Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Modelo de TCC Nutrição Clínica , Provas ENEM de Nutrição

Modelo de TCC sobre Nutrição Clínica para apreciação.

Tipologia: Provas ENEM

2023

À venda por 28/04/2024

rossandra-numeriano
rossandra-numeriano 🇧🇷

4 documentos

1 / 31

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
FACULDADE FACUMINAS
ROSSANDRA MOTA NUMERIANO DE SÁ
O COMPOSTO ANTICANCERÍGENO GLICOSINOLATO E SUA
IMPORTÂNCIA NUTRICIONAL NA ALIMENTAÇÃO DE PACIENTES
COM CÂNCER
MACEIÓ - AL, 2024
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe
pff
pf12
pf13
pf14
pf15
pf16
pf17
pf18
pf19
pf1a
pf1b
pf1c
pf1d
pf1e
pf1f

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Modelo de TCC Nutrição Clínica e outras Provas ENEM em PDF para Nutrição, somente na Docsity!

FACULDADE FACUMINAS

ROSSANDRA MOTA NUMERIANO DE SÁ

O COMPOSTO ANTICANCERÍGENO GLICOSINOLATO E SUA

IMPORTÂNCIA NUTRICIONAL NA ALIMENTAÇÃO DE PACIENTES

COM CÂNCER

MACEIÓ - AL, 202 4

FACUMINAS – FACULDADES DE MINAS

O COMPOSTO ANTICANCERÍGENO GLICOSINOLATO E SUA

IMPORTÂNCIA NUTRICIONAL NA ALIMENTAÇÃO DE PACIENTES

COM CÂNCER

Trabalho de conclusão de curso apresentado à FACUMINAS de Coronel Fabriciano – MG como requisito para obtenção do diploma do Curso de PÓS GRADUAÇÃO DE NUTRIÇÃO CLÍNICA. MACEIÓ - AL ,2 024

1. INTRODUÇÃO

Câncer é um termo genérico utilizado para caracterizar o desenvolvimento de tumores a partir do crescimento desordenados de células. Dentre as neoplasias mais comuns no mundo destacam-se o câncer de mama, colorretal, hepático, de estômago e de próstata e pulmão. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, no Brasil, para o sexo masculino, a neoplasia mais recorrente é o câncer de próstata, com 65.840 novos casos em 2020. A quimioprevenção pode ser caracterizada pelo uso de substâncias naturais, sintéticas ou de agentes bioquímicos, com intuito de reverter, suprimir ou prevenir a carcinogênese. Nesse sentido, os vegetais crucíferos da família Brassicaceae são ricos em fitoquímicos (glicosinolatos) que exercem essa função. Esse grupo de plantas pode ser representado pela mostarda, brócolis, repolho, couve, nabo, rabanete, couve-de-bruxelas, couve-flor e semente de óleo de canola. “O sulforafano (SFN) é um dos isotiocianatos mais conhecidos decorrente da hidrólise dos glicosinolatos. Evidências a seu respeito surgem significativas atividades: antitumoral, antiproliferativa, antioxidante, anti-inflamatória e anticâncer”. (Rezende, P. M. C. (2022)) Estudos mostram que o consumo desses compostos pode oferecer proteção contra o desenvolvimento de câncer e outras doenças relacionadas à idade, como doenças cardiovasculares e diabetes. Além disso, pesquisas sugerem que os flavonoides glicosídicos são responsáveis por ações antitumorais, antivirais, anti- hemorrágicas, hormonais, anti-inflamatórias, antimicrobianos e antioxidantes. A rota metabólica dos glicosinolatos, compostos encontrados em plantas da família Brassicaceae, pode ter sua expressão alterada pelos estresses provocados por fatores bióticos como patógenos e herbívoros, ou abióticos, como temperatura, luz, radiação UV, aplicação de hormônios, uso de fertilizantes e presença de metais. (JAHANGIR et al., 2009; MEWIS et al., 2012).

