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Este trabalho trata do ambiente hospitalar com um fator de importancia no processo de recuperação no paciente internalizado e da relação do ambiente e do paciente para a humanização
Tipologia: Trabalhos
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AFETIVIDADE E AMBIENTE HOSPITALAR:
CONSTRUÇÃO DE SIGNIFICADOS PELO PACIENTE HOSPITALIZADO.
LENIEL AUGUSTO DA SILVA
UM ESTUDO DO FENÔMENO EM UMA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL DE
Orientador Científico: PROFESSOR DOUTOR ÓSCAR DE SOUSA
UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS ÁREA DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO „EDUCAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E POLÍTICAS EDUCATIVAS‟
Professor: Drª. Isabel Perez Jáuregui Data de entrega: Junho/
1. Tema - AFETIVIDADE E AMBIENTE HOSPITALAR: CONSTRUÇÃO DE SIGNIFICADOS PELO PACIENTE HOSPITALIZADO. 2. INTRODUÇÃO
Partindo-se do pressuposto de que a afetividade pode ser uma forma de se conhecer o ambiente hospitalar e de que a experiência emocional é um indicador da ação e da forma como o paciente se implica nesse espaço, discutir-se a afetividade como categoria de análise da relação paciente e ambiente hospitalar. Esse vem comprovar a importância da afetividade no ambiente hospitalar levando-se em consideração: "Afetividade e ambiente hospitalar: Construção de significados pelo paciente hospitalizado". Será norteado por uma compreensão histórico-cultural na relação entre percepção e ação, subjetividade e objetividade, paciente e hospital, enfatizando a afetividade (emoções e sentimentos) como possibilidade de integração e superação da visão dicotômica dessas dimensões. Com intuito de enriquecer a pesquisa bibliográfica, faz-se a uso de um estudo, da inter-relação entre o ambiente hospitalar e o paciente hospitalizado ao longo de seu processo de hospitalização tendo em vista, uma tarefa bastante difícil, uma vez que, o ambiente hospitalar representa-se como um lugar frio e desprovido de humanização. Uma das preocupações no estudo é, superar as dicotomias que tradicionalmente estão presentes na ciência psicológica, de maneira que possa desenvolver uma concepção que dê conta da relação indivíduo, ambiente e saúde, vistos como processos inter- relacionados e indissociáveis. Levando-se em consideração que, a Psicologia da Saúde (health psychology) estuda o comportamento humano na saúde e na doença, tendo sido a expressão introduzida por Matarazzo em 1980 para designar o papel da Psicologia, como ciência e como profissão, nos domínios da saúde e da doença, visando a promoção e manutenção da saúde, a prevenção da doença e, também, os aspectos psicológicos associados ao seu tratamento e reabilitação. Inclui a saúde física e mental, abrange todo o campo da Medicina, mas ultrapassa-o em direção aos fatores sociais, ecológicos e outros, que se relacionem com a realização dos estados de saúde e de doença. A abordagem psicológica em saúde implica a consideração simultânea do sujeito, da família, dos técnicos de saúde e do suporte social, bem como uma perspectiva
multisetorial que abrange o sistema de saúde e o sistema educativo, mas que deverá englobar também os dispositivos de segurança social e de suporte comunitário (Teixeira, 1992). Uma vez que, O ser-humano deve ser entendido como um todo biológico, estruturado com base em sua herança e experiência individual, relacionando-se com o meio ambiente. Essa experiência se constitui na sua dimensão psicológica e se torna fundamental para examinar as condições que o distinguem em seu funcionamento biológico. (Iñesta,1990,p.17). O sujeito individual e as suas relações com a saúde, a doença ou a deficiência, e com a sua família e os técnicos de saúde, bem como os grupos sociais e os seus problemas associados à promoção da saúde e à prevenção das doenças constituem o objeto da psicologia da saúde. A aquisição de comportamentos protetores de saúde, mudança de comportamentos relacionados com a saúde, confronto com procedimentos médicos de diagnóstico e de tratamento indutores de stress, processos de confronto com a doença e a incapacidade, informação e comunicação nos serviços de saúde, comportamentos de adesão em saúde, ambientes de tratamento, comportamentos de procura de cuidados de saúde, qualidade de vida e saúde, perigos ecológicos para a saúde e condições de saúde dos técnicos de saúde são as áreas principais de investigação e intervenção em psicologia da saúde (Diekstra, 1990; Weinman, 1990). Nessa perspectiva, teremos como referencial teórico conceitos encontrados em estudiosos da psicologia ambiental de base histórico-cultural e psicossocial, com o intuito de contemplar a preocupação acima explicitada (Bomfim, 2003; Sawaia, 2000; Corraliza, 1998). É partindo desse enfoque que faz sentido pensar em tal relação entre ambiente e sujeito, conforme nos descreve Bomfim (2003, p.45): "não só interagimos no espaço, formamos uma totalidade com ele, em que eu e mundo, espaço construído e subjetividade se configuram como uma unidade pulsante". Levando-se em consideração Corraliza (1998), que enfatiza em suas palavras que, um dos processos mais relevantes da interação indivíduo- ambiente está relacionado à conversão do espaço físico em espaço significativo para o indivíduo. Portanto, o significado do ambiente se refere à representação que um ambiente tem para um sujeito. Na análise desse significado, deve-se levar em conta: os processos culturais, sociais, políticos,
