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Biografia do Bispo Edir Macedo
Tipologia: Notas de estudo
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Copyright © Edir Macedo, 2012
Todos os direitos desta edição reservados à Editora Planeta do Brasil Ltda. Avenida Francisco Matarazzo, 1500 – 3º andar – conj. 32B Edifício New York 05001-100 – São Paulo – SP www.editoraplaneta.com.br vendas@editoraplaneta.com.br
Conversão para eBook: Freitas Bastos
M119n Macedo, Bispo, 1945- Nada a perder / Edir Macedo. - 1.ed. - São Paulo: Planeta, 2012. ISBN 978-85-7665-985-
12-4518. CDD: 926.58 CDU: 929:
Ao meu Deus, Senhor da minha vida. Nada do que aconteceu seria possível sem o Espírito de Deus.
décadas de fuga pelo deserto. Ao estabelecer as leis para os hebreus, de- terminou que sempre fosse feita uma recordação às futuras gerações: “Quando teu filho, no futuro, te perguntar, dizendo: Que significam os testemunhos, e estatutos e juízos que o Senhor, nosso Deus, vos orden- ou? Então, dirás a teu filho: Éramos servos de Faraó, no Egito; porém o Senhor de lá nos tirou com poderosa mão. Aos nossos olhos fez o Senhor sinais e maravilhas, grandes e terríveis, contra o Egito, contra Faraó e toda a sua casa” (Deuteronômio 6.20-22). Assim, inicio a primeira obra com as memórias da minha vida. Serão três livros para recontar os desafios do começo dessa jornada, a origem e a árdua construção dos 35 anos da Igreja Universal do Reino de Deus, nossa trajetória de batalhas e conquistas marcada por episódios decis- ivos e inesperados, mas, sobretudo, para narrar as minhas experiências espirituais jamais reveladas com tanta descrição de detalhes. Nada a Perder não é uma simples retrospectiva. Não sei viver do passado. Eu olho para frente. Por isso, esta obra se projeta para o futuro, com o objetivo de reunir e divulgar experiências pessoais para alicerçar a crença dos que seguem firmes a fé cristã e alcançar os que se consideram perdidos. O livro não segue uma precisa ordem cronológica, escrevi a maioria dos capítulos fora de sequência, de forma temática. Abordo os assuntos de modo individual buscando extrair ensinamentos práticos da crença na Palavra de Deus, vividos no meu dia a dia. Esta também não é uma exposição convencional de quem eu conheci ou daquilo que fiz ao longo das últimas décadas, por isso há uma série de pessoas próximas e anôni- mos que estão ausentes destas páginas. A intenção principal desta obra é
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registrar com minhas próprias palavras os momentos de convicção que transformaram a minha vida e que podem ajudar tantas pessoas a en- contrar o significado maior de suas existências. Nada a Perder se baseia principalmente nas minhas lembranças e nas de Ester, fiel companheira desde o início deste percurso percorrido. Com a ajuda do jornalista e escritor Douglas Tavolaro, que convive conosco há nove anos, fundamentei minha narração com o auxílio de re- latos dos primeiros fiéis, obreiros e pastores, depoimentos dos meus fa- miliares, documentos antigos, reportagens e fotos da época. Em alguns casos, precisei contar somente com a minha memória. Nas páginas seguintes, fiz o melhor para escrever a respeito das lições que esta caminhada de fé me ensinou. Peço a Deus que minha ex- periência seja útil para o leitor tomar decisões em sua própria vida para alcançar o que há de mais relevante neste mundo: a conquista da sal- vação eterna da alma. Agradeço ao Espírito de Deus pela oportunidade de compartilhar a minha história com cada um de vocês.
