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Reabsorção Radicular Interna: Causas, Diagnóstico e Tratamento, Notas de estudo de Diagnóstico

Uma revisão de literatura sobre a reabsorção radicular interna, um processo patológico raro que resulta na destruição gradativa da dentina intrarradicular. O texto aborda a etiologia, patogênese, diagnóstico e tratamento desta lesão, além de discutir as diferenças entre reabsorção interna e externa. Importante para quem estuda ou trabalha na área de endodontia.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

VictorCosta
VictorCosta 🇧🇷

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NÁDIA MILAINE HOSHINO
REABSORÇÃO RADICULAR INTERNA
Londrina
2013
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NÁDIA MILAINE HOSHINO

REABSORÇÃO RADICULAR INTERNA

Londrina 2013

NÁDIA MILAINE HOSHINO

REABSORÇÃO RADICULAR INTERNA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina. Orientador: Prof. Dr. Victor Hugo Dechandt Brochado. Londrina 2013

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu orientador por todo apoio, atenção dedicada e pela constante orientação neste trabalho. Aos meus pais, Maria de Lourdes Tomiko Aoki Hoshino e Walter Yoshio Hoshino, por acreditarem no meu potencial e investirem em mim, pois sem o suporte deles nada disso seria possível. Aos amigos que me apoiaram em todos os momentos e não dispensaram incentivos. Aos funcionários da biblioteca da COU, por serem tão atenciosos e prestativos. A todos aqueles que de alguma forma me ajudaram e permitiram a realização do trabalho de conclusão de curso.

HOSHINO, Nádia Milaine. Reabsorção Radicular Interna. 2013. 26 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2013. RESUMO A reabsorção dentária interna é uma patologia relativamente rara que se inicia na cavidade pulpar, quer na câmara pulpar ou no canal radicular e destrói os tecidos dentais duros circundantes. Este estudo teve como objetivo realizar um levantamento bibliográfico referente à reabsorção radicular interna, levantando aspectos pertinentes à etiopatogenia, diagnóstico, diagnóstico diferencial e uma breve análise sobre o tratamento da lesão. A maioria dos autores concorda que o trauma e a inflamação crônica da polpa sejam os maiores fatores que acarretam esta lesão, embora outros fatores etiológicos também têm sido sugeridos. Pelo fato da reabsorção radicular ser imprevisível e depender de múltiplas causas, é de suma importância estabelecer um diagnóstico minucioso e criterioso através de anamnese, exames radiográficos e outros exames complementares, para que seja planejada a correta terapêutica. Palavras-chave: Reabsorção radicular interna. Canal radicular. Polpa dentária.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 7

2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................................. 9

2.1 ETIOPATOGENIA................................................................................................ 9

2.2 ASPECTOS CLÍNICOS E EXAME RADIOGRÁFICO......................................... 12

2.3 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL.......................................................................... 15

2.3.1 Reabsorção interna vs. Reabsorção externa.................................. .............................................................................................................. 15 2.3.2 Reabsorção interna vs. Reabsorção cervical invasiva ..................................... 16 2.4 TRATAMENTO DA REABSORÇÃO INTERNA................................................... 19 3 DISCUSSÃO.......................................................................................................... 20 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 23