Porém, segundo Rosseto et al. (2013), “Existem poucos estudos sobre alterações pós-transcricionais e traducionais de enzimas envolvidas nas rotas de glicosinolatos, inclusive de mirosinases, que promovem a hidrólise de glicose dos glicosinolatos gerando subsequentemente isotiocianatos e outros compostos”. Os benefícios causados pelo aumento de glicosinolatos seriam principalmente relativos ao maior potencial bioativo do alimento, uma vez que um dos produtos da hidrólise desses compostos, os isotiocianatos, possuem atividade anticarcinogênica, sendo o sulforafano o principal destes compostos em brócolis (MAHN; REYES, 2012). Alguns outros compostos que podem ser produzidos, dependendo de características intrínsecas do alimento, são tiocianatos, nitrilas, epitionitrilas e tionas (GHAWI; METHVEN; NIRANJAN, 2013). Mutações nos genes que codificam para as enzimas envolvidas na rota de biossíntese, além de alterar os metabólitos alvo, podem também alterar a formação de hormônios vegetais (GRUB; ABEL, 2006). Segundo Mikkelsen et al. (2003), “a rota de formação de glicosinolatos está relacionada aos hormônios ácido salicílico, ácido jasmônico e etileno”. Estes compostos têm sua quantidade aumentada em plantas cultivadas sob estresse salino, o que pode ocorrer também em plantas cultivadas com limitação do aporte hídrico (ZAGHDOUD et al., 2012).

2. REVISÃO DE LITERATURA Os artigos obtidos pela estratégia de busca inicial foram analisados por título, conclusão e resumo, utilizando os critérios de elegibilidade e exclusão predefinidos. Foram considerados elegíveis os estudos que preenchessem os seguintes critérios: importância da nutrição na prevenção e no tratamento de neoplasias; controle e prevenção do câncer; alimentos funcionais como uma possível proteção para o desenvolvimento do câncer; a ingestão de alimentos funcionais e sua contribuição para a diminuição da incidência de neoplasias.

Estudos mencionam a elevada capacidade antioxidante desta hortaliça, cujo consumo é benéfico para a prevenção de doenças crônicas, tais como carcinomas e doenças cardiovasculares (Plumb et al., 1997);(Premier, 2002); (Jeffery et al., 2003); (Moreno et al., 2006). A disponibilidade de elementos químicos aos organismos, para utilização como substratos para as reações necessárias ao seu metabolismo, pode ser alterada por processos físicos e geológicos do planeta, assim como pela atividade de outros organismos vivos (ZEPP et al., 2011). Dentre essas transformações, a maior incidência de radiação ultravioleta, principalmente na forma de radiação UV-B, devido às alterações climáticas intensificadas no último século, pode modificar os teores de metabólitos produzidos pelas plantas, com alterações de biomassa e produção de outros compostos em quantidades diferentes dos habituais. Porém, outras condições ambientais, como a menor disponibilidade de água para o cultivo e concentrações mais elevadas de dióxido de carbono, podem agir como fatores que tornam menos intensos os efeitos do aumento de incidência de radiação (UNEP, 2003).

3. OBJETIVOS

No século XX, com o aumento da urbanização brasileira, foi observado um maior consumo de alimentos industrializados sendo associado à crescente taxa de mortalidade por câncer (GAROFOLO et al., 2004). Em 1970, a relação entre dieta e o desenvolvimento dessas patologias, despertaram atenção dos estudiosos. Puderam analisar que fatores dietéticos podem influenciar nos diferentes níveis da neoplasia, atuando desde a prevenção, redução dos danos até a promoção e inibição do progresso da doença (NUNES et al., 2009). A alimentação também pode atuar como cofator na etiologia do câncer, os embutidos são produzidos com carnes vermelhas geralmente muito gordas e levam em sua fórmula aditivos químicos chamados nitratos, que, após se converterem em nitrosaminas, se transformam em agentes cancerígenos (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO CÂNCER, 2008). Já os defumados e churrascos são impregnados pelo alcatrão proveniente da fumaça do carvão, o mesmo encontrado na fumaça do cigarro e que tem ação carcinogênica conhecida. O sal em excesso e a bebida alcoólica também estão associados a alguns cânceres como o de boca, esôfago, fígado, reto e mama. Uma dieta pobre em fibras e com altos níveis calóricos estão relacionados a um maior risco de câncer de cólon e de reto. Em relação aos cânceres de mama e de próstata, a ingestão de gordura pode alterar os níveis de hormônio no sangue, aumentando o risco da doença (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO CÂNCER, 2008). Determinados componentes da alimentação podem contribuir para que células benignas se tornem malignas devido ao consumo de substâncias cancerígenas adquiridas através da ingestão desequilibrada de dietas hipercalóricas, alimentos industrializados ricos em gorduras saturadas, corantes e conservantes, excesso de frituras e carnes vermelhas e pobres em legumes, verduras e frutas (GARÓFOLO et al.,2004). 16 Todos os fatores citados promovem desordem no ciclo celular do indivíduo exposto, ocorrendo excesso na taxa de proliferação e deficiência nas taxa de morte celular.