A construção do conhecimento, tendo por base a afetividade, nos remete à ordem da experiência. É analisando como o sujeito se sente nesse espaço, como o utiliza, como se comporta que se faz possível a compreensão desse ambiente e das relações que nele se estabelecem. A construção de conhecimento do hospital proposta nesse trabalho se insere nessa lógica. Busca-se conhecer o ambiente hospitalar a partir das percepções, emoções e sentimentos dos pacientes hospitalizados, com o objetivo de entender como esse ambiente afeta o sujeito e suas formas de interação nesse espaço. O significado do ambiente está presente, também, como sentimentos na corporeidade. O corpo aparece não só como um acompanhante exterior das coisas, mas como um campo onde se localizam as afecções (BOMFIM, 2003). Esse estudo tem como base esse corpo que sente, age e eleva à consciência essas afecções por meio de significações. Ter como referência o sentir para compreender essa relação com o ambiente hospitalar é estar implicado na experiência, no cotidiano, é ter o afeto e as emoções como palco mediador das construções e das descobertas. A forma como o paciente se implica com o ambiente já é um indicador de sua ação: "O que marca a implicação é algo que está presente e que pode se tornar figura ou fundo, dependendo do sentimento (implicação) que aflora de vez em quando no centro da consciência. Ela é parte estrutural do pensamento e da ação e pode ser positiva ou negativa, ativa ou reativa, direta ou indireta" (Bomfim, 2003; p. 47). Sendo assim, utilizar a afetividade como categoria de análise possibilita, além do conhecimento sobre o ambiente, observar como os indivíduos agem e se posicionam nesse espaço. Essa forma de interação pode ter um caráter ativo ou passivo, dependendo da forma como os sujeitos são afetados. Os sentimentos se caracterizam, pois, como orientadores das ações cotidianas. Extrapolando para o dia-a-dia no ambiente hospitalar, a afetividade envolve todos os sentimentos e emoções que, em seu conjunto, demandam disposições afirmativas ou negativas, que configuram uma afetividade em relação a esse espaço (Bomfim, 2003). Com base na possibilidade de interação entre fenômenos sócio-culturais e psicológicos é que foi eleita a
categoria de afetividade para a reflexão sobre a inter-relação entre o ambiente hospitalar e o paciente.
4. Razão x Emoção Existe uma variedade de explicações para o fenômeno da afetividade. As emoções e os sentimentos têm sido estudados de diferentes formas, sendo em alguns momentos exaltados e em outros rejeitados na produção do conhecimento científico. Na tradição do pensamento ocidental, a emoção se opõe frontalmente à razão, cega o homem e o impede de pensar com clareza e sensatez. Seguindo essa linha de raciocínio, a emoção pode ter um efeito paralisante, tanto para o pensamento como para ação. A emoção intensa impossibilita uma percepção clara da situação concreta, o homem acaba não encontrando formas de falar, agir e pensar. Nesse caso, a afetividade (emoções e sentimentos) é concebida, de modo geral, como inferior à razão. A emoção turva a razão, distancia o homem da racionalidade, da verdade e da conduta correta, correspondendo a uma dimensão inferior do homem e se caracterizando como resquício animal do homem primitivo no homem maduro. Esse status superior da razão em relação à emoção consolidou e alimentou o dualismo secular entre a razão e o coração, configurando uma divisão psíquica entre o que é pensado e o que é sentido (Pinto, 2007). Contrários a tal concepção, vários autores (Sawaia (2001), Bomfim (2005), Espinosa (1996), Vygotsky (1991) afirmam que a dimensão emocional pode contribuir para o contato do homem com a realidade. Esses autores compartilham a idéia de que o ser humano compreende também se emocionando, sentindo afetivamente os fenômenos da realidade. Damásio (1998) entende as emoções e os sentimentos como constituidores de aspectos centrais da regulação biológica e como ponte entre processos racionais e não racionais. Na sua forma de compreensão, o instrumento da racionalidade deve ter sido desenvolvido junto ao instrumento da regulação biológica, não se caracterizando como algo superior. Lane (1994) discorre sobre a natureza mediacional das emoções na constituição do psiquismo humano e inclui a afetividade como uma nova categoria, constituída pelos sentimentos mais duradouros.