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1. INTRODUÇÃO A reabsorção dentária é a perda de tecido mineralizado resultado da ação das células clásticas. Em dentes decíduos é uma resposta fisiológica normal, resultando na esfoliação dos dentes decíduos com a substituição pela dentição permanente. No entanto, o processo de reabsorção radicular na dentição permanente tem uma base patológica (BILLIE et al., 2007; BILLIE et al. 2008). Ao contrário do osso que sofre remodelação fisiológica contínua ao longo da vida, a reabsorção dos dentes permanentes não ocorre. Portanto, a reabsorção radicular na dentição permanente é um processo patológico que se não tratado, pode acarretar na perda prematura dos dentes afetados. Quanto à natureza do processo de reabsorção, Neville et al. (2004) classificaram as lesões radiculares em reabsorção inflamatória e reabsorção por substituição, ambas podendo ocorrer tanto interna como externamente, apesar de que as reabsorções radiculares patológicas decorrerem em geral, de processos inflamatórios instalados numa área do periodonto ou do tecido pulpar que tenha sido previamente danificado ou alterado. Lopes et al. (2010) relataram que as reabsorções dentárias são uma ocorrência especificamente local e podem ser provocados por meio de fatores traumáticos e/ou infecciosos. Os tipos de traumas mais abrangidos são luxação lateral, intrusão, avulsão seguida de reimplante, fratura radicular e fratura coronária (com lesão de luxação). A necrose pulpar adjunto a lesões perirradiculares, bem como os movimentos ortodônticos impróprios, dentes impactados, trauma oclusal ou tecido patológico (cistos e neoplasias), também estão associados como fatores etiológicos das reabsorções dentárias. De acordo com Consolaro (2011), apesar de estarem muito próximas do tecido pulpar ou mesmo que ocorram pela estrutura da própria polpa, como na reabsorção interna, as reabsorções radiculares não provocam dor, nem necrose. A quantidade de mediadores presentes para induzirem a reabsorção dos tecidos mineralizados não é o bastante para causar dor ou desconforto ao paciente e, a ocorrência da reabsorção não libera toxinas para as células. Ou seja, caso houver sintomatologia dolorosa em dentes com reabsorção, deve-se procurar outros motivos para explicá-las, pois as reabsorções dentárias são assintomáticas e silenciosas. Não causam alterações pulpares, periapicais ou periodontais, sendo

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2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1 ETIOPATOGENIA A reabsorção radicular interna, também denominada de reabsorção intracanal, odontoblastoma, endodontoma ou granuloma interno, representa um processo patológico de ocorrência relativamente rara. É uma condição inflamatória, pois é causada pela presença de tecido pulpar necrótico e infectado no canal radicular. A reabsorção interna resulta na destruição gradativa da dentina intrarradicular e esse tipo de reabsorção pode localizar-se na porção coronária ou nos terços cervical, médio ou apical das paredes do canal radicular. Além disso, pode acometer um ou mais elementos dentários (NEVILLE et al., 2009; CONSOLARO et al., 2012). Os espaços reabsorvidos são preenchidos por tecido de granulação ou em combinação com tecidos mineralizados, como osso e cemento (PATEL et al., 2010). Patel et al. (2009b) relatou que dados epidemiológicos referentes a esta patologia são escassos e dificultam o conhecimento de sua real prevalência. Tipicamente apenas um dente por paciente é afetado, embora ocasionalmente vários dentes possam estar envolvidos. Fuss (2003) explicou que a etiologia de diferentes tipos de reabsorção radicular requer duas fases: primeiramente, a lesão mecânica ou química contra os tecidos de proteção e, posteriormente, um estímulo de infecção ou pressão. A lesão pode ser semelhante em vários tipos de reabsorção radicular. Por conseguinte, a seleção de um tratamento adequado está relacionada com os fatores de estímulo. A inflamação intrapulpar é o fator de estímulo da reabsorção radicular interna e reabsorção radicular inflamatória externa. Segundo Franscischone et al. (2002), para determinar a causa da reabsorção radicular seria necessário uma anamnese detalhada, compreendendo a história dentária anterior, os acidentes, os tratamentos anteriores, patologias associadas e muitos outros detalhes importantes na etiopatogenia, porém, nem sempre lembrados pelo paciente ou passados despercebidos e, que o clínico não tinha condição de reconhecer. Quando não era possível encontrar a causa local da reabsorção radicular, a etiopatogenia podia ser denominada de idiopática e não sistêmica. O termo idiopático atribuía ao caso uma impossibilidade de determinação