17 levando ao desenvolvimento da obesidade, que é um fator de risco para diversos tipos de câncer (GONÇALVES et al., 2007). Os glicosinolatos, um dos maiores grupos de metabólitos contendo enxofre, estão particularmente presentes em vegetais comestíveis. Aproximadamente 120 glicosinolatos foram identificados a partir de espécies de Brassicaceae e outras famílias (Falk et al., 2004). A estrutura química dos glicosinolatos consiste de ésteres de (Z)-N-hidroximinosulfato que possuem um átomo de enxofre ligado a uma parte β-D-glicopiranose e uma cadeia lateral derivada de um aminoácido. Os glicosinolatos exercem diversas funções nas plantas, como defesa contra patógenos, metabolismo do enxofre e nitrogênio e regulação do crescimento. Também assumem um papel importante na defesa da planta contra os efeitos do estresse gerado por condições climáticas extremas de temperatura e pressão (Blazevic e Mastelic, 2009). A aplicação da radiação UV-C levou ao aumento do teor de glicosinolatos no experimento 1 somente no tratamento com 10 kJ m- 2 , aplicado aos brócolis com estresse hídrico. Já nos Experimentos 2 e 3, a mesma dose acarretou em diminuição de glicosinolatos, porém houve aumento de isotiocianatos. Nestes experimentos, o aumento de glicosinolatos aos 7 dias de armazenamento ocorreu quando foi aplicada a dose de 7 kJ m-2 de UV-C nas plantas cultivadas sob aporte hídrico regular. O tratamento com radiações ultravioleta tem sido demonstrado como um fator que aumenta os teores de glicosinolatos em brócolis (TARIQ et al., 2013; TOPCU et al., 2015; RYBARCZYK-PLONSKA et al., 2016). Além de se observar acúmulo de glicosinolatos nos brócolis cultivados sob aporte hídrico regular tratados com 7 kJ.m- 2 de UV-C, observou-se a diminuição da atividade de mirosinases. Nos brócolis com estresse hídrico, houve redução pela aplicação da mesma dose de UV-C, que ocorreu concomitantemente a uma atividade de mirosinases significativamente superior à encontrada nos outros tratamentos. Tratamentos pós-colheita influenciam o acúmulo de glicosinolatos ao longo do armazenamento e também em sua biodisponibilidade, uma vez que alguns podem inativar as mirosinases, fazendo com que, in vivo, eles sejam metabolizados a isotiocianatos apenas pela microbiota intestinal e não pelas enzimas do vegetal (BARBA et al., 2016).

No tratamento com 7 kJ.m-2 de UV-C houve diminuição da atividade. Se o tecido vegetal é danificado seja pelo manuseio, processamento ou mastigação ocorrerá uma ruptura na membrana celular e permitirá um contato entre o glicosinolato e a mirosinase, gerando produtos de degradação (isotiocianatos, nitrilas, tiocianatos, oxaloidinas e epitionitrilas), os quais são compostos biologicamente ativos. Os glicosinolatos e os metabólitos derivados de sua hidrólise exercem uma variedade muito ampla de atividades biológicas em plantas, animais e seres humanos, desde a participação no meio agrícola, como defensivos contra patógenos e herbívoros em plantas à prevenção de doenças crônicas não transmissíveis em humanos (Sivakumar, Aliboni e Bacchetta, 2007). (Padilla et al.,