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DOA A QUEM DOER
u tenho prazer em admirar o céu. O sol, as nuvens, a lua, as es- trelas. Tudo forma uma composição irretocável, símbolo do que há de mais sublime no dom da perfeição. O céu representa bem a transformação de um planeta que era sem forma e vazio. Por onde viajo, passo horas olhando para o horizonte azul e medit- ando em Deus. Sozinho, sento-me numa cadeira, em silêncio, sem ler nem ouvir som nenhum, sem conversar com ninguém. Geralmente faço isso ao amanhecer. O sol aquece meu corpo. Medito nas promessas, na compaixão, nas vontades divinas. Olho para dentro de mim. É meu momento com Deus. Jesus “se retirava” para o deserto para orar. Ninguém o acompanhava, ele seguia só para viver sua intimidade de Espírito. Era o alimento de sua alma. Sigo esse exemplo. Os mo- mentos de silêncio, contemplando a beleza do céu, me fazem ouvir Deus. Me fazem pensar. E me trazem memórias. O céu também é a expressão da liberdade. Quando eu era criança, tinha pavor em pensar na privação. Dizia para os meus irmãos que preferia levar umas bofetadas do meu pai a ser proibido de sair de casa. A clausura me agoniza. Que ser humano consegue viver feliz sem poder
Deixei o altar, me despedi de alguns pastores e, como fazia sempre aos fins de semana, convidei meus amigos Laprovita Vieira e sua mulh- er Vera para almoçarem em nossa casa. Já no carro, pedi para Laprovita me seguir. Começo da tarde do dia 24 de maio de 1992, mais precisamente uma e meia da tarde. Como esquecer essa data e esse horário? Era um tempo de ataques à Igreja Universal, a mim e a minha família. Desde que o trabalho começou a crescer, entramos na mira. O Clero Romano mandava e desmandava no Brasil, mais do que nos dias de hoje. Eram políticos de prestígio, empresários da elite econômica e social, intelectuais, juízes, desembargadores e outras autoridades do Poder Judiciário que tomavam decisões sob a influência do alto comando católico. A Cúria não admitia o surgimento de um povo livre da escravidão religiosa imposta por eles. Mas eu nunca olhei para isso. Minha missão sempre foi uma só: pregar a verdade do Evangelho a to- dos os que sofrem. Antes mesmo da compra da Rede Record, em novembro de 1989, já havíamos sido vítimas de diversos tipos de abuso. A polícia tinha inva- dido meu apartamento, os escritórios da Igreja e as empresas relacion- adas que existiam para apoiar o trabalho evangelístico. Sabia que as perseguições jamais teriam ponto-final, mas nunca imaginei que essas agressões terminariam em prisão. O meu nome foi surrado por anos seguidos. Para quem me odiava, bispo Macedo era sinônimo de bandido. Isso é assim até hoje. Muita gente sequer me conhece e deseja o mal para mim. Tudo bem, a própria Palavra de Deus me alertava sobre isso. Muitos que se convertiam
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mudavam de opinião após conhecerem de perto o trabalho da Igreja e as minhas intenções. Não havia problema, era assim até com Jesus. Mas nunca aceitei a ideia de que a Justiça brasileira seria influenciada pelas vontades do Vaticano ou pela pressão da imprensa manipulada por eles. A Igreja Universal já estava em quatro continentes e avançava sem parar. Almas estavam sendo ganhas em todo o mundo. Milhares de pastores e obreiros levantados, milhões de fiéis se multiplicando. A Re- cord havia sido comprada tinha apenas três anos, ainda estávamos colocando a empresa em ordem, mas já prometia um grande desenvolvi- mento. Todos sabiam que a Record tomaria o rumo de um crescimento sustentável e irreversível, como de fato aconteceu. E eu paguei por tudo isso. Andei com o carro alguns quarteirões do estacionamento da Igreja e, na rua São Benedito, ouvimos um barulho estranho. A imagem per- manece estática na minha mente: dezenas de viaturas da polícia cor- rendo em nossa direção. Ester me perguntou se tinha cometido alguma infração de trânsito. — Não, Ester. Estou dirigindo normalmente. — Mas o que é isso então? – questionou Ester. Não deu tempo de responder. As viaturas, com os ruídos da sirene, acelerando ferozmente, me mandavam parar. Eles acenavam com viol- ência. Alguns colocavam a cabeça para fora da janela do carro e gritavam comigo. O carro é cercado. Metralhadoras, revólveres e um tremendo apar- ato de armas pesadas apontadas para mim e para minha família. Que mal poderíamos fazer? Eu, Ester e minha filha de 17 anos. Quase perdi a
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SENHOR, ONDE ESTOU?