11 da causa e não uma conotação de origem sistêmica e iatrogênica. A cavidade pulpar dentária é recoberta internamente por dentina, pré-dentina e odontoblastos. Os odontoblastos, juntamente com a camada de pré- dentina não tem capacidade reabsortiva (SOARES, 2002). Para Consolaro et al. (2012), o estímulo que induzirá a reabsorção interna deverá ser de longa duração e baixa intensidade, não suficiente para promover necrose pulpar, caracterizando um processo inflamatório crônico. A camada odontoblástica que, auxiliada pela pré-dentina conferem um tipo de proteção à parede pulpar contra as células clásticas, que impedem seu acesso à dentina mineralizada. Os clastos se aderem apenas em tecidos mineralizados. Sendo assim, a camada de odontoblastos e pré-dentina têm de ser alterada ou danificada, resultando na exposição da dentina mineralizada diretamente ao tecido conjuntivo pulpar inflamado e rico em células reabsortivas (células clásticas e macrófagos), possibilitando um ponto inicial para as reabsorções internas. Isto é, o processo de reabsorção interna é precedido de: inflamação crônica pulpar, desaparecimento ou danificação da camada odontoblástica e de pré-dentina, e invasão de células clásticas. Casos de reabsorção interna analisados por Zakhary, em 44% havia história de traumatismo, em 32% foi indicada cárie e pulpite e 19% foram considerados casos idiopáticos. Nas histórias de traumatismo súbito, sintomatologia suportável e passageira, a camada de odontoblastos pode ser danificada, ocorrendo deslocamento de pequenos fragmentos de pré-dentina e camada odontoblástica. Nas pulpites crônicas de longa duração relacionadas a cáries, restaurações profundas sem proteção adequada ou ainda a carência de refrigeração durante o preparo cavitário que elevam demasiadamente a temperatura dos tecidos dentários, áreas da camada de odontoblastos podem ser localmente destruídas, expondo assim a dentina frente à ação clástica. Em ambas as situações, as áreas afetadas podem ser o ponto culminante para que ocorra o processo destrutivo. Existem casos de reabsorções radiculares patológicas definidas como idiopáticas. Porém, segundo Trope, Chivian (1996), tais exemplos refletem muito mais nosso desconhecimento acerca da etiologia das reabsorções radiculares do que da possível inexistência de um fator etiológico. Consolaro et al. (2012) relataram que as reabsorções internas têm sua etiopatogenia associada aos traumatismos, cáries, pulpites crônicas de longa

13 cavitário sem o devido resfriamento, etc), provocando uma inflamação pulpar (pulpite crônica) ou resultante de injúrias dentais (luxações) ou hemorragia pulpar em 21% dos casos. Consolaro (2011) afirma que as reabsorções dentárias têm várias causas, que atuam isoladas, independentemente umas das outras. Conceitualmente, devemos evitar afirmar que as reabsorções dentárias são multifatoriais. Mas podemos sim, afirmar com maior precisão que se têm múltiplas ou muitas causas. O termo multifatorial pode dar a equivocada conotação de simultaneidade de causas para que as reabsorções dentárias ocorram, pois segundo ele, o termo ‘etiologia multifatorial’ sugere que uma determinada doença ou fenômeno necessita de várias causas atuando ao mesmo tempo para ocorrer. De acordo com Lopes et al. (2010), no exame histológico, observou- se uma transformação do tecido pulpar normal em tecido pulpar granulomatoso, com células gigantes multinucleadas reabsorvendo as paredes dentinárias da parede pulpar e avançando em direção à periferia. As paredes mostraram-se irregulares, pelas numerosas lacunas de reabsorção (lacunas de Howship) e clastos multi e mononucleados associados a outras células mononucleadas constituintes das unidades osteorremodeladoras. A porção da polpa coronária apresenta uma zona com tecido pulpar necrosado e infectado, sendo este, aparentemente, o fator etiológico para manter esse processo de reabsorção ativo. Além disso, pode ser observado um rico infiltrado e exsudato inflamatório, especialmente em casos associados às perfurações por trepanação, fraturas, lesões periapicais e movimentação dentária induzida. 2.2 ASPECTOS CLÍNICOS E EXAME RADIOGRÁFICO Conforme Haapasalo e Endal (2006), as características clínicas da reabsorção interna dependem do desenvolvimento e da localização da reabsorção. Por ser assintomática, esta condição pode passar despercebida até que a lesão tenha avançado significativamente, levando à perfuração radicular, sintomas de periodontite e até a perda do dente. Assim, quando a reabsorção interna está em fase de progressão e o dente apresenta-se parcialmente vital, este pode apresentar

