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Guias e Dicas
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N2 Epistemologia em Comunicação, Exercícios de Epistemologia

N2 Epistemologia em Comunicação

Tipologia: Exercícios

2019

À venda por 19/03/2025

karen-okada
karen-okada 🇧🇷

14 documentos

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Na sociedade em que estamos inseridos, o ato do consumo é algo praticamente
natural. Com o surgimento de novas mercadorias, os consumidores, mesmo que o seu atual
produto ainda o satisfaça, acabam desenvolvendo um sentimento de necessidade de possuir o
novo, pois é a tendência da vez. Isso também se aplica ao desejo de possuir itens de luxo e
exclusivos, que poucas pessoas tem. Propagandas que incitam o consumo e o fato de “estar
na moda” na sociedade contemporânea são apenas dois dos diversos fatores que estimulam
tal comportamento. Outro princípio que atua como estimulante para o consumismo é a
sensação de realização e prazer proporcionada pela aquisição de itens caros e de marcas
pouco acessíveis. Para dissipar tal ideia, as músicas que deixam explícita a ostentação são
consideradas mecanismos para o incentivo ao consumo. Tal exibicionismo do luxo e da
grandeza está frequentemente presente nas músicas de hip-hop. Os artistas em si também
passam a transmitir a mensagem, que, muitas vezes, vivem na pele o que dizem em suas
músicas, sempre exibindo seus carros caros, roupas de marca e montes de dinheiro em seus
clipes, e até mesmo na vida real. Soulja Boy, com suas 27 músicas que incluem o nome da
marca Gucci, é um exemplo concreto da presença da ostentação e seu poder de influência. Ao
divulgar tais bens, os fãs passam a almejar o mesmo estilo de vida e a admirar os que vivem
dessa maneira.
Para entender a prática do consumismo na sociedade contemporânea, é preciso
entender o capitalismo e como tal sistema impactou a vida de todos. O capitalismo em si é
um sistema econômico baseado na propriedade privada dos meios de produção e no acúmulo
constante de capital, sempre visando o lucro e o poder. Karl Marx foi o principal sociólogo
que citou e criticou esse sistema. De acordo com o autor, "(...) a riqueza da sociedade
burguesa aparece como uma imensa acumulacao de mercadorias, sendo a mercadoria isolada
a forma elementar dessa riqueza. Mas, cada mercadoria se manifesta sob o duplo aspecto de
valor de uso e de valor de troca." Marx (1859, pág. 51).
Nos seus estudos sobre o mundo do trabalho na modernidade, Marx observa que as
mercadorias passam a ser objetos de adoração por parte do homem, o que ele nomeia de
"fetiche da mercadoria". Essas mercadorias passam a ter duplo valor, sendo eles o valor de
uso e valor de troca. O valor de uso é definido pela capacidade de satisfazer necessidades
humanas, portanto, ele depende da utilidade do produto. o valor de troca, é definido pela
quantidade de um produto que é possível conseguir em troca de uma certa quantidade de
outro produto. A partir do fetichismo dentro do capitalismo, a mercadoria passa a ter o valor
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Na sociedade em que estamos inseridos, o ato do consumo é algo praticamente natural. Com o surgimento de novas mercadorias, os consumidores, mesmo que o seu atual produto ainda o satisfaça, acabam desenvolvendo um sentimento de necessidade de possuir o novo, pois é a tendência da vez. Isso também se aplica ao desejo de possuir itens de luxo e exclusivos, que poucas pessoas tem. Propagandas que incitam o consumo e o fato de “estar na moda” na sociedade contemporânea são apenas dois dos diversos fatores que estimulam tal comportamento. Outro princípio que atua como estimulante para o consumismo é a sensação de realização e prazer proporcionada pela aquisição de itens caros e de marcas pouco acessíveis. Para dissipar tal ideia, as músicas que deixam explícita a ostentação são consideradas mecanismos para o incentivo ao consumo. Tal exibicionismo do luxo e da grandeza está frequentemente presente nas músicas de hip-hop. Os artistas em si também passam a transmitir a mensagem, já que, muitas vezes, vivem na pele o que dizem em suas músicas, sempre exibindo seus carros caros, roupas de marca e montes de dinheiro em seus clipes, e até mesmo na vida real. Soulja Boy, com suas 27 músicas que incluem o nome da marca Gucci, é um exemplo concreto da presença da ostentação e seu poder de influência. Ao divulgar tais bens, os fãs passam a almejar o mesmo estilo de vida e a admirar os que vivem dessa maneira. Para entender a prática do consumismo na sociedade contemporânea, é preciso entender o capitalismo e como tal sistema impactou a vida de todos. O capitalismo em si é um sistema econômico baseado na propriedade privada dos meios de produção e no acúmulo constante de capital, sempre visando o lucro e o poder. Karl Marx foi o principal sociólogo que citou e criticou esse sistema. De acordo com o autor, "(...) a riqueza da sociedade burguesa aparece como uma imensa acumulacao de mercadorias, sendo a mercadoria isolada a forma elementar dessa riqueza. Mas, cada mercadoria se manifesta sob o duplo aspecto de valor de uso e de valor de troca." Marx (1859, pág. 51). Nos seus estudos sobre o mundo do trabalho na modernidade, Marx observa que as mercadorias passam a ser objetos de adoração por parte do homem, o que ele nomeia de "fetiche da mercadoria". Essas mercadorias passam a ter duplo valor, sendo eles o valor de uso e valor de troca. O valor de uso é definido pela capacidade de satisfazer necessidades humanas, portanto, ele depende da utilidade do produto. Já o valor de troca, é definido pela quantidade de um produto que é possível conseguir em troca de uma certa quantidade de outro produto. A partir do fetichismo dentro do capitalismo, a mercadoria passa a ter o valor

