulo,(1982)

RUDOLPH, W. Esra und N e hem ia samt 3. Esra. Handbuch zum Alten Tes tament. Vol. 1/20. Tübingen, 1949. VALLAURI, E. E sdras— Neem ias. In: P.Teodorico Ballarini (ed.). Introdu ção à Biblia. Vol.lll/1. Vozes, Petrópolis, 1983.