  1. observaram que isotiocianatos afetam vários estágios do desenvolvimento de câncer e o sulforafano, isotiocianato derivado da glicorafanina presente em altas concentrações nos brócolis, inibiu o câncer de mama em ratas. A alimentação saudável é aquela que planejada com alimentos de diferentes grupos, de procedência conhecida, de preferências naturais e preparados preservando os aspectos nutricionais e o valor nutritivo dos alimentos. Eles devem ser avaliados e escolhidos valorizando os hábitos alimentares, condições financeiras e forma de vida da população satisfazendo as necessidades nutricionais, emocionais e sociais e a promover qualidade de vida saudável (WAITZBERG, 2006). Segundo Medeiros (2009), alimentação pode afetar o desenvolvimento do câncer por meio de 3 vias principais: a primeira pelo excesso de alimentação que provocam alterações celulares que levam ao câncer (exemplos: gorduras saturadas, alimentos industrializados, açúcar refinadas, alimentos com farinha e com alto teor glicêmico; a segunda é pela falta de alimentação que irá impedir o desenvolvimento de alterações das células que desenvolve o tumor maligno (exemplos: frutas e legumes; e a terceira são pelas drogas e medicamentos: (nicotina, cafeína, álcool, maconha, anticoncepcionais, sedativos, tranquilizantes, antidepressivos, antiinflamatórios, antibióticos, etc.). As carnes e os produtos de origem animal oferecem certo risco, da mesma forma recomenda-se cautela com o café e os embutidos, ligados à formação de nitrosaminas.

O câncer é uma doença que se caracteriza pelo crescimento anormal das células, podendo se manifestar e evoluir de forma maligna ou benigna. O tumor maligno é composto por células agressivas que se instalam rapidamente atingindo os tecidos e órgãos. Se não houver diagnóstico no início do processo de instalação, o câncer pode se espalhar pelas demais partes do corpo, dando origem à metástase. O desenvolvimento do tumor benigno é caracterizado pelo crescimento lento de células semelhantes ao tecido natural e este raramente indica algum risco à saúde do paciente (INCA, 2013). Seu desenvolvimento envolve alterações do DNA celular, que se acumulam com o tempo, quando essas células lesadas escapam dos mecanismos envolvidos na proteção do organismo contra o crescimento e a disseminação das mesmas, é estabelecida uma neoplasia (OLIVEIRA; BONETI, PIZZATO, 2010). A metástase é um tumor secundário que se desenvolve separadamente do tumor primário, origina-se de células que se destacaram do tumor primário e foram transportadas para outras 10 regiões do corpo. Esse transporte é realizado através de vias sanguíneas ou linfáticas (MONTENEGRO, 2004). O primeiro estágio da carcinogênese é definido como iniciação, sendo este um processo em que os agentes cancerígenos se instalam nos genes das células, alterando-as geneticamente. Porém, ainda nesta fase não é possível diagnóstico clínico, assim ficando propensa à atuação do segundo estágio, a promoção. Nesta etapa, a célula modificada é convertida lenta e gradativamente em maligna e, neste processo, a célula fica em contato com agentes cancerígenos promotores, porém, se este contato for suspenso, o processo pode ser interrompido neste estágio. O terceiro e último estágio é o da progressão, no qual o câncer já está alojado e a multiplicação das células cancerígenas é irreversível (INCA, 2013). A palavra câncer tem origem do Latim e significa “caranguejo”, pois, à medida que o tumor cresce para o tecido adjacente, apresenta semelhança à forma do corpo de um caranguejo (LEWIS, 2004). O desenvolvimento do câncer esta relacionado a diversos fatores de riscos, entre eles estão: Sexo, idade, história familiar, ingestão de bebida alcoólica, alimentação, obesidade pósmenopausa e exposição ao tabaco.

Essa neoplasia pode afetar homens e mulheres, sendo mais comum em mulheres por apresentarem maior quantidade de tecido mamário e exposição ao estrogênio endógeno (THULE, 2003). O combate ao câncer depende do estágio que é descoberto o tumor, os possíveis tratamentos são: cirurgia, imunoterapia, quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia e reabilitação e aderir a mais de um método terapêutico auxilia na redução de sequelas (SANTOS, 2001). Os nódulos são os principais sintomas, com o toque é possível senti-los na mama ou próximo às axilas, é possível notar também alterações na pele e dor na mama (SILVA; RIUL, 2011). O câncer de mama normalmente não dói, a mulher pode sentir um nódulo (ou caroço) que anteriormente ela não sentia, também pode notar uma deformidade em suas mamas, ou as mamas podem estar assimétricas, ou ainda pode notar uma retração na pele ou um líquido sanguíneo lento saindo pelo mamilo. Nos casos mais adiantados pode aparecer uma "ferida" (ulceração) na pele com odor muito desagradável e em caso de carcinoma inflamatório, a mama pode aumentar rapidamente de volume, ficando quente e vermelha. (INCA, 2012). Uma das principais formas de detecção precoce do câncer de mama são a mamografia e o autoexame das mamas (AEM). A mamografia é um procedimento radiológico de alta precisão, realizado por um profissional da área e de alto custo. O autoexame não tem custo e é realizado pela própria mulher mensalmente (NASCIMENTO et al., 2009). Sasaki (2000) afirma que “um método essencial para a detecção precoce do câncer de mama é o autoexame, que ajuda a mulher a identificar a doença ainda no estágio inicial”. Segundo o INCA (2012), “a mortalidade por câncer de mama no Brasil continua avançando, devido ao diagnóstico tardio da doença”. Apesar de ser um ato simples e muito divulgado pela mídia e pelas políticas de saúde, o conhecimento da população feminina sobre esta prevenção ainda é escasso e pouco executado.