cada indivíduo. Sendo assim, a afetividade é percebida como um ponto onde se cruzam todos os outros, um ponto de transmutação do social e do psicológico, que permite, nas análises das questões sociais, pensar o homem a priori, sem negar sua condição sócio-histórica ou enaltecer o voluntarismo e o livre arbítrio (Sawaia, 2000).
5. Afetividade e Cultura Vale lembrar que o sujeito é afetado pelas afecções de seu corpo e sua alma no encontro com outros corpos, conforme aponta Sawaia (2000). Os sentimentos dependem da existência, na língua e na cultura de cada povo, de palavras que possam codificar este ou aquele estado afetivo. Esses aspectos caracterizam a dimensão social e cultural do afeto. Desse modo, há grande variação de cultura para cultura, de um para outro universo semântico e lingüístico, em relação aos diversos sentimentos que podem ser expressos e assim ganhar existência própria. Uma vez que os indivíduos nunca se afetam sozinhos, os pensamentos, as ações e os afetos se originam na relação. Segundo Sawaia (2000), a afetividade é reflexo de relações que surgem no decorrer da história do sujeito e adquire sentido em relações específicas. Esse sentido vai sendo adquirido intrapessoalmente e na relação com os outros; incluindo, também, as experiências de outras pessoas. Cabe ressaltar que, os afetos formam um complicado sistema com nossas idéias, por isso, para entender os sentimentos se faz necessária uma compreensão da cultura e do momento histórico no qual o sujeito está imerso. Os sentimentos e emoções, embora sejam fenômenos referentes a um corpo que é afetado, são alterados em meios ideológicos e psicológicos distintos. Vale enfatizar que a significação não existe no abstrato e o corpo não é um mero cilindro. Essa concepção pressupõe um sujeito concreto, relacional e sócio-histórico e as emoções deixam de ser uma caixa de ressonância de forças sociais, racionais ou orgânicas. Emoção envolve afecção, isto é, precisa ser sentida para existir (Sawaia, 2001). Quando se pensa no paciente hospitalizado e a forma de expressar seu sofrimento, anda em direção a uma idéia que vai ao encontro do que está sendo colocado. A forma de expressão da dor e do sofrimento, de maneira
geral, está determinada pela cultura que impõe padrões de expressões aceitáveis e não aceitáveis. Uma vez que, os aspectos culturais são centrais na formação do significado da dor. Logo, conhecer o contexto sociocultural no qual o indivíduo está inserido é muito importante para a compreensão do entendimento da dor pelo paciente e de sua reação. O paciente pode referir-se, avaliar e reagir ao fenômeno de diferentes formas, intensidades, atitudes e reações. Verifica-se que o indivíduo aprende, desde a infância, o que as pessoas a sua volta esperam e aceitam quanto às sensações dolorosas. Ele aprende com os outros quais os estímulos dolorosos e que tipo de atitude assumir frente a eles. Assim, todo indivíduo tem conhecimentos, crenças, atitudes e comportamentos aprendidos no seu contexto cultural em relação à dor. Reconhecer os aspectos e diferenças culturais ajuda a compreender melhor a dor do paciente e ter parâmetros para avaliá-la, bem como poder intervir no seu alívio de modo mais efetivo. Quando se trata de sofrimento, apesar das influências culturais, cada dor é singular e a experiência de cada indivíduo depende, além da aprendizagem cultural, do impacto das experiências pessoais anteriores e de outros fatores únicos ao sujeito. O sofrimento pode ser definido como o impacto de uma doença sobre o sujeito, tratando-se, portanto, de uma vivência exclusiva do paciente, diferenciada entre semelhantes de acordo com suas condições físicas, emocionais, sua bagagem cultural, suporte familiar e social (Arantes, 2005). A humanização no tratamento da dor implica a necessidade de uma visão holística do sujeito, com a observação de todos os aspectos ligados ao adoecer. Faz-se indispensável um tratamento individualizado, que considere as necessidades singulares de cada paciente, tendo em vista que o sofrimento é único e que o paciente é quem melhor sabe descrevê-lo. Vale ressaltar que não podemos esquecer que o sofrimento do paciente envolve aspectos fisiológicos, socioculturais, familiares, psicológicos e espirituais. Supervalorizar os aspectos fisiológicos, negligenciando as demais esferas de sofrimento ou atribuir ao paciente toda a responsabilidade pelo seu processo tende a causar mais dor para este e seus familiares. A importância de estudar o ambiente hospitalar, a partir da afetividade (sentimentos e emoções) dos pacientes hospitalizados, reside principalmente