14 sintomas típicos de pulpite. Segundo Consolaro et al. (2012), na apresentação clínica, quando a reabsorção interna está presente na polpa coronária, pode-se observar pontos róseos na coroa dentária, conhecida como “pink spot” ou dente róseo de Mummery. Estas manchas, esteticamente, podem incomodar o paciente. Isto acontece, pois, quando a reabsorção interna ocorre ao nível da porção coronal, principalmente em dentes anteriores, o aumento do volume pulpar causado pelo processo inflamatório permite sua visualização, por transparência, atrás do esmalte. Como o traumatismo está associado à etiopatogenia da reabsorção interna e, em função disto, não raramente os pacientes procuram a ajuda profissional com queixa de escurecimento dentário, às vezes com leve sensibilidade dolorosa à percussão vertical; ao radiografá-lo, nota-se reabsorção interna, com necrose pulpar e lesão periapical crônica associada. Lopes e Siqueira Jr. (2004) destacaram que por a reabsorção interna ser assintomática, geralmente é diagnosticada durante o exame radiográfico de rotina. No entanto, quando a reabsorção torna-se perfurante, ou seja, há comunicação da polpa com o periodonto, o dente pode apresentar sensibilidade à mastigação. A polpa apresenta-se parcialmente necrótica, enquanto o remanescente pulpar permanece com vitalidade, podendo assim responder ao teste de vitalidade pulpar. Todavia, após a progressão da atividade da reabsorção interna, a polpa pode necrosar totalmente e esta não mais responder ao teste de sensibilidade. Nestes casos, a evolução da patologia é interrompida, ou seja, é transitória. Gutmann et al. (2006) explicaram que a reabsorção inflamatória interna pode continuar a expandir até a superfície externa da raiz e alcançar o periodonto se a terapêutica não for iniciada. Eventualmente, a reabsorção vai perfurar a raiz a menos que o profissional intervenha através do tratamento curativo para impedir a progressão do processo destrutivo. Quando a reabsorção interna progrediu através do dente e atingiu o periodonto, o cirurgião dentista depara-se com problemas adicionais de inflamação periodontal, sangramento e dificuldade para obturar o canal. Clinicamente, haverá geralmente hemorragia contínua no canal radicular mesmo depois que toda a polpa for removida. Ademais, quando o canal é secado com pontas de papel absorvente, a hemorragia pode ser visível apenas na ponta da perfuração. Em alguns casos de perfuração ocorrida já há algum tempo, uma fístula pode apresentar-se na mucosa oral adjacente ao defeito. Uma manobra

