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Guias e Dicas
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Recursos em Pinhão Manso: Avaliação do Desenvolvimento Vegetativo e Produtivo em Consórcio, Notas de estudo de Ciências Biologicas

Um estudo sobre o desenvolvimento vegetativo e produtivo de pinhão manso em sistemas consorciados, analisando o impacto dos diferentes tipos de espaçamentos e consórcio na produtividade e desenvolvimento da planta. O documento discute a importância de estruturar bem a plantação, considerando a densidade e os ciclos das plantas envolvidas, para reduzir a competição por recursos. Além disso, o texto compara as taxas de expansão foliar, área foliar, número de folhas, altura da planta, diâmetro de copa, número de brotos e produção de frutos e sementes em diferentes tratamentos.

O que você vai aprender

  • Qual é a razão pela qual o espaçamento menos adensado apresentou melhor desenvolvimento por planta de pinhão manso?
  • Qual foi o resultado do estudo em relação ao desenvolvimento vegetativo e produtivo de pinhão manso em consórcio?
  • Qual é a importância do pinhão manso em consórcio como alternativa sustentável de uso do solo?
  • Qual foi o espaçamento menos adensado que apresentou melhor desenvolvimento por planta de pinhão manso?
  • Qual é o objetivo do estudo apresentado no documento?

Tipologia: Notas de estudo

2015

Compartilhado em 07/10/2015

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE JUIZ DE FORA
BIANCA OLIVEIRA DE AZEVEDO
AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO
PRODUTIVO E VEGETATIVO DE PLANTAS DE
PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) EM
SISTEMA CONSORCIADO
Juiz de Fora
2011
BIANCA OLIVEIRA DE AZEVEDO
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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE JUIZ DE FORA

BIANCA OLIVEIRA DE AZEVEDO

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO

PRODUTIVO E VEGETATIVO DE PLANTAS DE

PINHÃO MANSO ( Jatropha curcas L.) EM

SISTEMA CONSORCIADO

Juiz de Fora

BIANCA OLIVEIRA DE AZEVEDO

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO

PRODUTIVO E VEGETATIVO EM PLANTAS DE

PINHÃO MANSO ( Jatropha curcas L.) EM

SISTEMA CONSORCIADO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, como requisito parcial para a conclusão do Curso de Graduação em Ciências Biológicas. Orientador: Dsc.Fernando Teixeira Gomes Co-orientador: Dsc. Marcelo Dias Muller

Juiz de Fora

FOLHA DE APROVAÇÃO

AZEVEDO, Bianca Oliveira. Avaliação do comportamento produtivo e vegetativo em plantas de pinhão manso ( Jatropha curcas L.) em sistema consorciado. Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como requisito parcial à conclusão do curso Graduação em Ciências Biológicas, do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, realizada no 1° semestre de 2011.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dsc. Fernando Teixeira Gomes Orientador

Dsc. Marcelo Dias Muller Co-orientador

Dsc. Luiz Menini Neto Membro convidado 1

Examinado(a) em: ____/____/______.

Dedico este trabalho à minha mãe Dulcinéa e minha irmã Amanda por me apoiarem e ao Matheus pelo amor e companheirismo. AGRADECIMENTOS

Sucesso é o resultado da prática constante de fundamentos e ações vencedoras. Não há nada de milagroso no processo, nem sorte envolvida. Amadores aspiram, profissionais trabalham. Bill Russel

RESUMO

AZEVEDO, Bianca Oliveira. Avaliação do comportamento produtivo e vegetativo em plantas de pinhão manso ( Jatropha curcas L.) em sistema consorciado. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas). Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2011.