o que pode se configurar como fator desencadeante para a emergência de transtornos emocionais. As emoções e os sentimentos dos pacientes hospitalizados dizem muito do seu processo de adoecer e não devem ser negligenciados. Contudo, na instituição hospitalar as necessidades emocionais são, muitas vezes, relegadas a um segundo plano em busca de uma cura e maior eficiência do tratamento físico, como se o emocional e o fisiológico não constituíssem o mesmo fenômeno.
7. Afetividade como mediadora da Ação-Transformação O que o indivíduo sente afeta e interfere na forma deste se implicar e de agir sobre o ambiente. Com base na idéia de potência de ação descrita por Sawaia (2003), e de ação-transformação como a ação pessoal e social do homem sobre o ambiente, a autora avalia que alguns sentimentos e emoções potencializam a ação das pessoas sobre o mundo, proporcionando uma libertação de ações e de idéias inadequadas que tendem a aprisionar e impedi- lo de ter uma ação positiva sobre o meio. Atitudes positivas sobre o ambiente podem transformá-lo em mais assimilável, mais humanizado e mais propício a verdadeiros encontros. Ressalta-se que a idéia de positividade não quer dizer uma visão otimista da realidade, nem tampouco uma menção à doutrina filosófica positivista, mas sim à compreensão de que os nossos sentimentos nos humanizam mesmo quando estes são considerados negativos, como por exemplo, a tristeza e a raiva. Para alcançar essa compreensão da afetividade como categoria mediadora da ação-transformação, Sawaia (2003) inspira-se no entendimento dos afetos proposto por Espinosa. Por afeto (affectum) entendo as afecções (affectiones) do corpo, pelas quais a potência de agir desse corpo é aumentada ou diminuída, favorecida ou entravada, assim como as idéias dessas afecções. Quando, por conseguinte, podemos ser a causa adequada de uma dessas afecções, por afeto entendo uma ação; nos outros casos, uma paixão (Espinosa in Gleizer, 2005/1961; p.33). Vista dessa forma, afetividade pode contribuir para uma variação positiva ou negativa da potência de agir, o que distingue do entendimento
anterior de que a afetividade interferiria sempre de forma negativa no potencial de ação dos sujeitos (Gleizer, 2005/1961). Para Sawaia (2003), a potência de ação é a capacidade de ser afetado e afetar o outro nas diversas relações construídas e estabelecidas ao longo do seu desenvolvimento. Ela não se confunde com o mero impulso corporal: envolve um fenômeno complexo de interação mente e corpo. Caracteriza-se como a unidade do corpo e da mente, resultado do auto-conhecimento e auto- responsabilidade pelas suas percepções e ações. Na sociedade ocidental, segundo Goffman (1987), na busca de eficiência há uma valorização na forma de tratamento entre duas pessoas como "servidor e servido". Projetar esse modelo nos serviços de saúde é certamente uma questão muito delicada. Todavia, é interessante observar que o gradual estabelecimento do corpo como um bem que pode ser "consertado" é muitas vezes citado como um triunfo do espírito científico secular, quando na realidade tal triunfo parece, em parte, negar a possibilidade do sujeito contribuir para o re-estabelecimento de sua saúde. No ambiente hospitalar existem muitas idéias institucionais que imobilizam o paciente, colocando-o no lugar de sujeito passivo, diminuindo a sua potência de ação. O hospital é um espaço bastante peculiar, com processos de cura institucionalizados, que exigem do paciente uma conduta pré-estabelecida no sentido de contribuir com as intervenções da equipe, para que alcance sua máxima eficiência (Simonetti, 2004). No caso dos pacientes hospitalizados, eles se