de um objeto de adoração, um valor simbólico. Em outras palavras, o homem compra um objeto pelo valor que ele representa, não seu valor real. Uma relação social definida, estabelecida entre os homens, assume a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas. Para encontrar uma símile, temos que recorrer à região nebulosa da crença. Aí, os produtos do cérebro humano parecem dotados de vida própria, figuras autônomas que mantêm relações entre si e com os seres humanos. É o que ocorre com os produtos da mão humana, no mundo das mercadorias. Chamo isto de fetichismo, que está sempre grudado aos produtos do trabalho, quando são gerados como mercadoria. (MARX, 1994, p.81) Seguindo o pensamento de Marx sobre o fetiche de mercadoria, pode-se afirmar que, na sociedade atual, os produtos do mercado tem seus valores de uso perdidos, o que é reafirmado com a consolidação do mundo capitalista. Esse sistema aumenta o desejo de consumação por parte da população, junto com a ostentação e o pensamento de que obter algo esteja ligado ao status social. Podemos observar tal ostentação por parte dos rappers, que trazem nomes de grifes e artifícios de luxo em suas composições, como Soulja Boy, quem traz o nome da marca Gucci em diversas de suas músicas. Sua intenção é de mostrar para todos o seu lucro e poder a partir do acúmulo de dinheiro e obtenção de objetos desejados pela sociedade. O conceito da mercadoria é mais valorizado do que o objeto em si, tornando o consumo e a própria ostentação em fatores para a satisfação social. A partir dos princípios do capitalismo criticados por Marx, o surgimento do dinheiro intensificou as interações entre os indivíduos dentro de uma sociedade. Essas interações sociais, para o sociólogo Georg Simmel, são essenciais para a formação de uma sociedade, e a partir do momento que os atores sociais criam relações de interdependência ou interações sociais de reciprocidade, uma comunidade é constituída. Em seus estudos, Simmel mostra que as interações sociais podem resultar em relações conflitivas, relações de interesse mútuo e relações de dominação, essas relações foram claramente agravadas pelo surgimento do capitalismo e do dinheiro. Cada indivíduo é ao mesmo tempo um agente ativo e passivo em uma transação. Em caso de superioridade e inferioridade, no entanto, a relação assume o aspecto de uma operação unilateral; a uma das partes parece exercer, enquanto a outra parece meramente receber uma influência. (SIMMEL, 1896, pág. 169). Para o sociólogo, o dinheiro provocou o individualismo na sociedade e carrega também o simbolismo do “impessoal” e do “racional” e, apesar de intensificar alguns conflitos e relações de subordinação, também desfez alguns tipos de dependência. A difusão do dinheiro foi responsável também por acentuar a luta de classes, formada a partir do capitalismo, fazendo com que indivíduos buscassem cada vez mais aquisição financeira e poder. Tal pretensão por deferência, notoriedade e posses impulsionou o consumismo,

busquem se inspirar nele, o que estimula uma busca constante por bens materiais que, supostamente, proporcionarão à quem os possui uma sensação de realização e poder. O consumismo, além de não ter sexo, idade ou posição social, tem como foco a proteção do auto-estima e deve também desempenhar as obrigações sociais. As crianças nos dias atuais, ao invés de ter uma infância, já possuem habilidade o suficiente para fazerem compras na internet, o que agrava ainda mais a situação, já que o público jovem de artistas como Soulja Boy é facilmente influenciável. O envolvimento das crianças com as coisas materiais, a mídia, as imagens e o significados que surgem se referem e se emaranham com o mundo do comércio, são aspectos centrais na construção de pessoas e de posições morais na vida contemporânea. (BAUMAN, 2008,p. 73) Tendo em vista os aspectos observados, o ato de consumir, na maioria das vezes, não é consciente, tendo como objetivo principal satisfazer os desejos e vontades, ao invés de satisfazer as necessidades. Consequentemente, as mercadorias passam a perder seus valores de uso e são transformadas em alvos de fetiche por parte dos homens. O sistema capitalista traz reações como a ostentação, que surge a partir do sentimento de que ter algo é diretamente ligado ao status social e poder, gerando aceitação ou admiração por parte da sociedade. O rapper americano Soulja Boy é um dos muitos que faz questão de trazer luxo e ostentação em suas composições, com a intenção de mostrar seu poder. Por ser um artista e obter visualizações, Soulja Boy consegue influenciar seus ouvintes, que resultam apreciando o estilo de vida do cantor, assim como itens adquiridos pelo mesmo.