Estudos com combustíveis alternativos têm se intensificado após a crise do petróleo e devido às mudanças climáticas. O pinhão manso encontra-se como uma alternativa viável à produção de biocombustível devido ao alto teor de óleo de suas sementes e pela alta resistência em climas desfavoráveis. O seu plantio consorciado é uma alternativa que apresenta diversos benefícios como o aumento da produtividade e renda do produtor e a sustentabilidade do solo. O presente trabalho teve como objetivo verificar o desenvolvimento vegetativo e produtivo de pinhão manso em consórcio analisando as respostas da planta. O estudo foi realizado no campo experimental da Embrapa Gado de Leite na cidade de Coronel Pacheco, MG. Foi utilizado o delineamento em blocos casualizados, em esquema de parcelas subdivididas, com quatro repetições, sendo a parcela representada por três diferentes espaçamentos 6x3m (correspondente a 555 plantas/ha); 8x(2x2)m (1. pl/ha) e 6x1,5m (1.111 pl/ha) a subparcela representada por dois tipos de consórcio (integração lavoura-pecuária-floresta - iLPF e sistema silvipastoril - SSP). Os parâmetros avaliados foram a taxa de expansão foliar (TEF), o índice de área foliar (IAF), número de folhas, altura da planta, diâmetro de copa, número de brotos e a produção de frutos e sementes. Os resultados encontrados mostraram que o espaçamento menos adensado 6x3m apresentou melhor desenvolvimento por planta provavelmente devido à maior incidência de radiação solar e menor competição. O espaçamento 6x1,5m apesar de ser o espaço mais adensado apresentou maior média de IAF que pode ser indicativo de sua produção. Já no 8x2x2m foi onde ocorreu a menor produção por planta que provavelmente se deu à maior competição entre plantas. O consórcio integração iLPF apresentou melhores resultados que o SSP, possivelmente pela disponibilidade de nutrientes e interceptação luminosa. Os resultados demonstram que o tipo de arranjo e consórcio influenciam diretamente nas respostas fisiológicas do pinhão manso refletindo na sua produção.

Palavras-chave: Agrossilvipastoril. Biocombustível. Produção.

ABSTRACT

Studies with alternative fuels have intensified after the oil crisis and also the climate change. Jatropha curcas L. is a viable alternative for biofuel production due to high oil content of seeds and high resistance to adverse climates. Its intercropping is an alternative that presents many benefits like increasing productivity and income of the producer and soil sustainability. This study aimed to determine growth and production of jatropha in consortium analyzing the plant responses. The study was conducted at Embrapa Gado Leite in the city of Coronel Pacheco, MG. We used a randomized complete block design in split plot design with four replications, being the portion represented by three different spacing 6x3m (corresponding to 555 plants / ha), 8x (2x2) m (1,000 pl / ha) and 6x1,5m ( pl / ha) subplot represented by the two types of consortium (integrated crop-livestock-forest - iLPF and silvopastoral system - SSP). The parameters evaluated were the rate of leaf expansion (TEF), the leaf area index (LAI), leaf number, plant height, crown diameter, number of shoots and the production of fruits and seeds. The results showed that the spacing 6x3m lower density showed a better development for plant probably due to higher incidence of solar radiation and low competition. The spacing 6x1,5m despite being the most dense area had a higher mean IAF which can be indicative of its production. In the 8x(2x2)m occurred was where the lower yield per plant that probably happened to more competition among plants. The consortium integration iLPF showed better results than the SSP, possibly by the availability of nutrients and light interception. The results demonstrate that type of arrangement and the consortium directly influence the physiological responses of jatropha reflected in their production.

Keywords: Agrosilvopasture. Biofuel. Production.

SUMÁRIO

  • 1 INTRODUÇÃO
  • 2 REVISÃO DE LITERATURA
  • 2.1 BIODIESEL NO BRASIL E ALTERNATIVAS..............................................
  • 2.2 PINHÃO MANSO ( Jatropha curcas L.)......................................................
  • 2.2.1 Aspectos botânicos.....................................................................................
  • 2.4 SISTEMA AGROSSILVIPASTORIL............................................................
  • 2.4.1 Pinhão manso em sistema consorciado......................................................
    • AGROSSILVIPASTORIS............................................................................. 2.5 ASPECTOS ECOFISIOLÓGICOS EM SISTEMAS
  • 3 MATERIAL E MÉTODOS
  • 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
  • 5 CONCLUSÃO
  • REFERÊNCIAS

2000), o que torna a atividade pecuária regional mais sustentável e rentável (FRANCO, 2000).

O pinhão manso tem sido inserido em sistemas consorciados por alguns produtores sem um critério técnico, pois não existe uma definição precisa quanto aos melhores espaçamentos e arranjos de plantio. Vários autores têm descrito espaçamentos diferentes de acordo com a região e solo, necessitando de mais estudos para viabilizar o plantio que responda bem ao tipo de tratamento implantado (MULLER et al., 2009).