mostram dispostos a colocar o destino dos seus corpos na mão da equipe, esperando que esta devolva a sua saúde. Eles passam a desejar serem servidos e absorvem toda a lógica institucional que os coloca nesse lugar ausente de autonomia e permeado de passividade. Esse sujeito que pensa, sente e conhece, age sobre o ambiente em que ele está inserido, modificando e sendo modificado por ele. Com a internação hospitalar, o paciente passa a ter sua vida e seu corpo sob controle da equipe de saúde, não encontrando espaço para a expressão de sua subjetividade, com o objetivo de não interferir na terapêutica instituída. O que se esquece, no entanto, é que a ação do paciente poderia contribuir muito para o seu processo de cura, além do que, negar essa
cada paciente, envolvendo no processo de humanização os familiares do paciente hospitalizado. Vale ressaltar que, o bem-estar do indivíduo se focaliza no perfeito estado de satisfação física ou moral. Nesse contexto, o sujeito hospitalizado é freqüentemente convidado a temer e controlar suas emoções, permitindo que a razão e a colaboração com a equipe conquistem espaço, tendo em vista que, humanização envolve todos os profissionais de saúde. Deve-se ressaltar também que, a valorização dos afetos contribui para que o paciente se sinta acolhido, respeitado e incluído socialmente. Quando o paciente vê suas necessidades individuais serem satisfeitas e percebe a atenção e o cuidado da equipe, ele se sente mais seguro. A sensação de segurança, por sua vez, contribui de forma efetiva para a melhora do quadro álgico. Nesse sentido, termo humanização é bastante amplo e depende, sobretudo da concepção e dos valores de cada profissional envolvido no processo de assistência ao paciente hospitalizado Pode-se perceber também, que esses sentimentos e emoções que, no mais das vezes, são colocados à margem, devendo ser excluídos e controlados, ganham nesse trabalho outra conotação: instrumentos de inclusão social e de mediação na compreensão das dicotomias. Deve-se levar em consideração também que, a experiência dos sujeitos, sua história e a evolução do seu estado de saúde repercutem diretamente na forma como o indivíduo lida com sua dor. Diante da dificuldade do controle álgico, faz-se necessário uma escuta individualizada e atenta aos pacientes para um alívio mais eficaz da sua dor, que inclui aspectos fisiológicos, psicológicos, socioculturais e religiosos. Vale lembrar da importância da cultura nas afecções e sensações corporais. A compreensão do contexto sociocultural, em que os sujeitos estão inseridos, perpassa o entendimento dos afetos e das sensações corporais, como a dor. Dessa forma, não adianta querer aliviar o sofrimento com administração em massa de analgésicos, a dor do paciente precisa ser acolhida em sua totalidade e singularidade, uma vez que a participação do paciente é muito importante para o controle álgico. A afetividade pode ser utilizada com possibilidade de mediar as atitudes dos pacientes, incentivando uma postura mais ativa e mais coerente com o que ele sente.
O que se propõe aqui é uma valorização das emoções e dos sentimentos dos pacientes na construção do conhecimento, acreditando, também, que a partir desse enfoque podemos alcançar uma visão mais integrada do paciente hospitalizado e um cuidado da saúde mais humanizado. Sabe-se, hoje, que cada vez mais, os profissionais que lidam mais diretamente com a temática da saúde precisam estar atentos aos fatores subjetivos envolvidos no tratamento das doenças e, principalmente, naquelas onde os cuidados paliativos são de extrema importância. Nesse caso, a compreensão da díade saúde-doença pela ótica dos sentimentos e emoções, pode ajudar na recuperação do paciente hospitalizado tanto por parte das ações do cuidador como por parte do paciente hospitalizado. Por fim, acredita-se que a compreensão psicossocial e histórica cultural por intermédio das disciplinas psicologia social e psicologia ambiental permitiram-nos que os aspectos macro e microssociais dialogassem para um melhor conhecimento da instituição hospitalar.
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