16 2.3 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Em alguns casos é difícil distinguir a reabsorção radicular interna da externa, pois nem todas as reabsorções internas possuem progressão similar, podendo apresentar-se assimétricas, dificultando o diagnóstico diferencial com outras lesões reabsortivas, o que significa que diagnósticos equivocados podem gerar um resultado de tratamento incorreto. Especialmente, nas situações a seguir é importante fazer o diagnóstico diferencial entre as reabsorções radiculares. São elas: 2.3.1 Reabsorção interna vs. reabsorção externa O diagnóstico das reabsorções dentárias durante a prática clínica é comumente realizado por meio das radiografias intraorais. Para Macieira et al. (2011), o correto diagnóstico diferencial entre a reabsorção interna e a externa é primordial, pois representam processos patológicos distintos e, consequentemente, exigem terapêuticas diferentes. O diagnóstico diferencial entre as reabsorções radiculares internas e externas por meio da imagem radiográfica apresenta aspectos muitas vezes de difícil identificação e um diagnóstico equivocado pode levar a uma conduta clínica inadequada. Em princípio, são tanto maiores essas dificuldades quanto menor é o treinamento do profissional para essa finalidade. De acordo com Silveira et al. (2008), a identificação poderá ser realizada levando-se em consideração a imagem radiográfica. A imagem radiográfica onde se encontra reabsorção externa evidencia uma área de rarefação óssea associada à alteração dentária, visto que na reabsorção interna está limitada ao dente, exceto quando é comunicante. Essa característica diferencial é importante em relação à conduta clínica. Além deste método, pode-se usar a técnica radiográfica de Clark, um método de localização radiográfica que consiste na tomada de duas tomadas radiográficas periapicais suplementares com variação do ângulo de incidência do feixe de raios-X (mesiais e distais), e no efeito que essa variação proporciona na imagem radiográfica. A deformidade interna acompanha a imagem em todas as angulações (mesial e distal) e a reabsorção externa tenderá a

17 afastar-se do canal quando mudamos a angulação de incidência. Esta diferença existe porque o defeito da reabsorção interna é uma expansão do canal, ao passo que a reabsorção externa é separada e é frequentemente superficial em relação à superfície radicular, lateral ao canal. Além disso, essas radiografias podem revelar qual o lado da raiz está afetado em casos de reabsorção externa. Para Consolaro et al. (2012), nas reabsorções internas os contornos na imagem radiográfica do canal radicular encontram-se expandidos ou dilatados como um balão, enquanto são respeitados nas reabsorções externas onde apresentam uma tênue linha radiopaca atravessando a área de radiolucência contornada por uma fina linha radiopaca. Outra particularidade diferencial relevante entre reabsorção interna e externa corresponde à interrupção da lâmina dura adjacente presente nas áreas periodontais circunvizinhas à reabsorção radicular inflamatória externa; na reabsorção interna, a lâmina dura apresenta-se intacta, íntegra, sem irregularidades, pois não se associa com a face radicular externa e fica confinada ao interior do canal radicular, não envolvendo o osso. Mais um aspecto diferencial importante é pertinente aos sinais, sintomas e história dentária anterior, realizada por uma anamnese minuciosa. Casos de avulsões e luxações, fraturas coronárias e escurecimento dentário são peculiaridades geralmente relacionadas à imediata necrose pulpar pós-traumática, portanto, sem conveniência para a reabsorção interna ocorrer, pois esta requer uma polpa viável biologicamente para se instalar. Os traumatismos usualmente correspondentes à reabsorção radicular interna têm menor gravidade e não promovem luxações e fraturas coronárias. 2.3.2 Reabsorção interna vs. reabsorção cervical invasiva De acordo com Lopes e Siqueira Jr. (2004), a reabsorção cervical invasiva (RCI) é resultado de uma reação inflamatória do ligamento periodontal advinda do estímulo microbiano oriundo do sulco gengival ou mesmo do canal radicular. Neville et al. (2009) acrescentaram que em certos casos, a reabsorção interna coronária pode induzir à formação de manchas róseas que podem ser clinicamente reconhecidas, por transparência, através do esmalte. A RCI