A população brasileira, provavelmente, será acometida, prioritariamente, pelo câncer de pele não-melanoma, seguido pelas neoplasias malignas de mama feminina, estômago, pulmão e próstata (INCA; 2001). Há várias evidências de que a alimentação tem um papel importante nos estágios de iniciação, promoção e propagação do câncer, destacando-se entre outros fatores de risco. Entre as mortes por câncer atribuídas a fatores ambientais, a dieta contribui com cerca de 35%, seguida pelo tabaco (30%) e outros, como condições e tipo de trabalho, álcool, poluição e aditivos alimentares, os quais contribuem com menos do que 5%. Acredita-se que uma dieta adequada poderia prevenir de três a quatro milhões de casos novos de cânceres a cada ano (Prev Med 1997). As frutas e as hortaliças têm assumido posição de destaque nos estudos que envolvem a prevenção do câncer. Van Duyn & Pivonka ( Selected literature. J Am Diet Assoc 2000 ) destacaram as evidências epidemiológicas de que o consumo de frutas e hortaliças tem um efeito protetor contra diversas formas de câncer. O referido estudo foi baseado em uma extensa análise de pesquisas epidemiológicas mundiais, realizadas de forma independente por comitês de especialistas do World Cancer Research Fund and the American Institute for Cancer Research ( American Institute for Cancer Research; 1997) e do Chief Medical Officer's Committee on Medical Aspects of Food and Nutrition Policy ( H.M. Stationery Office; 1998). Observa-se, que os registros dos comitês apresentaram divergências. Contudo, pode-se verificar evidências do efeito protetor do consumo de hortaliças e frutas sobre diversos tipos de câncer. Fazendo uma projeção na estimativa de prevenção, pode-se supor que o aumento no consumo de frutas e hortaliças promove uma redução na incidência global de câncer, que varia de 7% (estimativa conservadora) a 31% (estimativa otimista). Tendo por base os resultados das pesquisas avaliadas, os comitês foram unânimes em recomendar o aumento na ingestão de frutas e hortaliças, visando a prevenção do desenvolvimento do câncer ( H.M. Stationery Office; 1998). Como exposto, estudos epidemiológicos têm apontado o papel protetor da dieta contra o desenvolvimento do câncer. O Comitê de peritos da World Cancer Research Fund, em associação com o do American Institute for Cancer Research, desenvolveram um painel contendo as principais recomendações,

visando a prevenção do câncer (on diet, nutrition and cancer – 2002). Essas recomendações são baseadas nos princípios apresentados a seguir: Quantidade: sempre que possível efetuar recomendações fornecendo a quantidade de alimento que deverá ser consumida.