Nesse tipo de sistema a competição por recursos naturais entre as plantas e o estudo dessas relações são importantes para identificar a melhor forma para o manejo de uma cultura. Existem diversos parâmetros que podem indicar a ocorrência de competição dos componentes do sistema. Um desses parâmetros é a taxa de expansão foliar (TEF), ou seja, a taxa de crescimento das folhas que está intimamente relacionada com a eficiência fotossintética e depende da maneira como a radiação solar está distribuída pelas diferentes plantas em um sistema e com a distribuição de nutrientes. Estudos de como as plantas captam recursos, como a radiação solar, são úteis na análise de desempenho das culturas envolvidas sob várias condições de clima e manejo (WILLEY; REDDY, 1981; WHITE; IZQUIERDO, 1989; ONG et al., 1996; PORFIRIO, 1998; JOSE et al., 2004).

Existem diversas pesquisas relacionando a taxa de expansão foliar com a produtividade da planta. Bianco et al. (2000) cita que o conhecimento da área foliar é fundamental para estudos relacionados à reprodução, crescimento, desenvolvimento, exigências de nutrientes, respostas aos sistemas de controle, dentre outros. Além disso, outros parâmetros que também refletem esta competição são o Índice de Área Foliar (IAF), que é um índice que quantifica a razão entre área foliar total e a área de solo sendo uma medida adimensional da cobertura vegetal; o desenvolvimento vegetativo (caracterizado pelo crescimento da planta) e a produção (dada pelo número de frutos). Existem poucos trabalhos nesse sentido sobre o pinhão manso, sendo assim o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito dos diferentes tipos de espaçamentos e tipos de consórcio com pinhão manso na sua produtividade e desenvolvimento vegetativo.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 BIODIESEL NO BRASIL E ALTERNATIVAS

Após a crise de abastecimento de derivados de petróleo na década de 1970 e a preocupação com a redução do volume de emissões de gases causadores do efeito estufa, torna-se urgente a utilização de recursos renováveis para a produção de combustível. No Brasil, a experiência mais bem sucedida é o programa iniciado em 1980 que regulamentou o etanol obtido a partir de cana de açúcar como combustível alternativo. O uso energético de óleos vegetais no Brasil, também sempre esteve presente nas discussões. Ainda na década de 1970, foi criado o Plano de Produção de Óleos Vegetais para Fins Energéticos (PRÓ-ÓLEO), que tratava de misturar 30% de óleo vegetal no óleo diesel, mas o plano foi abandonado após a queda do preço do petróleo. Desde então houve um avanço nas pesquisas relativas à produção e uso de biodiesel nas universidades e centros de pesquisas (TOMINAGA et al., 2007). Em 2002, o Brasil lançou o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB)com o objetivo de criar benefícios sociais, econômicos e ambientais. Com geração de emprego e renda, promover a inclusão social de pequenos produtores, reduzir a emissão de poluentes, diminuir a dependência de importação de petróleo, possibilitar a geração de divisas pela exportação do biodiesel excedente, dentre outros benefícios. Em 2005 surgiu de forma amadurecida o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel que regulamenta o uso de biodiesel na matriz energética brasileira, dizendo que a partir de 2013, deverá ser misturado ao óleo diesel fóssil 5% de biodiesel. Desde então o programa cresce com a implantação de indústrias de produção do combustível, em todas as regiões do Brasil, juntamente com o aumento do numero de produtores rurais envolvidos na produção de matéria-prima (MIRAGAYA, 2005, TOMINAGA et al., 2007). As principais plantas oleaginosas que podem ser utilizadas na fabricação de biodiesel são a mamona, soja, pinhão manso, girassol, algodão, dendê. Além das