aquela tarde de domingo de 1992, estava a caminho da prisão. Não sabia para onde seria levado, apenas que era o trajeto da cadeia. O rumo do cárcere. Minhas pernas tremiam. Meu coração palpitava, mas segui calado na viatura que disparava em alta velocidade. Apesar do clima fora de controle, havia paz no meu interior. Em um descuido, o policial à minha esquerda deixa cair as algemas sobre os meus pés. Os policiais se mostravam nervosos, tensos e descontrolados. Eu não conseguia enxergar direito. Só sentia indignação. Pensava onde a minha família estaria naquele momento. Pensava em Ester e Viviane, no meio da rua, desesperadas. Pensava na Igreja. Pensava no nosso povo. Pedia para Deus me guardar. Pedi para Ele proteger a mim e a minha família. Quem seria capaz de enfrentar uma situação destas sem a proteção de Deus? Caiam mil ao meu lado e dez mil à minha direita, eu não serei atingido. Mesmo sozinho numa “batalha perdida”, o profeta Eliseu tinha consigo tropas maiores e mais fortes do que um exército inteiro, com forças militares imbatíveis, sob o comando do rei da Síria. Era um
Caminho na sinceridade, como afirmou Salomão. Por isso, eu con- fiava na proteção divina mesmo em meio a toda truculência daquela de- tenção injusta e cruel. Após me prenderem na rua, a primeira parada da viatura foi no Deic, o conhecido Departamento Estadual de Investigações Criminais. Um caminho de 20 quilômetros que foi cumprido em poucos minutos. Estava de terno cinza, camisa branca e gravata vermelha. A mesma roupa com a qual tinha feito a reunião em Santo Amaro. Desceram-me da viatura e me empurraram para dentro do prédio da polícia. Nos pou- cos passos que dei em direção à porta de entrada, vi um cinegrafista com o colete de uma das principais emissoras de TV no país. Era a única equipe da imprensa no local. Estranho, não? Somente dentro do prédio me informaram que havia um mandado de prisão para mim. Minha cabeça ia longe: pedido de prisão? Como as- sim? Qual era a base legal? Como um juiz teria autorizado essa decisão? O que poderia justificar a minha detenção? O que aprontaram desta vez? Muitas perguntas estavam sem respostas. Permaneci horas sentado numa das salas de investigação do Deic. Mudo. Percebia uma movimentação contínua. Eu, que sempre zelei por pagar as contas em dia, que tinha pavor somente em pensar em at- rasar pagamentos, estava preso. Algemado como se fosse um marginal perigoso. De repente, outros policiais me informam que seria enviado ao distrito onde me manteriam trancafiado pelas próximas semanas. Cheguei quase no início da noite à delegacia de Vila Leopoldina, na zona oeste de São Paulo. Avenida Doutor Gastão Vidigal, 307, 91º
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Distrito Policial. Este era o endereço onde viveria meus 11 dias de castigo. Era lá que viveria os 11 dias mais terríveis da minha vida. Onze dias de solidão. Um antes e um depois. Meu Deus, o Espírito do Altíssimo, haveria de me guiar neste deserto. Eu clamava por uma luz no inferno de escuridão que tomava conta daqueles momentos. Na porta da delegacia, desci escoltado e novamente empurrado às pressas por investigadores da Polícia Civil. Eram dois homens que faziam questão de demonstrar as armas presas na cintura. Caminhamos até a última porta do corredor principal do distrito. Um portão de ferro separava o saguão do corredor das celas. A sep- aração da vida em liberdade para a angústia da reclusão. A fronteira que distingue o cidadão de bem dos que se entregam à marginalidade. A honra desfeita. A dignidade lançada na sarjeta. O portão de ferro se abriu para mim. — Senhor, Senhor, onde estou? – indagava-me, em pensamento, sem parar. José havia sido preso. Jeremias lançado nas celas de um calabouço. Daniel encarcerado numa cova. Pedro sofreu as aflições de virar pri- sioneiro. A Igreja perseverou em oração e uma luz resplandeceu na ca- deia. Paulo e Silas foram jogados na masmorra e açoitados. A prisão tre- meu quando eles oraram. Como reagir, à luz da fé, ao se tornar personagem de um drama real? As quatro celas estavam lotadas. Mais de 20 presos abarrotavam o espremido espaço. Vi a cela onde passaria a minha primeira noite atrás das grades. Entrei.
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