19 profundidade de penetração de sonda é bastante limitada. Consolaro et al. (2002) relataram que a reabsorção cervical invasiva não envolve o tecido pulpar direta ou previamente, mas sim bactérias podem encontrar-se ali secundariamente. Por contato, essas bactérias e seus produtos podem gerar uma pulpite com efeitos clínicos. Em vários casos, provavelmente na maioria, a reabsorção cervical externa pode ser tratada sem o sacrifício da polpa dentária, diferente da reabsorção radicular interna. Para Patel e Pitt Ford (2007), a interpretação radiográfica é essencial para o diagnóstico de reabsorção cervical invasiva e a dificuldade em distinguir esta lesão de reabsorção radicular interna tem sido destacada na literatura. O obstáculo ao realizar o diagnóstico diferencial ocorre quando a reabsorção cervical não é acessível por sondagem e é projetada radiologicamente sobre o canal radicular. Nesta situação, ambas as lesões podem ter uma aparência radiográfica semelhante. A precisão diagnóstica baseada em radiografia convencional e exame radiográfico digital são limitadas pelo fato de que as imagens produzidas por estas técnicas fornecem apenas uma representação de duas dimensões de objetos tridimensionais. Além disso, as estruturas anatômicas podem se sobreporem e distorcer a imagem. Isso pode, consequentemente, levar a erros de diagnóstico e tratamento incorreto da reabsorção radicular interna e reabsorção cervical externa. Haapasalo e Endal (2006) ressaltaram que apesar de a reabsorção interna ter probabilidade de ocorrer na área coronária, o que diferencia as duas reabsorções é o ponto de invasão na superfície da raiz na reabsorção cervical que pode por vezes ser difícil ou impossível detectar na radiografia, embora em alguns casos a sombra do canal radicular pode ser visto, fracamente, por meio da reabsorção. A presença ou ausência das linhas opacas que cercam a polpa ainda é um indicador útil para diferenciar os dois tipos de patologias. A evolução recente de técnicas radiográficas já começou a ter um impacto sobre o diagnóstico de reabsorção de dentes. Algumas técnicas já facilitam potencialmente o diagnóstico diferencial e podem ajudar a determinar a localização, as dimensões, amplitude, e possível (is) local (is) de perfuração em maior detalhe do que tem sido previamente disponível. Segundo Dawood, Patel e Brown (2007), o avanço da Tomografia Computadorizada Cone Beam (Cone Beam Computed Tomography - CBCT) reforçou o diagnóstico diferencial radiográfico nesses casos. Patel et al. (2009) declararam que o uso da CBCT pode ser

20 inestimável no processo da tomada diagnóstica. A utilização desta tecnologia pode proporcionar ao especialista uma análise tridimensional do dente, fornecendo informações relevantes sobre a localização e natureza da reabsorção radicular e a anatomia adjacente, ademais, a verdadeira natureza da lesão pode ser avaliada, incluindo perfurações de raiz e detecção de possíveis complicações. Assim sendo, os autores concluíram que houve uma significativa exatidão na escolha de tratamento quando a CBCT foi utilizada em comparação com o uso de radiografias intraorais convencionais para diagnosticar as lesões de reabsorção. 2.3 TRATAMENTO DA REABSORÇÃO INTERNA Para Soares (2001), independentemente das causas, dos mediadores específicos, gerais e locais, que agem iniciando, estimulando ou inibindo o processo de reabsorção, os fatores intervenientes poderiam ser reunidos em dois grupos:  Fatores desencadeantes;  Fatores de manutenção. Os primeiros estabelecem ou geram as condições iniciais à reabsorção; os do segundo grupam a mantem. Parece compreensível que o tratamento das reabsorções deve ter sempre por objetivo retirar o fator de manutenção. O tratamento das reabsorções está diretamente ligado com sua natureza, seu tipo e com sua localização. Consolaro et al. (2012) explicaram que o tratamento da reabsorção radicular interna deve ser consecutivamente efetuado após o diagnóstico, em todos os casos, porque seu avanço pode ser lento, mas também rápido. Nos casos de reabsorção interna, não é costumeiro fazer tratamento expectante. No tratamento da reabsorção interna geralmente se planeja a pulpectomia. O tratamento biomecânico do canal radicular deve ser precedido pela aplicação, em uma ou várias sessões, de hidróxido de cálcio a fim de provocar, por contato, a necrose de todos os mediadores osteorremodeladoras, em função da sua alta alcalinidade. Neville et al. (2009) complementaram que a reabsorção interna pode