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introduzido em 1783 nas Ilhas do Arquipélago de Cabo Verde, alcançando a África e a Índia, tendo disseminado por todas as regiões tropicais e subtropicais em maior escala e em regiões temperadas em menor escala. Tominaga et al. (2007) afirmam que o pais de origem mais confiável de Jatropha curcas é o México. Segundo ele, os índios que migraram da América do Norte para a América do Sul há mais de 10. anos, foram os responsáveis pela sua distribuição do México até a Argentina, incluindo o Brasil. Após o descobrimento do Brasil, os marinheiros portugueses expandiram o cultivo de pinhão manso para os continentes Africano e Asiático, assim como outras diversas culturas. O pinhão manso é hoje amplamente distribuído na América Central, África e Ásia (Ilustração 1). Conhecido como pinhão-branco, purga de porco, pinhão do Paraguai, pinhão do inferno, medicineira, figo do inferno, dentre outros, o nome científico “Jatropha” em grego significa medicamento, sua semente era utilizada como vermífugo de animais, seus frutos utilizados no tratamento de hemorróidas, disenteria, gonorréia, infertilidade, infecções na pele, etc. O óleo empregado como lubrificante, na fabricação de sabão, tinta e combustível para motores diesel. O látex que sai do caule ao feri-lo serve como cicatrizante (OPENSHAW, 2000; SUBRAMANIAN et al., 2005; FOIDL et al., 1996; TOMINAGA et al., 2007). No passado, o óleo de sua semente foi utilizado na iluminação de lamparinas, candeeiros e iluminação publica de cidades, a vantagem é que seu óleo é inodoro e queima sem fazer fumaça (SATURNINO et al., 2005; TOMINAGA, et al., 2007).

ILUSTRAÇÃO 1 – Distribuição mundial do pinhão manso segundo autores, evidenciando o provável centro de origem. Fonte: IPGRI, 1996

2.2.1 Aspectos botânicos

O pinhão manso (Ilustração 2) é um arbusto suculento da família Euphorbiaceae, geralmente atinge de 3 a 5 m de altura, podendo chegar de 8 a 12 m em condições especiais, seu caule possui um diâmetro que pode variar de 20 a 30 cm. Seu caule é macio, liso, esverdeado, cinzento-castanho, seu xilema é pouco resistente e a medula é desenvolvida, porém pouco resistente, possui canais

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laticíferos onde circula um látex leitoso que corre em abundância se houver qualquer ferimento (PEIXOTO, 1973 apud ARRUDA, 2004; DRUMMOND et al., 1984). A base do caule se ramifica em vários ramos (Ilustração 3) espalhados e longos que se bifurcam a cada inflorescência, apresenta cicatrizes deixadas pela queda das folhas no período seco que ressurgem logo após as primeiras chuvas no período chuvoso (CORTESÃO, 1956 apud ARRUDA et al., 2004).

ILUSTRAÇÃO 2 – Plantas de pinhão manso no campo experimental de Coronel Pacheco. Fonte: MULLER, 2010

ILUSTRAÇÃO 3 – Detalhe das ramificações de pinhão manso. Fonte: MULLER, 2010

As folhas são vermelho-vinho cobertas com lanugem branca quando novas e se tornam verdes e brilhantes ao crescer, decíduas, alternadas a subpostas, filotaxia alterna espiralada, suas nervuras são esbranquiçadas e salientes na face inferior. As folhas caem na estação fria e seca, quando a planta entra em repouso (Ilustração 4) até a primavera, como mostra a Ilustração 5, após as primeiras chuvas (SATURNINO et al., 2005).

ILUSTRAÇÃO 4 – Pinhão manso em repouso vegetativo na estação seca. Fonte: MULLER, 2010

ILUSTRAÇÃO 5 – Primórdios foliares de pinhão manso na primavera. Fonte: MULLER, 2010

A inflorescência (Ilustração 6) é do tipo cimeira, surgindo no ápice do ramo junto com as novas folhas. As flores são amarelo-esverdeadas, unissexuais e produzidas na mesma inflorescência. As femininas possuem um pedicelo longo, não articulado e se localizam nas ramificações, as masculinas possuem dez estames, cinco unidos na base e cinco unidos na coluna, são mais numerosas, vinte e nove flores para cada flor feminina e se localizam no ápice das ramificações. Assim que a

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2.4 SISTEMAS AGROSSILVIPASTORIS