  • Limite de ingestão: as recomendações devem expressar os limites mínimo e máximo a serem ingeridos.
  • Populações: atender grupos populacionais e indivíduos, de forma compatível com a diversidade cultural.
  • Alimentos: baseadas em grupos alimentares e não em nutrientes específicos.
  • Aceitabilidade biológica: são baseadas em dados epidemiológicos, experimentais e em mecanismos biológicos aceitáveis. Desde a antiguidade, a associação entre alimentação, dietética e saúde é descrita como recurso terapêutico. A alimentação exerce um papel fundamental na vida do ser humano cuja subsistência e propagação da espécie depende da oferta adequada de alimentos na qual sua deficiência, em qualquer etapa do processo vital, interfere no crescimento, no desenvolvimento e na manutenção da saúde (ARRUDA,1991). Azuaya (2003) afirma que para recuperação do estado de saúde do indivíduo a alimentação é imprescindível, pois seja pela insuficiência alimentar em quantidade e/ou qualidade, com a má alimentação o sistema imunológico pode ser prejudicado, levando a uma menor resistência e o aumento da duração, da intensidade e da frequência das infecções prejudica a distribuição de alimentos ou o tratamento isolado das patologias associadas não são efetivos para a recuperação do estado nutricional e a manutenção da saúde. Segundo Garcia (2003), a alimentação é a expressão máxima da vida cotidiana e isto confere à nutrição características muito particulares com a responsabilidade de influenciar hábitos. Lidar com a nutrição é lidar com as vidas alheias e o nutricionista é o profissional legalmente habilitado para implementar a educação nutricional.

A dietoterapia visa à modificação da dieta regular com base nas mudanças fisiopatológicas, buscando o fornecimento de uma boa alimentação. O tratamento nutricional visa contribuir para as terapias anti-câncer, de modo a compensar seus efeitos colaterais em relação ao aspecto nutricional, contribuindo, assim, na melhora dos resultados dessas terapias, sendo relevante em relação ao fornecimento de suporte aos indivíduos com deficiências nutricionais graves, permanentes ou temporárias (SCHATTNER; SHIKE, 2009). A abordagem terapêutica inicia-se pela avaliação do estado nutricional geralmente pela equipe de suporte nutricional, sendo esta responsabilidade do nutricionista que compõe a equipe. A avaliação nutricional periódica também deve fazer parte da rotina do tratamento, pois repercute na susceptibilidade a infecções, na resposta terapêutica e no prognóstico (SILVA, 2006). O acompanhamento nutricional durante e após o tratamento quimioterápico para o câncer de mama é importante, a orientação nutricional ajuda na prevenção de recidivas, já que o Índice de Massa Corporal (IMC) fora do adequado é fator de risco para a patologia, diminuindo a sobrevida das pacientes. Uma alimentação saudável propicia o equilíbrio do peso corporal e previne o desenvolvimento a doença (MOREIRA, 2013). Como forma de prevenção da doença, dieta é uma das mais citadas e vários estudos demonstram que uma alimentação desregrada beneficia o desenvolvimento da patologia, portanto, a análise da ingestão alimentar por meio de Questionário de Frequência Alimentar e recordatório 24 horas são formas de avaliação nutricional que tem como objetivo, assim como 30 todos os outros métodos, a promoção da saúde e mostrar quais aspectos devem ser melhorados por meio da orientação nutricional (MARCHIONI, 2011). No tratamento do câncer, a equipe deve oferecer recursos e esclarecimento aos pacientes e seus familiares, lembrando que a terapia nutricional é um conjunto de procedimentos complexos, portanto se torna um desafio a cada momento do tratamento (CORRÊA; SHIBUYA, 2007). Nos casos de enfermidades de difícil manejo o nutricionista cumpre não só o papel técnico, mas também tem de conciliar a dieta às condições socioeconômicas do paciente.

Para tanto, deve apresentar habilidade para se comunicar o que se torna tão importante quanto possuir conhecimento técnico dentro de sua especialidade (CORRÊA; SHIBUYA, 2007). Ao nutricionista cabe também interferir junto à família para que entendam a situação nutricional em que o paciente se encontra. Outra função do profissional é a de facilitar o entendimento sobre a terapia nutricional indicada, para que os familiares se aliem ao processo e, desta forma, tornem menos doloroso por mais que possa parecer (SILVA; ELMAN, 2007). O nutricionista também atua nos cuidados paliativos que é definido como um tratamento que não tem como foco a cura, mas melhora da qualidade de vida do paciente em fase avançada da doença e da família que o acompanha (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2010). A nutrição é uma ciência, que não se resume, de forma alguma, à mera prescrição de dietas. Como toda ciência, existem conceitos que devem ser esclarecidos e simplificados para que haja uma mudança consciente nas escolhas e nos hábitos alimentares da população, e, acima de tudo, o nutricionista deve buscar estar sempre tecnicamente atualizado, para argumentar com convicção, não ser afetado por modismos que não são respaldados por estudos científicos e agir com muita ética profissional em respeito aos seus clientes, a si próprio e à profissão que representa (GOULART, 2010).