O sistema agrossilvipastoril era utilizado por antigas civilizações e em povos indígenas atuais através do uso de culturas mistas, onde são associados plantações de diversas culturas de interesses. Já na civilização moderna, em 1919, este tipo de sistema foi visto como uma forma de aumentar a fertilidade dos solos em regiões tropicais, com implantação de florestas artificiais, sendo hoje uma prática bastante comum em pequenas e grandes propriedades rurais. O sistema agrossilvipastoril (Ilustração 8) utiliza a terra onde árvores ou arbustos crescem em associação com outras culturas perenes ou anuais e/ou com animais, como o gado, sob diversos espaçamentos e tempos, com o manejo adequado para cada tipo de região, integrando diferentes sistemas produtivos de grãos, fibras, produção de óleo voltado para agroenergia, madeira, carne e leite (NAIR, 1989; YOUNG, 1989; RAO, MACDIKEN, 1991; RIGHI, 2000; RIGHI, 2005; BRIGHENTI et al., 2009). Neste tipo de sistema há competição por recursos, como radiação solar, água e nutrientes, por isso é importante estruturar bem o arranjo da plantação, a densidade e considerar os ciclos das plantas envolvidas para reduzir esta competição através da utilização de diferentes nichos ecológicos, onde cada planta explora o recurso disponível em tempos e maneiras diferentes. Esta interação vai influenciar diretamente a produção da cultura, sendo que ela pode ser também complementar, disponibilizando nutrientes que raízes mais profundas podem trazer mais para a superfície ou fixando o nitrogênio como fazem as leguminosas (ANDERSON; SINCLAIR, 1993; ONG, 1996; HUXLEY, 1999). O sistema agrossilvipastoril é uma alternativa de uso sustentável do solo ao proporcionar benefícios que vão desde a proteção do solo contra erosão e perda de nutrientes pela lixiviação, melhorando as características químicas e físicas do solo, proporcionando um alto valor nutricional da forragem que alimentará o gado até a diversificação de produção e renda do agricultor (MACEDO, 2000; XAVIER et al., 2002; ALVIM et al., 2004).

ILUSTRAÇÃO 8 – Pinhão manso em sistema agrossilvipastoril em consórcio com milho. Fonte: MULLER, 2010

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O sistema agrossilvipastoril recupera e renova a pastagem de forma mais rápida e econômica, uma vez que elas utilizam os nutrientes residuais da exploração lavoureira e exploram as camadas mais profundas do solo, devido ao seu sistema radicular abranger volumes maiores do perfil. As árvores plantadas nessa pastagem também influenciam os animais, com aumento do peso e da produção de leite, ampliam a estação de pastejo, aumentam as chances de vida do bezerro, por estar num ambiente mais estável e pela qualidade do leite, aumentam a taxa de reprodução, pois ocorre a puberdade mais cedo (KLUSMANN, 1988 apud BRIGHENTI et al., 2009). As plantas forrageiras acumulam biomassa e enriquecem o solo com matéria orgânica que favorece a macro e microfauna do solo, agregam partículas facilitando a infiltração de água e reduzindo a erosão, reduz a compactação do solo. Também auxiliam no combate as pragas e doenças que atacam as plantas cultivadas, pois elas dificilmente são atacadas e quebram o ciclo de vida dessas pragas (KLUTHCOUSKI et al., 2000; PALM et al., 2001). Não há o revolvimento do solo quando adotado este sistema, então o banco de sementes das plantas daninhas ficam confinadas abaixo do substrato, sem que possam germinar e emergir, logo as espécies daninhas anuais tendem a diminuir. A palhada formada pela dissecação de uma pastagem também auxilia nesse controle, formando um obstáculo para a emergência da planta daninha e liberam substâncias alelopáticas que afetam a germinação das sementes dessas plantas (ALMEIDA, 1988 apud BRIGHENTI et al., 2009; RUEDELL, 1995; DEUBER, 1997). Pode-se dizer que essa é uma tecnologia para a sustentabilidade da agropecuária no Brasil, uma vez que ela aumenta o potencial do solo, melhorando os aspectos agronômicos, sociais, econômicos e ecológicos. É uma alternativa promissora para problemas com degradação do solo, caracterizada pela baixa fertilização, contribui para o manejo mais racional das áreas, pois conserva os lençóis freáticos, controla os ventos e a erosão, recicla nutrientes, produção diversificada e agrega valor comercial às áreas utilizadas. Porém esse sistema é afetado principalmente pelo microclima e pelo solo, podendo ter resultados negativos pela competição por espaço, sombreamento, competição por água e nutrientes. São muitos os benefícios do sistema agrossilvipastoril, mas ainda é difícil quantificar tais

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